segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Filmes, Internet e a Igreja: o que precisamos entender

O objetivo principal deste artigo é discutir como os filmes podem ser uma ferramenta importante para a Igreja compartilhar o evangelho.

Assistir a filmes é uma questão sensível para muitos cristãos. Alguns rejeitam todo tipo de filme, e há outros que não rejeitam filmes de nenhum tipo. Isso não significa que não haja padrões para um cristão quando se trata de filmes, mas indica que é necessário equilíbrio e discernimento quando o assunto é esse[1].

Os filmes são um meio poderoso de comunicação e têm um profundo impacto na cultura. Histórias contadas por meio de filmes podem capturar nossa atenção e estimular nossa imaginação como nenhuma outra mídia faz. Assistir a um filme é diferente de estar em um museu observando uma obra-prima. Eles têm imagens e sons dinâmicos que captam os nossos sentidos de uma forma que perdemos a percepção do mundo à nossa volta.

Os filmes facilitam a memorização de histórias e simplificam a compreensão de conceitos complexos ou abstratos. Anos depois de assistir a um filme é possível lembrar dos detalhes que mais nos impactaram e recontar a mesma estória[2]. Além disso, eles também têm o poder para influenciar o comportamento das pessoas para o bem ou para o mal. Alguns dos roubos e crimes mais elaborados da atualidade foram inspirados em filmes[3]. Sendo assim, se os filmes apresentam essa capacidade tão grande de influência, será que também podem ser eficazes no ensino de valores morais e espirituais?

Crescimento do consumo de filmes
Foi a partir de 1950 que os aparelhos de TV se popularizaram e se tornaram parte essencial da mobília das casas. Desde então, o consumo de filmes cresceu como parte do cotidiano de bilhões de pessoas. Mais recentemente, com o surgimento da Internet e dos smartphones, o número cresceu ainda mais. Isso porque agora podemos carregá-los na palma da mão e escolher onde e quando queremos assistir. Estima-se que um americano assiste, em média, s 5.000 filmes em toda sua vida, mas esse número está em crescimento[4]. Acredita-se que até 2024, os conteúdos nesse formato vão consumir 74% de todo o tráfego da Internet e até 2028 o consumo de vídeos crescerá seis vezes mais[5].

De acordo com o IMDB, desde 1900 havia uma média de 2.577 filmes produzidos por ano em todo o mundo, mas na última década esse número mais que triplicou chegando a 9.387 filmes por ano. Porém, isso ainda não captura o incrível crescimento que está ocorrendo na indústria com a chegada da Internet e mais filmes sendo produzidos apenas para o meio digital[6].


Gráfico: Crescimento mundial na produção de filmes

Filmes e a Igreja Adventista
Logo que indústria cinematográfica iniciou, cristãos viram nessa mídia uma oportunidade para compartilhar o evangelho. O primeiro filme cristão produzido foi o The Manger to the Cross or Jesus of Nazareth, em 1912 e que foi filmado no Egito e na Palestina retratando a história de Jesus[7] . O primeiro filme da Igreja Adventista no mundo, não se sabe ao certo qual foi, mas na América do Sul se tem notícia de que, em 1969, a igreja de Costín, na Argentina, produziu um filme, que mais tarde foi melhorado e distribuído pela Divisão Sul-Americana.

Esse primeiro filme foi chamado de A Vitória Final e era baseado nos últimos capítulos do livro O Grande Conflito (feliz7play.com/o-grande-conflito). O enredo alertava para os eventos finais da história. Embora algumas experiências e curtas-metragens tenham sido produzidos após isso, foi somente em meados de 2017 que a igreja começou a produzir filmes sistematicamente em português e espanhol, para alimentar a demanda da recém-criada plataforma de vídeos Feliz7Play.com.

Com o Feliz7Play.com, a Igreja Adventista entendeu que os filmes poderiam ser:

1. Uma ferramenta importante para o evangelismo;
2. Usados para fortalecer o conhecimento bíblico dos adventistas;
3. Usados para comunicar valores morais e doutrinários às novas gerações.

Contudo, a Igreja Adventista não foi a única a entender o poder dos filmes. Até o momento, muitas outras igrejas criam plataformas de filmes e vídeos para compartilhar suas crenças como, por exemplo, os mórmons, os católicos e muitas igrejas pentecostais.

Adventistas, filmes e o evangelismo
Na Igreja Adventista, o uso de filmes não é algo recente. A Revista Adventista de abril de 1939 descreve o pastor Leo Halliwell. O missionário utilizava recursos audiovisuais em suas viagens missionárias pelo rio Amazonas. Durante o dia, ele cuidava da saúde física da população e, à noite, exibia filmes sobre a vida de Jesus[8]. O objetivo da Igreja Adventista, com o uso de filmes, sempre foi o de usá-los como um meio e não como um fim em si mesmo, ou seja, como método de evangelismo e não como entretenimento[9].

Atualmente, na era da comunicação digital, mais pessoas seguem assistindo os filmes adventistas e sendo impactadas por eles na Internet. Por exemplo, o filme O Resgate, lançado em 2017, ultrapassou 1,4 milhões de visualizações no Youtube [10] e o filme Libertos – O Preço da Vida chegou a 1,2 milhões de visualizações[11]. Algumas pessoas expressam alegria e gratidão ao entender de forma mais real o sacrifício de Jesus (assista as reações do filme O Resgate aqui). Ainda existem histórias interessantes de pessoas que se tornaram adventistas após assistirem os filmes.

As formas de se levar o evangelho podem diferir com o passar do tempo, mas o princípio da mensagem deve permanecer inalterado. No início do adventismo, a mídia impressa com texto e imagens estáticas era o principal meio para influenciar pessoas e a igreja usou intensamente esse recurso.

Mas, hoje, temos várias ferramentas tecnológicas com as quais os pioneiros nunca sonharam. E que levam áudio, imagens em movimento e geram maior impacto na vida das pessoas. O conselho inspirado para nossos dias é que a igreja aproveite todos os recursos à sua disposição a fim de cumprir a missão que Jesus deixou. “Novos métodos precisam ser introduzidos. O povo de Deus tem que despertar para as necessidades da época em que vive”. (Ellen White, Evangelismo, p. 70).

Você pode conferir algumas histórias interessantes sobre os resultados dos filmes adventistas nos links abaixo:




Para saber mais sobre o tema, leia:




Carlos Magalhães (via Igreja Conectada)

Referências:
[1] Horner, Grant. Meaning at the Movies: Becoming a Discerning Viewer (p. 16). Crossway. Edição do Kindle.
[2] Ibdem.

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