terça-feira, 22 de junho de 2021

PEQUENOS HÁBITOS, GRANDES PREJUÍZOS

Gosto de pensar no que é positivo e de ser animada, construtiva e focada nas soluções. Mas, às vezes, é preciso enfrentar as coisas negativas. Neste artigo vou mencionar sete erros psicológicos que, se forem deixados livres, podem destruir os bons hábitos. Depois de identificar essas áreas problemáticas, você conseguirá substituir os comportamentos sabotadores por outros melhores.

1. ERRO: CRÍTICA
Temos a capacidade de analisar as coisas. Por exemplo, um rapazinho queixava-se ao pai de que as músicas que cantavam na igreja eram “chatas”. “Se você acha que consegue escrever canções melhores, por que não faz?”, perguntou o pai. Isaac Watts foi para o quarto e escreveu, ao longo de sua vida, mais de 750 cânticos religiosos mundialmente conhecidos. Para Isaac, a crítica proporcionou um trampolim para seu gênio criativo. Entretanto, os seres humanos tendem a se concentrar demais nos problemas. Esse traço muitas vezes toma a forma de crítica constante a outras pessoas. Em média, uma criança, ao chegar aos 18 anos, já ouviu mais de 148 mil vezes a palavra “não”.

A crítica na família tem sido associada a problemas mentais, especialmente depressão. As limitações da matéria cinzenta podem ser responsáveis por isso: a parte do cérebro conhecida como amígdala apanha instantaneamente informações negativas, mas os pensamentos positivos devem ser mantidos na área da consciência durante 12 segundos antes de o cérebro transferi-los da memória de curto prazo para a memória de longo prazo.

Outra razão para criticarmos pode ser a recompensa psicológica. As pessoas críticas são consideradas mais inteligentes. Na verdade, criticar as falhas de outra pessoa parece elevar-nos e rebaixá-la. Porém, a “elevação” não dura. Tornamo-nos viciados que precisam de “soluções” críticas cada vez mais fortes para apoiar um ego insaciável e desajustado.

SOLUÇÃO: DIZER COISAS POSITIVAS
Uma boa maneira de quebrar a força de um espírito crítico é fazer um “jejum de crítica” durante três semanas. Depois, se necessária, a crítica pode ser aplicada apenas ocasionalmente. Ou seja, primeiro temos que dizer coisas positivas, depois criticamos e então voltamos a dizer coisas positivas.

O especialista em problemas matrimoniais John Gottman diz que a proporção entre coisas positivas e críticas em um relacionamento deve ser de 5 para 1: cinco coisas positivas para cada crítica. Por isso, podemos duplicar ou triplicar as camadas de coisas positivas.

Através da repetição, pode-se cultivar o gosto pelas coisas positivas, refazendo os circuitos do cérebro. E o efeito nos receptores condiz com o efeito no doador. Um estudo mostrou que um pai que salienta os aspectos positivos estava relacionado com maior autoestima e menos medo de proximidade por parte das filhas.

2. ERRO: QUEIXA
Outra feia extensão das nossas ideias negativas, a queixa é um comportamento que afeta o estilo de vida, pois a pessoa pensa constantemente na infelicidade e exclui o que é positivo e agradável. Na base desse hábito de descontentamento está o sentimento de que o mundo, Deus e a sociedade nos devem um tempo agradável.

Certa vez, um vaqueiro seguiu por uma estrada poeirenta, com seu cão na caminhonete e o cavalo numa carreta atrás. Numa curva, todo o conjunto sofreu um acidente. Um policial que chegou ao lugar viu primeiro o cavalo. Percebendo a gravidade dos ferimentos, pegou a arma e abateu o animal, aliviando seu sofrimento. Depois, viu o cão, também fatalmente ferido. Não conseguindo suportar os ganidos de dor do bicho, também pôs fim ao seu sofrimento. Finalmente, localizou o vaqueiro deitado na relva, vivo, mas com as pernas quebradas. “Olá! Você está bem?”, perguntou. O vaqueiro deu uma olhadela ao revólver fumegante e respondeu: “Nunca estive melhor!”

