Há homens que ficam nos púlpitos como pastores, professando alimentar o rebanho, enquanto as ovelhas estão morrendo por falta do pão da vida. Há longos e arrastados discursos grandemente compostos de narrativas de anedotas; mas o coração dos ouvintes não é tocado. Pode ser que os sentimentos de alguns sejam tocados, podem derramar algumas lágrimas, mas seu coração não foi quebrantado. O Senhor Deus do Céu não pode aprovar muito do que é trazido ao púlpito pelos que professam estar falando a Palavra do Senhor. Não inculcam idéias que sejam uma bênção para os que o ouvem. Alimento barato, muito barato é colocado diante do povo.
Quando o orador, de maneira descuidada se intromete em qualquer parte, tomado pela fantasia, quando fala de política ao povo, está misturando fogo comum com o sagrado. Ele desonra a Deus. Não tem verdadeira evidência de Deus de que esteja falando a verdade. Comete para com seus ouvintes um grave mal. Pode plantar sementes que poderão lançar bem fundo suas fibrosas raízes, e elas brotam dando um fruto venenoso. Como ousam os homens fazer isso? Como ousam adiantar ideias quando não sabem com certeza de onde vieram, ou se são a verdade?
Lembrar-se-ão os nossos irmãos de que vivemos em meio aos perigos dos últimos dias? Lede Apocalipse em relação com Daniel. Ensinai essas coisas. Sejam os discursos curtos, espirituais e elevados. Esteja o pregador cheio da Palavra do Senhor. Saiba cada homem que vai ao púlpito que tem anjos do Céu em seu auditório. E quando esses anjos esvaziam de si mesmos o óleo de ouro da verdade, no coração daquele que está ensinando a Palavra, então a aplicação da verdade será uma questão solene e séria. Os mensageiros angélicos expulsarão do coração o pecado, a menos que a porta do coração esteja trancada e se recuse admitir a Cristo. Cristo Se retirará daqueles que persistem em recusar as bênçãos celestiais que lhes são tão livremente oferecidas.
O Espírito Santo está fazendo Sua obra nos corações. Mas se os ministros não tiverem recebido primeiro Sua mensagem do Céu, se não tiverem retirado sua própria provisão das correntes refrigeradoras e doadoras de vida, como poderão eles deixar fluir aquilo que eles não receberam? Que pensamento o de que almas famintas e sedentas são despedidas vazias! O homem pode dar em profusão todo o tesouro de seus conhecimentos, pode exaurir as energias morais de sua natureza e ainda assim nada realizar, porque ele mesmo não recebeu o óleo de ouro dos mensageiros celestes; portanto não pode este fluir dele comunicando vida espiritual ao necessitado. As boas novas de alegria e esperança devem vir dos Céus. Aprendei, oh, aprendei de Jesus o que significa estar em Cristo.
Se o ministro cristão recebe o óleo de ouro, tem vida; e onde há vida, não há estagnação, nem mesquinha experiência. Há constante crescimento até à estatura completa de Cristo Jesus. Se tivermos uma experiência profunda e crescente nas coisas celestiais, andaremos com o Senhor, como Enoque andou. Em vez de consentir nas propostas de Satanás, há a mais fervorosa oração pela unção celestial, para que possamos distinguir do comum o que é direito, o que é nascido do Céu.
Se estivermos lutando na força do Poderoso, estaremos do lado que finalmente ganhará. No fim, venceremos. O maior trabalho, as cenas mais perigosas estão diante de nós. Devemos enfrentar o conflito mortal. Estamos para ele preparados? Deus ainda fala aos filhos dos homens. Fala de muitas e diferentes maneiras. Ouvirão Sua voz? Colocaremos confiantemente nossa mão na Sua, dizendo: “Dirige-me, guia-me”?
Há religião barata em abundância, mas não há uma coisa que se possa chamar cristianismo barato. O eu pode aparecer em grande parte na falsa religião, mas não pode aparecer na experiência cristã. Sois coobreiros de Deus. “Sem Mim”, disse Cristo, “nada podeis fazer.” Não podemos ser pastores do rebanho a menos que sejamos despojados dos nossos hábitos, maneiras e costumes peculiares, e alcancemos a semelhança de Cristo. Quando comemos Sua carne e bebemos o Seu sangue, então se encontrará no ministério o elemento da vida eterna. Não haverá uma reserva de idéias antiquadas, e frequentemente repetidas. Haverá uma nova percepção da verdade.
Alguns dos que ficam no púlpito fazem com que os mensageiros celestiais que estão no auditório deles se envergonhem. O precioso evangelho que tanto tem custado para ser levado ao mundo, é injuriado. Há palestra comum e barata; atitudes grotescas, contorções das feições. Alguns são fluentes, outros de enunciação pesada, indistinta. Todo aquele que ministra diante do povo deve sentir ser seu solene dever controlar-se. Primeiro deve entregar-se completamente ao Senhor numa inteira renúncia própria, determinando não ter nada de si mesmo, mas tudo de Jesus.
A Palavra é a luz do pregador, e conforme o óleo de ouro flui das oliveiras celestiais para o vaso, faz com que a lâmpada da vida brilhe com uma clareza e poder que todos discernirão. Aqueles que têm o privilégio de ficar sob tal ministério, se seu coração for susceptível à influência do Espírito Santo, sentirão vida interior. O fogo do amor de Deus dentro deles se acenderá. A Bíblia, a Palavra de Deus, é o pão da vida. Aquele que alimenta o rebanho de Deus deve ele próprio comer primeiro do pão que desceu do Céu. Verá a verdade a cada lado. Não se aventurará a chegar diante do povo enquanto não tiver primeiro comungado com Deus. Então é levado a trabalhar como Cristo trabalhou. Respeita as mentes variadas que lhe compõem o auditório. Tem uma palavra que toca o caso de todos, não idéias mundanas que confundem. Não tem ele direito de introduzir as perplexidades mundanas. O pão da vida satisfará toda fome da alma.
Ellen G. White - Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pp. 336-339
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