segunda-feira, 4 de junho de 2018

Satanás e a queda de Adão e Eva sob a ótica de Ellen G. White

Adão e Eva no Éden
Embora tudo o que Deus houvesse criado se encontrasse na perfeição da beleza, e nada parecesse faltar sobre a Terra que Ele criara para tornar Adão e Eva felizes, ainda assim manifestou Seu grande amor por eles ao preparar-lhes um jardim especial. Uma parte do tempo deles deveria ser gasto na prazenteira tarefa de cuidar do jardim, outra parte recebendo a visita dos anjos, ouvindo suas instruções, e estando em feliz meditação. Suas atividades não eram cansativas, antes agradáveis e revigorantes. 

Santos anjos... deram instruções a Adão e Eva no tocante a suas atividades, e também lhes falaram acerca da rebelião e queda de Satanás. 

A lei de Deus existia antes que o homem fosse criado. Foi adaptada à condição de seres santos. Mesmo os anjos eram governados por ela. 

O homem devia ser testado e provado; se suportasse a prova divina e permanecesse leal e fiel depois desta primeira prova, não deveria ser afligido por contínua tentação, antes seria exaltado a uma posição igual à dos anjos, revestido da imortalidade. 

Satanás planeja provocar a queda do homem
[Satanás] informou [seus anjos] de seus planos para separar de Deus o nobre Adão e sua companheira Eva. Se fosse possível, de algum modo, induzi-los à desobediência, Deus faria provisões por meio das quais o ser humano seria perdoado, e assim o próprio Satanás e seus anjos teriam melhores chances de compartilhar da misericórdia de Deus. Se isto falhasse, poderiam unir-se a Adão e Eva, já que estes, uma vez chegando a transgredir a lei de Deus, estariam também sujeitos à ira divina, como os anjos caídos. Se transgredissem, estariam igualmente num estado de rebelião; os anjos rebeldes poderiam unir-se a eles, tomar posse do jardim do Éden e transformá-lo em seu lar. Se conseguissem acesso à árvore da vida que se encontrava no meio do jardim, sua força seria - pensavam eles - igual à dos anjos leais, e nem mesmo Deus seria capaz de expulsá-los dali.

Satanás manteve consulta com seus anjos maus. Nem todos se dispuseram prontamente a unir-se a ele nessa obra arriscada e terrível. Ele lhes contou que não confiaria a nenhum deles tal trabalho; pensava que somente ele mesmo possuía sabedoria suficiente para levar avante um tão importante empreendimento. Gostaria que eles refletissem sobre o assunto enquanto ele próprio se retiraria a fim de amadurecer os planos. 

Satanás ficou só a fim de aperfeiçoar os planos que seguramente resultariam na queda de Adão e Eva. Estremeceu ao pensar que submergiria o santo e feliz par na miséria e remorso que ele mesmo estava agora suportando. Pareceu indeciso; em alguns momentos firme e determinado, noutros hesitante e vacilante. Seus anjos o procuraram para informá-lo da decisão que haviam tomado. Sim, unir-se-iam a ele e compartilhariam com ele da responsabilidade e das conseqüências.

Satanás lançou para longe seus sentimentos de desespero e fraqueza e, como líder, fortaleceu-se para enfrentar a situação e empreender tudo que estivesse a seu alcance para desafiar a autoridade de Deus e de Seu Filho. 

Satanás declarou que demonstraria ante os mundos criados por Deus e perante as inteligências celestiais, que é impossível guardar a lei de Deus. 

Deus reuniu a multidão angélica para tomar medidas e impedir o perigo ameaçador. Ficou decidido no concílio celestial que anjos deviam visitar o Éden e advertir Adão e Eva de que o jardim estava em perigo pela presença de um adversário. Assim, dois anjos apressaram-se em visitar nossos primeiros pais. 

Mensageiros celestiais expuseram-lhes [a Adão e Eva] a história da queda de Satanás, e suas tramas para sua destruição, explicando mais completamente a natureza do governo divino, que o príncipe do mal estava procurando transtornar. 

