"No Mestre enviado de Deus, o Céu deu aos homens o que de melhor e maior possuía. Aquele que tomara parte nos conselhos do Altíssimo, que habitara no íntimo do santuário do Eterno, foi o escolhido para, em pessoa, revelar à humanidade o conhecimento de Deus." (Ellen G. White - Educação, p. 73)
Muitos estudiosos da didática e da metodologia do ensino consideram Jesus Cristo o professor mais marcante de todos os tempos. Há dezenas de livros a esse respeito. O fato é que Seu ensino criativo e transformador alcançou e alcança milhões de pessoas.
Muitos estudiosos da didática e da metodologia do ensino consideram Jesus Cristo o professor mais marcante de todos os tempos. Há dezenas de livros a esse respeito. O fato é que Seu ensino criativo e transformador alcançou e alcança milhões de pessoas.
O mestre Jesus Cristo, um carpinteiro, sem jamais ter deixado registrada uma palavra sequer, sem jamais ter produzido um artigo, pesquisa, monografia ou livro, impactou a humanidade de um jeito impressionante. Como nos lembra o Dr. James Kenedy, com 12 discípulos Jesus Cristo exerceu influência civilizatória que dura até hoje![1]
É irrefutável que a vida do jovem galileu causou grande impacto em Sua época e em nossa época. E o mais espetacular: fez tudo isso até os 33 anos de idade apenas. Isso é extraordinário! Como diz o respeitado J. M. Price, em seu clássico A Pedagogia de Jesus, “ninguém esteve melhor preparado, e ninguém se mostrou mais idôneo para ensinar do que Jesus. No que toca às qualificações, bem como noutros mais respeitos, Jesus foi o mestre ideal. Isto é verdade tanto visto do ângulo divino como do humano. No sentido mais profundo, Jesus foi um mestre vindo da parte de Deus”.[2]
Características de Jesus como professor
O mestre Jesus é surpreendente. E, se olharmos para algumas de Suas características de personalidade, temos que admitir que Ele é um padrão de absoluto equilíbrio, bom senso e profissionalismo. Seguindo as percepções de Roy Zuck,[3] pensemos um pouco em algumas de Suas características enquanto mestre.
Jesus Cristo é referencial de maturidade. Lucas 2:40 nos diz que “o menino [Jesus] crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele”. Da perspectiva humana, Jesus era uma pessoa madura; como Filho de Deus e como membro da Trindade, obviamente era espiritualmente maduro. Devemos seguir Seu exemplo, procurando crescer mentalmente, espiritualmente, fisicamente e socialmente.
Jesus veio à Terra para revelar o Pai (João 17:26). Desta maneira, podemos entender que Ele possuía todo conhecimento e era capaz de discorrer sobre qualquer tema com maestria. Certamente isso fazia com que o povo ficasse fascinado “pelas Suas palavras” (Lucas 19:48). Os professores são responsáveis pelo que afirmam e, portanto, ao abordarem algum tópico, precisam fazê-lo com autoridade, a qual é resultado de tempo gasto em oração, pesquisa e reflexão.
Sendo autoridade em qualquer assunto, Jesus sempre falava com convicção, jamais deixando alguma dúvida do que Ele ensinava. Era com plena certeza que Ele fazia afirmações como “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6); ou: “Vocês ouviram o que foi dito… Mas Eu lhes digo que…” (Mateus 5:21, 22). O educador cristão precisa se expressar com convicção, transmitindo segurança aos seus ouvintes; isto é resultado, claro, de estudo profundo numa área específica do conhecimento, mas também resultado de uma vida conduzida pelo Espírito Santo.
O apóstolo Paulo afirma que Jesus “humilhou-se a si mesmo” (Filipenses 2:8). Uma clara demonstração da humildade do Mestre pode ser vista em Sua atitude de servir e não ser servido (Mateus 20:28). Os professores cristãos não obtém respeito dos colegas e dos alunos pela auto-exaltação, senão pela humilde postura de servo. Afinal, o orgulho causa repulsa, enquanto que a humildade atrai.
Diferentemente de nossa educação conteudista, orientada pelo assunto a ser transmitido, o mestre Jesus não tinha um conteúdo curricular fechado, e nem mesmo parecia preocupar-se com o que deveria ensinar a cada dia. Obviamente Ele queria ensinar algumas coisas, mas o fazia com espontaneidade, esperando o momento certo, quando o coração e a mente de Seus ouvintes estavam dispostos. Foi assim, por exemplo, na ocasião em que acalmou a tempestade (Mateus 8:23-27); esse foi o momento oportuno para ensinar sobre a fé e o medo do ser humano, bem como sobre o ilimitado poder de Deus. Nas ocasiões informais as pessoas podem ter maior disposição para ouvir e captar ensinos que modificarão para sempre sua vida.