Quando os riscos imediatos ultrapassam as recompensas, as queixas param rapidamente. Se treinarmos nossa mente para perceber o custo a longo prazo das queixas, pode ser que esse comportamento se altere.

SOLUÇÃO: GRATIDÃO
A gratidão procede de um coração que percebe sua indignidade; por isso, todas as coisas boas parecem ser presentes e não coisas adquiridas. Um estudo dividiu um grupo de estudantes universitários em três grupos. Cada estudante manteve um diário semanal de suas emoções. Além disso, um grupo escreveu sobre cinco eventos importantes, outro grupo escreveu sobre cinco problemas e o terceiro escreveu sobre cinco coisas a agradecer. “O grupo agradecido relatou menos queixas físicas do que o grupo dos problemas e passou bastante mais tempo a praticar exercício do que os integrantes dos outros dois grupos”, relatou o autor do estudo, Robert Emmons.

Antes de se deitar, pense em três coisas pelas quais está agradecido, e pense em outras três ao levantar-se. Esse hábito resultará, quase sempre, numa cura completa da tendência para se queixar.

3. ERRO: COMISERAÇÃO
Fazer-se de vítima ou sentir pena de si mesmo aprofunda a dor e impede a cura das cicatrizes emocionais. A comiseração tem sido relacionada com depressão, ira interiorizada, solidão e desconfiança. Muitas vezes, a comiseração distorce, exagera ou até imagina o mal; mas mesmo a vitimização real pode ser prolongada quando pensamos nisso desnecessariamente. Ao fazê-lo, continuamos agindo como vítimas, reforçando os sentimentos de impotência.

SOLUÇÃO: ACEITAR A RESPONSABILIDADE
Gosto de dizer: “Não é culpa minha, mas é minha responsabilidade.” Isso significa que podemos escolher a maneira como reagimos ao sofrimento e à infelicidade. Muitas vezes, há um crescimento dramático e uma libertação quando as pessoas finalmente passam do modo de vítimas para o modo de aceitação da responsabilidade.

Comece por fazer uma lista de cinco coisas que podem ajudar a melhorar sua situação. Depois peça a um amigo ou a alguém de confiança que o ajude a pôr em prática essa lista.

4. ERRO: PREOCUPAÇÃO
No jargão psicológico, chamamos a preocupação de “hipervigilância”. O mundo perigoso em que vivemos apresenta muitas ameaças. Quando as enfrentamos, nossa resposta de luta ou fuga nos dá um choque de adrenalina. No entanto, quando reagimos à possibilidade de perigo, em vez de ao perigo real, transportamos o medo para nossa experiência diária, e o próprio medo torna-se numa ameaça. Preocupar-se não ajuda a nos proteger; na verdade, o medo serve como uma profecia autorrealizada que produz precisamente o evento tão temido.

SOLUÇÃO: CONFIANÇA
O cérebro media a confiança por meio do “hormônio do amor”, a oxitocina. Se injetássemos oxitocina numa pessoa (não estou recomendando isso), nós a veríamos correr mais riscos sociais. Escolher confiar pode ter um efeito semelhante no cérebro: sentimentos de confiança seguem ações que mostram confiança. Um estudo mostrou uma relação negativa entre confiança e solidão, indicando que mais confiança atrai mais amigos.

Para evitar o sofrimento, temos de arriscar passar por ele. Mas arriscar de maneira inteligente. A confiança bem usada raramente falha. Fortaleça seu músculo da confiança identificando primeiro situações em que confiou demais. Pensou que aquela namorada que andava constantemente fazendo fofoca não falaria de você? Depois de ter identificado a confiança mal aplicada, dedique-se a aprender a confiar de forma saudável. E limite o tempo durante o qual se preocupa a uma hora por dia e, gradualmente, vá reduzindo esse tempo até chegar a zero.

