sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

O FECHAMENTO DA PORTA DA GRAÇA

Como adventistas do sétimo dia, cremos que antes da volta de Jesus a esta Terra haverá um momento em que cessará a oportunidade de salvação para a humanidade. Será um tempo memorável, de consequências eternas. O fechamento da porta da graça é um termo que designa o fim da oportunidade de salvação para o ser humano. A raiz desse termo está na experiência de Noé no período antediluviano.
"Houve uma porta fechada no tempo de Noé. E o Senhor o fechou lá dentro. Até aquela ocasião, Deus abrira uma porta através da qual os habitantes do mundo antigo poderiam encontrar refúgio, se cressem na mensagem que Deus lhes enviara. Mas, essa porta fechou-se agora, e ninguém poderia abri-la. Findara o tempo de graça. Assim será no tempo do fim" (Manuscrito 17, 1885).

"Antes que Cristo venha, a situação será semelhante à que existiu antes do Dilúvio. E depois que o Salvador aparecer nas nuvens do Céu, ninguém terá outra oportunidade de obter a salvação. Todos terão feito suas decisões" (Eventos Finais, p. 237).

A Bíblia nos ensina a respeito do fechamento da porta da graça e das sete últimas pragas. Antes da volta de Jesus, a Bíblia anuncia o derramamento de sete pragas sobre os que rejeitaram o plano da salvação (Apocalipse 16:1 a 21). Neste tempo, os salvos já foram separados por Deus, pois os justos não sofrerão os efeitos das pragas (Salmos 91:7 a 11; 23:1 a 6). O início das pragas marca o fim do juízo investigativo e da intercessão de Cristo.

Lemos em Apocalipse 22:11 que, terminado o juízo investigativo, o “injusto continue fazendo injustiça, e o imundo sendo imundo; que o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se”.

Esse evento é chamado de “fechamento da porta da graça”. Quando isso acontecer, cessará o ministério de intercessão do Espírito Santo e não haverá mais oportunidade de salvação. Jesus deixará de atuar no Santuário Celestial.

Nesse tempo, a humanidade enfrentará uma crise mundial sem precedentes, pois os anjos de Deus não mais estarão segurando os quatro ventos da Terra (Apocalipse 7:1 a 3). Iniciará, então, o tempo de angústia de Daniel 12:1.
"Pouco antes de entrarmos no tempo de angústia, todos nós recebemos o selo do Deus vivo. Então eu vi os quatro anjos deixarem de segurar os quatro ventos. E vi fomes, epidemias e espada, nação se levantando contra nação e o mundo inteiro em confusão" (Primeiros Escritos, p. 279).
As pragas serão derramadas sobre os portadores da marca da besta e os adoradores da sua imagem (Apocalipse 9:4). Sobre eles sobrevirão úlceras malignas e perniciosas. Cremos que as pragas serão literais, porém não universais. São elas: chagas malignas, mar em sangue, rios em sangue, sol como fogo, escuridão tremenda, rio Eufrates seco e terremotos.

A proteção de Deus repousará sobre Seus filhos fiéis. Entre os mandamentos de Deus está o Seu selo, que garante a proteção divina em meio aos terríveis conflitos que marcarão o final da história do pecado neste planeta. Somente aqueles que aceitam a Jesus e recebem o selo de Deus, estarão protegidos neste tempo.
"O dia da vingança de Deus está precisamente diante de nós. O selo de Deus será colocado somente na testa daqueles que suspiram e clamam por causa das abominações cometidas na Terra. Nossa maneira de proceder determinará se receberemos o selo do Deus vivo, ou seremos abatidos pelas armas destruidoras. Já algumas gotas da ira de Deus caíram sobre a Terra; quando, porém, as sete últimas pragas forem derramadas sem mistura no cálice de Sua indignação, então para sempre será demasiado tarde para o arrependimento e procura de um abrigo" (Conselhos para a Igreja, p. 342).
Na sexta e sétima pragas, há o Armagedom, uma batalha espiritual entre o bem e mal. É a última tentativa de Satanás para destruir o povo de Deus. Satanás reunirá seus seguidores, e Cristo confirmará Seus fiéis, livrando-os das mãos dos perseguidores. Tudo está preparado para a volta de Jesus (Mateus 24:29 e 30).
"No tempo de angústia, Satanás instiga os ímpios, e eles cercam o povo de Deus para destruí-los. Mas ele não sabe que foi escrito 'perdão' ao lado de seus nomes nos livros do Céu" (The Review and Herald, 19 de Novembro de 1908).
Concluída a obra de intercessão no santuário celestial, logo após o fechamento da porta da graça e o derramamento das sete pragas, Jesus receberá a ordem do Pai para cessar Sua atividade de intercessão no santuário celestial. 
"Quando Jesus deixar de interceder pelo homem, os casos de todos estarão decididos para sempre. Termina o tempo da graça; as intercessões de Cristo cessam no Céu. Quando se encerrar a obra do juízo de investigação, o destino de todos terá sido decidido, ou para a vida, ou para a morte" (Eventos Finais, p. 229).
Jesus trocará Suas vestes sacerdotais pelo manto real e sairá do santuário celestial para vir à Terra como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele virá buscar aqueles que aceitaram a purificação do pecado oferecida por Ele e viveram de acordo com as orientações deixadas em Sua Palavra. Juntos, iniciarão uma nova vida sem a presença da dor, da morte, do sofrimento. 

O fechamento da porta da graça revela a proximidade de um aguardado encontro entre Deus e Seu povo. E apesar das lutas, problemas e dificuldades, a volta de Jesus é a bendita esperança do cristão, prenunciada pelo fechamento da porta da graça.

Prepare-se para este grande dia!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

4 RAZÕES PARA NÃO FICAR PENSANDO NO PECADO DOS OUTROS

Gastar tempo pensando no pecado, nos erros ou nos defeitos dos outros não é algo comum apenas entre cristãos. É algo comum ao ser humano. Não é por menos que existem pessoas que ganham a vida profissionalmente comentando as falhas que pessoas famosas cometem.

Mas, como cristãos, apesar de termos os aspectos morais saltando constantemente diante de nossos olhos, temos razões para não nos concentrarmos tanto em pensar sobre como as outras pessoas violam as diferentes normas que existem.

Relacionei abaixo quatro razões pelas quais não devemos gastar nosso tempo pensando nos erros dos outros. É possível que você consiga pensar ainda em outras razões. Irei me deter em comentar apenas estas quatro:

1. Quando você gasta muito tempo pensando nos erros dos outros, você acaba gastando pouco tempo pensando em seus próprios erros.

Analisar o comportamento das outras pessoas é muito mais fácil que analisar o nosso próprio comportamento. Quando estamos dentro de uma situação, nossa perspectiva é muito contaminada com nossas distorções cognitivas, nossas justificativas e crenças limitantes que interferem diretamente em nossa avaliação sobre os nossos comportamentos. Por isso, ao pensarmos sobre nossos próprios comportamentos, corremos o risco de emitirmos, rapidamente, justificativas que nos impedem de avaliar corretamente nossos maus atos.
"Enquanto muitos negligenciam sua própria alma, vigiam ansiosamente por uma oportunidade para criticar e condenar os outros. Olhai para vossos próprios defeitos. É melhor descobrirdes um de vossos próprios defeitos, do que dez de vosso irmão" (Nos Lugares Celestiais, p. 181).
Quando nós estamos do lado de fora de uma situação, a perspectiva que temos é, de certa forma, privilegiada. Não emitimos esse pensamento rápido de justificar, mas levantamos hipóteses sobre a conduta alheia. E levantar hipóteses requer mais tempo do que produzir uma desculpa para si.

E se o comportamento inadequado do outro nos fere de alguma forma, aí que o pensamento sobre ele pode se tornar ainda mais demorado. 
"Se todos os cristãos professos usassem suas faculdades investigadoras para ver quais os males que neles mesmos carecem de correção, em vez de falar dos erros alheios, existiria na igreja hoje uma condição mais saudável" (Mente, Caráter e Personalidade 2, p. 638).
2. Concentrar-se muito no erro dos outros pode levar você a desenvolver sentimentos ruins.

Aquilo que sentimos é um produto do que pensamos, de como nossa mente percebe e interpreta as coisas. Quando nós pensamos que algo ruim pode acontecer, isso nos gera ansiedade. Quando avaliamos, em uma situação, que estamos sendo tratados com injustiça, isso pode provocar em nós o sentimento de indignação. Quando nos lembramos de algo triste que aconteceu, sentimos tristeza. E quando pensamos nos pecados dos outros constantemente?

Podemos sentir tristeza e compaixão, é claro. Esses sentimentos são bem-vindos. Eles nos ajudam a sermos empáticos, a nos colocarmos em oração pelo nosso próximo e a nos dispormos a ajudá-lo. Mas podemos também sentir raiva, porque o outro vive fazendo aquela coisa errada e nada parece acontecer com ele, por exemplo.
"Existe entre nós como povo uma falta de simpatia e amor, profundo e sincero, pelos que são tentados ou que vivem no erro. Muitos têm revelado aquela frieza glacial e negligência pecaminosa que Cristo representou pelo indivíduo que passa de largo, guardando a maior distância possível dos que mais necessitam de sua ajuda" (O Desejado de Todas as Nações, p. 247).
Corremos, também, o risco de nos sentirmos superiores, julgando que não somos tão maus como aquela pessoa. Não é assim que as pessoas se sentem quando falam dos políticos corruptos enquanto esquecem de suas pequenas corrupções diárias? Aqui, cabe bem as palavras de Jesus: “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?” (Mateus 7:3).

