quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

NOSSA ALMA É IMORTAL?

“Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gênesis 2:7).

A aritmética bíblica da criação do homem está descrita no verso acima. Pó da Terra + Fôlego de Vida = Alma ou ser vivente. Observe que o homem passou a “ser uma alma vivente” e não “ter” uma alma vivente. Essa compreensão faz toda a diferença. Em outras palavras, o homem é uma alma vivente (ou ser vivente), e não possui uma alma, pois ele é “alma vivente”.

A ideia de que existe uma entidade independente do corpo, chamada de alma, que sobrevive à morte do corpo, provém do paganismo e do platonismo. Ao contrário disso a Bíblia apresenta o conceito de que o ser humano é um todo indivisível (corpo, alma, espírito). Portanto, na morte ocorre o processo inverso da vida. Após perder o fôlego de vida (espírito), o coração deixa de bater e ocorre a morte cerebral. Não há uma entidade independente do corpo que resiste à morte. O ser como um todo deixa de viver, pois morreu.

Note que a Bíblia diz que o homem foi feito do pó da terra (Gênesis 2:7) e para lá ele volta quanto morre (Gênesis 3:19). O corpo é matéria que é composto de vários elementos químicos que encontramos na terra. O espírito não é outra coisa senão o fôlego de vida que volta para Deus que o deu (Eclesiastes 12:7). Quando morremos o fôlego volta para Deus que é o doador da vida e na ressurreição ele nos dará de volta igual da primeira vez quando nos criou. Não se deve confundir esse fôlego como uma entidade espiritual e imaterial que volta para Deus. É tão somente o poder vital que Deus possui e usa para nos conceder vida.

Em nenhum lugar a Bíblia se refere à alma como uma entidade imortal, capaz de viver independentemente de nosso corpo. Nem fala do espírito como uma entidade que possa existir à parte de nossa natureza física. Não fomos criados com partes independentes temporariamente interligadas, mas com um corpo, alma e espírito em um todo indivisível.

No Antigo Testamento, a palavra hebraica ruach aparece 377 vezes e é traduzida como “vento”, fôlego” ou “espírito” (Gênesis 8:1), “princípio vital” (Gênesis 6:17; 7:22), “coragem” (Josué 2:11), “vitalidade’ ou ‘força’ (Juízes 15:19), ‘disposição” (Isaías 54:6) e ‘caráter moral’ (Ezequiel 11:19).

O ‘espírito’ ou ‘fôlego’ de uma pessoa é o mesmo que o ‘espírito’ ou fôlego’ dos animais (Eclesiastes 3:19 e 20). Esse fôlego volta para Deus por ocasião da morte, e o corpo retorna ao pó, de onde veio (Jó 34:14; Eclesiastes 12:7). No Novo Testamento a palavra grega pneuma é igualmente traduzida como ‘espírito’ ou ‘respiração’.

Nem no Antigo nem no Novo Testamento ruach ou pneuma referem-se a alguma entidade inteligente capaz de existir independentemente do corpo. Na Bíblia, a palavra alma significa literalmente o “ser” por inteiro, como quando Adão passou a viver, ou quando Jesus disse que Sua alma ou Ser por inteiro estava triste.

Portanto é importante ressaltar que no estado de morte não existe mais consciência de nada, nem recordação de Deus, conforme nos ensina a Bíblia (veja Eclesiastes 9:5, 6, 10; Salmos 6:5). Contrário à ideia de que ao morrer alma vai para Deus, Jesus ensina explicitamente que a alma é mortal e que a recompensa para os mortos só ocorrerá quando Ele voltar e ressuscitá-los: “…a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos.” (Lucas 14:14). Dessa forma, temos em Cristo e em Sua segunda vinda a nossa grande esperança de vida eterna.

Antes continuarmos o estudo deste tão sensível tema, cabe esta advertência de Ellen G. White: "O problema da não imortalidade da alma precisa ser tratado com grande cuidado, para que, ao ser introduzido o tema, não surja profunda e excitadora disputa que feche a porta para posterior investigação da verdade. Requer-se grande sabedoria para tratar com a mente humana, mesmo ao apresentar a razão da esperança que há em nós. Qual é a esperança de que temos de dar uma razão? A esperança da vida eterna por meio de Jesus Cristo. Detendes-vos demais sobre determinadas ideias e doutrinas, e o coração dos incrédulos não é abrandado. O tratar de impressioná-lo equivale a malhar em ferro frio" (Evangelismo, 247).

