Este é um trecho de uma música da Xuxa, tema do filme Lua de Cristal, que leva o nome do filme. Foi ao som dessa música icônica que Xuxa, Angélica e Eliana abriram o Criança Esperança deste ano. Uma nova versão da música foi disponibilizada em outubro de 2025, marcando o sucesso contínuo do hit.
Esta reflexão poderia ser sobre o fato de Deus ser chamado de "O Cara lá de Cima" e a mania de celebridades de apelidarem a Deus, como se Ele fosse um igual, ou como se fossem íntimos de alguém com quem pouco conversam, e que pouco deixam falar.
Poderia me deter escrevendo sobre as várias formas de se transgredir o terceiro mandamento da Lei de Deus: “Não tomarás o nome do Senhor Teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar Seu nome em vão” (Êxodo 20:7). Mas deixarei isto para outra oportunidade... No momento quero pensar sobre a idéia do "Tudo que eu quiser, Ele vai me dar".
Com certeza não era a intenção da Xuxa, nem do Michael Sullivan e Paulo Massadas (autores da canção) expressar de forma tão direta e precisa a idéia básica da teologia da prosperidade.
O pensamento é simples: o que você quer é só pedir, ou, como alguns tem preferido dizer, é só decretar, declarar ou exigir de Deus e Ele fará.
O deus (como creio que é um deus diferente do Deus da Bíblia, escreverei com letra minúscula) pintado pela teologia da prosperidade nos moldes como a conhecemos hoje, é um deus que obedece ordens, que funciona sob pressão, que responde a coações, que se manifesta depois da clara e inequívoca expressão dos desejos humanos.
Este deus é pai, mas um pai como esses dos adolescentes classe média alta, que compensam tudo com presentes. Esse deus em constante barganha, esse deus vendido, esse deus que poderia ser marcado com o carimbo de "fabricação própria", não é o Deus revelado na Bíblia.
É óbvio que muitas pessoas desejam encontrar o Deus da Bíblia, e nesta busca acabam se enroscando nestes deuses genéricos, no deus da Lua de Cristal. Mas ainda assim, sua busca sincera pode levar-lhes a conhecer a Deus como Ele é.
A teologia da prosperidade expressa, não intencionalmente, na música da Xuxa, uma vida cristã diferente do que diz a Palavra de Deus.
A Bíblia não diz: “Felizes os que conseguem um barco novo.” Ela diz: “Felizes sois vós quando por minha causa (Jesus falando) vos injuriarem e vos perseguirem” (Mateus 5:11).
A Bíblia não diz: “Neste mundo morareis em mansões.” Ela diz: “Neste mundo tereis aflições” (João 16:33).
E Ellen White declara: "A aflição e a adversidade podem causar muitos inconvenientes e podem trazer grande crise; mas a prosperidade é que é perigosa para a vida espiritual" (Conselhos sobre Mordomia, p. 148).
A Teologia da Prosperidade passou por atualizações, e atualmente emprega técnicas de coaching, programação neurolinguística e psicologia positiva. A antiga ênfase em dinheiro e saúde deu lugar ao bem-estar e à autoestima. É uma nova roupagem, mas o ser humano continua sendo o centro, enquanto a Bíblia se mantém aprisionada em um cativeiro cultural.
É por isso que o evangelho é descrito por Paulo como loucura, porque é viver, aparentemente, como um louco. E me perdoem os adeptos do "Tudo o que eu quiser, Ele vai me dar", mas essa é uma religião muito fácil. Loucura seria não pertencer a algo assim, onde eu tenho um gênio da lâmpada e pedidos inesgotáveis. Definitivamente esta não é a Loucura do Evangelho.
Pensamento que fica: Mas se for assim, prefiro ficar com a Lua de Cristal.
Esta não é uma boa idéia.
Se não é o Deus da Bíblia que está sendo pregado, se não é o evangelho bíblico que dá fundamento a esta mensagem, é óbvio que não é por este caminho que você vai encontrar o cumprimento das promessas bíblicas, que em muito excedem seus desejos e pensamentos.
Concluo com este pensamento de Ellen White: "Com o gentil toque da graça, o Salvador expulsa da alma a inquieta e não santificada ambição, mudando a animosidade em amor, a incredulidade em confiança. Quando Ele Se dirige à alma, dizendo: 'Segue-Me' (Mateus 9:9), o mágico encantamento do mundo é quebrado. Ao som de Sua voz, o espírito de avareza e ambição foge do coração, e os homens se erguem, emancipados, para segui-Lo" (Profetas e Reis, p. 60).

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