E também podemos desenvolver o sentimento de solidão, de que estamos sozinhos e todo o restante das pessoas estão contra o que é correto. Elias experimentou esse último sentimento. Um sentimento que nos impede de perceber outros que se encontram em situação semelhante a nossa e nos coloca, indevidamente, em posição de vítimas.
"O espírito que você manifesta o tornará infeliz se continuar a acariciá-lo. Verá os erros dos outros e se revelará tão ansioso em corrigi-los que passará por alto as próprias faltas, e terá muito trabalho em remover o argueiro no olho do seu irmão, enquanto há uma trave obstruindo sua visão. Deus não deseja que você faça de sua consciência um critério para os outros" (Testemunhos para a Igreja 4, p. 61).
3. Concentrar-se muito nos erros dos outros aumenta a probabilidade de desenvolver o comportamento de falar mal dos outros.

“Pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34). É simples assim. Quanto mais nossa mente se ocupa de algo, mais nossa língua se ocupa disso também. A ordem bíblica é: “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Filipenses 4:8). É quando nossa mente se concentra naquilo que é do bem, que nossos lábios podem falar do que é bom.

A esposa que se concentra nos defeitos do marido acaba por ser uma mulher caracterizada por reclamar muito. Aquele que se concentra nas falhas dos irmãos acabam por se deleitar em fofocas. A ordem das coisas é muito natural: os lábios não podem ser puros se a mente não é pura!
"Digo com tristeza que existem entre os membros de igreja línguas desenfreadas. Há línguas falsas, que se alimentam com a maldade. Há línguas astutas, que segredam. Há loquacidade, impertinente intrometimento, insinuações hábeis. [...] Nunca permitais que vossa língua e voz sejam empregados em descobrir e exagerar os defeitos de vossos irmãos; pois o registro do Céu identifica os interesses de Cristo com aqueles que Ele comprou com Seu próprio sangue" (Testemunhos Seletos 2, p. 22).
4. Você é moldado pelo mal em que você pensa constantemente.

E esse é, para mim, o ponto mais esquecido de todos. Uma das leis que governa a nossa mente diz que somos transformados pela contemplação. E contemplar não é apenas ver. É, também, pensar.
“O próprio ato de olhar para o mal nos outros desenvolve o mal em quem olha. Detendo-nos sobre as faltas do próximo, somos transformados na sua imagem. Mas contemplando Jesus, falando do Seu amor e da perfeição de Seu caráter, imprimimos em nós as Suas feições. Contemplando o alto ideal que Ele colocou diante de nós, subiremos a uma atmosfera santa e pura, que é a própria presença de Deus. Quando aí permanecemos, sairá de nós uma luz que irradia sobre todos os que estiverem em contato conosco” (A Ciência do Bom Viver, p. 492).
Eu não quero dizer que devemos ser alienados, que pensam que tudo é certo ou que tudo é bom. É claro que, enquanto vivemos em um mundo de pecado onde falhas existem continuamente ao nosso redor, nós as perceberemos. Também não seria correto que fizéssemos vista grossa para o erro das outras pessoas. A Palavra de Deus é clara: “Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta, lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados” (Tiago 5:19, 20).

Mas não ajudamos as pessoas ao nosso redor gastando tempo em pensar sobre seus erros. Muito menos em falar deles para outras pessoas. É claro que uma esposa pode identificar as falhas do esposo e conversar com ele sobre isso. É claro que podemos identificar condutas inadequadas de nossos governantes, especialmente para que tomemos uma decisão melhor no momento das eleições. É claro que, se um irmão pecar, eu devo olhar para o seu pecado como algo que aborrece a Deus e coloca em risco sua salvação, e devo ajudá-lo em sua jornada espiritual.

Precisamos apenas nos lembrar que nenhuma dessas coisas requer que gastemos muito tempo pensando sobre o erro dos outros! Precisamos nos lembrar que o pecado que contemplamos nos modela. E a única coisa que deveria nos modelar é a imagem do nosso Salvador!
"Precisamos olhar às faltas dos outros, não para condenar, mas para restaurar e curar. Vigiai em oração, ide avante crescendo, obtendo mais e mais do espírito de Jesus, e semeando o mesmo sobre todas as águas" (Mente, Caráter e Personalidade 2, p. 635).
Precisamos ser bons para que possamos fazer o bem. Não será possível influenciar os outros a se transformarem, enquanto nosso coração não se tornar humilde, refinado e brando por meio da graça de Cristo. Quando esta mudança se operar em nós, será tão natural viver para beneficiar a outros, como o é para a roseira dar suas perfumadas flores.
"Se Cristo está em vós, 'a esperança da glória', não estareis dispostos a observar os outros, a expor-lhes os erros. Em lugar de procurar acusar e condenar, tereis como objetivo ajudar, beneficiar, salvar. Ao lidar com os que se encontram em erro, atendereis à recomendação: Olha 'por ti mesmo, para que não sejas também tentado' (Gálatas 6:1). Procurareis lembrar as muitas vezes que tendes errado, e quão difícil vos foi achar o caminho certo uma vez que dele vos havíeis apartado. Não impelireis vosso irmão para mais densas trevas mas, coração cheio de piedade, falar-lhe-eis do perigo em que está" (O Maior Discurso de Cristo, p. 128).

 [via Mente Saudável com inserção de textos de Ellen G. White]

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

CRISTIANISMO ANTIFASCISTA

Todos os anos, no dia 27 de janeiro, celebra-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A data faz referência à liberação, pelas tropas soviéticas, do Campo de Concentração e Extermínio Nazista Alemão de Auschwitz-Birkenau em 1945 e foi definida pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Registra-se que mais de 1,1 milhão de pessoas foram exterminadas pelo regime nazista só ali naquele lugar. Apenas por volta de 7 mil judeus, entre eles, cerca de 500 crianças, sobreviveram em condições precárias em Auschwitz.

Nos horrores do Holocausto, entre o extermínio de milhares de pessoas, encontramos o mundialmente conhecido mártir-teólogo e pastor luterano Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), que foi executado devido a sua resistência ao sistema nazista. Bonhoeffer, certamente foi um dos raros homens da igreja que resistiu a maldade instituída por Adolf Hitler.

Desde cedo, Bonhoeffer decidiu ser teólogo e com isso se tornou um dos mais profícuos e renomados teólogos do século 20. Quando jovem decidiu-se seguir a carreira pastoral na Igreja Luterana, doutorou-se em teologia na Universidade de Berlim e fez um ano de estudos no Union Theological Seminary em Nova York. Retornou à Alemanha em 1931. Aos 27 anos assumiu o pastorado em uma congregação de Londres na Inglaterra; dois anos depois retornou à Alemanha para dirigir o Seminário Teológico da Igreja Confessante. Em seguida, tomou a importante decisão de ingressar-se no movimento de resistência. Tornando-se um militante contra o sistema de opressão nazista, teve a sua habilitação à docência na Universidade de Berlim cassada, assim como a proibição de palestrar e escrever.

Bonhoeffer se tornou muito ativo na luta entre a Igreja Confessante (ala da igreja evangélica contrária à política nazista) e a Igreja dos "Deutsche Christen" (alemães cristãos defensores do nacional-socialismo). Peter Ciaccio, pastor, em artigo publicado por Riforma, em 09/04/2015, escreveu:

"Se hoje na Europa ainda podemos dizer-nos cristãos sem ter vergonha é graças a um jovem pastor luterano que num momento entendeu tudo. Enquanto milhões de cristãos na Europa fascista aderiam à ditadura, poucos milhares entenderam que o fascismo não era somente uma ideia política, mas uma operação criminal."

Bonhoeffer foi um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando em 1934 diversos pastores luteranos e reformados, formaram a Bekennende Kirche, Igreja Confessante, rejeitando desafiadoramente o nazismo:

"Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador."

Obviamente o movimento foi posto em ilegalidade e em Abril de 1943 foi preso por ajudar judeus a fugirem para a Suíça. Levado de uma prisão para outra, em 9 de Abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado, junto com seu irmão Klaus, e cunhados Hans von Dohnanyi e Rüdiger Schleicher, no campo de concentração de Flossenbürg.

Sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo foi "Discipulado" (Nachfolge) na qual desenvolve a polêmica acerca da teologia da graça, fundamento da obra de Lutero. O livro opõe-se a ênfase dada à "justificação pela graça sem obras da lei", afirmando que:

“A graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja. A nossa luta trava-se hoje em torno da graça preciosa que é um tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende tudo que tem (...) o chamado de Jesus Cristo, ao ouvir do qual o discípulo larga suas redes e segue (...) o dom pelo qual se tem que orar, a porta a qual se tem que bater.”

Destas linhas já se denota o profundo "fazer teológico poético" que tanto caracteriza a obra de Bonhoeffer.

