terça-feira, 20 de setembro de 2011

Elas querem sambar: a mercantilização do corpo


Elas são lindas. Corpos belíssimos. Transpiram sensualidade e mexem com a libido e a imaginação dos homens – e de muitas mulheres. E, desculpem-me os moralistas de plantão, são sexy. Mulheres que, presenteadas pela natureza e beneficiadas pela conta bancária, despertam desejos.

Estou falando de Claudia Leitte e Maria Melino. A primeira é cantora. A segunda venceu o BBB 2011. Não, elas não são as mais belas representantes da espécie feminina. Mas são musas.

Por que falo delas? Porque as encontrei entre as notícias que li nesta segunda-feira. Situações diferentes, mas uma semelhança.

Claudia teve seu novo clipe apresentado no Fantástico nesse domingo. “Samba” foi gravado com participação de Ricky Martin. E tem tudo para ser um novo hit nas rádios do país.

A ex-BBB pode tornar-se a substituta de Maria Paula no Casseta e Planeta. Seria uma espécie de Sabrina Sato, só que teria a companhia dos “intelectuais” do tradicional programa de humor da Rede Globo.

Qual a semelhança? O corpo a serviço do sucesso.

Até mesmo a despudorada Luana Piovani se assustou com a sensualidade esbanjada por Claudia Leitte no novo clipe. Talentosa, Claudia não precisava insinuar tanto para promover a música. Afinal, ela não fica nada a dever para Shakira, Beyoncé, Rihanna e Lady Gaga. Entretanto, usou estratégia semelhante a das musas da música pop americana para atrair olhares e talvez se aproximar de um público ainda não conquistado – quem sabe, fora do Brasil.

Já Maria Melino, que fez sucesso na última edição do BBB por revelar seu apetite sexual, pode ser a “pimenta” que anda faltando ao Casseta e Planeta. Uma carinha bonita, um belo par de seios, coxas e bumbum à brasileira talvez seja o estímulo que falta para alguns marmanjos manterem a televisão ligada até um pouco mais tarde (vale dizer que o programa não está no ar, mas promete voltar em 2012 – quando ela estrearia).

Tenho dito que não gosto de repetir discursos moralistas. Entretanto, não consigo ver outra coisa a não ser a exploração do corpo, a banalização da mulher quando a sensualidade ajuda a vender. Claro, elas não são as únicas. E nem serão as últimas. Também é verdade que cada um faz o que quer – inclusive com seu corpo. As pessoas têm direito, liberdade de escolha. No entanto, para além do clipe da Claudia e da Maria no Casseta e Planeta, penso que homens e mulheres são mais que a beleza de suas formas. E as escolhas de consumo do público deveriam ser norteadas por valores que vão além do fetiche e de suas fantasias.

PS - O título é uma paráfrase barata de parte do refrão da nova música da Claudia.

Ronaldo Nezo – Blog do Ronaldo

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