terça-feira, 10 de julho de 2018

Você acredita em sorte, azar ou acaso?

Imagine alguém saindo de casa atrasado para fazer uma entrevista de emprego, depois de estar há mais de um ano desempregado. Por falta de energia durante a noite, o despertador não tocou e o candidato acabou perdendo a hora. Ao acordar desesperado, pensou: “Que azar! Tinha que acontecer isso logo hoje?” Apesar da correria para sair de casa, o ônibus chegou rápido. Enquanto ele se aproximava, veio o pensamento: “Que sorte encontrar esse ônibus exatamente agora!” Depois, já com o contrato de trabalho em mãos, encontrou um amigo que lhe perguntou como conseguiu o emprego. Ele respondeu sem hesitar: “Tive a sorte de ser o único candidato que cumpriu todos os requisitos da empresa!”

Apesar de não ser real, a cena é bastante comum. Já notou quantas vezes creditamos à sorte ou ao azar os fatos positivos ou negativos que nos acontecem? Você acredita que eles sejam realmente fruto do acaso? Aconteceram porque você estava no lugar exato e na hora certa? Ou deram errado porque não era o seu dia? Você acredita em coincidência ou providência, sorte ou bênção? As perguntas parecem óbvias para um cristão, mas precisam nos levar a refletir sobre o contraste entre o que realmente cremos, como nos expressamos e quanto isso acaba demonstrando ingratidão e desrespeito ao Senhor.

A Bíblia não incentiva a crença de que as coisas acontecem por acaso. O próprio Jesus foi claro ao mencionar que nada acontece sem o conhecimento do Pai, e Ele é tão preciso que “até os cabelos da cabeça estão contados” (Mt 10:30). Então, por que chamar de sorte as bênçãos de Deus e azar os desafios que Ele nos permite enfrentar? Se “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28), por que definir como azar o que acontece de negativo e sorte o que ocorre de positivo quando todas são ações divinas para moldar o caráter e proporcionar salvação?

Ellen White aprofundou essa visão, destacando que “frequentemente os homens oram e lamentam por causa das perplexidades e obstáculos que os confrontam. Mas é propósito de Deus que eles enfrentem perplexidades e obstáculos e, se mantiverem firme até o fim o princípio de sua confiança […] terão êxito ao lutar com perseverança contra dificuldades aparentemente insuperáveis, e com o êxito virá maior alegria” (Olhando Para o Alto, p. 119). Ela vai mais longe: “A aflição e adversidade podem causar tristeza, mas é a prosperidade que representa maior perigo para a vida espiritual” (Profetas e Reis, p. 24). O que parece perda pode se tornar ganho e o que parece ganho pode acabar em perda, porque, conforme disse Roosevelt Marsden, “nossa fé não está nas bênçãos de Deus, mas no Deus das bênçãos”.

Precisamos tirar o foco da sorte e colocá-lo na bênção. Assim, aprenderemos a depender do Senhor em cada passo e poderemos alcançar a mesma visão e confiança que teve H. G. Spafford, o qual, mesmo perdendo a casa em um incêndio e duas filhas em um naufrágio, compôs as palavras emocionantes do hino “Sou Feliz com Jesus” (HA, 230). Você certamente conhece suas palavras: “Se paz, a mais doce, me deres gozar / Se dor a mais forte sofrer / Oh, seja o que for, Tu me fazes saber / Que feliz com Jesus hei de estar.”

Viva cada dia na certeza de que, “quando as pessoas saem para trabalhar, quando se entregam à oração, quando se deitam à noite para dormir e quando se levantam pela manhã; quando o rico dá uma festa em sua mansão ou quando o pobre reúne seus filhos em volta de uma mesa escassa, em qualquer situação, o Pai celestial observa com ternura cada um dos seus filhos. Nenhuma lágrima é derramada sem que Deus saiba. Não há sorriso que Ele não perceba” (Caminho a Cristo, p. 86).

Deixe de lado a sorte e o azar e entregue sua vida nas mãos do Senhor, porque, “se você teme a Deus, não há necessidade de temer mais nada” (John Mason). Deus está acima do acaso!

Pr. Erton Köhler (via Revista Adventista) (Título original: Sorte ou bênção?)

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