sexta-feira, 29 de julho de 2022
RESPEITO
terça-feira, 26 de julho de 2022
NÃO ESCRAVIZE OS AVÓS!
quarta-feira, 20 de julho de 2022
EVANGELHO AÇUCARADO E SUPERFICIAL
segunda-feira, 18 de julho de 2022
O ÓDIO POLÍTICO NA IGREJA EVANGÉLICA
VARÍOLA DOS MACACOS
sexta-feira, 15 de julho de 2022
RECADO URGENTE PARA UM MUNDO SURDO
quinta-feira, 14 de julho de 2022
LIVRE ARBÍTRIO
O tema sobre o efeito do pecado sobre nós, e sobre a natureza do livre arbítrio tem sido estudado e discutido há séculos, sem uma conclusão unânime. Vou compartilhar alguns conceitos para estimular seu pensamento. Quero iniciar com um paradoxo: A Bíblia afirma que temos livre arbítrio, mas ensina que somos escravizados pelo pecado. Considere o paradoxo e pense sobre ele.
1. Escravizados pelo Pecado
A queda de Adão e Eva alterou radicalmente a natureza humana. O coração, centro racional e volitivo do ser humano, foi corrompido: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9). O dano foi irreparável; os seres humanos não são apenas incapazes de se compreenderem, também enganam-se uns aos outros. Nenhuma dimensão da natureza humana ficou livre do toque do pecado; assim, ninguém é justo (Romanos 3:10) ou naturalmente busca a Deus (Salmos 53:2-3; Efésios 2:1-3).
O pecado é uma realidade humana. Isaías escreveu: “Somos como o impuro – todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniquidades nos levam para longe” (Isaías 64:6); até os melhores seres humanos estão contaminados com nosso estado pecaminoso. Há uma inimizade natural contra Deus no coração humano que nos incapacita de procurar e de fazer o bem, ou de nos submetermos à Sua vontade (Romanos 8:7). Somos controlados pelos desejos pecaminosos e egoístas de nossa natureza caída (Romanos 8:6-8). A situação é desesperadora porque não há nada que possamos fazer para mudar essa realidade (Jeremias 13:23). Os seres humanos vivem sob o domínio do pecado, governados por um déspota e incapazes de fazer o que, talvez, gostariam de fazer (Romanos 6:16; conforme Romanos 7:18-23).
E o livre arbítrio?
2. A Situação do Livre Arbítrio
Permita-me dar uma definição de livre arbítrio: é o poder de escolha, independente de condições e forças internas ou externas as quais não podemos controlar. Se, é verdade que somos escravizados pelo pecado, então, é difícil falar sobre liberdade de escolha. Mas, se este é realmente o caso, é impossível falar de nossa responsabilidade sobre nossos atos. No entanto, a doutrina bíblica de julgamento e castigo admite que temos livre arbítrio. Podemos argumentar que o pecado não obliterou a imagem de Deus em nós e, portanto, temos livre arbítrio (Romanos 3:23). Se ele faz parte da imagem de Deus e de nossa humanidade, então ainda o temos. Isso, porém, deve ser apropriadamente compreendido. O livre arbítrio que temos, está deteriorado e corrompido. A pergunta agora é: quão deteriorado está ele?
Deixa-me sugerir algo: O pecado mudou a ênfase da função do livre arbítrio, das decisões altruístas que beneficiavam os outros, para a autopreservação. A situação é tal que não há nada que possamos fazer a respeito. O livre arbítrio ainda está sob o poder do pecado!
3. Deus Conosco
Se o livre arbítrio é a ferramenta para atualizar meu egoísmo e minha corrupção, então não é livre coisa nenhuma, e a questão de sermos responsáveis por nossos atos não foi resolvida. Como saímos desse dilema? “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!” (Romanos 7:25). Após a queda, o Filho de Deus não nos abandonou (Apocalipse 13:8). Desde aquele momento Deus está trabalhando no coração humano, convidando cada indivíduo para a verdadeira liberdade do poder do pecado. Por meio do trabalho do Espírito, Deus tem criado nos corações humanos o desejo e a disposição de escolher o bem. Essa graça divina invade o planeta, toma a iniciativa, alcança cada indivíduo (João 1:9), e desperta o livre arbítrio, capacitando os seres humanos a escolher a Cristo ou a continuarem sendo escravos do pecado, que é sua tendência natural. Esse silencioso trabalho do Espírito faz-nos responsáveis por nossas decisões.
Verdadeira liberdade há somente em Cristo.
Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventist World)
quarta-feira, 13 de julho de 2022
CULTURA DO ÓDIO
terça-feira, 12 de julho de 2022
ACEPÇÃO DE PESSOAS
Na verdade, Deus condena o favoritismo, pois isto vai contra ao Seu caráter e amor. A Bíblia diz em Malaquias 2:9: “Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei.” A discriminação religiosa é abominável a Deus. Para Ele, todos somos pecadores e carecemos da Sua graça.