Quando já estava sendo perseguido pelo nazismo, Bonhoeffer escreveu um tratado considerado por muitos uma das maiores obras primas do protestantismo, que denominou simplesmente "Ética". É nesta obra que ele justifica, em parte, seu engajamento na resistência alemã anti-nazista e seu envolvimento na luta contra Adolf Hitler, dizendo que:

“É melhor fazer um mal do que ser mau.”

Suas cartas da prisão são um exemplo de martírio e também um tesouro para a Teologia Cristã do século 20.

Em sua biografia consta que ele atuou como agente secreto tramando inclusive o assassinato do líder nazista. Com um espírito democrático, chegou a estar a salvo nos EUA, mas aceitou o convite de se infiltrar na Alemanha na intenção de restabelecer a paz mundial.

O papel de Bonhoeffer como agente contrário ao nazismo era o de passar mensagens sigilosas ao bispo britânico George Bell, que as direcionava ao primeiro-ministro da Inglaterra, Winston Churchill. Assim o pastor luterano participou do planejamento de diversas ações para salvar judeus, além, é claro, das tentativas de assassinar Hitler. Quando se deu a "Operação Valquíria" (1944), o mais famoso dos golpes para eliminar o "Fuhrer", Bonhoeffer já estava preso pela polícia secreta alemã. E foi justamente pela falha da Operação Valquíria que os nazistas descobriram o seu papel como agente duplo que culminou em seu enforcamento.

Um médico, testemunha dos últimos instantes de vida de Bonhoeffer, deixou por escrito palavras capazes de nos comover:

"Através da porta entreaberta em uma sala dos barracos, eu vi o pastor Bonhoeffer, antes de vestir o seu uniforme da prisão, ajoelhar-se no chão para orar a Deus com fervor. Fiquei profundamente tocado pelo modo com que esse amável homem orava, tão devoto e seguro de que Deus ouvia a sua oração. [...]. Nos quase 50 anos de profissão médica, eu nunca tinha visto um homem morrer tão totalmente submisso à vontade de Deus".

Milhares foram as vítimas de todo o sistema nazista. Pesquisadores estimam 11 milhões de mortos; além de mais da metade serem judeus, ainda tinham padres, pastores, ciganos, portadores de deficiências mentais ou físicas, comunistas, sindicalistas, testemunhas de Jeová, anarquistas, gays, poloneses, povos eslavos e combatentes da resistência. Ao relembrar esta história de horror, biografias como a de Dietrich Bonhoeffer são imprescindíveis para o aprendizado das novas gerações, para que ditaduras deste tipo não aconteçam nunca mais.

"Os ímpios erram o caminho desde o ventre; desviam-se os mentirosos desde que nascem. [...]. Mas, de fato, os justos têm a sua recompensa; com certeza há um Deus que faz justiça na terra" (Sl 58:3,11).

ENTRE MUROS E PONTES

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que tomou posse há uma semana, está tirando do papel promessas que fez durante a campanha presidencial. O republicano garante que vai fazer a maior deportação em massa da história do país, com milhões de imigrantes ilegais sendo expulsos.

Trump afirmou que a primeira de uma série de ordens executivas seria declarar uma "emergência nacional" na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Como parte de seus planos, Trump ordenará a retomada da construção do muro na fronteira. Ele tenta vender a ideia de erguer uma barreira física para conter os invasores. Porém, a expansão desse projeto ambicioso para a fronteira esbarra em desafios técnicos, financeiros e sociais.

Os americanos cobram há anos, desde o governo de Barack Obama, uma postura mais firme da presidência com relação à imigração. A retórica em torno do muro tem alimentado divisões políticas. Agora, as tensões estão nas alturas, com as comunidades ao longo da fronteira voltando a ser ameaçadas pela presença massiva de forças de segurança na região.

Não vamos aqui, neste texto, nos prolongar no debate sobre imigração. Só vale ressaltar como essas pessoas que vivem perto do muro fronteiriço Estados Unidos-México são afetadas pelas políticas migratórias rígidas. E tal estrutura de engenharia ainda é um triste lembrete diário de que histórias serão interrompidas, famílias serão separadas e culturas serão divididas para cada lado da divisa. Essa sim é uma situação que merece reflexão sobre direitos humanos e segurança.

Além desse muro fronteiriço Estados Unidos-México, muitos outros muros foram construídos ao redor do mundo para separar países. A Grande Muralha da China (8.850 quilômetros) é um exemplo, também o Muro de Berlim (154 quilômetros) - já derrubado - e o muro que separa Israel da Cisjordânia. E na esteira de Trump, a Argentina construirá um alambrado de arame na fronteira boliviana para conter imigrantes. O anúncio ocorre no contexto das novas políticas migratórias de Donald Trump, quem o presidente argentino Javier Milei é alinhado.

Muros são erguidos quando começamos a acreditar que somos melhores que os outros, ou, como pensava Jean Paul Sartre, quando achamos que “o inferno são os outros”. Quando isso acontece, muros de separação são erguidos não apenas entre cidades ou nações, mas também entre pessoas, instituições e denominações religiosas. A arrogância, a presunção e a ganância do ser humano são o cimento e as pedras que continuam erguendo muros de separação por toda a parte.

Como seguidores de Jesus Cristo, somos desafiados a ver a história da humanidade da mesma maneira como Ele viu. Somos chamados a derrubar novos muros de separação e a mostrar o caminho vivo e novo que pode ser trilhado por todos! - Jesus! Com o martelo do perdão e do amor podemos fazer muito mais do que com o cimento e as pedras da arrogância e da presunção.

Parece que somos mais especialistas em construir muros em lugar de pontes. Existe também preconceito e discriminação: construímos muros invisíveis entre vizinhos, denominações, grupos étnicos e países. Cristo passou a maior parte do tempo derrubando muros. Paulo diz que Jesus veio para derrubar o muro de separação: “O objetivo dEle era criar em Si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo […]. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto” (Efésios 2:15-17).

A figura que Paulo usa aqui é muito clara. Ele se valeu do templo com suas seções. A separação era: gentios, mulheres, israelitas, levitas, sacerdotes e sumo sacerdotes. Paulo disse: “Jesus é a ponte: o muro desapareceu. Jesus é nossa paz.” A graça de Deus não quer deixar ninguém de fora. Infelizmente, excluímos as pessoas por medo, orgulho ou ignorância. Nós as classificamos assim: quem está dentro e quem está fora. Os líderes religiosos da época de Jesus consideravam virtude não se relacionar com quem não vivia à altura dos seus padrões. Jesus, por outro lado, foi o maior construtor de pontes que o mundo já viu.

Jesus derruba os muros que separam nações. Ele dá sentido a esta vida sem sentido. Vejamos o que disse Ellen G. White: "Deus não reconhece distinção alguma de nacionalidade, etnia ou classe social. É o Criador de todo homem. Todos os homens são de uma família pela criação, e todos são um pela redenção. Cristo veio para demolir toda parede de separação e abrir todos os compartimentos do templo, a fim de que todos possam ter livre acesso a Deus. Os muros do sectarismo, casta e raça desabarão quando o verdadeiro espírito missionário penetrar no coração dos homens" (E Recebereis Poder, p. 337).

Somos convidados a ser construtores de pontes. “Vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo” (1Pe 2:5). Quando Pedro diz que devemos assumir nossa missão, ele usa uma palavra que resume nossa identidade como povo de Deus, a palavra “sacerdócio”. O comentarista bíblico Barclay salienta algo interessante sobre o significado da palavra “sacerdote”, em latim. A palavra latina para sacerdote é pontifex, ou seja, construtor de pontes.

Esta é nossa identidade: somos construtores de pontes. Pontes de esperança, de justiça e de graça. Devemos construir pontes para outras pessoas se aproximarem de Deus. Pontes de aproximação para conhecerem o evangelho de Cristo. Ponte de aproximação para que entrem no reino do Céu.

"Vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Pois Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade" (Efésios 2:13, 14).

Nosso chamado não é para construir muros, mas uma ponte entre nosso coração e o coração de outras pessoas, e então convidar Jesus a passar por ela.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

É POSSÍVEL AMAR NOSSOS INIMIGOS?

O pastor protestante e ativista político Martin Luther King, Jr., prêmio Nobel da Paz em 1964, assassinado no dia 4 de abril de 1968 com apenas 39 anos de idade, disse certa vez em um de seus sermões:

"Talvez nenhum ensinamento de Jesus seja, hoje, tão difícil de ser seguido como este mandamento do 'amai os vossos inimigos'. Há mesmo quem sinceramente julgue impossível colocá-lo em prática. Consideramos fácil amar quem nos ama, mas nunca aqueles que abertamente e insidiosamente procuram prejudicar-nos. Outros ainda, como o filósofo Nietzsche, sustentam que a exortação de Jesus para amarmos os nossos inimigos prova que a ética cristã se destina somente aos fracos e aos covardes, e nunca se pode aplicar aos corajosos e aos fortes. Jesus – dizem eles – era um idealista sem sentido prático. Apesar dessas dúvidas prementes e persistentes objeções, o mandamento de Jesus desafia-nos hoje com nova urgência. Insurreições sobre insurreições demonstram que o homem moderno caminha ao longo de uma estrada semeada de ódios, que fatalmente o conduzirão à destruição e à condenação. O mandamento para amarmos os nossos inimigos, longe de ser uma piedosa imposição de um sonhador utópico, é uma necessidade absoluta para podermos sobreviver. O amor pelos inimigos é a chave para a solução dos problemas do nosso mundo. Jesus não é um idealista sem sentido prático; é um realista prático. Estou certo de que Jesus compreendeu a dificuldade inerente ao ato de amar os nossos inimigos. Nunca pertenceu ao número dos que falam fluentemente sobre a simplicidade da vida moral. Sabia que toda a verdadeira expressão de amor nasce de uma firme e total entrega a Deus. Quando Jesus diz: 'Amai os vossos inimigos', não ignora a dificuldade dessa imposição e conhece bem o significado de cada uma das suas palavras. A responsabilidade que nos cabe como cristãos é a de descobrir o significado desse mandamento e procurar apaixonadamente vivê-lo toda a nossa vida."

