quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Igreja Adventista agenda voto sobre a ordenação da mulher para 2015


Em julho de 2015, a Igreja Adventista do Sétimo Dia pode decidir fazer uma votação histórica sobre a possibilidade de permitir que as mulheres sejam ministros ordenados (ou ministras ordenadas).

A decisão de permitir uma votação foi feita nesta terça-feira, 14 de outubro, pela Comissão Diretiva da Associação Geral na sede da Igreja durante o Concílio Anual de 2014. Uma votação sobre a ordenação da mulher poderia pôr fim – ou ainda prolongar – um debate de décadas que ameaçou dividir a denominação, de acordo com aqueles que estão dos dois lados da questão.

Com 243 votos a favor e 44 contra, e no final de um dia de deliberação, a Comissão Diretiva concordou em colocar a seguinte questão na agenda da Assembleia da Associação Geral de 2015, que define a diretriz para toda a Igreja:

“Considerando que a unidade pela qual Jesus orou é de vital importância para o testemunho da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e;

“Considerando que a Igreja Adventista do Sétimo Dia procura envolver todos os membros na sua missão em todo o mundo para fazer discípulos de Jesus Cristo entre as pessoas de todas as nações, culturas e etnias, e;

“Considerando que vários grupos nomeados pela Associação Geral e suas divisões têm cuidadosamente estudado a Bíblia e os escritos de Ellen G. White com respeito à ordenação da mulher e não chegaram a um consenso quanto a se a ordenação ministerial para as mulheres é unilateralmente afirmada ou negada, e;

“Considerando que a Igreja Adventista do Sétimo Dia afirma que ‘Deus ordenou que os representantes da Sua Igreja de todas as partes da Terra, quando reunidos em Assembleia da Associação Geral, terão autoridade,

“Então, a Comissão Diretiva da Associação Geral solicita aos delegados em sua sagrada responsabilidade com Deus na Assembleia da Associação Geral de 2015 a responder à seguinte pergunta:

“Após o seu estudo em oração sobre a ordenação a partir da Bíblia e dos escritos de Ellen G. White e dos relatórios das comissões de estudo, e;

“Após a sua análise cuidadosa do que é melhor para a Igreja e o cumprimento da sua missão,

“É aceitável para as comissões diretivas das divisões, conforme julgarem apropriado em seus territórios, prever a ordenação da mulher para o ministério evangélico? Sim ou Não.”

Decisão em 2015
Se a questão sobre a teologia da ordenação for submetida à votação e passar, então os líderes em cada uma das treze regiões mundiais poderão decidir se devem ou não ordenar as mulheres em seu território.

A proposta votada pela Comissão Diretiva hoje foi trazida a debate na Assembleia como uma recomendação para os altos funcionários da Igreja e poderia ser considerada uma forma criativa de lidar com uma questão espinhosa tomando uma posição neutra.

Alguns defensores da ordenação da mulher votaram a favor da proposta, nas expressaram fortes preocupações de que a proposta perante a Comissão Diretiva carecesse uma recomendação formal a favor ou contra a ordenação. Os defensores temem que a questão tenha menos peso quando a pergunta vier à tona na Assembleia da Associação Geral que se reunirá de 2 a 11 de julho de 2015 em San Antonio, Texas, Estados Unidos.

“Acho que esse corpo precisa dar direção à Igreja mundial”, disse David Weigley, presidente da Columbia Union Conference da Divisão Norte-Americana. “Estamos perdendo uma oportunidade de ouro de orientar. Os líderes conduzem, dão a direção”, ele disse.

“Baseado no que eu vejo a partir da história desta questão em particular, parece que o Concílio Anual tem sempre desempenhado um papel muito importante no que é passado para a assembleia da AG”, disse Heather-Dawn Small, diretora do Ministério da Mulher para a Igreja Adventista mundial. “Eu já vi do passado que o que este Concílio Anual decide influencia a Assembleia da AG.”