De vez em quando escutamos alguns alunos reclamando que ficam confusos na hora da aula, pois, às vezes, alguns professores falam de muitas coisas ao mesmo tempo. Outros dizem que não entendem o que é dito, pois alguns docentes usam palavras e expressões desconhecidas. Em relação ao mestre Jesus, podemos dizer que havia tal clareza em Seus ensinos e discursos, “que as crianças, os idosos e o povo comum o ouviam com prazer e ficavam encantados com as suas palavras”.[4] Se quiserem ensinar com clareza, os professores precisam escolher adequadamente as palavras e expressões que usam; e sempre que houver necessidade de usar uma palavra técnica, incomum aos alunos, precisam explicá-la de modo claro, exemplificando-a se possível.
Em Seu ministério, Jesus ensinava com senso de urgência, pois sabia que não tinha todo o tempo do mundo. Em pouco mais de três anos deveria transmitir à humanidade os ensinos que se demonstrariam capazes de transformar a rotina da vida humana. Portanto, não havia tempo a perder. Em João 7:33 Ele afirma: “Estou com vocês apenas por pouco tempo”. O Mestre tinha senso de urgência. Todavia, Ele não se deixou dominar pela agenda: Ele nunca estava apressado e nunca cancelou um encontro. Sempre tinha tempo para ministrar as necessidades das pessoas. Os professores cristãos precisam aprender a administrar melhor o tempo, “aproveitando ao máximo cada oportunidade” (Efésios 5:16), não desperdiçando o precioso tempo da sala de aula. O tempo é ouro, e deve ser administrado de tal modo que o professor nunca venha a se arrepender por ter usado o tempo de modo irresponsável.
No ministério de Cristo são evidentes sua simpatia e empatia, manifestas em seu amor e cuidado pelas pessoas. O evangelho de Lucas diz que “todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios (4:22). O educador Antônio Tadeu Ayres nos lembra que “nenhum professor é considerado bom simplesmente por acaso. Os alunos sabem perceber muito bem o mestre que conhece o que ensina, tem prazer de instruir e sabe como fazer isso. Percebem também a personalidade, o temperamento, os valores éticos e a capacidade de compreensão. Nesta questão particular, será bem-sucedido o professor que de fato pratica a empatia”.[5] De uma perspectiva cristã, os alunos não são meramente clientes, e sim, acima de tudo, candidatos ao reino de Deus. Portanto, os professores precisam exercer paciência, simpatia e empatia. Afinal, o ensino cristão é muito mais do que conteúdo. É também a demonstração de um genuíno interesse pelas pessoas.
Finalmente, o Mestre Jesus jamais ensinou algo que não fosse pertinente ou necessário aos Seus ouvintes. Tudo o que Ele falou tinha relevância e aplicabilidade à vida das pessoas. É também o desafio de cada professor não meramente falar bonito, mas tornar a aula relevante à vida dos alunos, fazendo com que os ensinamentos sejam pertinentes para cada estudante que ouve e participa das aulas. Agindo dessa forma, o professor e a professora terão como resultado um ensino que transforma.
Adolfo Suárez (via Muito Além do Ensino)
É irrefutável que a vida do jovem galileu causou grande impacto em Sua época e em nossa época. E o mais espetacular: fez tudo isso até os 33 anos de idade apenas. Isso é extraordinário! Como diz o respeitado J. M. Price, em seu clássico A Pedagogia de Jesus, “ninguém esteve melhor preparado, e ninguém se mostrou mais idôneo para ensinar do que Jesus. No que toca às qualificações, bem como noutros mais respeitos, Jesus foi o mestre ideal. Isto é verdade tanto visto do ângulo divino como do humano. No sentido mais profundo, Jesus foi um mestre vindo da parte de Deus”.[2]
Características de Jesus como professor
O mestre Jesus é surpreendente. E, se olharmos para algumas de Suas características de personalidade, temos que admitir que Ele é um padrão de absoluto equilíbrio, bom senso e profissionalismo. Seguindo as percepções de Roy Zuck,[3] pensemos um pouco em algumas de Suas características enquanto mestre.
Jesus Cristo é referencial de maturidade. Lucas 2:40 nos diz que “o menino [Jesus] crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele”. Da perspectiva humana, Jesus era uma pessoa madura; como Filho de Deus e como membro da Trindade, obviamente era espiritualmente maduro. Devemos seguir Seu exemplo, procurando crescer mentalmente, espiritualmente, fisicamente e socialmente.
Jesus veio à Terra para revelar o Pai (João 17:26). Desta maneira, podemos entender que Ele possuía todo conhecimento e era capaz de discorrer sobre qualquer tema com maestria. Certamente isso fazia com que o povo ficasse fascinado “pelas Suas palavras” (Lucas 19:48). Os professores são responsáveis pelo que afirmam e, portanto, ao abordarem algum tópico, precisam fazê-lo com autoridade, a qual é resultado de tempo gasto em oração, pesquisa e reflexão.
Sendo autoridade em qualquer assunto, Jesus sempre falava com convicção, jamais deixando alguma dúvida do que Ele ensinava. Era com plena certeza que Ele fazia afirmações como “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6); ou: “Vocês ouviram o que foi dito… Mas Eu lhes digo que…” (Mateus 5:21, 22). O educador cristão precisa se expressar com convicção, transmitindo segurança aos seus ouvintes; isto é resultado, claro, de estudo profundo numa área específica do conhecimento, mas também resultado de uma vida conduzida pelo Espírito Santo.
