Eu viajo muito por aí pregando e palestrando sobre e para mulheres. Gosto de ouvi-las no final e sempre guardo os bilhetinhos que recebo, ainda que alguns sejam raivosos como o que recebi dia destes depois de um longo dia falando sobre submissão, sexualidade e vaidade. São temas que atingem, de um jeito ou de outro, todas as mulheres. Não importando região, nível social ou educacional. Mulher, afinal, não é tão indecifrável assim.
Mas eu falei do bilhete e nele vou me ater, pois achei curioso. Numa das palestras convoquei as mulheres a fazer mais sexo com seus maridos, a pensar mais no assunto, a procurá-lo, surpreende-lo e fazer as vontades do maridão que pensa e precisa mais de sexo do que a maioria das meninas, por conta do tal testosterona. Sim, falei isto. Chocou? Mostrei com pesquisas que os homens precisam aliviar a produção de sêmen a cada 72 horas e que as mulheres são preguiçosas crônicas quando se trata de sexo, sobretudo se já são casadas. Esta parte é minha intuição pouco científica, ressalto.
Daí veio o bilhete. Chamarei a remetente de Bia, para não expor a garota, estudiosa de Ciências Sociais, segundo ela me colocou e com 21 anos. Para não correr riscos de ser injusta, transcrevo:
“Fabiana, sou formanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de XXX e fiquei horrorizada com tamanho retrocesso que vi em sua palestra. Não pude me calar, pois convocar mulheres a fazer sexo com seus esposos e se submeter a tal submissão física em pleno século XXI depois de tanto sofrimento para tamanhas conquistas feministas que tivemos é ultrajante!”
O bilhete continua me chamando de retrógrada, machista, burguesa (??) e outras coisas pouco lisonjeiras. Tudo bem, se quer me odiar, vai ter que procurar lugar no final da fila, mas tem toda liberdade pra faze-lo. Como não conheço a moça e não tive oportunidade de responder, o faço aqui, para todos que por ventura pensem o mesmo.
“Querida futura socióloga ou o quer que queira fazer com sua formação. Obrigada por ouvir a palestra e fazer parte do auditório ainda que, pressuponho, não tenha aplaudido. Você tem direito de ter sua opinião quanto às conquistas feministas e abominar um discurso que, em essência, prega a submissão cristã (não só ao marido, mas à Deus), mas eu tenho horror mesmo é de constatar que uma mulher cristã possa pensar de outra forma. Bom, já que teve liberdade para me jogar seu discurso, peço licença para explicar rapidamente o meu. Vejo em tudo quanto é publicação, de revistas, livros à panfletos, passando por televisão e vídeos no YouTube, “especialistas” que pregam o prazer livre feminino. Encorajam o sexo casual e constante com qualquer macho que lhe corte a frente como forma de autoconhecimento, de exercer a liberdade conquistada com a fumaça dos sutiãs. Daí vejo amigas e colegas se esfregando à noite, para chorar de manhã o seu valor que sente diminuir por entregar o corpo a quem não quer sua alma. A dividir a cama com quem não quer dividir a vida, a expor sua intimidade a quem não liga para sua fragilidade. E uma estudiosa como você vem dizer que isto é mais avançado que ter sexo sadio e constante com o marido com quem você jurou viver diante de Deus? Pra mim não faz muito sentido. Sexo é a união carnal de dois seres que, antes, são espirituais e, vivendo sob a luz de Cristo, querem se consagrar, se unir e se melhorar para encontrar seu Salvador. Este mesmo Deus que deu o sexo de presente para esta relação estável e abençoada. O mesmo sexo que é pra procriação e prazer (serve para algo mais o clitóris?). Pois bem, prefiro pregar para as mulheres e conclama-las a satisfazer seus esposos e procurar ser feliz sexualmente do que validar um discurso falido e vazio de que precisam exercitar sua sexualidade com masturbação ou com todos os homens que lhe quiserem. Desculpe a “antiguidade” dos meus valores, são mesmo tão velhos quanto a criação.”
Fabiana Bertotti - Meu Cantinho
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