A prova suprema do cristianismo genuíno é amar os inimigos. Jesus estabeleceu esse elevado padrão em contraste com a ideia predominante em Seu tempo. A partir do mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19:18), muitos haviam concluído algo que o Senhor jamais disse nem planejou: Você deve odiar seu inimigo. Certamente, isso não estava implícito no texto.
"Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam" (Lucas 6:27, 28).
Um adversário pode demonstrar inimizade de três formas diferentes: Por uma atitude hostil (vos odeiam), por meio de palavras ofensivas (vos maldizem) e através de ações abusivas (vos maltratam e vos perseguem [Mt 5:44]). A essa tríplice expressão de inimizade, Cristo nos ensina a responder com três manifestações de amor: fazer boas ações para com eles (fazei o bem), falar bem deles (bendizei), e interceder diante de Deus por eles (orai). Vejamos o que Ellen G. White diz:

"Devemos amar os nossos inimigos com o mesmo amor que Cristo mostrou para com os Seus inimigos, ao dar Sua vida para salvá-los. Muitos podem dizer: 'Este é um mandamento difícil, pois eu quero ficar o mais longe possível de meus inimigos.' Mas agir de acordo com vossa natural inclinação não seria praticar os princípios que nosso Salvador nos deu" (Medicina e Salvação, p. 253).

O Senhor sabe que não se pode ser um crente genuíno tendo um coração cheio de ódio, mesmo quando existam razões que o justifiquem. A resposta do cristão à hostilidade e antagonismo é vencer “o mal com o bem” (Rm 12:21). Observe: Jesus primeiro pede que amemos nossos inimigos e, como resultado, solicita que demonstremos esse amor por meio de boas ações, palavras amáveis e oração de intercessão. Sem o amor inspirado pelo Céu, essas ações, palavras e orações seriam uma ofensiva e hipócrita falsificação do verdadeiro cristianismo.

Por que então devemos amar nossos inimigos? Quais razões foram apresentadas por Jesus?
"Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus" (Lucas 6:32-35).
A fim de nos ajudar a compreender esse elevado mandamento, o Senhor usou três argumentos. Em primeiro lugar, precisamos viver acima dos baixos padrões do mundo. Até mesmo os pecadores amam uns aos outros, e os criminosos se ajudam mutuamente. Qual seria o valor de seguir a Cristo, se isso não nos levasse a viver e amar de maneira superior à virtude dos filhos deste mundo? Em segundo lugar, Deus nos recompensará por amar nossos inimigos. Ainda que não amemos pela recompensa, Ele a concederá graciosamente para nós. Em terceiro lugar, esse tipo de amor é uma evidência de nossa estreita comunhão com nosso Pai celestial, que “é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc 6:35).

Os ensinamentos de Jesus estabelecem um ideal tão elevado, de uma vida altruísta e amorosa, que a maioria de nós provavelmente se sinta oprimida e desanimada. Como podemos nós, egoístas por natureza, amar o próximo de maneira altruísta? Além disso, é possível amar os inimigos? Do ponto de vista humano, é absolutamente impossível. Mas o Senhor jamais nos pediria que amássemos e servíssemos os detestáveis e desprezíveis sem nos prover os meios com que alcançar isso. Sobre isso, Ellen G. White diz:

“Essa norma não é impossível de ser alcançada. Em toda ordem ou mandamento dado por Deus, há uma promessa, a mais positiva, a fundamentá-la. Deus tomou as providências para que nos tornemos semelhantes a Ele, e realizará isso para todos quantos não interpuserem uma vontade perversa, frustrando assim Sua graça” (O Maior Discurso de Cristo, p. 76).

Qual promessa está na base do mandamento de amar os inimigos? É a certeza de que Deus é bondoso e misericordioso para com os ingratos e maus (Lc 6:35, 36), o que nos inclui. Podemos amar nossos inimigos, porque Deus nos amou primeiro, embora fôssemos Seus inimigos (Rm 5:10). Quando diariamente reafirmamos nossa aceitação do Seu amoroso sacrifício por nós na cruz, Seu amor abnegado permeia nossa vida. Quanto mais compreendemos e experimentamos o amor do Senhor por nós, mais Seu amor fluirá de nós para os outros, até mesmo aos nossos inimigos. Ellen G. White afirma:

"Representemos diariamente o grande amor de Cristo, amando os nossos inimigos como Cristo os ama. Se assim representássemos a graça de Cristo, fortes sentimentos de ódio seriam subjugados e o amor genuíno de Cristo seria levado a muitos corações. Ver-se-iam muito mais conversões do que se vêem agora" (Medicina e Salvação, p. 254).

Nossa necessidade diária não é apenas a de aceitar novamente a morte de Cristo por nós, mas render nossa vontade a Ele e nEle permanecer. Assim como Jesus não buscou Sua própria vontade, mas a vontade do Pai (Jo 5:30), precisamos confiar nEle e em Sua vontade. Pois, sem Ele, nada podemos fazer (Jo 15:5). Quando a cada dia decidimos nos submeter a Jesus, Ele vive em nós e por meio de nós. Então “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20), e transforma minhas atitudes egocêntricas em uma vida amorosa e altruísta.

E se você estiver cercado de inimigos, busque a Deus em oração, recorra às preciosas instruções divinas de Sua Palavra, pois através desses meios o Espírito Santo impressionará o seu coração concedendo-lhe sabedoria divina, paz e confiança de que Deus estará sempre ao seu lado. Desse modo você poderá dizer como Davi: “O SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte” (Salmos 18:2).

Ilustração: "Love is in the air" - Arte urbana feita em 2005 em Londres por Banksy

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

UMA MENSAGEM PARA SACUDIR A ALMA

Malaquias é o último dos mensageiros de Deus no Antigo Testamento a erguer a voz profética contra um povo que deveria estar aguardando a chegada do Messias, mas, em vez disso, vivia em crise espiritual. Sua profecia foi dada cerca de um século após o retorno do povo judeu do exílio em Babilônia e 400 anos antes do nascimento de Jesus. Seu texto inspirado é tão relevante para o povo da segunda vinda de Cristo quanto foi para os judeus que aguardavam Sua primeira vinda. O profeta mencionou pelo menos seis pecados deliberados do povo:

1. Rejeição descarada do amor de Deus (Ml 1:1-5). As pessoas projetam para Deus a falta de amor no próprio coração delas. Teria Deus hoje necessidade de provar novamente Seu amor por nós? Você questiona o Criador, Seu amor e Sua fidelidade, como fizeram os judeus na época de Malaquias? Não coloque em dúvida o amor divino por sofrer as consequências de suas próprias negligências espirituais e morais.

2. Desonra deliberada a Deus (Ml 1:6–2:9). As pessoas agem com arrogância como se Deus fosse insignificante. Você prioriza Deus em suas atividades? Seu coração reflete um alto nível de compromisso com Deus? Ele ocupa um tempo significativo em sua agenda? O que você faz revela quanto honra a Deus, ou quanto O desonra.

3. Infidelidade destemida a Deus (Ml 2:10-16). As pessoas que se afastam de Deus revelam também um distanciamento no relacionamento com o próximo. Quem mais influencia você? Deus ou a cultura? Como seus relacionamentos provam seu relacionamento com Deus? Se você demonstra em sua infidelidade ao próximo sua infidelidade a Deus, deveria repensar sua espiritualidade.

4. Redefinição da justiça divina no mundo (Ml 2:17–3:6). As pessoas que não possuem intimidade com Deus elaboram conceitos equivocados sobre Ele e distorcem Seus atributos. Você crê que Deus age diretamente em nosso planeta ou pensa que Ele nos abandonou aqui? Qual é sua base teológica para avaliar a sociedade, a igreja, a existência, as desgraças, os sofrimentos e as mortes em nosso planeta? Os conceitos que você tem sobre Deus revelam quão íntimo Dele você é.

5. Roubo atrevido daquilo que pertence a Deus (Ml 3:7-12). As pessoas que não colocam Deus em primeiro lugar na vida terão sérias dificuldades para tirar os bens materiais do lugar que cabe unicamente a Deus. O dinheiro tem sido mais importante para você do que Deus? Você é fiel ao que Deus pede? Se é fiel, você faz isso por ganância ou por reverência? Seu nível de intimidade se mede pelo nível de fidelidade.