Os anjos os advertiram a que estivessem de sobreaviso contra os ardis de Satanás; pois seus esforços para os enredar seriam incansáveis. Enquanto fossem obedientes a Deus, o maligno não lhes poderia fazer mal; pois sendo necessário, todos os anjos do Céu seriam enviados em seu auxílio. Se com firmeza repelissem suas primeiras insinuações, estariam tão livres de perigo como os mensageiros celestiais. Se, porém, cedessem uma vez à tentação, sua natureza se tornaria tão depravada que não teriam em si poder nem disposição para resistir a Satanás. 

Os anjos preveniram Eva de que não se separasse de seu marido em suas ocupações, pois poderia ser posta em contato com o inimigo caído. Ao separarem-se um do outro, estariam em maior perigo do que se permanecessem juntos. Os anjos insistiram que eles seguissem bem de perto as instruções dadas por Deus no tocante à árvore do conhecimento, pois na obediência perfeita estariam seguros. E o inimigo caído somente poderia ter acesso a eles junto à árvore do conhecimento do bem e do mal.

Adão e Eva asseguraram aos anjos que jamais transgrediriam o expresso mandamento de Deus, pois era seu maior deleite cumprir a vontade dEle. Os anjos uniram-se a Adão e Eva em santos acordes de harmoniosa música, e enquanto seus cânticos ressoavam cheios de alegria pelo Éden, Satanás ouviu o som destas melodias de adoração ao Pai e ao Filho. Ouvindo-as, sua inveja, ódio e malignidade aumentaram, e ele expressou a seus seguidores a ansiedade de incitá-los [Adão e Eva] à desobediência. 

Satanás fala a Eva através de uma serpente
A fim de realizar a sua obra sem que fosse percebido, Satanás preferiu fazer uso da serpente como médium, disfarce este bem adaptado ao seu propósito de enganar. A serpente era então uma das mais prudentes e belas criaturas da Terra. Tinha asas, e enquanto voava pelos ares apresentava uma aparência de brilho deslumbrante, tendo a cor e o brilho de ouro polido. 

Eva afastou-se do esposo, admirando as belezas da Natureza na criação de Deus, deleitando seus sentidos com as cores e fragrâncias das flores e o encanto das árvores e arbustos. Pensava ela na restrição imposta por Deus no tocante à árvore do conhecimento. Comprazia-se na beleza e abundância providas por Deus para a satisfação de todas as necessidades. Tudo isto, disse ela, Deus forneceu para o nosso deleite. Tudo é nosso, pois Ele disse: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás" (Gn 2:16 e 17).

Eva aproximou-se da árvore proibida, sentindo-se curiosa por saber como podia a morte esconder-se no fruto de tão formosa árvore. Surpreendeu-se ao escutar suas próprias dúvidas repetidas por uma voz estranha: "É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?" (Gn 3:1). Eva não se apercebera de que revelara seus pensamentos ao falar em voz audível consigo mesma, pelo que se assombrou grandemente ao ouvir suas dúvidas repetidas por uma serpente. 

Com palavras suaves e melodiosas, e com voz musical, [Satanás] dirigiu-se à maravilhada Eva. Ela se sobressaltou ao ouvir uma serpente falar. Esta exaltava a beleza e excessivo encanto [da mulher], o que não desagradou a Eva. 

Eva sentiu-se encantada, lisonjeada, bajulada. 

[Eva] realmente pensou que a serpente possuía conhecimento dos seus pensamentos [da mulher], e que por isso devia ser muito sábia. Sua resposta foi: "Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal" (Gn 3:2-5).

Aqui o pai da mentira fez sua afirmativa em aberta contradição à expressa palavra de Deus. Satanás assegurou a Eva que ela fora criada imortal, e que não existia a possibilidade de ela morrer. Disse-lhe que Deus sabia que, se comessem do fruto da árvore do conhecimento, seu entendimento seria iluminado, expandido, enobrecido, tornando-os semelhantes ao próprio Deus. ... Eva pensou que existia sabedoria nas palavras da serpente. ... Contemplou com ardente desejo a árvore carregada de frutos, que pareciam deliciosos. A serpente os estava comendo com aparente deleite.

