terça-feira, 7 de agosto de 2012

Aplausos na igreja?

Um sábado de manhã fui convidado a compor a plataforma, no culto divino de uma de nossas igrejas. Um irmão anunciou o hino inicial, nº 505, cuja letra diz: “Somos um pequeno povo mui feliz!” De repente, ergui os olhos do hinário e passei a observar atentamente a congregação. Pena que eu não tivesse, no momento, uma filmadora, para apanhar uns “closes”, como aqueles que focalizam o rosto de torcedores no estádio. 

A câmera teria mostrado irmãos com ar de preocupação, tristeza, cansaço, alguns com a fisionomia uma pouco mais descontraída, e talvez um ou outro que realmente tivesse estampada na face aquela felicidade, aquela alegria de que fala a letra do hino. Mas pela expressão facial da maioria, eu diria que estávamos cantando: “Somos um pequeno povo infeliz!” Naquela manhã, sem dúvida, teria sido mais próprio cantar: “Se amargas tristezas da vida, curvarem-te a fronte em dor...” ou “Se infeliz nos corre a vida terreal...”

Sábado de tarde, noutro templo adventista, completamente lotado para ouvir um coral bem conhecido em nosso meio. Gostei muito, pois achei excelente sua apresentação. Parece que a igreja também gostou, apesar de não ter demonstrado isso. Era constrangedor o silêncio, após cada hino. Todos se mantiveram bem comportadinhos, sem acenar, sem sorrir, sem ao menos dizer um “amém”. 

Comparemos, agora, essas duas experiências com as seguintes:

Na noite de Natal fui convidado à casa de uma família amiga. Ali assisti a um vídeo de um grande coral americano, composto por membros de várias denominações evangélicas. Chamou-me a atenção o fato de que todos cantavam com vibração, entusiasmo, sorrisos e expressão de alegria na face. Na congregação, a expressão era de júbilo. Não pude deixar de pensar: Se alguém comparasse as duas congregações – a deles e a nossa – e escolhesse pela expressão facial e corporal, a congregação que mais sugerisse ter a posse de Cristo no coração, a qual delas escolheria? Aos que expressam seu louvor exteriorizando esse sentimento, ou aos que permanecem impassíveis como estátuas?

Sábado de manhã, o auditório da Universidade Adventista do Prata, na Argentina, com capacidade para mais de 5.000 pessoas, está superlotado. A escola está comemorando o seu centenário e vários líderes mundiais estão presentes. O pregador será o Pastor Robert Folkenberg. De repente, após uma mensagem musical, a congregação explode numa manifestação espontânea de apreço, que no Brasil é considerada totalmente imprópria para reuniões espirituais: batem palmas calorosamente! Estarão sendo liberais em seu comportamento? Ou nós é que somos reprimidos?

É certo que há igrejas mais animadas do que outras. Mas de um modo geral, parece-me que não demonstramos a alegria da salvação, nem dentro nem fora da igreja. Esse “povo mui feliz” que afirmamos ser, parece ter medo de exteriorizar os seus sentimentos, sua alegria, como se tal atitude fosse exclusiva de reuniões seculares ou pentecostais. 

Não estou sugerindo que a igreja deva ser transformada num teatro ou sala de espetáculos. Nem que nossos cultos se tornem reuniões carismáticas. Apenas estou convencido de que nossas congregações devem ser mais participativas e abandonar a idéia de que toda e qualquer manifestação corporal de louvor seja falta de reverência. É claro que deve haver momentos de reflexão, em que o silêncio é eloquência. Mas na hora de louvar a Deus, vamos louvá-Lo com entusiasmo, com vibração. Afinal, somos uma igreja viva ou morta? Alguns salmos mostram claramente que o louvor a Deus, em Israel, nada tinha de apático (Salmo 47:1 – 98 – 150).

Se fazemos parte de um povo de Deus na Terra, se acreditamos na maravilhosa salvação oferecida gratuitamente por Jesus, deveríamos viver de bem com a vida, não só cantando, mas especialmente vivendo com alegria. E incentivar as boas apresentações na igreja, expressando de modo audível e visível nossa aprovação.

Rubem M. Scheffel

Um comentário:

  1. Concordo plenamente. Esses dias cantei em uma igreja Pentecostal, e notei a diferença. É claro que temos que ter equilibrio, agora na nossa igreja mal se fala um amém após o louvor, Aleluia, Gloria a Deus, passa longe. Digo isso por mim mesma, fui acostumada assim e se você sente vontade de falar não fala porque vai estar sendo apenas você. Complicado né? Temos que mudar!

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