segunda-feira, 11 de agosto de 2025

ADULTIZAÇÃO

"Você sabe o significado da palavra adultização?". Com a explicação deste conceito, que quer dizer expor precocemente crianças a comportamentos, expectativas e responsabilidades de pessoas adultas, o humorista Felca falou sério e levantou um debate sobre como isso pode levar à erotização de crianças em conteúdos publicados nas redes sociais. O assunto movimentou até a Câmara dos Deputados no fim de semana. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), publicou uma mensagem no último domingo (10), nas redes sociais, dizendo que vai pautar projetos para "enfrentar essa discussão".

Entenda a denúncia feita por Felca
A discussão começou no último dia 6, quando o humorista postou um vídeo de quase 50 minutos em seu canal no YouTube, para seus 5,4 milhões de inscritos, em que mostra casos de sexualização e exploração de menores de idade na internet (assista aqui). Entre os citados, está Hytalo Santos, investigado pelo Ministério Público da Paraíba pelo conteúdo digital que cria. Frequentemente, ele publica vídeos de menores com pouca roupa, fazendo danças sensuais. Uma das adolescente que mais protagoniza conteúdos adultizados é Kamylinha Santos, de 17 anos, que teve uma cirurgia de implante de silicone filmada.

Felca mostra outros casos, como o de Caroline Dreher, que, segundo ele, é um dos piores de adultização e pedofilia e também envolve os pais, produtores e disseminadores do conteúdo protagonizado pela menina. Ela teria começado aos 11 com danças inocentes que foram escalonando para conteúdos sensuais, para atender pedido de seguidores, segundo Felca.

O YouTuber, no entanto, não responsabiliza apenas os adultos produtores do conteúdo erótico. Ele expõe como as plataformas digitais são coniventes, ampliando o alcance a partir da recomendação algorítmica e monetizando, ou seja, gerando pagamento pela quantidade de visualização que um vídeo tem. "As redes deveriam sinalizar esse tipo de conteúdos e não monetizando. Banindo, punindo e não colocando no caldeirão de sopa dos recomendados", diz ele no vídeo do YouTube.

No sábado, Felca fez uma versão menor do vídeo de "adultização" para o Instagram e já tem mais de 160 milhões de visualizações (assista aqui). Nele, o humorista mostra que as contas de Hytalo e Kamilinha foram suspensas pela Meta e bate na tecla de a interação com esse conteúdo gera ganhos financeiros aos produtores deles. "Vai por mim, tira o dinheiro dessa galera que tudo que eles fazem perde o sentido", diz ele, que também lista os problemas que a adultização pode gerar numa criança. "Sexualização precoce e maior risco de abuso, problemas de autoestima e segurança, ansiedade, depressão, dificuldade de socialização". (O Globo)

O pastor Odailson Fonseca, em seu perfil no Instagram, postou: "A lei da oferta e da procura migrou pras telas de forma brutal: quanto maior a demanda por conteúdo duvidoso, mais rápido se fabrica lixo digital. Este abismo aumenta com a “adultização” da inocência por meio de crianças sensualizadas exibidas perante uma plateia canibal. Nesse circo sórdido, a vítima vira mercadoria e a audiência, predador. Mas o espetáculo não existiria sem o público vampiro curtindo o grotesco virando tendência. Portanto, o dedo que clica é cúmplice do monstro. Sempre! [...] Ellen White alertou: “O que os olhos contemplam imprime-se na mente e modela o caráter” (A Ciência do Bom Viver, p. 460). Quem se alimenta de degradação carrega resíduos desta podridão pra si. São adoradores da depravação fazendo pacto com o horror. Atenção: a lei da oferta e da procura não perdoa. Ela nos responsabiliza! O inferno das telas prospera porque há quem o financie com atenção. O monstro é alimentado na mão que segura o celular. E, enquanto houver demanda, o balcão do grotesco seguirá aberto. Chega!"


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