"Portanto, sendo os filhos de Deus um em Cristo, como considera Jesus as classes, as distinções sociais, a separação do homem de seus semelhantes, por causa da cor, da raça, posição, riqueza, nascimento ou realizações? O segredo da unidade encontra-se na igualdade entre os crentes em Cristo. A razão de todas as divisões, discórdias e diferenças encontra-se na separação de Cristo. Cristo é o centro para o qual todos devem ser atraídos; pois quanto mais nos aproximamos do centro, tanto mais nos aproximaremos uns dos outros em sentimento, em simpatia, em amor, crescendo no caráter e imagem de Jesus. Para Deus não há acepção de pessoas"[1]
"É impossível estar unido a Cristo e todavia ser desamorável para com outros, e esquecido de seus direitos. Muitos há que anseiam intensamente por amorosa compaixão. Deus deu a cada um de nós uma identidade particular, nossa própria, que não se pode dissolver na de outro; mas nossas características individuais serão muito menos preeminentes se na verdade pertencemos a Cristo e Sua vontade for a nossa"[5].
Referências[1] Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 259
[2] O Desejado de Todas as Nações, p. 150
[3] Testemunhos Seletos, v. 3, p. 387
[4] Evangelismo, p. 369
[5] Mente, Caráter e Personalidade, vol. 1, p. 85
segunda-feira, 11 de julho de 2022
JEITO BÍBLICO DE DISCUTIR POLÍTICA
sexta-feira, 8 de julho de 2022
EXCREMENTO NA CARA
quinta-feira, 7 de julho de 2022
NOVO HINÁRIO
- Tratava-se de uma compilação de cânticos que estiveram presentes em coletâneas e hinários anteriores à organização institucional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, como nas coletâneas editadas por Tiago White.
- Quase a totalidade do repertório vinha de hinários de outras igrejas protestantes. Alguns daqueles hinos são cantados ainda hoje, como “Rocha Eterna”, “Oh Que Amigo em Cristo Temos” e “Foi na Cruz”.
- O repertório, selecionado por Urias Smith e Tiago White, trazia cânticos separados por seções como Bíblia, Sábado, Batismo, Ceia do Senhor, Funeral, Segundo Advento, Juízo, Devoção Familiar, etc.
Essas três características – compilação de cânticos conhecidos, abertura a cânticos de outras denominações evangélicas e seções temáticas – também estão presentes no novo hinário adventista.
Vários hinos tradicionais amados pelas congregações continuam no repertório e somam-se a cânticos mais recentes, alguns bem conhecidos na voz de grupos como Arautos do Rei e Novo Tom, e outros já gravados nos CDs Jovens nos anos 1990 e 2000. Isso não é uma novidade, pois o Hinário Adventista do Sétimo Dia lançado em 1996 incluiu cânticos que haviam sido parte do repertório de grupos vocais como Prisma e Arautos do Rei, e outros que estavam presentes nas coletâneas jovens dos anos 1970, como “Lado a Lado”, “Deus é Tão Bom” e “Caminhando”.
Curiosamente, ao serem integrados ao hinário oficial da igreja, esses cânticos, chamados antigamente de “corinhos”, passaram a ser “hinos”. É interessante ver como a passagem do tempo e o selo institucional atuam no processo de sacralização ou, no mínimo, de consagração das músicas. O que era chamado de “corinho”, ou seja, um cântico inferior, supostamente passageiro, a que nem sempre se dava a chancela de sacro, passou a ser visto como um hino honorável, respeitável, e, 30 anos depois, até tradicional.
Nessa perspectiva, podemos prever que os cânticos provindos dos CDs jovens e infantis incluídos no novo hinário estarão em breve revestidos de uma sacralidade que nem sempre lhes foi concedida desde que foram lançados há 5, 10, 20 anos.
A terceira característica comum aos hinários dos pioneiros do adventismo e ao novo hinário é o objetivo de ressaltar a identidade doutrinária da igreja. Essa prática não é uma invenção adventista, visto que Martinho Lutero, juntamente com outros músicos e teólogos da Reforma Protestante, fazia da música uma ferramenta pedagógica capaz de instruir os novos crentes a respeito de temas caros à Reforma, como a preeminência da Bíblia, o papel mediador de Cristo, a graça redentora e a salvação por meio da fé.
Os fundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia também acreditavam na força educativa dos cânticos. Por isso, seus hinários apresentavam um índice temático em que os hinos selecionados incorporavam a interpretação bíblica distintiva que ressaltava o sábado, o segundo advento e o juízo, mas também reunia doutrinas comuns a outras igrejas evangélicas. Naquele tempo, para suprir a falta de músicas sobre o sábado e o segundo advento, os editores alteravam a letra (hymn) e preservavam a melodia (tune) conhecida. Não é por acaso que o primeiro hinário oficial adventista se chamava Hymns and Tunes For Those Who Keep God’s Commandments and Have the Faith in Jesus (Hinos e melodias para aqueles que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé em Jesus, em tradução livre). Um título bastante revelador da percepção teológica da igreja, ainda que apresente certo senso de exclusividade, aliás, bastante característico de denominações evangélicas organizadas nos séculos 18 e 19.
