Com a chegada da pandemia, sintomas de ansiedade, tristeza e quadros relacionados à saúde mental foram intensificados. Após um ano e meio, pesquisas começam a mensurar o impacto dos acontecimentos, como o levantamento inédito do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), feito a pedido da Pfizer Brasil, divulgado ontem (1º), que mostra que entre os brasileiros, a saúde mental dos jovens entre 18 e 24 anos foi mais afetada.
E não à toa a pesquisa foi divulgada hoje, setembro é o mês de combate e prevenção ao suicídio no Brasil, chamada de Setembro Amarelo —o sofrimento mental está profundamente ligado aos casos de suicídio. O mês foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
Metade dos respondentes de 18 a 24 anos classificou sua saúde mental durante a pandemia como ruim (39%) ou muito ruim (11%). Esse percentual ficou acima da média geral, de 5% e 25%, respectivamente.
O levantamento "Saúde Mental na Pandemia", que foi realizado online em agosto deste ano, entrevistou 2.000 homens e mulheres (de 18 anos ou mais) na cidade de São Paulo e nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Salvador.
Em geral, os cinco sintomas mais relatados pelos participantes (de todas as idades), foram: tristeza (42%), insônia (38%), irritação (38%), angústia e/ou medo (36%), além de crises de choro (21%).
"Este é um cenário que vem sendo apontado desde março de 2020 e, por isso, merece acompanhamento diário de todos nós, já que continuamos no enfrentamento da pandemia. Obtivemos muitos avanços com o desenvolvimento e com a aplicação da vacina, mas sabemos que precisamos olhar para o corpo e para a mente já que a covid-19 causou e causa marcas em todos nós", explica Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer Brasil.
Diagnóstico e tratamento
Dos entrevistados, 21% chegaram a procurar ajuda profissional no período, sendo que 11% estão em acompanhamento especializado. Ansiedade e depressão lideram a relação das condições diagnosticadas de forma mais recorrente, em que também aparecem doenças como a síndrome do pânico e a fobia social.
Além do relato dos próprios respondentes, questionados se conheciam alguém que foi diagnosticado com algum problema relacionado à saúde mental durante a pandemia, 46% disseram que sim, mostrando que os quadros se repetem nos círculos sociais.
"Esses dados, infelizmente, representam a escalada assustadora dos agravos à saúde mental que vêm ocorrendo nas últimas décadas em nosso país, e que foi alavancada pela pandemia. Nesse sentido, esses índices colocam as estratégias para ampliação dos cuidados em saúde mental como prioridade inegável. Devemos concentrar esforços para oferecer diagnósticos mais precoces e tratamentos adequados. Mais do que isso, devemos desenvolver e implementar ações efetivas de prevenção. Essas ações são de responsabilidade não só do poder público e das entidades dos profissionais ligados a saúde mental, mas também de toda a comunidade, começando pela diminuição do estigma relacionado aos transtornos mentais", diz Michel Haddad, psiquiatra do HSPE/Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de SP) e pesquisador do departamento de psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Dos entrevistados que foram diagnosticados ou fizeram algum tratamento desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus, 31% têm seguido tratamento com profissional de forma presencial e 17% por consultas online, além disso, 29% afirmam estar com medicação de prescrição.
Alguns dos participantes também compartilharam formas não medicamentosas de atenuar o impacto psicológico: 56% responderam que fazem algum tipo de atividade para melhorar sua saúde mental, sendo a prática de exercícios físicos regulamente ao ar livre (19%) ou em casa (18%) e a leitura de livros (17%), as mais citadas.
Entre os canais informativos sobre o tema, as redes sociais foram apontadas como o principal por 22%, enquanto veículos de comunicação (rádio, TV, revista, jornal e internet) e profissionais de saúde foram por 17%, cada um.
O que causou os sintomas?
Quatro em cada cinco respondentes (79%) declaram que a pandemia impactou sua saúde mental de alguma forma, e se engana quem pensa que apenas fatores relacionados diretamente à covid-19 foram os responsáveis. A situação financeira difícil ou o acúmulo de dívidas preocupou a maioria (23%) das pessoas ouvidas durante a pesquisa.
