quinta-feira, 28 de novembro de 2024

DORES

É como se meus olhos pudessem ver os territórios da minha alma sendo invadidos pela dor.

Sinto dores que há muito não sentia. Daquelas que ameaçam o orgulho, a verdade e o plano. Dores que desmantelam a lógica, o tempo e a regra.

Eu que ergui muros altos, que cerquei de cuidados os limites encantados da emoção. Eu que conheço os danos da invasão, o drama e o estrago da rendição. Eu que sou forte, sinto dores. Eu que calei o coro dos valentes, silencio diante do sussurro das dores.

Eu que inventei a analgia, sinto. Eu que entreguei os remédios em troca de vacina, experimento a sina de quem inevitavelmente sente.

Sinto dores.

E sentindo entendi que nessa vida não há beleza livre da dor. Não há sentido inviolável, nem sentimento invariável. É sentindo que se lembra que é com dores o nascimento, com dores o crescimento. É com dores que se ganha e que se perde. É com dores que se paga. É com dores que se espera.

Dor é a herança confusa de quem ainda vive essa vida pequena. É o sintoma da doença. É a sentença da escolha. É algoz e é vigia. Em vez de atestar a ausência do bem, é a prova do efeito do mal. Sem dor não haveria salvação.

Sinto, logo dói.


"Que maravilhoso pensamento este, de que Jesus tudo sabe acerca das dores e aflições que sofremos! Em todas as nossas aflições foi Ele aflito. [...] Quem pode compreender a dor que sofro senão Aquele que é angustiado em todas as nossas angústias? A quem poderei falar senão Àquele que Se compadece de nossas enfermidades, e que sabe socorrer os que são tentados? Meu coração se dilata para Jesus, em amorosa confiança. Ele sabe o que é melhor para mim" (Ellen G. White - Mensagens Escolhidas 2, p. 237-239).

"Cada alma é tão perfeitamente conhecida a Jesus, como se fora ela a única por quem o Salvador houvesse morrido. As dores de cada uma Lhe tocam o coração. O grito de socorro chega-Lhe ao ouvido" (O Desejado de Todas as Nações, p. 339).

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