O pernicioso ensino de que o homem é naturalmente "imortal" teve início com Satanás no Éden quando ele declarou que a desobediência a Deus não acarretaria em morte.

Adão e Eva tinham recebido do Criador a seguinte advertência: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gênesis 2:16-17 RA). Posteriormente, Satanás contradisse este alerta afirmando: "É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (Gênesis 3:4-5 RA). Esta insinuação de Satanás foi a primeira declaração de que o ser humano, independente das circunstâncias, era imortal. E essa mentira tem sido considerada como verdade absoluta até os dias de hoje.

Declara Ellen White: "Satanás começou com seu engano no Éden. Disse a Eva: "Certamente não morrereis" (Gn 3:4). Essa foi a primeira lição de Satanás sobre a imortalidade da alma, e ele tem prosseguido com este engano desde aquele tempo até o presente, e o conservará até que termine o cativeiro dos filhos de Deus" (Primeiros Escritos, p. 218).

O relato em Gênesis capítulo 3 não centraliza-se na questão de comer ou não um respectivo fruto, mas envolve lealdade a Deus. Afirma Ellen White: "Apanhar o fruto da árvore proibida pareceu a Eva uma questão insignificante; o fruto era agradável à vista e o sabor parecia desejável para tornar alguém sábio. Mas que terríveis resultados! Não era assunto insignificante perder assim sua lealdade a Deus" (Olhando para o Alto, p. 21). Por meio da incredulidade e desobediência, Adão e Eva aprovaram as palavras de Satanás e caracterizaram o Criador como sendo omisso e mentiroso; demonstraram incontestável violação aos mandamentos da lei de Deus, e para este comportamento a sentença divina é a morte:

"Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei" (1 João 3:4 RA cf. Romanos 5:13).

"A alma que pecar, essa morrerá (...)" (Ezequiel 20:20 RA). "Porque o salário do pecado é a morte (...)" (Romanos 6:23 RA).

"Portanto (...) a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Romanos 5:12 RA).

"Pois tu és pó e ao pó tornarás" (Gênesis 3:19 BJ); este é o destino pronunciado a toda alma pecadora (Ezequiel 18:4), e diversas referências bíblicas apontam a condição pecaminosa da humanidade:

"Ao ver como a Terra se corrompera, pois toda a humanidade havia corrompido a sua conduta, Deus disse a Noé: 'Darei fim a todos os seres humanos, porque a Terra encheu-se de violência por causa deles. Eu os destruirei com a Terra'" (Gênesis 6:12-13 NVI).

"Hei de punir o mundo por causa da sua maldade e os ímpios por causa da sua iniquidade; hei de pôr fim à arrogância dos soberbos, humilharei a altivez dos tiranos. Farei com que os homens sejam mais raros do que o ouro fino, os mortais, mais raros do que o ouro de Ofir" (Isaías 13:11-12 BJ).

"Na verdade, a Terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna. Por isso, a maldição consome a Terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por isso, serão queimados os moradores da Terra, e poucos homens restarão" (Isaías 24:5-6 RA).

"Assim diz o Senhor: 'Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor'" (Jeremias 17:5 NVI).

"Conforme está escrito: Não há homem justo, não há um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus" (Romanos 3:10-11 BJ).

A Bíblia não ensina em parte alguma que o ser humano contenha em si mesmo a imortalidade (cf. 1 João 3:15), ou que exista dentro dele uma "alma" que vive pela eternidade; nenhuma referência bíblica adjetiva as criaturas de Deus como sendo imortais. Diz Ellen White: "Em parte alguma ensina a Palavra de Deus ser a alma do homem imortal. A imortalidade é atributo unicamente de Deus" (Testemunhos para a Igreja 1, p. 344).

Embora o homem não possua o atributo de ser eterno, ele foi criado para estar sempre ao lado de seu Criador, e não para pecar e sucumbir à morte (cf. Ezequiel 33:11, Ezequiel 18:23). A vida eterna que estava a disposição de Adão e Eva era condicional, dependia da fidelidade e amor pleno para com o seu Criador; pois somente Ele detém em Si mesmo a imortalidade: "Ao Rei eterno, o Deus único, imortal e invisível (...) o Único que é imortal e habita em luz inacessível, a Quem ninguém viu nem pode ver" (1 Timóteo 1:17 NVI; 1 Timóteo 6:16 NVI). Esta imortalidade inerente a Deus será concedida àqueles que conquistarem o Seu perdão e permanecerem fiéis a Ele até o fim (Salmos 37:27-29; Apocalipse 2:10; Apocalipse 14:12 cf. Mateus 19:16-19, Apocalipse 12:17):

"Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade" (Romanos 2:7 NVI).

