quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

ADVENTISTA SOBREVIVENTE DA TRAGÉDIA DA BOATE KISS

Dez anos de uma dor que não passa. Mesma dor do dia 27 de janeiro de 2013. O incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, completou dez anos sem punições aos responsáveis. Nessa década, familiares e amigos das 242 vítimas tentam manter memórias vivas enquanto lutam por justiça. A maioria das vítimas sofreu asfixia depois de inalar gases tóxicos, liberados pela queima do revestimento de espuma instalado no local, atingido pelas chamas de um artefato pirotécnico. Mais de 600 pessoas ficaram feridas. 

Débora Parode Assumpção foi uma das sobreviventes. Débora não era a única adventista no local do incêndio. “O cenário era de guerra. Corpos nas calçadas, gente passando mal, pessoas desesperadas. No meio dos mortos, uma garota fazia massagem cardíaca numa loira estendida no chão. As duas se conheciam da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas apenas Débora Parode Assunção, que estava inconsciente, ainda frequentava os cultos. A outra havia sido desbravadora quando mais nova, porém não mais ia à igreja. Casualmente, as duas foram à balada mortal e acabaram se encontrando ali, no chão do estacionamento, em frente à casa noturna”, narra o jornalista Rafael Acosta, autor do livro-reportagem 242 – O Quarto Vazio, desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso.

Moradora de uma cidade universitária em que mais de 16% da população têm entre 15 e 34 anos, Débora era uma jovem ativa na igreja. Ela frequentava uma pequena congregação onde cuidada de uma classe da Escola Sabatina para crianças, “tarefa que cumpria com dedicação, pois gostava dos pequenos e conhecia a importância do cargo”, segundo menciona o texto.

Débora afirma que só foi àquele lugar porque estava passando por um momento difícil. “Recentemente, havia terminado o namoro. Estava triste com o fim do relacionamento, e as amigas, com o propósito de ajudá-la naquele comento difícil, a convidaram para ir à festa da Kiss. Débora se sentia dividida. Sabia que a danceteria não era o tipo de lugar apropriado para cristãos. Mesmo assim, teve vontade de ir. Depois da insistência das amigas, cedeu e aceitou o convite. Já na balada, por volta das 3 horas da manhã, enquanto se divertia, o incêndio começou. Ela estava longe do palco e não viu o fogo. Mas, quando notou a fumaça, tentou escapar. Durante a fuga, ficou presa entre a multidão. Os frequentadores que estavam à sua frente foram barrados à saída, impedindo a passagem dos outros, e os que vinham atrás a espremiam. A pressão foi tão grande que ela sentiu como se suas costelas fossem quebrar. Não tinha como se movimentar, estava presa. ‘Jesus, tira-me daqui, eu não quero morrer!’, gritava, enquanto a fumaça se espalhava pelo prédio. Sem perceber, inalou a substância tóxica e desmaiou.

Ela foi salva pelo segurança Rodrigo Moura Ruoso, que a tirou do meio da aglomeração. Do lado de fora da boate, após recobrar a consciência, sofreu uma parada cardiorrespiratória. A ex-desbravadora que estava por perto realizou os primeiros socorros. Débora sobreviveu. Assista esses dois testemunhos de Débora de 2014 e 2017:


2 comentários:

  1. Adventista não vai a boates. Por isso o título da reportagem possui incoerência. Além disso, ela não está na igreja. Eu moro aqui em Santa Maria, RS, e essa Débora não está na igreja.

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  2. Olá... Débora era adventista na época da tragédia. Não há, portanto, incoerência no título. Lamento que não esteja frequentando a igreja no momento. E adventista faz coisas bem piores do que ir a boates, infelizmente. Fazemos péssimas escolhas o tempo todo, como reconhece Débora em seu testemunho. Obrigado pela participação, e fique com Deus.

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