quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Quando Deus derrama lágrimas

Ontem (4), uma enorme explosão devastou a área portuária de Beirute, capital do Líbano. A tragédia deixou mais de 100 mortos, 4 mil feridos e 100 desaparecidos, segundo estimativa da Cruz Vermelha libanesa. As principais ruas do centro da cidade amanheceram cheias de escombros, com as fachadas dos edifícios destruídas e veículos danificados.

O mundo ultrapassou, na madrugada desta quarta-feira (5), a marca de 700 mil mortos por complicações da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, desde o início da pandemia. As informações são da universidade americana Johns Hopkins, que atualiza painel em tempo real com números da pandemia. Dias antes, o painel da universidade havia contabilizado 18 milhões de casos confirmados em todo o mundo.

Ellen G. White alerta: "Tempos de perplexidade se acham diante de nós. O coração dos homens está desmaiando de terror das coisas que sobrevirão ao mundo" (Eventos Finais, p. 19).

Mas o que dizer sobre o Deus da Bíblia? Onde está Ele neste tempo de sofrimento trágico? Que está Ele fazendo?

Temos uma pista na experiência de Maria e Marta quando seu irmão Lázaro morreu. Onde estava Jesus? Vê-mo-Lo de pé junto ao sepulcro de Lázaro. E "Jesus chorou" (João 11:35).

À porta do sepulcro de Lázaro, Deus (em Jesus) uniu-Se a Maria e Marta, seus vizinhos e conhecidos derramando lágrimas.

Achamos a mesma situação no Antigo Testamento. "Então Se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na Terra, e isso Lhe pesou no coração" (Gênesis 6:6).

Isaías registra que "em toda angústia deles foi Ele angustiado" (Isaías 63:9).

Jeremias registra a mesma reação da parte de Deus: "Por isso uivarei por Moabe, sim gritarei por todo o Moabe; pelos homens de Qir-Heres lamentarei; chorarei por ti, como Jazer chora" (Jeremias 48:31-32).

Não só nossa aflição comove a Deus, mas também somos encorajados a lançar "sobre Ele toda a vossa ansiedade; porque Ele tem cuidado de vós" (1 Pedro 5:7). E Paulo é enfático: "Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8:38-39).

Após esta tragédia no Líbano e a pandemia que estamos passando, não significa que Deus nos abandonou. Em nossa dor, não devemos imaginar que Deus está aborrecido. Ellen G. White diz: "Frequentemente vosso espírito se poderá nublar por causa do sofrimento. Não busqueis pensar então. Sabeis que Jesus vos ama. Ele compreende vossa fraqueza. Podeis fazer Sua vontade com o simples repousar em seus braços" (A Ciência do Bom Viver, p. 251).

Vendo a humanidade sofrer, Deus mesmo derrama lágrimas.

Isto é confortador, mas é isto tudo que Deus faz? É Ele um Deus compassivo, mas impotente que torce Suas mãos em frustração ao chorar em simpatia? Não.

Volvamos a Maria, Marta e Lázaro. Disse Jesus: "Tirai a pedra" (João 11:39). Então depois de breve oração, Jesus, que é Deus encarnado, comandou: "Lázaro, vem para fora!" (verso 43).

E "saiu aquele que estivera morto" (verso 44).

Deus não só derramou lágrimas. Ele repeliu a morte.

Ellen G. White declara: "Não foi, porém, simplesmente pela simpatia humana para com Maria e Marta, que Jesus chorou. Havia em Suas lágrimas uma dor tão acima da simples mágoa humana, como o Céu se acha acima da Terra. [...] Pesava sobre Ele a dor dos séculos. Viu os terríveis efeitos da transgressão da lei divina. Viu que, na história do mundo, a começar com a morte de Abel, fora incessante o conflito entre o bem e o mal. Lançando o olhar através dos séculos por vir, viu o sofrimento e a dor, as lágrimas e a morte que caberiam em sorte aos homens. Seu coração pungiu-se pelas penas da família humana de todos os tempos e em todas as terras. Pesavam-Lhe fortemente sobre a alma as misérias da pecadora raça, e rompeu-se-Lhe a fonte das lágrimas no anelo de lhes aliviar todas as aflições. [...] Seu terno, compassivo coração está sempre pronto a compadecer-se perante o sofrimento. Chora com os que choram, e alegra-Se com os que se alegram." (O Desejado de Todas as Nações, p. 534)

Nossas aflições comovem a Deus, mas também O movem a revelar Seu propósito. Nem sempre veremos a evidência de Seu poder hoje ao enfrentarmos desastre, dor e morte. Podemos, ao contrário, apenas sentir Suas lágrimas. Não obstante, o Novo Testamento torna claros os propósitos de Deus. Por fim, Deus fará novas todas as coisas (Apocalipse 21:5).

Um dia "Ele enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram" (verso 4).

E ao enxugar Deus as lágrimas de nossos olhos, imagino que Ele enxugará os Seus uma vez mais. Então o Deus que derrama lágrimas jogará fora para sempre Seu lenço divino.

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