Esse receio é equilibrado entre as cinco regiões pesquisadas. Curitiba teve o índice de 26%, seguida por São Paulo e Rio de Janeiro com 23%, Salvador com 22% e Belo Horizonte com 21%. Porém, é possível observar que essa preocupação foi maior entre os mais jovens, sendo citado por 26% daqueles que têm de 18 a 24 anos, 24% entre os de 25 e 44 anos, por 22% na faixa de 45 a 54, chegando a 19% entre os respondentes com 55 anos ou mais. Na sequência, apareceram o medo de pegar covid-19 (18%) e a morte de alguém próximo (12%).
Assim como a apreensão com a situação financeira, esses últimos também foram relatados majoritariamente pelas mulheres. Duas condições relacionadas ao suicídio —ansiedade (16%) e depressão (8%)— lideraram os relatos dos entrevistados sobre os diagnósticos mais recorrentes na pesquisa.
De acordo com a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), transtornos mentais como esses estão relacionados a aproximadamente 96,8% dos cerca de 12 mil casos anuais de suicídio no Brasil.
No levantamento, 35% dos respondentes afirmaram conhecer alguém que tirou a própria vida, independentemente do diagnóstico de uma condição associação à saúde mental. E são 73% aqueles que reconhecem as campanhas informativas e de conscientização como uma das formas de reduzir o preconceito em relação aos transtornos mentais, bem como a criação de programas escolares que discutam o assunto desde cedo com as crianças, apontado por 63%.
Não às fake news
A pesquisa "Saúde Mental na Pandemia" também demonstrou que a maioria dos brasileiros tem clareza do que é verdadeiro e falso sobre saúde mental:
- 97% afirmaram que problema de saúde mental não é frescura
- 79% acreditam que as doenças relacionadas à saúde mental são silenciosas e de difícil identificação sem ajuda médica
- 86% reconhecem não ser possível resolver sozinho um problema de saúde mental
- 84% entendem que as doenças relacionadas à saúde mental não atingem necessariamente mais idosos do que adultos e jovens
- 90% discordam da crença de que suicídio só acontece com pessoas de personalidade fraca.
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.
O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil. (UOL)
Conselhos de Ellen G. White
Ellen White nos deixou vários conselhos relacionados com nossa saúde mental. Vejamos alguns deles extraídos do livro Como Lidar com as Emoções, pp. 41-54:
1. Mente satisfeita, espírito animoso, é saúde para o corpo e força para a alma. Coisa alguma é tão frutuosa causa de doença como a depressão, a melancolia e a tristeza. Muitas das doenças sofridas pelos homens são resultado de depressão mental.
2. Por ser o amor de Deus tão grande e inalterável, o doente deve ser estimulado a confiar nEle e ficar esperançoso. Estar ansioso quanto a si mesmo tende a causar fraqueza e doença. Se eles se erguerem acima da depressão e da tristeza, será melhor sua perspectiva de restabelecimento; pois “os olhos do Senhor estão... sobre os que esperam na Sua misericórdia” (Salmo 33:18).
3. Lembre-se de que, em sua vida, a religião não deve ser uma simples influência entre outras. Deve ser a influência dominadora sobre todas as outras. Seja estritamente temperante. Resista a toda tentação. Não faça concessão ao astuto inimigo. Não dê ouvido às sugestões que ele põe nos lábios de homens e mulheres. Você tem uma vitória a alcançar. Tem nobreza de caráter para conseguir; mas isso não se consegue enquanto estiver deprimido e desanimado pelo fracasso. Quebre os laços com que Satanás o tem prendido. Não há necessidade de ser escravo dele. “Vós sereis Meus amigos”, disse Cristo, “se fizerdes o que Eu vos mando” (João 15:14).
