"O fanatismo é uma parte da verdade que ficou louca."
Esse aforismo consegue expressar com genialidade duas ideias-chaves sobre o fanatismo:
1. Sua identificação com a verdade: se o fanatismo é uma parte da verdade, ele se opõe, a princípio, e na maior parte dos casos, à heresia, que consiste em uma – ou mais – doutrina espúria, a qual concorre com a verdade. O fanático nasce a partir de uma motivação antagônica: o herético odeia a verdade; o fanático ama tanto a verdade que idealiza, segmenta e, por fim, distorce.
2. Sua peculiaridade perniciosa: o fanatismo se sobressai em relação ao conjunto doutrinal de que se origina pela tendência de manter certas ênfases, em detrimento do conjunto. Eis a peculiaridade do fanatismo. Também não podemos igualar fanatismo a uma mera excentricidade religiosa, já que ele toma certa carga de virulência, infectando tudo e todos ao redor, implícita ou explicitamente. Eis sua perniciosidade. Embora o fanatismo não esteja restrito ao Cristianismo, é relevante o número de cristãos fanáticos. Geralmente, o fanático inverte o zelo autêntico do testemunho cristão – enquanto um genuíno servo de Deus estaria disposto a morrer pela verdade, o fanático, em contrapartida, dispõe-se a matar por aquilo que considera como a vontade divina. Dessa forma, o fanático abandona o posto de súdito do Reino do Céu, condição na qual se acata a legislação do Evangelho, e se torna, ele próprio, o legislador agindo coercivamente sobre outros, a fim de acatarem seu dogmatismo. (Questão de Confiança)
Os textos a seguir foram extraídos dos livros de Ellen G. White, Obreiros Evangélicos e Mente, Caráter e Personalidade:
À medida que o fim se aproxima, o inimigo há de trabalhar com todas as suas forças para introduzir entre nós o fanatismo. Vivemos num tempo em que todo aspecto de fanatismo se insinuará entre os crentes e descrentes. Satanás forçará entrada, falando mentiras, hipocritamente. Apresentará tudo que possa inventar, para enganar homens e mulheres. Temos visto, em nossa experiência, que, se Satanás não consegue prender as pessoas no gelo da indiferença, ele procurará impeli-las para o fogo do fanatismo.
Quando o Espírito do Senhor Se faz notar entre o Seu povo, o inimigo aproveita a oportunidade para também atuar sobre várias mentes, levando-as a misturar seus próprios peculiares traços de caráter com a obra de Deus. Assim, sempre há o perigo de que eles permitam que suas próprias idéias se misturem com a obra e assim se tomem resoluções imprudentes. Muitos se empenham numa obra por eles mesmos ideada, e que não é inspirada por Deus. Por eles são pervertidos princípios, erguidas normas falsas, formam-se critérios que não trazem a assinatura do Céu.
Há muitos, muitos, que confiam em sua própria justiça. Estabelecem uma norma para si mesmos, e não se submetem à vontade de Cristo, nem permitem que Ele os envolva nas vestes de Sua justiça. Formam um caráter de acordo com a sua vontade. Satanás se agrada de sua religião. Representam falsamente o caráter perfeito - a justiça - de Cristo. Enganados eles mesmos, por sua vez enganam outros. Não são aceitos por Deus. São capazes de levar outras pessoas por falsos caminhos. Receberão afinal sua recompensa, juntamente com o grande enganador Satanás.
Há os que são combativos por natureza. Pouco se lhes dá concordarem ou não com os seus irmãos. Têm prazer em entrar em polêmicas, gostam de lutar em defesa de suas singulares idéias; devem, porém, pôr de lado isso, pois não contribui para promover as graças cristãs. Nenhum de nós está em segurança, a menos que diariamente aprendamos de Cristo Sua mansidão e humildade.
Deus convoca Seus servos a que estudem Seu desejo e vontade. Então, quando se apresentam homens com teorias forjadas curiosamente, não discutam com eles, mas afirmem o que sabem. "Está escrito" deve ser vossa arma.
Os que são atentos estudantes da Palavra, seguindo a Cristo com humildade de alma, não irão a extremos. O Salvador nunca foi a extremos, nunca perdeu o domínio de Si mesmo, nunca violou as leis do bom gosto. Sabia quando convinha falar, e quando guardar silêncio. Estava sempre na posse de Si mesmo. Nunca errou no ajuizar os homens ou a verdade. Nunca foi enganado pelas aparências. Nunca levantou uma pergunta que não fosse perfeitamente apropriada, nunca deu uma resposta que não fosse bem apropriada ao caso. Fez calar os cavilosos sacerdotes, penetrando para além da superfície, e atingindo o coração, fazendo a luz no espírito e despertando a consciência.
Os que seguem o exemplo de Cristo não serão extremistas. Cultivarão a calma e a posse de si mesmos. A paz que se manifestava na vida de Cristo se patenteará na deles.
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