quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Basta de trotes universitários violentos!!!






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A cada ano escolar que se inicia, acompanhamos pela mídia, muitas vezes estarrecidos, as mesmas notícias sobre como os alunos que ingressam nas instituições de ensino superior por todo o Brasil são recepcionados por seus colegas no tão temido trote. A brincadeira para celebrar uma nova fase da vida dos ingressantes, envolvendo veteranos e calouros, remonta às origens das universidades em todo o mundo. É certo que o momento é mesmo de celebração e que toda a comunidade acadêmica deseje acolher a chegada de novos integrantes neste estágio de formação intelectual. 

O trote nasceu para celebrar a vitória, mas, infelizmente, muitos destes ganharam características completamente deslocadas do ambiente universitário, tornando-se momentos de violência física e moral. Apesar de serem minoria, os exemplos do que ocorre nos trotes violentos são chocantes e causam indignação em toda a sociedade. 

[Leia aqui quais foram os trotes universitários mais cruéis do Brasil]

Se por acaso você sofrer ou testemunhar alguma dessas violências, pode procurar ajuda jurídica e denunciar. Como muitos desses casos não ocorrem apenas em trotes, existem infrações penais que as configuram: Injúria (art. 140, Código Penal), ameaça (art. 147, Código Penal), lesão corporal (art. 129, Código Penal) e constrangimento ilegal (art. 146, Código Penal). 


Para banir o trote violento, o melhor é consolidar alternativas criativas, substituindo a tradição de recepções ruidosas e de mau gosto por ações voluntárias que estimulem a interação, o trabalho em equipe e o papel do estudante como agente multiplicador e transformador da sociedade. Há um movimento crescente de trotes sociais, solidários e culturais nas universidades brasileiras. 

Os trotes ocorridos em universidades são violações difíceis de punir e de encontrar culpados. Para o professor Antonio Ribeiro de Almeida Junior, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), esses eventos são, em geral, violentos e, muitas vezes, processos enraizados e históricos em algumas instituições. 

“São grupos de poder que usam o trote como processo de seleção para entrar no grupo. O trote é um mecanismo de exclusão, sem integrar ninguém. E divide os alunos, às vezes, para o resto da vida. A cultura do trote é bárbara. O trote precisa ser violento para exercer essa função de selecionar se aquela pessoa obedecerá às ordens e ficará em silêncio apesar das afrontas. O trote é uma porta escancarada para o processo de corrupção que temos na sociedade”, disse. 

Limitemo-nos, por enquanto, a identificar o que está implícito na ideia de trote: violência, prepotência, humilhação, ódio, dominação, revanchismo, subserviência, desigualdade, autoritarismo, intolerância, desprezo, preconceito, vandalismo, sadismo etc. 

Acabar com o trote, ou seja, contribuir para que os estudantes tenham instrumentos para compreender e resolver a antinomia provocada pela prática do trote na Universidade é, sem dúvida, um grande desafio para a Universidade e para a sociedade dos tempos modernos, se ela realmente pretende contribuir para o fim da violência do homem contra o homem.

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