O presidente do Concílio Anual atual, o vice-presidente Mike Ryan, sugeriu que a recomendação precisava ser imparcial e que a questão da ordenação fosse mais adequada para a delegação na Assembleia.

Mais de 20 pessoas falaram sobre diversos lados da questão.

Alberto C. Gulfan Jr., presidente da Divisão Sul-Asiática do Pacífico, disse que aprecia a contribuição das mulheres evangelistas, mas que a circunscrição da sua região “não está pronta para avançar para a ordenação de pastoras (mulheres)”. Ele acrescentou: “Nós também estamos apoiando esta recomendação para trazer isso para a Assembleia da Associação Geral e deixar o mundo decidir sobre a questão de uma vez por todas”.

Debate histórico
O presidente da Associação Geral, pastor Ted N. C. Wilson, que se opôs a movimentos recentes para a ordenação de mulheres que vieram antes do Concílio Anual, não expressou sua opinião durante a reunião, mas indicou antes da discussão que estaria disposto a ajustar sua postura.

“Se este corpo aceita a recomendação de colocar uma pergunta antes da Assembleia da Associação Geral, e essa Assembleia, depois de consideração e revisão em oração, vota algo”, Wilson anunciou, “eu prometo que vou seguir o que a Associação Geral votar. Eu quero pedir a cada um de vocês que faça o mesmo.”

A discussão sobre a ordenação da mulher começou mais de 130 anos atrás, de acordo com os arquivos da Igreja, e tem se intensificado desde a década de 1970, especialmente onde os membros estão exigindo mudança, incluindo os Estados Unidos, partes da Europa e o Pacífico Sul. As Assembleias da Associação Geral em 1990 e 1995 rejeitaram as propostas que teriam permitido a ordenação da mulher, e o assunto não voltou a ser uma agenda de Assembleia desde então.

Contudo, na Assembleia de 2010 em Atlanta, Geórgia, Estados Unidos, um delegado do Estado norte-americano da Pensilvânia perguntou aos líderes da Igreja: “Se as mulheres não podem ser ministras ordenadas, então o que é a teologia da denominação sobre a ordenação?”.

Essa pergunta levou a um compromisso por parte dos líderes da Associação Geral a abrir a discussão e nomear a Comissão de Estudo da Teologia da Ordenação (Theology of Ordination Study Committee ou TOSC). A comissão de 106 membros foi convidada a fazer uma análise em profundidade da ordenação e fornecer informações para ajudar a Associação Geral a decidir como lidar com o assunto.

A resposta da TOSC foi um relatório de 127 páginas que foi a base para a discussão do dia 14.

O relatório reconheceu que os membros da comissão — que vieram de todo o mundo e se reuniram quatro vezes, cada vez por vários dias — foram incapazes de chegar a um acordo sobre se eram a favor ou contrários à ordenação da mulher.

A TOSC produziu três declarações separadas para resumir os pontos de vista dos membros. Essas posições foram, então, explicadas por três estudiosos diferentes em uma apresentação diante da Comissão Diretiva. As declarações também foram impressas no relatório da TOSC.

Uma posição, rotulada Declaração Nº 1, disse que só os homens poderiam ser ordenados em toda a Igreja mundial. A Declaração Nº 2 disse que as entidades responsáveis pela contratação de pastores devem ser capazes de tomar suas próprias decisões sobre a possibilidade de ordenar ministros do sexo feminino. A Declaração Nº 3 disse que a decisão deveria ser deixada para a liderança “em um nível adequado” para determinar se a ordenação “pode ser apropriada para a sua área ou região”.

Enquanto a teologia da ordenação será colocada na agenda da Assembleia Geral, o resultado da medida está longe de estar certo. Os quase 2.600 delegados votantes podem decidir adotar, rejeitar ou alterar a proposta. 

Veja a entrevista que apresenta mais detalhes sobre o assunto:

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