Eva havia ultrapassado as palavras da ordem divina. Deus dissera a Adão e Eva: "Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2:17). Na controvérsia com a serpente, Eva acrescentou: "Nem nele tocareis, para que não morrais" (Gn 3:3). Aqui pode ser percebida a sutileza da serpente. Esta declaração de Eva deu a Satanás uma vantagem. 

Participando dessa árvore, declarou ele [Satanás], atingiriam uma esfera mais elevada de existência, e entrariam para um campo mais vasto de saber. Ele próprio havia comido do fruto proibido, e como resultado adquirira o dom da fala. E insinuou que o Senhor intencionalmente desejava privá-los do mesmo, para que não acontecesse serem exaltados à igualdade para com Ele. 

A curiosidade de Eva despertou-se. Em vez de escapar do local, ficou ouvindo a serpente falar. Não ocorreu à sua mente que este pudesse ser o inimigo decaído, utilizando a serpente como médium. 

Com que intenso interesse o Universo inteiro contemplou o conflito que decidiria a situação de Adão e Eva! Quão atentamente os anjos ouviram as palavras de Satanás, o originador do pecado, enquanto ele colocava suas próprias idéias acima dos mandamentos divinos, procurando tornar sem efeito a lei de Deus por meio de seu enganoso raciocínio! Quão ansiosamente aguardaram para ver se o santo par seria enganado pelo tentador, cedendo às suas artimanhas! ...

Satanás representou a Deus como um enganador, como alguém que deseja destituir Suas criaturas dos benefícios de Seu mais exaltado dom. Os anjos escutaram com pesar e assombro essa declaração quanto ao caráter de Deus, enquanto Satanás O representava como possuindo os seus próprios miseráveis atributos. Eva, porém, não se horrorizou ao ouvir o santo e supremo Deus sendo assim falsamente acusado. Se ela houvesse... relembrado todas as demonstrações de Seu amor, se houvesse corrido em direção ao esposo, poderia haver-se salvado da tentação sutil do maligno. 

O tentador colheu um fruto e passou-o a Eva. Ela tomou-o nas mãos. Veja, disse o tentador, vocês foram proibidos de até mesmo tocar o fruto, pois morreriam. Ele lhe disse que ela não correria maior perigo comendo-o, do que tocando-o ou manuseando-o. Eva foi encorajada, pois não sentiu de imediato os sinais do desagrado divino. Pensou que as palavras do tentador eram inteiramente sábias e corretas. Comeu, e ficou encantada com o fruto. Este lhe pareceu agradável ao paladar, e ela começou a imaginar como seria sentir em si mesma os maravilhosos efeitos do mesmo. 

Nada havia de venenoso no fruto da árvore do conhecimento em si, nada que pudesse causar a morte ao ser ele comido. A árvore havia sido colocada no jardim como uma prova da lealdade deles a Deus. 

Eva come o fruto e tenta seu esposo
Eva comeu e imaginou estar experimentando as sensações de uma vida nova e mais exaltada. ... Não percebeu nenhum efeito adverso, nada que pudesse ser interpretado como significando morte e sim, conforme assegurara a serpente, uma prazerosa sensação, que ela imaginou ser a mesma experimentada pelos anjos. 

Ela tomou então o fruto e o comeu, imaginando sentir o revigorante poder de uma nova e exaltada existência, como resultado da influência estimulante do fruto proibido. Achava-se num estranho e antinatural estado de entusiasmo quando procurou o esposo com as mãos cheias do fruto proibido. Relatou-lhe o sábio discurso da serpente e manifestou o desejo de levá-lo imediatamente para junto da árvore do conhecimento. Contou-lhe que comera do fruto, e que em lugar de experimentar uma sensação de morte, sentia uma influência prazenteira e estimulante. Tão logo desobedeceu, tornou-se Eva um poderoso meio para ocasionar a queda do esposo. 