6. Difamação da graça de Deus (Ml 3:13-15). As pessoas vazias de Deus questionam a graça, se queixam de tudo e acusam o Criador de serem injustiçadas. Você busca a Deus apenas por causa das bênçãos que recebe? Quando sua expectativa não é atendida, você fica frustrado com Ele? Você serve a Deus pelo que Ele pode dar ou por quem Ele é? Vive um formalismo religioso, pratica cerimônias religiosas superficialmente como um amuleto da sorte e depois fica indignado porque a religião bíblica parece não funcionar? Você deve servir a Deus de todo o coração, apesar das dificuldades, desafios e obstáculos.

Concluindo, o livro de Malaquias contém a mais pura teologia, e faria muito bem a cada cristão mergulhar em suas páginas. A mensagem do profeta visa sacudir a alma de cada leitor atento. O apelo é para buscarmos a Deus, vivermos à altura do ideal divino e estarmos preparados para o juízo final.

Heber Toth Ermí (via Revista Adventista)

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

A MENTIRA NO LIVRO DE APOCALIPSE

Vivemos na era das fake news, um tipo de jornalismo, propaganda ideológica e talvez até mesmo uma abordagem à vida que lança mão de informações incorretas de maneira deliberada. Mensagens falsas são escritas e postadas com a intenção de criar a própria “verdade”, esconder motivações e atos pessoais e, numa esfera mais ampla, enganar organizações e/ou indivíduos, obter vantagens financeiras ou políticas e prejudicar outros.

As notícias falsas costumam ser espalhadas com alegações sensacionalistas, exageradas ou inverídicas a fim de atrair a atenção. Não se limita às mídias sociais, mas também são encontradas na política, em pesquisas de mercado, na ciência, no mundo religioso e em vários outros lugares.

Ao passo que enganos e informações intencionalmente equivocadas sempre acompanharam a humanidade (desde a serpente no paraíso), parece que a situação alcançou um nível inesperado e assustador, uma vez que se tornou quase impossível discernir a verdade das mentiras e falsidades.

VERDADE E MENTIRA
Alexander Schwalbe reconhece que há “mentiras e enganos por toda a parte”. E observa: “No processo de secularização, Deus perdeu a centralidade. [...] A fragmentação da realidade e a dissolução de nossa experiência anterior de mundo parecem ser sucedidas por uma destruição da verdade. Após Deus ser esquecido, [...] a verdade também pode ser esquecida” (“Die Gotteskrise und die Lust zu lügen”, Christ in der Gegenwart 68, 2016).

“Mentir é o pecado do anticristo (1Jo 2:22) e todos os mentirosos habituais perderão a salvação eterna (Ap 21:27)”, ressalta A. Flavellem (“Lie, Lying”, New Bible Dictionary [InterVarsity, 1996], p. 687). Infelizmente, os cristãos são afetados por esse problema. Queiramos ou não, a cultura exerce influência sobre nós e, até certo ponto, nos molda. Na esfera pública, as mentiras costumam ser aceitáveis e não são punidas, a menos que se trate de perjúrio. As “mentiras brancas” são consideradas toleráveis ou talvez até mesmo necessárias. Por exemplo, no mundo mediterrâneo, o engano “é uma estratégia para estabelecer e proteger a honra, bem como para lançar vergonha sobre os inimigos” (John J. Pilch e Bruce J. Malina [eds.], Handbook of Biblical Social Values, 3ª ed. [Cascade, 2016], p. 38).

Mesmo que professemos aceitar os Dez Mandamentos, consideramos alguns mais importantes que outros. Mentira, fake news e teorias da conspiração são consideradas transgressões triviais, ao passo que o assassinato é visto como um crime grave. Em geral, as consequências do adultério são mais dramáticas que os efeitos de uma mentira. Entretanto, é possível levar pessoas ao suicídio com uma mentira ou incitar uma perseguição depois de fazer alegações falsas. Uma ofensa contra o mandamento que fala do engano é tão grave quanto a desobediência a qualquer outro mandamento.

G. H. Clark argumenta: “É preciso ter em mente que as verdades morais e espirituais são tão verdadeiras quanto as verdades matemáticas, científi cas e históricas. Todas são igualmente ‘intelectuais’: uma verdade não intelectual é impensável. Não é verdade que o conceito comum de verdade como fato ou o que é real ‘não tem mais relevância moral ou espiritual’. É só nos lembrarmos de que foi Deus quem nos deixou os Dez Mandamentos” (“Truth”, Evangelical Dictionary of Theology [Baker, 1984], p. 1114).

A MENTIRA NO LIVRO DE APOCALIPSE
No livro de Apocalipse, há nove textos sobre o tema da mentira. Há falsos profetas mentirosos (pseudés, Ap 2:2). Alguns indivíduos afirmam ser judeus, mas não são. Estão mentindo (pseudomai, Ap 3:9). O falso profeta (pseudoprophétés, Ap 16:13; 19:20; 20:10) espalha mentiras e falsidades. Três textos descrevem as consequências terríveis para os mentirosos (Ap 21:8; Ap 21:27; Ap 22:15). Felizmente, existe um grupo dos seguidores verdadeiros de Jesus, os 144 mil: “Não se achou mentira [pseudos] na sua boca” (Ap 14:5). Essas passagens nos fornecem as seguintes informações:

• Se existe mentira, então também deve haver verdade. Sem verdade, não há mentira. Enquanto a verdade hoje é questionada e as pessoas não conseguem mais diferenciar entre a verdade e a mentira, o caos se descortina bem diante de nossos olhos. Em termos conceituais, a mentira e o engano estão intimamente ligados. Jezabel, alegando ser profetisa, seduz (planaó) os servos de Deus (Ap 2:20). Satanás engana (planaó) o mundo inteiro (Ap 12:9), isto é, todos os povos e todas as nações que o seguem (planaó, Ap 20:3, 8, 10). A besta que emerge da terra “seduz [planaó] os que habitam sobre a Terra” (Ap 13:14). Por ser um falso profeta (pseudoprophétés), desempenha sinais milagrosos, enganando (planaó) aqueles que recebem a marca da besta e os que adoram sua imagem (Ap 19:20). Babilônia engana (planaó) todas as nações por meio de sua feitiçaria (Ap 18:23). Logo, engano e mentiras são temas importantes em Apocalipse.

Em contrapartida, o livro usa a palavra “fiel” ou “verdadeiro” (aléthinos). Deus (Ap 6:10) e Jesus (Ap 3:7, 14; 19:11) são verdadeiros; portanto, os caminhos de Deus (Ap 15:3), Seus juízos (Ap 16:7; 19:2) e Suas palavras (Ap 19:9; 21:5; 22:16) também são. Mentira é mentira e verdade é verdade. A verdade é absolutamente verdadeira, coerente e consistente. Ela não pode ser misturada a mentiras. Caso contrário, deixa de ser verdade. Verdade e mentira são opostas e mutuamente excludentes. A verdade corresponde ao caráter de Deus; a mentira reflete o caráter de Satanás. Assim, a verdade deve ser personificada nos seguidores de Jesus. Meias verdades e mentiras brancas não têm lugar entre os cristãos. Ignorar a verdade significa se prostrar diante da mentira.

• É extremamente perigoso mentir. O Apocalipse faz declarações bem francas sobre a mentira. Aborda os mentirosos e aqueles que amam e praticam a mentira. Uma vez que o reino de Deus é verdade, os mentirosos, os enganadores e aqueles que conscientemente se permitem ser enganados não têm lugar nesse reino. Mentir é tão grave que exclui o acesso à Nova Jerusalém e a Deus, conduzindo à segunda morte, que é eterna.

• Mentiras e enganos ameaçam a comunidade cristã e os cristãos individualmente. A mentira destrói completamente a fé ou altera o conteúdo da fé, de modo que deixa de representar corretamente o caráter, a vontade e o plano de Deus para a humanidade. Portanto, o mentiroso se rebela contra Deus e rompe o relacionamento com Ele. Mas a mentira também tem potencial para destruir os relacionamentos humanos.

D. W. Gill destaca algumas consequências da mentira: “Mentir é errado, em primeiro lugar, porque nos aliena de Deus, que é a própria verdade. Segundo, a mentira destrói a comunidade e os relacionamentos interpessoais [...]. A confiança essencial para a construção da comunidade é minada. O terceiro problema da mentira é que ela destrói o mentiroso em si. A contradição entre o conhecimento da verdade e a participação do indivíduo na mentira é uma rendição desumanizante da plenitude e integridade pessoais. Além disso, uma mentira leva inexoravelmente a outras para acobertar a primeira. A teia da falsidade gera uma espécie de cativeiro, que é a situação oposta do conhecimento e da prática da verdade que liberta” (“Lie, Lying”, Evangelical Dictionary of Theology [Baker, 1984], p. 639).

• Há mentira não só como ato individual, mas também como sistema. Existem mentiras individuais e há também a falsidade coletiva. Isso pode ser identificado no falso profeta, controlado por poderes demoníacos, e nos falsos apóstolos. A Babilônia apocalíptica engana a humanidade para alcançar seus objetivos. Isso é feito para desencaminhar o cristianismo e os seguidores fiéis de Jesus.