5. ERRO: FUGA
Muitas pessoas sabem o que devem fazer, mas evitam tomar a iniciativa, como se o fato de se sujeitarem a algo desagradável fosse produzir uma fusão psicológica imediata e irreversível. Frequentemente, as pessoas dizem: “Não me sinto motivado para fazer isto ou aquilo”, como praticar exercício, falar com tal pessoa, ler, etc. Na verdade, elas estão motivadas, só que para evitar fazer aquelas coisas!

SOLUÇÃO: AÇÃO
Exercite sua força de vontade. O que é extraordinário na vontade é que ela se move independentemente da inclinação. Em outras palavras, podemos escolher fazer o contrário daquilo que nos apetece fazer. A “ação oposta” é usada na terapia comportamental dialética, que tem ajudado com êxito no caso da doença resistente ao tratamento, chamada “personalidade fronteiriça”.

Edith Eva Eger, sobrevivente de Auschwitz, perdeu os pais na câmara de gás, sofreu uma fratura de coluna provocada por um guarda alemão e perdeu peso até atingir os 20 kg. No entanto, ela se lembra de estar deitada na relva, perguntando a si mesma qual folha de erva iria comer, feliz por ainda ter escolha! E nós achamos difícil escolher entre alimentos saudáveis e congelados? Precisamos respeitar mais profundamente o dom da liberdade de escolha.

Para treinar sua força de vontade, faça três atividades por dia que sejam benéficas, mas não preferidas. Aumente gradualmente até dez por dia, e depois pergunte a si mesmo se não gosta mais de fazer o que lhe apetece.

6. ERRO: SENTIMENTALISMO
Muitas pessoas, especialmente as que têm uma natureza sensível e emotiva, vivem de acordo com suas emoções. Um gráfico do seu humor parece-se com as montanhas do Himalaia. Envolvem-se no raciocínio emocional (a crença de que, se uma pessoa sente que uma coisa é verdade, então tem de ser verdade). “Sinto que algo ruim vai acontecer; portanto, é o fim do mundo!” “Sinto que me odeiam; por isso, odeiam-me mesmo!” Nossos sentimentos são como crianças: preciosos e merecedores de proteção cuidadosa, mas que não conseguem guiar um carro.

SOLUÇÃO: RAZÃO
Usar o bom senso e a razão não transforma uma pessoa em alguém insensível. A razão, na verdade, torna a pessoa mais capaz de sentir emoções profundas. Basear as escolhas em princípios de vida atemporais provê uma âncora que permite manter-se seguro nas águas mais profundas do revolto mar da vida. Quando temos essa âncora, não temos de nos agarrar ao medo de naufragar. A terapia cognitiva-comportamental é uma maneira excelente de ajudar a pessoa a aprender a usar sua capacidade de raciocínio.

7. ERRO: AMARGURA
Frequentemente, capítulos dolorosos da vida ameaçam nos consumir. Avançar pode ser um processo difícil e lento, mesmo para os mais maduros. Mas muita gente se satisfaz em repetir continuamente os eventos dolorosos. Alguns até tentam ganhar simpatizantes para sua causa, voltando-os contra o inimigo. Isso é como beber veneno e esperar que outra pessoa morra. O sofrimento provocado pela agressão deve ser trabalhado, mas devemos ter o cuidado de não exagerar no processo de remoer os sentimentos.

SOLUÇÃO: PERDÃO
Perdoar não é confiar, sentir, desculpar ou até mesmo esquecer. É simplesmente a escolha de abrir mão do sofrimento que nos atinge e deixar a justiça nas mãos de Alguém superior a nós. Perdoar não é um evento que se faz de uma vez por todas, mas um estilo de vida que liberta da prisão nossos ofensores. Não se esqueça de que o coração que está aberto para oferecer perdão também o recebe. O famoso psiquiatra Karl Menninger disse certa vez que, se pudesse convencer os doentes dos hospitais psiquiátricos de que estavam perdoados, 75% deles sairiam de lá no dia seguinte

Jennifer Jill Schwirzer, conselheira, escritora e conferencista, é colaboradora da revista Vibrant Life

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