quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Vamos falar de traição?

Ela está entre nós há muito tempo, mas nem por isso nos acostumamos com sua realidade. A notícia da infidelidade no casamento ainda choca, traumatiza, entristece e fragmenta famílias em todo o mundo. Porém, se ela é tão prejudicial, por que ainda faz parte do cotidiano da sociedade?

Com certeza, ninguém acorda obstinado de um dia para o outro e diz: “Vou trair meu cônjuge hoje!” Esse é um processo lento que pode ter contornos diferentes para homens e mulheres. Isso é o que revela uma pesquisa conduzida pela professora Mirian Goldenberg, do Departamento de Antropologia Cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo, que vem sendo realizado desde 1989, já abrangeu cerca de 1.300 pessoas de ambos os sexos.

Segundo a investigação, os homens ainda traem mais que as mulheres – 60% dos homens pesquisados confessaram a traição, contra 47% das mulheres. Porém, as mulheres traem mais na atualidade do que há 20 anos. O que mais motiva a mulher a trair é a insatisfação com o marido ou a vingança por uma traição que tenha sofrido. Ela acaba procurando em outro homem um amigo, companheiro, cúmplice, e raramente consegue manter envolvimento com dois homens por muito tempo; tende logo a uma definição.

Em contrapartida, quando o homem trai, ele pode passar anos com uma vida dupla, convivendo “tranquilamente” com a esposa no âmbito social e buscando na amante a satisfação sexual. A maioria deles considera que a própria natureza masculina é a responsável pela traição. Essa ideia também é sustentada pela sociedade, que é muito mais tolerante com a traição masculina do que com a feminina. As mulheres experimentam mais repressão em questões de cunho sexual do que os homens.

A traição pode acontecer de várias formas, com danos igualmente consideráveis. Vale atentar, pelo menos, para três tipos de traição: a imaginária (vivenciada na fantasia da pessoa, sem que haja, necessariamente, a participação consciente do outro), a virtual (muito popular em nossos dias, podendo incluir desde o acesso à pornografia online até um relacionamento virtual com uma pessoa específica) e a real (um estágio mais avançado do que as anteriores e que inclui o contato físico). À medida que a traição avança, o parceiro vai se esvaziando na vida do outro. Quando menos se percebe, ele não está mais lá. Ainda que os dois dividam a mesma casa, caminham silentes em sua solidão.

Tanto traidor como traído sofrem. O primeiro experimenta perda da integridade, forte sentimento de culpa, angústia, medo de ser descoberto e confusão de sentimentos. O segundo sente dor, decepção, rejeição, tristeza, medo quanto ao futuro, perda da autoestima, raiva e desespero, entre outras coisas. Ambos podem experimentar depressão e precisar de ajuda. Os danos tendem a aumentar quando crianças estão envolvidas.

Muitas vezes, o relacionamento extraconjugal, que no momento de euforia trouxe a sensação de vivacidade, parece algo deslocado, que não se encaixa na vida da pessoa. É como beber água quando se está com sede: tão logo a sede passe, não faz sentido ficar perto do bebedouro. E acomodar um bebedouro na vida nem sempre é fácil; pode dar muito trabalho. É por isso que a traição virtual tem sido popular. Ela possibilita passos mais curtos antes do envolvimento concreto. Esses passos, contudo, não são menos perigosos. Sem perceber, a pessoa está construindo uma armadilha para si mesma, da qual terá muita dificuldade para se desvencilhar.

Seja fiel a um princípio de vida, e não apenas a uma pessoa, pois, neste caso, a chance de traição surgirá quando ela não estiver presente. Se você for fiel a um princípio de vida, não importa a oportunidade nem a ocasião, será mais fácil resistir. A fidelidade por princípio independe do outro. Se necessário, busque ajuda, pois, como disse alguém, “a traição pode ser questão de escolha ou oportunidade, mas, se persistir, torna-se uma questão de caráter”. 

Talita Borges Castelão (via Revista Adventista)

“No contexto religioso, a infidelidade parece denunciar uma falta de compromisso não somente com o casamento, mas também com Deus, com a religião e seus preceitos. Para o casal religioso, a reconstrução do relacionamento após um caso de infidelidade exige que não somente a dinâmica da relação seja revista, mas também a interação de cada um dos membros do casal com Deus, pois o perdão de Deus é tão importante quanto o perdão do cônjuge traído.” (Claudia Bruscagin - Religiosidade e Psicoterapia, Editora Roca, p. 59 e 60)

Um comentário:

  1. É JAMAIS DESISTIR DOS PRINCÍPIOS POR MAIOR QUE VENHA ESCANCARAR QQ SITUAÇÃO COMO ESCÂNDALO. O MAIOR ESCÂNDALO É ABANDONAR A FÉ E DESISTIR DOS PRINCIPIOS DEIXANDO DE FREQUENTAR A IGREJA.

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