A partir da análise de vários estudos realizados nos últimos anos envolvendo mais de 44 mil pacientes com câncer, pesquisadores norte-americanos chegaram à conclusão de que a religião e a espiritualidade exercem impacto significativo no bem-estar físico, mental e social dos portadores da doença. Os resultados da pesquisa foram publicados neste mês na revista Cancer, periódico da Sociedade Americana de Câncer (American Cancer Society).
A pesquisa analisou essa relação sob três aspectos. Num primeiro momento, ao tentar perceber associações com a saúde física, eles identificaram que os pacientes que relataram maior religiosidade e espiritualidade em geral também disseram estar em melhores condições de saúde, ter mais capacidade de executar suas tarefas diárias, além de sentir menos os sintomas do câncer durante o tratamento. “Essas relações foram particularmente fortes em pacientes que apresentaram um senso de significado e propósito na vida, bem como uma ligação a uma fonte maior do que a si mesmos”, disse Heather Jim, um dos coordenadores do estudo, em um comunicado divulgado à imprensa.
Segundo Jim, que atua no Moffit Cancer Center, “os pacientes que relataram maiores aspectos cognitivos da religião e da espiritualidade, como a capacidade de integrar o câncer em suas crenças religiosas ou espirituais, também relataram melhor saúde física”. No entanto, a análise não procurou mostrar se existe alguma relação entre a saúde física e os aspectos comportamentais da religião e da espiritualidade, como a frequência à igreja, oração, ou meditação.
Na segunda etapa, ao examinarem a saúde mental dos pacientes, os pesquisadores verificaram que os aspectos emocionais da religião e da espiritualidade estão fortemente associados com a saúde mental positiva. “Bem-estar espiritual foi, sem surpresa, associado com menos ansiedade, depressão ou angústia”, informou John Salsman, da Wake Forest School of Medicine.
A terceira análise, que levou em conta a capacidade dos pacientes de manter relações sociais apesar da doença, mostrou “ligações modestas, mas confiáveis”, entre religião e espiritualidade e a saúde social. “Com um olhar mais atento, descobrimos que os pacientes com maior bem-estar espiritual, que cultivavam percepções mais positivas sobre Deus (tal como a ideia de um Deus benevolente, em vez de alguém irado ou distante) ou crenças mais fortes (tais como convicções em um Deus pessoal que pode lhes dar assistência) relataram melhor saúde social”, conforme disse o principal autor da pesquisa, Allen Sherman, do departamento de Ciências Médicas da Universidade de Arkansas.
Relevância da pesquisa
Muitos pesquisadores têm conduzido revisões de literatura sobre o impacto da religião e da espiritualidade na saúde dos pacientes com câncer, mas as análises publicadas na revista Cancer partem de um trabalho ainda mais exaustivo e detalhado, segundo afirmam os pesquisadores. “Até o momento, essa série de análises representa o resumo mais abrangente e a síntese de uma área que vem crescendo rapidamente no campo da oncologia psicossocial: o papel da religião e da espiritualidade para os pacientes e sobreviventes que lidaram com a experiência do câncer”, apontou o Dr. Salsman.
Segundo informaram os estudiosos, eles pretendem agora investigar as relações entre envolvimento religioso ou espiritual e a mudança de saúde ao longo do tempo. Eles também querem analisar como os serviços de apoio visando a melhorar aspectos particulares da religião e da espiritualidade em pacientes com câncer podem contribuir para o bem-estar dessas pessoas.
Revista Adventista | Com informações do site Wiley e da revista Cancer
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