quarta-feira, 23 de junho de 2021

O DECÁLOGO NO APOCALIPSE

Quais mandamentos são mencionados em Apocalipse 12:17 e 14:12?

A frase “os que guardam os mandamentos de Deus”, que aparece duas vezes em Apocalipse (12:17; 14:12), indica as características do povo de Deus no tempo do fim, chamado de remanescente em Apocalipse 12:17 (ou o restante dos descendentes da mulher) e de “santos” em Apocalipse 14:12. De fato, “guardar os mandamentos de Deus” parece uma caracterização genérica e necessita de esclarecimento. 

1. Opiniões diferentes. Quando examinamos os comentários sobre Apocalipse, encontramos opiniões diferentes. Alguns comentaristas nem sequer tomam tempo para analisar o significado, mas simplesmente citam o texto bíblico, passando logo a discutir outros aspectos, como se a referência aos mandamentos não fosse tão importante. Para outros, os mandamentos são a Torá, ou seja, todas as instruções e revelações de Deus encontradas no Antigo Testamento. Outros ainda argumentam que os mandamentos se referem à fé do Cordeiro de Deus, que foi fiel a Ele e a quem os cristãos são aconselhados a imitar. Mais comum é a opinião de que os “mandamentos de Deus” designam os componentes éticos do Decálogo, os últimos seis mandamentos. Mas, sem dúvida, a interpretação mais apropriada é determinada pelo contexto. 

2. Referência ao Decálogo. As duas passagens em que os mandamentos de Deus são mencionados pertencem à porção central do Apocalipse (12–15:5). Na introdução dessa seção, João viu o Lugar Santíssimo do santuário celestial, especificamente a arca da aliança. No caso do santuário terrestre, Moisés colocou dentro da arca as duas tábuas de pedra sobre as quais Deus tinha escrito os Dez Mandamentos. Portanto, esta perspectiva implica que o ministério de Cristo no Lugar Santíssimo do santuário celestial e os Dez Mandamentos desempenharão papéis importantes no que vem a seguir no livro. A referência implícita aos Dez Mandamentos torna-se explícita no fim da seção, quando João novamente viu o “tabernáculo do testemunho” no Céu (Ap 15:5). O substantivo “testemunho” foi usado no Antigo Testamento para designar os Dez Mandamentos colocados dentro da arca do concerto e que testifica da aliança de Deus com Israel (Êx 25:20, 21; 32:15, 16). Essa referência aos Dez Mandamentos deve ser a primeira informação a ser levada em conta na interpretação da expressão “os mandamentos de Deus”.

3. Mandamentos específicos do Decálogo. Talvez até mais importante seja o fato de que o contexto dessas duas passagens faz referência clara a alguns dos Dez Mandamentos. O mais explícito é encontrado na mensagem do primeiro anjo para que os seres humanos obedeçam ao primeiro mandamento e adorem o Deus “que fez os céus, a terra, o mar e as fontes das águas” (Ap 14:7). A menção a Deus como Criador é extraída do quarto mandamento (Êx 20:8-11), indicando que o remanescente também guardará esse mandamento. Os seres humanos não devem adorar a imagem da besta, uma violação do segundo mandamento (Ap 14:9). A besta blasfema contra o nome de Deus, transgredindo o terceiro mandamento (Ap 13:6). Estes são os primeiros quatro mandamentos do Decálogo, mas outros mandamentos são mencionados no Apocalipse. Por exemplo, o capítulo 9:20 e 21 menciona assassinato, adultério (ou imoralidade sexual) e roubo (veja também Ap 13:10; 14:4), e a mentira é encontrada em Apocalipse 14:5. 

No contexto, a resposta adequada à pergunta inicial seria que o povo de Deus guardará os Dez Mandamentos como sinal de lealdade e gratidão ao Cordeiro.

Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventista)

"O terceiro anjo encerra sua mensagem assim: 'Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus' (Apocalipse 14:12). Ao dizer ele estas palavras, aponta para o santuário celeste. A mente de todos os que abraçam esta mensagem, é dirigida ao lugar santíssimo, onde Jesus está em pé diante da arca, fazendo Sua intercessão final por todos aqueles por quem a misericórdia ainda espera, e pelos que ignorantemente têm violado a lei de Deus" (Ellen G. White - Primeiros Escritos, p. 254).

Nenhum comentário:

Postar um comentário