"Mas agora, libertos do pecado e postos a serviço de Deus, tendes vosso fruto para a santificação e, como desfecho, a vida eterna" (Romanos 6:22 BJ).

"Combata o bom combate da fé. Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado (...)" (1 Timóteo 6:12 NVI).

"Ele não só destruiu a morte, mas também fez brilhar a vida e a imortalidade pelo evangelho (...)" (2 Timóteo 1:10 BJ).

"Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna." (Judas 1:21 NVI).

E isto ocorrerá no segundo advento de Jesus, nessa ocasião os redimidos terão seus corpos mortais radicalmente mudados para que possam usufruir a vida eterna prometida por Deus (1 João 2:25):

"Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno" (Daniel 12:2 RA).

"Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória" (1 Coríntios 15:51-54 RA).

"Pois, dada a ordem, com a voz do Arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre" (1 Tessalonicenses 4:16-17 NVI).

Portanto, a vida eterna é algo que deve ser conquistada pelo pecador, visto que não é algo próprio a ele. Ellen White fala: "Temos de lutar para entrar pela porta estreita. Mas esta porta não gira facilmente em seus gonzos. Não admite caracteres duvidosos. É necessário lutarmos pela vida eterna com uma intensidade proporcional ao valor do prêmio que se acha em frente de nós. Não é dinheiro, nem terras, nem posição, mas a posse de um caráter cristão, o que nos abrirá as portas do Paraíso. Não é a dignidade, não são as realizações intelectuais, que nos conquistarão a coroa da imortalidade. Unicamente os mansos e humildes que fizeram de Deus sua eficiência, hão de receber este dom" (Serviço Cristão, p. 188).

"E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna e esta vida está em Seu Filho" (1 João 5:11 BJ cf. João 10:28). 

"Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho também dá vida a quem Ele quer" (João 5:21 NVI cf. João 6:40). 

Deste modo, a ilusória crença de que cada indivíduo retém a imortalidade ou que possua a fictícia "alma" imortal alojada no corpo é absurdamente falsa, e está apoiada em mentira satânica. Diz Ellen White: "A doutrina da imortalidade natural da alma é um erro com que o inimigo está enganando o homem. Este erro é quase universal. A menos que estejamos enraizados e fundados na verdade, seremos colhidos pelos ardis enganosos de Satanás. Precisamos apegar-nos à Bíblia. Se Satanás conseguir fazer-vos crer que existem na Palavra de Deus porções não inspiradas, estará ele, então, preparado para enlaçar a vossa alma. Não teremos segurança, nem certeza no momento mesmo de precisarmos saber que é a verdade" (Evangelismo, p. 249).

Estamos vivendo num importante e interessante período da história terrestre. Necessitamos de mais fé do que tivemos até agora; necessitamos de mais firme apego ao alto. Satanás está trabalhando com todo o poder para obter a vitória sobre nós, pois sabe que tem pouco tempo para trabalhar. Toda espécie de engano está sendo agora introduzida. As verdades mais claras da Palavra de Deus são cobertas com uma multidão de teorias de feitura humana. Erros mortais são apresentados como sendo verdade perante os quais todos devam curvar-se. A simplicidade da verdadeira piedade é sepultada debaixo da tradição. 

A doutrina da imortalidade da alma é uma mentira com que o inimigo está enganando o homem. E a melhor maneira de combater a mentira é apresentar a verdade. E a melhor maneira de conhecer a verdade é através da Palavra de Deus. Satanás procurou obliterar o plano da Salvação através do ensino da imortalidade da alma nas palavras "certamente não morrereis". O homem é mortal por natureza e pela Graça de Cristo um dia ele poderá alcançar a vida eterna (João 17:3). Vale a pena aceitá-lo como o nosso Criador, Autor e Salvador de nossa vida para um dia com Ele morarmos para sempre.

[Com informações de bíblia.com.br | IASD On-line]

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