• Somos responsáveis pela mentira. É claro que circunstâncias difíceis podem levar as pessoas a tentar escapar delas por meio do uso de mentiras – por exemplo, quando parece não haver uma boa alternativa e a honestidade pode ser considerada um risco à vida. Contudo, somos responsáveis pela nossa maneira de lidar com tais situações. Carl Zuckmayer (1898-1977), escritor e dramaturgo alemão, cujo pai era de origem judaica, mas se converteu ao cristianismo, teve problemas com o regime nazista. Quando tentou fugir para a Suíça, foi interrogado por um oficial nazista na fronteira. Em vez de mentir em relação a seus problemas, admitiu que não era membro do partido, que suas obras haviam sido proibidas na Alemanha e que não concordava com a visão de mundo do Nacional-Socialismo. No entanto, em vez de prendê-lo, o oficial ficou tão pasmo com a honestidade de Zuckmayer que o ajudou a atravessar a fronteira até a Suíça e chegar ali em segurança (“Ehrlichkeit”, em Lesebuch fur den Religionsunterricht für 14-16 Jahrige [Calwer Verlag Stuttgart, 1969], p. 167-170). Porém, não renunciamos à mentira apenas por esperar que as coisas deem certo. Isso nem sempre acontece. Nós a rejeitamos porque é certo falar a verdade e errado mentir, a despeito das circunstâncias.

• Somos responsáveis não só quando mentimos, mas também quando aceitamos a mentira. Apocalipse 22:15 fala sobre o amor à mentira. De maneira semelhante, Paulo declarou: “É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça” (2Ts 2:11, 12). É claro que a pessoa pode apreciar o escândalo. Mas isso é tão repreensível quanto mentir. Os seguidores de Jesus são comprometidos com a verdade.

• Felizmente, existem pessoas que se distanciaram completamente da mentira. O contexto deixa claro que elas adoram a Deus e guardam Seus mandamentos. Estão claramente do lado de Deus, confiando em Seu poder e amor para tomar as decisões certas em meio às situações mais difíceis. Comprometeram-se com a verdade e a proclamam (Ap 14:6 a 12). Portanto, automaticamente expõem o engano.

DESDOBRAMENTOS
O compromisso com a verdade e a oposição à mentira, à falsidade e ao engano levam aos seguintes desdobramentos:

1. Rejeitamos o plágio em todas as suas formas. Mesmo que seja comum em círculos eruditos ou nem tão eruditos assim, não reivindicamos o trabalho de outras pessoas como se fosse nosso. Não trapaceamos.

2. Não condescendemos com teorias da conspiração e não as proclamamos publicamente. Elas não podem ser comprovadas. A necessidade de se retratar ou a comprovação de que estavam erradas podem causar prejuízos à causa de Deus. Também precisamos ser tão objetivos quanto possível e avaliar a questão com base em perspectivas diferentes. As mensagens claras devem ser proclamadas em relação aos pontos em que as Escrituras são inequívocas.

3. Evitamos usar dois pesos e duas medidas. É problemático tentar promover o que é bom de maneira antiética porque achamos que o bom deve ser propagado a qualquer custo. Em nome da verdade, a moralidade muitas vezes é facilmente abandonada. Os fins não justificam os meios.

4. Nós nos comprometemos de forma clara e individual com Jesus. Não O negamos com nossa conduta, complacência ou covardia. Pagamos os impostos ao governo. Apoiamos a justiça. Mas, acima de tudo, somos leais a Deus e à verdade.

5. O cristianismo é especialmente afetado por mentiras e teorias da conspiração promovidas em mídias sociais e outros ambientes. As fake news não são engraçadas, nem uma forma de entretenimento, mas, sim, absolutamente destrutivas. Afinal, se tudo é questionado e a verdade não consegue mais ser identificada, como as bases do cristianismo podem ser exaltadas? A mentira não só desintegra nossa cultura e coexistência, como também destrói o cristianismo e a vida de cada pessoa.

Para concluir, sim, existem mentiras e falsidades, conforme o Apocalipse admite. Há até mesmo o perigo de adquirir o hábito de mentir, de aprender a amar tanto a mentira quanto a falsidade e de ser excluído da cidade de Deus. Mas existem também cristãos verdadeiros, que se distanciaram da mentira. Estão comprometidos com a verdade em todas as suas formas, sobretudo com a Verdade personificada, Jesus. Não podemos reivindicar a verdade e proclamar a verdade se nós mesmos não buscamos ser verdadeiros.

No fim, o que é verdadeiro ainda conta. J. Hamel parece estar correto ao dizer: “A questão não é se opor a pontos de vista possivelmente errados. É muito mais: por meio de nós, Deus quer trazer à tona Sua verdade e libertar as pessoas do poder da mentira” (“Von Wahrheit und Lüge”, em Christliche Ethik [Vandenhoeck and Ruprecht, 1966], p. 57). A verdade liberta.

Ekkehardt Mueller (via Revista Adventista)

Este artigo foi extraído e adaptado da newsletter do Instituto de Pesquisa Biblica, Reflections (abril-junho de 2020), e traduzido por Cecília Eller.

"Tudo quanto os cristãos fazem deve ser tão transparente como a luz do Sol. A verdade é de Deus; o engano, em todas as suas múltiplas formas, é de Satanás; e quem quer que, de alguma maneira, se desvia da reta linha da verdade, está-se entregando ao poder do maligno" (Ellen G. White - O Maior Discurso de Cristo, p. 68).

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

ESPERANÇA ETERNA EM UM MUNDO DE GOVERNOS E PODERES TEMPORAIS

Nos últimos anos, especialmente com a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, muitos cristãos têm se sentido atraídos pela ideia de um governo que defenda valores cristãos. Essa sensação de segurança, porém, levanta uma questão essencial: até que ponto a Igreja deve se associar a sistemas políticos, especialmente em uma época em que tantos aspiram por um governo religioso?

A Bíblia, especialmente no livro do Apocalipse, capítulos 13 e 17, nos alerta sobre os riscos de colocar a esperança em alianças entre poderes religiosos e políticos. Na Bíblia, a mensagem é clara: o reino de Deus não está associado aos reinos temporais deste mundo, e nossa esperança transcende qualquer governo terreno.

Apocalipse 13 apresenta duas bestas, simbolizando poderes políticos e religiosos que, em última instância, se unem para perseguir aqueles que escolhem seguir a Deus de acordo com sua consciência. O primeiro poder emerge do mar, representando um governo com pretensões religiosas e uma postura opressiva. O segundo surge da terra, com uma aparência de cordeiro, mas que depois fala como dragão, enganando muitos por meio de uma aparente aliança com valores espirituais.

Esses capítulos não são apenas advertências contra um futuro regime totalitário, mas revelam uma tendência que se repete ao longo da história: a união entre igreja e estado, que resulta na perda da liberdade religiosa. No capítulo 17 de Apocalipse, essa união se potencializa com a figura da “Babilônia”, um poder religioso corrompido que colabora com os reinos deste mundo para exercer controle e domínio. Esse poder, representado como uma mulher montada em uma besta, revela a associação do que deveria ser sagrado pelo desejo de poder político.

Muitos cristãos estão celebrando a ideia de um governo nos Estados Unidos que apoia valores cristãos, especialmente em tempos de crise moral e social. Por outro lado, creio que é importante analisar como Jesus lidou com o poder político. Quando esteve na Terra, ele recusou a coroa humana, afirmando que seu reino “não é deste mundo” (João 18:36). Ele rejeitou a oferta de Satanás para governar os reinos do mundo no deserto das tentações (Mateus 4:8-10), mostrando que o reino de Deus atua com princípios diferentes aos do poder humano.

A história da igreja está cheia de exemplos de como a união entre religião e política corrompe ambos os lados. Quando a igreja se alia ao Estado, a tentação de exercer controle sobre as consciências e de impor uma versão institucionalizada de fé se torna consequência. Essa aliança pode até parecer boa a curto prazo, mas, ao longo do tempo, sacrificará a liberdade e a espiritualidade genuína em nome de um poder que é passageiro e opressor.

Reconheço que, embora existam governos que adotam políticas que beneficiem a liberdade de culto, nossa missão não deve depender de alianças com poderes políticos. Nosso chamado é transcendente, e nossa esperança está na vinda de Cristo e no estabelecimento de seu reino eterno, não em mudanças políticas. Colocar nossa fé em líderes humanos, mesmo que pareçam promover valores cristãos, é esquecer que nossa lealdade final pertence ao Deus eterno, não aos sistemas temporais.

As profecias de Daniel e Apocalipse mostram que o poder religioso aliado ao poder político pode se tornar tirano. Em Daniel 3, vemos um exemplo em que o poder civil tentou forçar uma prática religiosa específica. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram desafiados a comprometer sua fé em favor de uma obediência ao governo, mas resistiram, mostrando que a lealdade a Deus deve permanecer inabalável, mesmo diante da perseguição.

Não tenho dúvidas de que assim como nos dias de Daniel, o futuro trará desafios à liberdade religiosa, em que aparentes “valores cristãos” serão impostos por forças que buscam controle, não santidade. Esse é o perigo de confiar demais em governos que dizem promover o cristianismo; muitas vezes, esses sistemas buscam moldar a religião a seus próprios interesses para manutenção do poder.

[...] É somente na liberdade que o amor a Deus e a fidelidade podem ser autênticos. Quando o governo assume o papel de guardião da fé, a religião corre o risco de se tornar um conjunto de regras impostas e esvaziadas de significado espiritual.

