"Certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, chegando do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz" (Marcos 15:21).
Já percebeu como coisas insignificantes levam muitas vezes a surpresas e circunstâncias inesperadas? Sair cinco minutos antes ou depois, perder um ônibus e tomar outro, escolher sem motivo aparente outro trajeto… E muitas vezes aparecem circunstâncias sobre as quais não temos controle.
O texto de hoje coloca tudo de maneira bem resumida. No cenário, estava Simão, prosélito judeu que tinha ido a Jerusalém a fim de assistir à festa da Páscoa. Ele era de Cirene, cidade grega relativamente grande, na região em que agora está a Líbia, no norte da África. De outro lado, havia os soldados romanos. Para eles, Jesus era apenas mais um entre tantos condenados que iria receber como pena a morte de cruz. Rudes e severos, tinham pressa para que tudo terminasse logo.
No centro de tudo e de todos, Jesus. Na noite anterior, Ele havia sido levado de uma sala de julgamento para outra. Tinha sido castigado, maltratado e açoitado. Era visível Seu sofrimento, e o corpo já não respondia como Ele gostaria. Exausto, caiu sob o peso da cruz.
Ellen White conta-nos: "A carga do Salvador era demasiado pesada para o estado de fraqueza e sofrimento em que Se achava. Desde a ceia pascoal com os discípulos, não tomara Ele nenhum alimento, nem bebera. Angustiara-Se no jardim do Getsêmani em conflito com as forças satânicas. Através de toda a ignominiosa farsa de julgamento, portara-Se com firmeza e dignidade. Mas quando após ser açoitado pela segunda vez, a cruz Lhe foi posta sobre os ombros, a natureza humana não mais podia suportar. Caiu desmaiado sob o fardo" (Filhos e Filhas de Deus, p. 249).
Num toque de piedade, os soldados perceberam a impossibilidade de Jesus continuar levando a cruz. Procurando quem poderia ajudar, obrigaram Simão a levar o madeiro. Ellen White continua: "Por essa ocasião um estranho, Simão, cireneu, chegando do campo, encontra-se com o cortejo. Ouve as zombarias e a linguagem baixa da multidão; ouve as palavras desdenhosamente repetidas: Abram caminho para o Rei dos judeus! Detém-se espantado com a cena; e, ao exprimir ele compaixão, agarram-no e lhe põem nos ombros a cruz."
Os discípulos poderiam ter se aproximado e ajudado, mas tinham medo. Simão deve ter pensado: “Por que fui passar por aqui justamente agora? Estou no lugar errado e na hora errada!” Ellen White prossegue: "Simão ouvira falar de Jesus. Seus filhos criam no Salvador, mas ele próprio não era discípulo. O conduzir a cruz ao Calvário foi-lhe uma bênção e, posteriormente, mostrou-se sempre grato por essa providência. Isso o levou a tomar sobre si a cruz de Cristo por sua própria escolha, suportando-lhe sempre animosamente o peso."
Ele não ia levar uma taça ou troféu, que todo mundo apreciaria carregar. Mas aquilo que ele aceitou compulsoriamente terminou em serviço voluntário. Porque séculos antes da cruz o profeta já dissera: “O Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de todos nós” (Isaías 53:6). Que fardo realmente pesado!
Simão se tornou a única pessoa que ajudou Jesus a levar Sua cruz. E essa cruz que ele levou se tornou o instrumento de sua conversão. Ellen White conclui: "A cruz que Simão foi forçado a carregar tornou-se o meio de sua conversão. Suas simpatias foram profundamente despertadas em favor de Jesus; e os acontecimentos do Calvário, e as palavras proferidas pelo Salvador, fizeram com que reconhecesse ser Ele o Filho de Deus."
Um homem aparentemente comum, tornou-se uma figura eterna na narrativa bíblica devido ao seu ato de serviço e compaixão durante a jornada de Jesus para o Calvário. Sua história nos lembra da importância de compartilhar fardos e aceitar nossa cruz enquanto seguimos a Cristo. Que possamos encontrar inspiração na vida de Simão e, como ele, estar dispostos a ajudar e seguir Jesus, não importa onde a jornada nos leve.
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