Embora a Bíblia não seja um tratado sobre música, ao longo de suas páginas ela utiliza vários termos e descreve muitos contextos musicais. Em Gênesis 4:21 e 22, por exemplo, lemos a respeito de Jubal, o “pai de todos os que tocam harpa e flauta”, e sua prima, Naamá, cujo nome significa “melodiosa”. Em Êxodo 15, encontramos o cântico de Moisés, entoado pelo povo de Israel após a travessia do Mar Vermelho. O livro dos Salmos, por sua vez, é uma verdadeira coletânea musical, cantada ao longo dos milênios em ocasiões de ação de graças, louvor, lamento e celebração.
Deus sempre Se serviu da música para expressar as verdades mais belas. Na criação do mundo (Jó 38:7), no nascimento do Messias (Lc 2:13, 14), na entronização de Cristo no Céu (Ap 5:9, 10) e em Sua segunda vinda (Mt 24:31), Deus utilizou e utilizará a música como “trilha sonora” para apresentar o espetáculo da graça. O próprio Jesus, quando esteve na Terra, mencionou mais de 50 vezes os Salmos, dando a esse livro importância artística e teológica.
Você já imaginou ouvir Jesus cantar? Como deve ser o timbre da voz do criador da música? O apóstolo Paulo atribui a Cristo a execução do Salmo 22:22: “Proclamarei o Teu nome a Meus irmãos; na assembleia Te louvarei” (Hb 2:12). Que majestoso deve ser ouvir Jesus cantando no meio da congregação dos salvos! Em Romanos 15:9, Paulo apresenta novamente Jesus como cantor, agora entoando um hino aos gentios. Ele cita as palavras do Salmo 18:49: “Por isso eu Te louvarei entre os gentios; cantarei louvores ao Teu nome.”
Contudo, a referência bíblica mais explícita ocorre em Mateus 26:30, que menciona Jesus cantando um hino com os discípulos antes de sair para o Getsêmani. "Depois de terem cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras" (Mateus 26:30).
Silêncio na sala. Jesus havia acabado de cear com Seus discípulos. Em poucas horas, Ele seria apresentado como oferta pelo pecado da humanidade. Por isso, cenas da traição, dor, desprezo, humilhação, corriam rapidamente pela mente de Cristo. Contudo, Seu semblante estava sereno. Todos olham para Jesus. Ele se levanta e canta. Mesmo diante da expectativa de morte, Sua voz não era de lamento, mas, de júbilo. Timidamente, os discípulos foram se unindo a Cristo, e, todos passam a entoar o Salmo 117:
“Louvai ao Senhor, todas as nações,
Louvai-O todos os povos.
Porque a Sua benignidade é grande para conosco,
Louvai ao Senhor”.
Ellen White diz que “Sua voz foi ouvida, não em tons de uma dolorosa lamentação, mas nas alegres notas do cântico pascal” (O Desejado de Todas as Nações, p. 541). Como pôde Cristo cantar minutos antes de suar gotas de sangue? Quem é capaz de louvar antes de sofrer uma agonia indescritível?
Ao se preparar para o Calvário, Jesus cantou, aliás, um hábito formado desde criança. No livro A Ciência do Bom Viver, Ellen White escreve que Cristo “saudava a luz da manhã com cânticos e hinos de gratidão. Isto alegrava Suas horas de atividade” (p. 261). Para Ellen White, a música tem um santo propósito, “erguer os pensamentos àquilo que é puro, nobre, edificante e despertar na pessoa devoção e gratidão para com Deus” (p. 19), escreve em “Música: sua influência na vida do cristão”. E, conclui, a “música faz parte do culto a Deus nas cortes celestiais, e devemos esforçar-nos, em nossos cânticos de louvor, por nos aproximar tanto quanto possível da harmonia dos coros celestiais” (p. 20).
O cântico de Jesus antes do Getsêmani nos ensina que a música é uma poderosa ferramenta de testemunho e submissão à vontade de Deus. Você já louvou ao Senhor hoje?
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