Essa separação não significa rejeitar a fé ou os valores morais, mas sim garantir que a religião seja um compromisso voluntário. Deus nos criou com livre-arbítrio, e nossa adoração a Ele só é verdadeira quando é feita por escolha pessoal. A Igreja, portanto, deve manter-se independente de influências políticas, mantendo seu foco em Cristo e em seu reino eterno.

Jesus deixou claro que seu reino não pertence a este mundo (João 18:36). Nossa esperança não está em reformas políticas, em figuras públicas ou em governos temporais. O propósito final da Igreja é preparar o caminho para o reino eterno que Cristo estabelecerá em sua segunda vinda.

Como adventista do sétimo dia, tenho o chamado de proclamar esta mensagem profética, lembrando ao mundo de que os reinos terrenos passarão, mas o reino de Deus permanecerá para sempre. A busca por um governo que defenda valores cristãos não substitui a missão dada por Cristo. Preciso alertar a todos sobre a iminência de Sua volta e os perigos das alianças entre poderes religiosos e políticos. A batalha do Armagedom, descrita em Apocalipse 17, e as advertências proféticas são lembretes de que as forças do mal tentarão estabelecer seu controle, mas a nossa confiança deve estar unicamente em Deus. O resto é ilusão, nada além disso.

Lembre-se de que o reino de Deus não se confunde com o poder político e não depende de legislações ou de políticas públicas. Nossa fé transcende qualquer sistema humano, e nosso chamado é pregar a esperança em Cristo e Sua vinda.

Assim como as profecias indicam, um tempo virá em que o mundo se voltará contra aqueles que permanecem leais a Deus. Nossa missão é sermos testemunhas do reino eterno, sem ceder às tentações do poder terreno. Enquanto caminhamos para o cumprimento das profecias de Apocalipse, que cada um de nós siga com o olhar fixo em Cristo e na promessa de um reino que não tem fim. Maranata!


"Nos anais da história humana o crescimento das nações, o levantamento e queda de impérios, aparecem como dependendo da vontade e façanhas do homem. O desenvolver dos acontecimentos em grande parte parece determinar-se por seu poder, ambição ou capricho. Na Palavra de Deus, porém, afasta-se a cortina, e contemplamos ao fundo, em cima, e em toda a marcha e contramarcha dos interesses, poderio e paixões humanas, a força de um Ser todo misericordioso, a executar, silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade. A Bíblia revela a verdadeira filosofia da História. [...] O poder exercido por todo governante sobre a Terra, é-lhe comunicado pelo Céu; e depende seu êxito do uso que fizer do poder que assim lhe é concedido. [...] Reconhecer a operação destes princípios na manifestação do Seu poder que 'remove os reis e estabelece os reis' corresponde a entender a filosofia da História. [...] A história das nações que, uma após outra, têm ocupado seus destinados tempos e lugares, testemunhando inconscientemente da verdade da qual elas próprias desconheciam o sentido, fala a nós. A cada nação, a cada indivíduo de hoje, tem Deus designado um lugar no Seu grande plano. Homens e nações estão sendo hoje medidos pelo prumo que se acha na mão dAquele que não comete erro. Todos estão pela sua própria escolha decidindo o seu destino, e Deus está governando acima de tudo para o cumprimento de Seu propósito" (Ellen G. White - Educação, pp. 173-178).

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

LISTA MUNDIAL DE PERSEGUIÇÃO 2025

A perseguição aos cristãos é definida como qualquer hostilidade às pessoas que se identificam como cristãs, de todas as denominações e também que não pertencem a uma denominação específica. A perseguição pode incluir atitudes hostis, palavras e ações contra cristãos. 

A cada ano, a perseguição aos cristãos se intensifica no mundo todo. O número de cristãos com medo de ir à igreja, que não têm uma igreja para ir e precisam escolher entre permanecer fiel a Deus ou manter os filhos seguros só aumenta. Houve crescimento também no número de vítimas da violência extrema, que perderam familiares, casa, bens e a liberdade apenas por compartilhar a fé em Jesus Cristo.

Na compreensão clássica, a perseguição religiosa é realizada ou permitida pelo Estado. A realidade, porém, mostra que não é isso o que geralmente acontece. Nos dias de hoje, o papel de outros agentes está cada vez mais evidente — um exemplo disso são os grupos extremistas, tais como Estado Islâmico, Boko Haram, Al-Qaeda e Al-Shabaab.

Além desses, também podem ser mencionados: oficiais do governo, líderes de grupos étnicos, líderes religiosos não cristãos, líderes religiosos cristãos, grupos religiosos violentos, cidadãos e quadrilhas, parentes, partidos políticos, grupos paramilitares, redes criminosas, organizações multilaterais e grupos de pressão ideológica.

Lista Mundial de Perseguição 2025
O relatório da Lista Mundial de Perseguição 2025 da Portas Abertas (organização cristã internacional fundada em 1955) garante que mais de 380 milhões de cristãos enfrentam perseguição no mundo. Isso quer dizer que um em cada sete cristãos é hostilizado por seguir a Cristo.

A pesquisa realizada entre 1 de outubro de 2023 e 30 de setembro de 2024 revelou também que a perseguição aos cristãos cresceu mais entre os países da Ásia Central e África Subsaariana.

Há mais de 30 anos, a Portas Abertas monitora casos de perseguição e publica, anualmente, a lista com os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos. A partir desses dados, é possível saber onde os seguidores de Jesus estão e como apoiá-los em suas diferentes necessidades como alimentação, moradia, cuidados médicos, distribuição de Bíblias, treinamentos, cuidados pós-trauma etc.

O país mais perigoso do mundo
O aumento da violência contra os cristãos contribuiu para que Coreia do Norte continuasse pela 23ª vez na primeira colocação. Cristãos foram descobertos, detidos e enviados para campos de trabalho forçado, onde vivem em condições precárias. Qualquer influência externa está sendo punida rigidamente pelo governo norte-coreano.

Perseguição extrema
Mianmar saiu da 17ª posição na LMP 2024 para a 13ª posição na LMP 2025 e está entre os países onde a perseguição é extrema. A guerra civil no país chegou ao quarto ano e foi um pretexto para destruição de igrejas, casas e comunidades inteiras de cristãos. Por consequência, milhares de seguidores de Jesus foram forçados a fugir e agora vivem como deslocados internos.

O Iêmen passou do 5º lugar para o 3º, devido ao aumento da violência contra os cristãos. Os dados foram consequência do aumento do poder houthi – movimento político religioso islâmico – e de maior radicalização dos muçulmanos. Dezenas de igrejas não puderam se reunir em segurança e um cristão convertido foi morto em razão da nova fé.

Os demais países onde a perseguição é extrema continuam os mesmos, mas com variações nas posições. São eles: Coreia do Norte (1º), Somália (2º), Líbia (4º), Sudão (5º), Eritreia (6º), Nigéria (7º), Paquistão (8º), Irã (9º), Afeganistão (10º), Índia (11º), Arábia Saudita (12º) e Mianmar (13º).

Igrejas fantasmas
A Portas Abertas destaca também a explosão de um fenômeno que está crescendo sem medida: o dos cristãos que, para escapar aos conflitos e da fome, mudam de cidade ou de país, tornando-se refugiados, esvaziando assim as Igrejas locais: "Por exemplo, no Oriente Médio, berço do cristianismo, há uma instabilidade cada vez maior e muitas comunidades cristãs estão se perdendo."

Violência contra as mulheres
A tendência de abuso contra mulheres, especialmente cristãs, também é assustadora. Os dados do relatório são implacáveis. Embora a Portas Abertas repita que é difícil reunir confirmações precisas sobre o número de vítimas de estupro e violência sexual por causa da fé, porque em muitos países os relatos são raros, sabe-se que, no ano passado, a violência contra as mulheres que a organização humanitária conseguiu descobrir chega a 3.944 casos, um aumento acentuado. Os casamentos forçados de jovens cristãs também estão aumentando: 821 casos foram registrados até agora, mas esses também, infelizmente, são números subestimados.

Ellen White e a perseguição ao povo de Deus
"Em todas as épocas as testemunhas designadas por Deus se têm exposto às perseguições e ao desprezo por amor à verdade. José foi caluniado e perseguido por haver preservado sua virtude e integridade. Davi, o mensageiro escolhido de Deus, foi caçado como um animal feroz por seus inimigos. Daniel foi lançado na cova dos leões por ser leal ao seu concerto com o Céu. Jó foi destituído de suas posses terrestres e ferido no corpo de tal maneira que o desprezaram os próprios parentes e amigos; contudo manteve sua integridade. Jeremias não pôde ser impedido de falar as palavras que Deus lhe ordenara; e seu testemunho de tal maneira enfureceu o rei e os príncipes que o atiraram num poço asqueroso. Estêvão foi apedrejado por haver pregado a Cristo, e Este crucificado. Paulo foi encarcerado, açoitado, apedrejado e finalmente entregue à morte por ter sido fiel mensageiro de Deus aos gentios. E João foi banido para a ilha de Patmos 'por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo' (Ap 1:9).