O apóstolo Paulo afirma que Jesus “humilhou-se a si mesmo” (Filipenses 2:8). Uma clara demonstração da humildade do Mestre pode ser vista em Sua atitude de servir e não ser servido (Mateus 20:28). Os professores cristãos não obtém respeito dos colegas e dos alunos pela auto-exaltação, senão pela humilde postura de servo. Afinal, o orgulho causa repulsa, enquanto que a humildade atrai.
Diferentemente de nossa educação conteudista, orientada pelo assunto a ser transmitido, o mestre Jesus não tinha um conteúdo curricular fechado, e nem mesmo parecia preocupar-se com o que deveria ensinar a cada dia. Obviamente Ele queria ensinar algumas coisas, mas o fazia com espontaneidade, esperando o momento certo, quando o coração e a mente de Seus ouvintes estavam dispostos. Foi assim, por exemplo, na ocasião em que acalmou a tempestade (Mateus 8:23-27); esse foi o momento oportuno para ensinar sobre a fé e o medo do ser humano, bem como sobre o ilimitado poder de Deus. Nas ocasiões informais as pessoas podem ter maior disposição para ouvir e captar ensinos que modificarão para sempre sua vida.
De vez em quando escutamos alguns alunos reclamando que ficam confusos na hora da aula, pois, às vezes, alguns professores falam de muitas coisas ao mesmo tempo. Outros dizem que não entendem o que é dito, pois alguns docentes usam palavras e expressões desconhecidas. Em relação ao mestre Jesus, podemos dizer que havia tal clareza em Seus ensinos e discursos, “que as crianças, os idosos e o povo comum o ouviam com prazer e ficavam encantados com as suas palavras”.[4] Se quiserem ensinar com clareza, os professores precisam escolher adequadamente as palavras e expressões que usam; e sempre que houver necessidade de usar uma palavra técnica, incomum aos alunos, precisam explicá-la de modo claro, exemplificando-a se possível.
Em Seu ministério, Jesus ensinava com senso de urgência, pois sabia que não tinha todo o tempo do mundo. Em pouco mais de três anos deveria transmitir à humanidade os ensinos que se demonstrariam capazes de transformar a rotina da vida humana. Portanto, não havia tempo a perder. Em João 7:33 Ele afirma: “Estou com vocês apenas por pouco tempo”. O Mestre tinha senso de urgência. Todavia, Ele não se deixou dominar pela agenda: Ele nunca estava apressado e nunca cancelou um encontro. Sempre tinha tempo para ministrar as necessidades das pessoas. Os professores cristãos precisam aprender a administrar melhor o tempo, “aproveitando ao máximo cada oportunidade” (Efésios 5:16), não desperdiçando o precioso tempo da sala de aula. O tempo é ouro, e deve ser administrado de tal modo que o professor nunca venha a se arrepender por ter usado o tempo de modo irresponsável.
No ministério de Cristo são evidentes sua simpatia e empatia, manifestas em seu amor e cuidado pelas pessoas. O evangelho de Lucas diz que “todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios (4:22). O educador Antônio Tadeu Ayres nos lembra que “nenhum professor é considerado bom simplesmente por acaso. Os alunos sabem perceber muito bem o mestre que conhece o que ensina, tem prazer de instruir e sabe como fazer isso. Percebem também a personalidade, o temperamento, os valores éticos e a capacidade de compreensão. Nesta questão particular, será bem-sucedido o professor que de fato pratica a empatia”.[5] De uma perspectiva cristã, os alunos não são meramente clientes, e sim, acima de tudo, candidatos ao reino de Deus. Portanto, os professores precisam exercer paciência, simpatia e empatia. Afinal, o ensino cristão é muito mais do que conteúdo. É também a demonstração de um genuíno interesse pelas pessoas.
Finalmente, o Mestre Jesus jamais ensinou algo que não fosse pertinente ou necessário aos Seus ouvintes. Tudo o que Ele falou tinha relevância e aplicabilidade à vida das pessoas. É também o desafio de cada professor não meramente falar bonito, mas tornar a aula relevante à vida dos alunos, fazendo com que os ensinamentos sejam pertinentes para cada estudante que ouve e participa das aulas. Agindo dessa forma, o professor e a professora terão como resultado um ensino que transforma.
Adolfo Suárez (via Muito Além do Ensino)
[1] James KENEDY e Jerry Newcombe. E Se Jesus não Tivesse Nascido? São Paulo: Vida, 2003, p. 21.
[2] J. M. Price. A Pedagogia de Jesus. 3ª edição. São Paulo: JUERP, 1983, p. 5.
[3] Roy B. Zuck. Teaching as Jesus Taught. Grand Rapids: Baker, 1995, p. 63 a 89.
[4] Ellen G. White. Fundamentos da Educação Cristã. 2ª edição. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1996, p. 242.
[5] AYRES, Antônio Tadeu. Prática Pedagógica Competente: Ampliando os Saberes do Professor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004, p. 55.
belíssimo texto sobre o incomparável Mestre Jesus.
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