A comissão responsável pela edição do novo hinário recebeu a tarefa de enfatizar as doutrinas por meio da música. De fato, essa estratégia pode ajudar não apenas na escolha de um hino adequado para determinada temática abordada em um sermão, como também serve de instrumento pedagógico da identidade teológica do adventismo. Vale lembrar que, embora o hinário tenha incorporado hinos sobre temas distintivos da teologia adventista, esses hinos ocupam uma pequena parte do repertório. Assim como nos hinários anteriores, o espaço mais amplo é concedido aos temas comuns do cristianismo.
Falei sobre aspectos históricos e temáticos do hinário, mas agora temos uma questão prática: num tempo de acesso facilitado a áudios e vídeos de novos grupos musicais e de diferentes comunidades evangélicas, o hinário não corre o risco de parecer algo antigo, e até obsoleto?
Vivemos em uma sociedade de produtos efêmeros, que perdem sua utilidade rapidamente. Na lógica de consumo contemporâneo, os bens culturais (como a música) se tornam mercadoria e acabam sendo tratados como os próprios aparelhos nos quais são ouvidos ou assistidos. Isto é, quando surge um novo modelo, o antigo é facilmente descartado. Rádios, TVs e toca-CDs se tornaram peças tradicionais diante da possibilidade de se ouvir e assistir o que se quer na tela dos smartphones. O avanço tecnológico tornou mais facilitada a gravação musical e a divulgação e circulação de música feita por cristãos. Isso gerou um cenário em que inúmeros grupos e cantores evangélicos disponibilizam semanalmente músicas e vídeos. Canções novas envelhecem rapidamente, seja pelo consumo e exibição midiática intensas que geram saturação ou pela simples adesão dos ouvintes a uma novidade musical recém-lançada.
Nessa perspectiva de troca incessante de repertório e de rápida saturação de uma música, principalmente entre as gerações que crescem nesse cenário musical-tecnológico-comercial, nenhum repertório cria raízes. Os diretores de música das igrejas têm acesso livre a novos cânticos, podem aprender uma nova música numa semana, ensiná-la à igreja no sábado e depois de 6 meses talvez ninguém mais esteja cantando essa música. As congregações podem se acostumar com esse processo de obsolescência musical. Em certo sentido, o novo hinário vem se contrapor a essa tendência da transitoriedade.
Sugiro então algumas formas de incentivar o uso do hinário. Obviamente, o hinário não é o livro musical de uso exclusivo dos adventistas. Aliás, nenhum hinário ou coletânea tirou de circulação outros cânticos. Mas podemos valorizá-lo pela nossa maneira de o enxergarmos:
- O hinário pode ser visto como um modelo da música congregacional. A abordagem multitemática, a acessibilidade melódica, a justeza poética e a fundamentação teológica podem ser usadas em favor de um movimento de incentivo aos jovens compositores, rapazes e moças que ainda são estudantes de música e sonham em desempenhar um ministério musical na igreja. O hinário pode motivá-los a compor sobre temas variados com beleza poética, força teológica e melodia acessível à congregação.
- O hinário é a Bíblia cantada. Os hinos selecionados conduzem a passagens e contextos bíblicos que servem de inspiração, conforto e comunhão. Geralmente, as músicas atuais de adoração são monotemáticas, tendo como tema predominante o louvor à grandeza de Deus. O hinário, até pelo fato de comportar muito mais músicas, é multitemático, aborda os mais variados temas e doutrinas, respondendo a um universo de situações vividas pelos fiéis no seu dia a dia. O uso do hinário nos cultos individuais e familiares sempre será um facilitador na transmissão e confirmação de princípios, crenças e valores espirituais, além de proporcionar a quem canta (crianças, jovens e adultos) a oportunidade de entoar um hino sobre temas nem sempre favorecidos em sermões ou gravações musicais.
- O hinário é uma ponte entre o passado e o presente da igreja. Os pioneiros da igreja também cantaram músicas que estão no novo hinário. Em seu tempo de vida, eles vibravam com a graça, a salvação e o advento de Cristo quando entoavam esses mesmos hinos que hoje as congregações adventistas podem cantar. Essa percepção nos coloca no mesmo caminho que eles trilharam, nos lembra que continuamos no mesmo rumo, que carregamos a mesma chama. Também nos dá um senso de comunidade, de história, de expressão da mesma razão para agradecer e dar continuidade à jornada.
Pouco adianta ter um novo livro e novas músicas se, ao cantar, não tivermos a atitude sincera de adoração. Tal atitude não diz respeito aos sinais exteriores, como gestos físicos e volume de voz. Claro, o entusiasmo da fé pode levar as pessoas a cantar mais forte e com mais gestos. Mas o sentimento de gratidão e esperança não se revela somente na exterioridade. Deus vê além do gesto. Deus vê o coração de quem O adora em espírito e em verdade, em sinceridade de coração, com propósito de cultuar, com a mente renovada por Cristo.
Cantemos num novo hinário!
JOÊZER MENDONÇA, doutor em Musicologia (Unesp) com ênfase na relação entre teologia e música na história do adventismo, é professor na PUC-PR e autor dos livros Música e Religião na Era do Pop e O Som da Reforma: A Música no Tempo dos Primeiros Protestantes (via Revista Adventista).