Esses exemplos de humana firmeza dão testemunho da fidelidade das promessas de Deus - de Sua permanente presença e mantenedora graça. Testificam do poder da fé para enfrentar os poderes do mundo. É obra de fé repousar em Deus na hora mais escura, sentir, embora dolorosamente provado e sacudido pela tempestade, que nosso Pai está ao leme. Somente os olhos da fé podem ver para além das coisas temporais e apreciar com acerto o valor das riquezas eternas.

Jesus não oferece a Seus seguidores a esperança de alcançar glórias e riquezas terrestres, de viver uma vida livre de provações. Ao contrário, chama-os para segui-Lo no caminho da abnegação e ignomínia. Aquele que veio para redimir o mundo sofreu a oposição das arregimentadas forças do mal. Numa impiedosa confederação, homens e anjos maus se aliaram contra o Príncipe da paz. Cada um de Seus atos e palavras revelava divina compaixão, e Sua inconformidade com o mundo provocou a mais acérrima hostilidade.

Assim será com todos os que se dispuserem a viver piamente em Cristo Jesus. A perseguição e o descrédito esperam todos os que se imbuírem do Espírito de Cristo. O caráter da perseguição muda com o tempo, mas o princípio - o espírito que a anima - é o mesmo que tem dado a morte aos escolhidos do Senhor desde os dias de Abel.

Em todos os séculos, Satanás tem perseguido o povo de Deus. Tem-no torturado e lhe dado a morte, porém tornaram-se eles conquistadores ao morrer. Deram testemunho do poder de Alguém que é mais forte que Satanás. Podem os ímpios torturar e matar o corpo, mas não podem tocar na vida que está escondida com Cristo em Deus. Podem encerrar homens e mulheres nas prisões, mas não lhes podem encerrar o espírito.

Mediante provas e perseguições, a glória - o caráter - de Deus se revela em Seus escolhidos. Os crentes em Cristo, odiados e perseguidos pelo mundo, são educados e disciplinados na escola de Cristo. Na Terra andam em caminhos estreitos; são purificados na fornalha da aflição (Is 48:10).

Seguem a Cristo através de penosos conflitos; suportam a abnegação e passam por amargos desapontamentos; mas deste modo aprendem o que significam a culpa e os ais do pecado, e olham para ele com repulsa. Tendo sido participantes das aflições de Cristo, podem contemplar a glória além da obscuridade, dizendo: 'Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada' (Rm 8:18)" (Atos dos Apóstolos, p. 297).

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

OS ADVENTISTAS E O FOGO EM LOS ANGELES

Após o devastador Incêndio Palisades, as igrejas adventistas do sétimo dia em Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos, estão se unindo para fornecer ajuda e apoio àqueles que foram desalojados e afetados. “Estou vendo a cidade se unir de uma maneira linda”, disse Manuel Arteaga, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia White Memorial.

Localizada no centro da cidade de Los Angeles, a proximidade da White Memorial dos incêndios levou as igrejas de áreas suburbanas canalizarem recursos através dela.

“Estamos vendo membros e igrejas dos subúrbios trazerem recursos para nós, a igreja do centro da cidade”, disse Arteaga.

Voluntário da IASD White Memorial organiza doações de roupas (Foto: Divulgação)

Uma dessas igrejas é a Igreja Adventista do Sétimo Dia Adonai, localizada em Norwalk, uma cidade no condado de Los Angeles. Em 11 de janeiro de 2025, a igreja cancelou o culto noturno para levar as doações coletadas para os voluntários e vítimas dos incêndios em Palisades e outras regiões da cidade.

“Tivemos uma grande participação de voluntários e abundantes itens para distribuir, incluindo cobertores e remédios”, disse Daniel Castanaza, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia Adonai. “Conseguimos deixar alguns voluntários na pista de corrida de Santa Anita, enquanto outro grupo de voluntários foi deixar o resto dos itens na Igreja White Memorial”.

Os Incêndios Palisades, considerado o mais mortal da história de Los Angeles, começou em 7 de janeiro no meio da manhã, de acordo com o Corpo de Bombeiros de Los Angeles. 

De acordo com os últimos relatórios, o incêndio permanece incontido, queimando mais de 39.000 acres em várias áreas atingidas. Mais de 12.000 estruturas foram destruídas, incluindo casas e empresas, e pelo menos 13 pessoas perderam a vida tragicamente. Mais de 180.000 moradores foram forçados a evacuar e muitas pessoas estão desaparecidas. São esperados mais avisos de evacuação, e o número de mortos pode continuar a aumentar à medida que a avaliação dos danos acontece.

Outra igreja que oferece ajuda e abrigo é a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Valley Crossroads. “Estamos mudando nossa experiência de adoração ao sentar na igreja, para realmente ajudar as pessoas em nossa comunidade”, disse Roscoe Shields, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Valley Crossroad.

 
IASD de Valley Crossroad reúne suprimentos e mobiliza membros para oferecer ajuda às famílias desalojadas na região sul da Califórnia (Foto: Divulgação)

Em vez de realizar o culto de adoração no sábado, Valley Crossroads distribuiu panfletos pedindo aos membros da igreja e da comunidade para se mobilizarem juntos.

Embora centenas de membros de igreja tenham se unido para apoiar aqueles que precisam, não foram somente os adventistas que responderam ao chamado de Valley Crossroads.

“Temos pessoas que nem mesmo estão associadas à igreja adventista se juntando a nós porque eles desejam ajudar os outros”, disse Shields. Todas essas igrejas estão distribuindo itens essenciais, incluindo fraldas, remédios, água, cobertores, alimentos não perecíveis, e itens de higiene pessoal. Em 11 de janeiro, Valley Crossroads ofereceu mais de 500 refeições para as pessoas necessitadas.

 
Em 11 de janeiro de 2025, a IASD de Valley Crossroad ofereceu refeições às pessoas necessitadas (Foto: Divulgação)

Arteaga e Shields falaram sobre como os incêndios estão impactando a comunidade adventista, destacando a unidade que eles promoveram, e ao mesmo tempo reconhecem que eles também são vítimas do desastre.

“Sabíamos que teríamos membros da igreja que provavelmente estariam desalojados”, disse Shields. “Temos pastores e professores que perderam suas casas e propriedades”, disse Arteaga.

John Cress, presidente da Associação do Sul da Califórnia, é um dos evacuados entre a população adventista. “Este é um momento desafiador para todos nós no sul da Califórnia”, disse Cress em um reel do Instagram, postado na quinta-feira, 9 de janeiro de 2025. “Eu também precisei evacuar, então entendo profundamente a incerteza que muitos de vocês estão enfrentando. Meu coração está com aqueles que perderam suas casas. Eu sei que é extremamente difícil para todos nós neste momento. Por favor, sabia que vocês estão em minhas orações”.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia de Normandie Avenue, outra igreja que está oferecendo abrigo e aceitando doações, está experimentando uma grande onda de apoio da comunidade.

“Recebemos uma resposta grandiosa!”, disse Deon Chatman, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Normandie Avenue. “O telefone tem tocado sem parar com pessoas da comunidade dispostas a ajudar”.

Voluntários se reúnem para apoiar as vítimas dos incêndios Palisade 

Ted Wilson, presidente da Igreja Adventista para o mundo, falou sobre os incêndios em um recente post no Facebook. “Estamos tão chocados quanto todos em relação à devastação quase surreal que ocorreu na área de Los Angeles e no sul da Califórnia”, escreveu Wilson. “Nossos corações estão com aqueles que perderam familiares e propriedades durante os horrendos incêndios. Somos gratos pelo apoio e cuidado prestado pelas Igrejas da Associação do Sul da Califórnia e pelos Serviços Comunitários Adventistas”.

Wilson continuou fazendo um apelo à ação entre os membros adventistas do sétimo dia: “Este e outros acontecimentos recentes são sinais da urgência que todos nós devemos sentir ao vermos esses o que está ocorrendo ao nosso redor, como foi predito pela Bíblia e o Espírito de Profecia, que acontecerão antes da segunda vinda de Cristo, quando o Senhor colocará fim no resultado do pecado e suas forças destrutivas. Por favor, junte se a nossa família mundial da igreja em oração por aqueles que estão passando por essa tragédia terrível”, escreveu.

 
Igreja está recebendo e distribuindo itens de primeira necessidade em Los Angeles (Foto: IASD de Valley Crossroad)

Arteaga está positivo, apesar da dor que isso tem causado. “A dor unifica as pessoas”, disse Arteaga. “Estamos vendo um belo influxo de liderança, e acredito que este é o ponto da virada para nossa congregação, em particular, porque estamos unidos em propósito e missão”.

Em resposta aos incêndios, a Associação do Sul da Califórnia criou o Fundo de Incêndios da Califórnia no site AdventistGiving para os adventistas realizarem doações financeiras para apoiar a causa. Os fundos serão usados para abrigo, suprimentos de emergência e cartões presente.

Adventist Community Services (ACS), o ministério oficial de abrangência comunitária da Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Norte (Divisão Norte-Americana - DNA), continua monitorando a situação enquanto trabalham para oferecer apoio em parceria com a DNA. ADRA, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, também está oferecendo um subsídio de emergência para a ACS da União do Pacífico para apoiar o alívio imediato e a recuperação a longo prazo.

A versão original desta matéria foi publicada pela Adventist News Network. (via Notícias Adventistas)