Sempre temos dificuldade quando precisamos esperar. “Quando é que vou ganhar meu primeiro salário de verdade?”, perguntam os alunos quando entram no último ano da faculdade. “Quando vai chegar o Natal?”, as crianças querem saber, impacientes. “Quando vou melhorar?”, perguntam aqueles que sofrem de alguma doença crônica. Um ditado popular diz que “paciência é uma virtude”, e virtudes, ao que parece, estão fora de moda. Vivemos em um mundo de recompensa instantânea.
Temos pregado sobre a vinda de Jesus por mais de 170 anos, e podemos aprender com os personagens bíblicos que também precisaram esperar. Abraão e Sara tiveram que esperar 25 anos (Gn 12:4; 21:5). A espera nem sempre foi fácil. Na verdade, o nascimento de Ismael, 11 anos após a promessa inicial de Deus, parecia um atalho interessante, mas causou muita dor a todas as partes envolvidas. Contudo, Abraão e Sara esperaram. Eles viveram pela fé (Hb 11:8-12), assim como muitos outros depois deles. Creram que Deus cumpriria a promessa. E Ele cumpriu.
Deus cumprirá sua promessa também do grande dia em que Jesus, finalmente, vai aparecer nas nuvens do céu. Por isso, precisamos esperar. Apocalipse 14:12 menciona que o povo de Deus nos últimos dias tem a “fé em Jesus” e a “guarda dos mandamentos”. Entretanto, nossa luta é com a “perseverança” (v. 12; 13:10), um aspecto essencial. O povo de Deus é fiel, conhece o cronograma de Deus e acredita no dom de profecia. Contudo, sua característica mais urgentemente necessária e que colore todo o restante é a perseverança.
A perseverança está intimamente ligada à fé (Ap 13:10). Aqueles que discernem o mal e resistem aos encantos da besta e de sua imagem são pacientes e terão perseverança. Não farão concessões. Não se esconderão em mosteiros e regiões desertas. Ao contrário, firmemente plantados em cidades e avenidas do mundo, representarão as mãos e os pés de Jesus, dispostos a servir.
DOIS GRUPOS
Jesus incluiu uma história intrigante em seus sermões sobre o fim dos tempos. Ao descrever uma cena de julgamento, Ele colocou um grupo de ovelhas à direita e um grupo de bodes à esquerda na sala do trono real (Mt 25:31-46). É evidente que Jesus não queria se referir à criação de animais domésticos nem às características de ovelhas e bodes. O relato tem implicações mais profundas.
Na história, o Rei, ao falar com os justos à sua direita, elogiou-os porque eles o alimentaram quando estava com fome, deram-lhe de beber quando estava com sede, visitaram-no quando esteve preso e o vestiram quando estava nu. Jesus descreveu o quadro de maneira tão magistral que, ao lermos o relato, podemos quase ver a expressão tímida e encabulada no rosto dos justos. “Senhor, quando te vimos com fome?”, eles perguntaram (v. 37). Então o rei respondeu: “Sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (v. 40).
A espera final é ativa. Ela envolve serviço aos necessitados e ligação com os excluídos. Cristo nos chama a sair de nossa zona de conforto e abraçar pessoas que normalmente não abraçaríamos. Seja em um centro de influência em uma capital ou em uma clínica médica pequena e mal equipada no interior, seja na liderança de uma instituição educacional altamente qualificada que oferece programas de doutorado ou na diretoria de uma pequena escola, Deus quer que seu povo mostre ao mundo o que significa realmente aguardar a vinda de Jesus. Ellen G. White escreveu:
“Estamos aguardando e vigiando a grande e terrível cena que encerrará a história da Terra. Mas não devemos simplesmente esperar; devemos estar vigilantemente trabalhando com relação a esse solene acontecimento. A igreja viva de Deus estará aguardando, vigiando e trabalhando. Ninguém deve ficar numa posição neutra. Todos devem representar Cristo num esforço ativo e sincero para salvar as pessoas que perecem” (Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 163).
Aqui há outro elemento a respeito da perseverança no tempo do fim: aguardar a vinda do Mestre para que Ele nos leve ao lar não se baseia em soar alarmes. As pessoas ao nosso redor não necessitam de grande euforia e alvoroço, nem de boatos sobre conspirações. As Escrituras confirmam a existência de poderes satânicos determinados a enganar, se possível, até mesmo os eleitos (Mt 24:24). Perseguição, informações falsas, distorções, fanatismo e manipulação são (e sempre foram) ferramentas úteis na caixa de ferramentas do arqui-inimigo de Deus.
No entanto, o foco dos sermões de Jesus a respeito do fim dos tempos está no serviço e na missão. “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (v. 14). Como é animador saber que Jesus não pode ser pego de surpresa!
PLANTANDO UM JARDIM
Todos os dias, um motorista de ônibus tinha que esperar sete minutos ao fim de sua rota em uma parte feia da cidade. Certo dia, enquanto esperava para recomeçar sua viagem, reparou um lote vazio cheio de entulho. O lixo estava espalhado por todo lado. Diariamente, o motorista passou a olhar para aquele lugar abandonado e precário. Então, certo dia tomou uma decisão. Algo precisava ser feito quanto àquele local. Ele desceu do ônibus e começou a encher com entulho uma grande sacola de lixo. Sete minutos depois ele voltou para o ônibus a fim de refazer sua rota. Isso se tornou sua rotina diária. Ele parava, descia do ônibus e começava a limpar o lote.
As pessoas na região perceberam a mudança. Quando todo o lixo e toda a sujeira foram removidos, o motorista de ônibus levou para o lote sementes de flores e sacos de terra. Ele começou a plantar um jardim. Os passageiros que leram a notícia no jornal começaram a pegar o ônibus até o ponto final. Alguns começaram a ajudar o motorista à medida que ele plantava e cuidava de seu jardim. Outros apenas apreciavam a bela vista. Sete minutos a cada dia foram suficientes para mudar e inspirar toda uma comunidade!
A espera pode ser difícil e desanimadora. No entanto, Deus quer nos conceder a perseverança dos santos. Enquanto esperamos, somos chamados a examinar secretamente nosso coração e, em seguida, pôr as mãos na massa. Sim, Jesus em breve voltará. Sim, Ele está buscando um povo totalmente comprometido com a sua causa. Mas, enquanto esperamos, que sirvamos a Ele onde estivermos, de todo o coração. Você pode ser as mãos e pés de Jesus de muitas maneiras práticas!
Gerald Klimgbeil e Chantal Klimgbeil (via Revista Adventista)
Nenhum comentário:
Postar um comentário