Uma expressão de tristeza sobreveio ao rosto de Adão. Mostrou-se atônito e alarmado. Às palavras de Eva replicou que isto devia ser o adversário contra quem haviam sido advertidos; e pela sentença divina ela deveria morrer. Em resposta insistiu com ele para comer, repetindo as palavras da serpente, de que certamente não morreriam. Ela raciocinava que isto deveria ser verdade, pois que não sentia evidência alguma do desagrado de Deus. 

Adão compreendeu que sua companheira transgredira a ordem de Deus, desrespeitara a única proibição a eles imposta como prova de sua fidelidade e amor. Teve uma terrível luta íntima. Lamentava que houvesse permitido desviar-se Eva de seu lado. Agora, porém, a ação estava praticada; devia separar-se daquela cuja companhia fora sua alegria. Como poderia suportar isto? ... Resolveu partilhar sua sorte; se ela devia morrer, com ela morreria ele. Afinal, raciocinou, não poderiam ser verdadeiras as palavras da sábia serpente? Eva estava diante dele, tão bela, e aparentemente tão inocente como antes deste ato de desobediência. 

Exprimia maior amor para com ele do que antes. Nenhum sinal de morte aparecia nela, e ele se decidiu a afrontar as conseqüências. Tomou o fruto, e o comeu rapidamente.

Depois da sua transgressão, Adão a princípio imaginou-se passando para uma condição mais elevada de existência. Mas logo o pensamento de seu pecado o encheu de terror. O ar que até ali havia sido de uma temperatura amena e uniforme, parecia resfriar o culpado casal. Desapareceram o amor e paz que haviam desfrutado, e em seu lugar experimentavam uma intuição de pecado, um terror pelo futuro, uma nudez de alma. 

Satanás exultou com seu êxito. Tinha agora tentado a mulher a descrer do amor de Deus, a questionar Sua sabedoria e a procurar penetrar em Seus oniscientes planos. Por intermédio dela causara também a ruína de Adão, o qual, em conseqüência de seu amor por Eva, desobedeceu ao mandado divino e caiu com ela. 

Satanás, o anjo caído, havia declarado que ninguém podia guardar a lei de Deus. Apontou agora à desobediência de Adão como prova da veracidade de sua declaração. 

Satanás... gabou-se orgulhosamente de que o mundo criado por Deus era seu domínio. Havendo conquistado Adão, o soberano do mundo, ganhara toda a raça humana como seus súditos. Possuiria o jardim do Éden e o transformaria em seu quartel-general. Ali estabeleceria seu trono para ser o soberano do mundo. 

O Concílio de Paz
As notícias da queda do homem espalharam-se pelo Céu. Realizou-se um concílio para decidir o que teria de ser feito com o culposo par.

[Jesus] fez então saber à multidão angélica que um meio de livramento fora estabelecido para o homem perdido. Dissera-lhes que estivera a pleitear com Seu Pai, e oferecera-Se para dar Sua vida como resgate, e tomar sobre Si a sentença de morte, a fim de que por meio dEle o homem pudesse encontrar perdão.

A princípio os anjos não puderam regozijar-se, pois seu Comandante nada escondeu deles, mas desvendou-lhes o plano da salvação. Jesus lhes disse que... deixaria toda a Sua glória no Céu, apareceria na Terra como um homem, humilhar-Se-ia como um homem, ... e que, finalmente, depois que Sua missão como ensinador se cumprisse, seria entregue nas mãos dos homens, e suportaria quantas crueldades e sofrimentos Satanás e seus anjos pudessem inspirar ímpios homens a infligir; que Ele morreria a mais cruel das mortes, suspenso entre o céu e a terra, como um pecador criminoso; que sofreria terríveis horas de agonia, a qual nem mesmo os anjos poderiam contemplar, mas esconderiam seu rosto dessa cena. 

Os anjos prostraram-se diante dEle. Ofereceram a vida deles. Jesus lhes disse que pela Sua morte salvaria a muitos; que a vida de um anjo não poderia pagar a dívida. Sua vida unicamente poderia ser aceita por Seu Pai como resgate pelo homem.

Leia a íntegra do capítulo A Expulsão dos Anjos Rebeldes e a Queda de Adão e Eva do livro A Verdade sobre os Anjos (aqui).

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