4. Vendo a iniquidade ao nosso redor, nos alegramos pelo fato de Cristo ser o nosso Salvador, e nós os Seus filhos. Deveríamos então contemplar a iniquidade, demorando-nos no lado escuro? Se não podemos acabar com ela, pelo menos falemos de algo que seja mais elevado, melhor e mais nobre.
5. O nosso corpo é composto do alimento que assimila. Ora, dá-se o mesmo com nossa mente. Se fizermos a mente demorar-se nas coisas desagradáveis da vida, não teremos esperança alguma. Precisamos demorar-nos nas cenas prazenteiras do Céu. Diz Paulo: “Nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória” (2 Coríntios 4:17).
6. Não ceda à depressão, mas deixe que a confortadora influência do Espírito Santo seja bem-vinda em seu coração, para lhe dar conforto e paz. Se quiser obter preciosas vitórias, encare a luz que procede do Sol da justiça. Fale em esperança e fé, e ações de graças a Deus. Seja animada, esperançosa em Cristo. Aprenda a louvá- Lo. Esse é o grande remédio para as doenças da mente e do corpo.
7. Quando falamos de desânimo e tristeza, Satanás escuta com perversa alegria; pois agrada-lhe saber que colocou mais uma pessoa em sua escravidão. Satanás não pode ler nossos pensamentos, mas pode ver nossos atos, ouvir nossas palavras; e graças ao seu longo conhecimento da família humana, ele pode adaptar suas tentações de modo a prevalecer-se de nossos pontos fracos de caráter. E quantas vezes lhe permitimos penetrar no segredo de como pode alcançar vitória sobre nós! Oh, se controlássemos melhor nossas palavras e ações! Como nos tornaríamos fortes se nossas palavras fossem de tal espécie que não nos tivéssemos que envergonhar ao defrontar com o registro delas no dia do juízo! No dia de Deus, quão diferentes elas se mostrarão do que pareciam quando as pronunciamos!
8. Quando a depressão nos envolve, isso não é evidência de que Deus tenha mudado. Ele é o mesmo “ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus 13:8). Estamos seguros do favor de Deus quando somos sensíveis aos raios do Sol da justiça; mas se nuvens pairarem sobre nós, não nos devemos sentir abandonados. Nossa fé tem de atravessar as sombras, os olhos devem ser simples e todo o corpo estará pleno de luz. As riquezas das graças de Cristo têm de ser conservadas na mente. Entesouremos as lições que Seu amor oferece. Seja nossa fé semelhante à de Jó, para que possamos declarar: “Ainda que Ele me mate, nEle esperarei” (Jó 13:15). Apeguemos às promessas de nosso Pai celestial, e lembremo-nos de Seu antigo trato conosco e com os Seus servos; pois “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28).
9. O verdadeiro cristão não permite que consideração alguma terrena se interponha entre sua vida e Deus. Os mandamentos de Deus exercem uma saudável influência sobre suas afeições e atos. Se cada um dos que buscam o reino de Deus e Sua justiça estivesse sempre pronto para fazer as obras de Cristo, quanto mais fácil seria o caminho para o Céu! As bênçãos de Deus fluiriam e os louvores ao Senhor estariam continuamente em nossos lábios. Serviríamos então ao Senhor por princípio. Nossos sentimentos poderiam nem sempre ser de natureza alegre; as nuvens por vezes ensombrariam o horizonte de nossa vida; mas a esperança do cristão não repousa sobre a base arenosa dos sentimentos. Os que agem movidos por princípios contemplarão a glória de Deus para além das sombras, e descansarão na segura palavra da promessa. Não se deixarão deter de honrar a Deus, por mais escura que a estrada possa parecer. A adversidade e as tribulações tão-somente lhes oferecerão oportunidade para mostrar a sinceridade de sua fé e amor.
10. Se eu olhasse às negras nuvens — as perturbações e perplexidades que aparecem em meu trabalho — eu não teria tempo para fazer qualquer outra coisa. Sei, porém, que há luz e glória para além das nuvens. Pela fé, atravesso as trevas, rumo à glória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário