sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sábado e os Negócios

"Não farás nenhum trabalho" (Êxodo 2:10).

Na Alemanha do século dezenove, um judeu reuniu sua família ao redor da mesa e disse que a partir daquele dia não iriam mais à sinagoga, mas à igreja luterana de sua cidade. O filho ficou triste, decepcionado e questionou a atitude do pai. A resposta foi simples: "É bom para os negócios..."

Dos mandamentos de Deus, existe um que viola todas regras da coerência humana, ameaça o instinto de sobrevivência e convida a depender. O sábado não faz sentido para quem segue a Deus de acordo com a própria lógica, opiniões ou vantagem pessoal. Mas o que há de especial nesse pedaço do tempo?

É interessante observar a estrutura poética do relato da criação. Existe um paralelo implícito, uma relação de complemento na sequência em que tudo é criado. Assim, o "sem forma e vazio" é preenchido. Se no primeiro dia, a luz é criada, no quarto, o sol e a lua ocupam o espaço. No segundo dia se dividem águas e ar, no quinto, são criados seres para viverem nas águas e nos ares. No terceiro dia aparecem a terra seca e a vegetação, no sexto, homem e animais passam a habitar o lugar. Para o sétimo dia não há um complemento natural. O próprio Deus abençoa e santifica este dia com Sua presença. O criador ultrapassa os limites do espaço e dá significado a um espaço no tempo.

O sábado é um convite à reorientação das prioridades da vida. Na presença de Deus nossa vida ganha sentido. Os sentidos, a lógica e a religião nos dirão para esquecer o que Deus nos pediu para lembrar. A decisão indicará a quem servimos, quem é o dono de nossa vida, nossos negócios.

O sábado é o mandamento sem sentido, mas suas horas relembram o sentido da vida.

O menino cresceu e anos depois se mudou para a Inglaterra, onde formulou algumas teorias contra os negócios. Seu nome? Karl Marx.

Descanse.

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