Sinto dores que há muito não sentia. Daquelas que ameaçam o orgulho, a verdade e o plano. Dores que desmantelam a lógica, o tempo e a regra.
Eu que ergui muros altos, que cerquei de cuidados os limites encantados da emoção. Eu que conheço os danos da invasão, o drama e o estrago da rendição. Eu que sou forte, sinto dores. Eu que calei o coro dos valentes, silencio diante do sussurro das dores.
Eu que inventei a analgia, sinto. Eu que entreguei os remédios em troca de vacina, experimento a sina de quem inevitavelmente sente.
Sinto dores.
E sentindo entendi que nessa vida não há beleza livre da dor. Não há sentido inviolável, nem sentimento invariável. É sentindo que se lembra que é com dores o nascimento, com dores o crescimento. É com dores que se ganha e que se perde. É com dores que se paga. É com dores que se espera.
Dor é a herança confusa de quem ainda vive essa vida pequena. É o sintoma da doença. É a sentença da escolha. É algoz e é vigia. Em vez de atestar a ausência do bem, é a prova do efeito do mal. Sem dor não haveria salvação.
Sinto, logo dói.
Cândido Gomes (via Uma janela aberta para reflexão)
"Que maravilhoso pensamento este, de que Jesus tudo sabe acerca das dores e aflições que sofremos! Em todas as nossas aflições foi Ele aflito. [...] Quem pode compreender a dor que sofro senão Aquele que é angustiado em todas as nossas angústias? A quem poderei falar senão Àquele que Se compadece de nossas enfermidades, e que sabe socorrer os que são tentados? Meu coração se dilata para Jesus, em amorosa confiança. Ele sabe o que é melhor para mim" (Ellen G. White - Mensagens Escolhidas 2, p. 237-239).
"Cada alma é tão perfeitamente conhecida a Jesus, como se fora ela a única por quem o Salvador houvesse morrido. As dores de cada uma Lhe tocam o coração. O grito de socorro chega-Lhe ao ouvido" (O Desejado de Todas as Nações, p. 339).
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