sexta-feira, 16 de junho de 2023

FOBIAS

Mudar o trabalho, a rota de condução, atividades sociais e de lazer para evitar algo que provoque uma sensação de pavor. Essa é a rotina, sempre alterada, de quem sofre de fobias, um medo persistente, excessivo e irreal de algum objeto, pessoa, animal, atividade ou situação. Classificadas como tipos de transtorno de ansiedade, elas são capazes de interferir muito na qualidade de vida e até ditar o dia a dia de uma pessoa.

O termo “fobia” é derivado do grego “phóbos”, que significa medo. Muitas vezes, as palavras “fobia” e “medo” são utilizadas como sinônimos, entretanto é fundamental saber diferenciá-las.

“Temos medo de situações, mas a fobia é um medo desproporcional. A pessoa com fobia fica apavorada, perde o controle e paralisa. Aquilo acaba com o dia dela, é algo que ela não consegue enfrentar”, explica o médico e psiquiatra Kalil Duailibi, professor da Universidade Santo Amaro (Unisa) e presidente do Departamento de Psiquiatria da Associação Paulista de Medicina (APM).

Prevalência
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país mais com maior número de ansiosos do mundo. Ao menos 18,6 milhões de brasileiros - (9,3% da população) sofrem com algum tipo de transtorno de ansiedade, e as fobias estão inclusas nessa estatística. Além disso, segundo os Institutos Nacionais de Saúde, nos EUA, 20% da população mundial convive com essa condição.

Tipos de fobia
A pessoa fóbica faz uma superinterpretação do perigo inerente ao estímulo que ela percebe como ameaçador. Pode ser um elevador, uma cobra, uma mosca, altura, avião. A variedade é grande: qualquer objeto, ser e situação pode ser temido. Existem incontáveis tipos de fobias específicas. Entre as mais comuns estão:

- acrofobia (medo de altura)
- aerofobia (medo de voar)
- claustrofobia (medo de lugares fechados)
- aicmofobia (medo de agulhas ou objetos pontiagudos)
- hemofobia ou hematofobia (medo de ver sangue)
- escotofobia (medo do escuro)
- aracnofobia (medo de aranhas)
- cinofobia (medo de cães)
- tanatofobia (medo da morte)
- catsaridafobia (medo de barata)

Também há outras curiosas e menos frequentes, como:

- dendrofobia (medo de árvores)
- caetofobia (medo de pelo ou cabelo)
- hielofobia (medo de vidros e cristais)
- crematofobia (medo de dinheiro)
- catisofobia (medo do ato de se sentar)
- coulrofobia (ou medo de palhaços).

Além das fobias específicas, que são mais recorrentes e são deflagradas por situações ou objetos, existe, ainda:

- a fobia social (ou ansiedade social), que ocorre quando uma pessoa está diante de outras, numa festa ou outra situação social;

- e a agorafobia, caracterizada por um medo de ficar sozinho em lugares públicos ou desconhecidos, em que a pessoa sente não ter controle sobre a situação ou não ter escapatória.

Como se pode notar, a fobia é uma tendência a agir respondendo com medo exagerado a uma situação. Como é uma resposta persistente e irracional torna a adaptação do indivíduo ao ambiente muito sofrida porque contribui para impedi-lo de sair de casa, usar transporte público, entrar no elevador, atravessar um túnel, relacionar-se com desconhecidos. É uma forma de prisão ou armadilha adquirida ao longo da existência.

Mas o fóbico desconhece as causas da sua fobia, ou seja, a fobia não é fruto de uma escolha consciente. Antes, é muito mais uma forma de adaptação que a pessoa acolhe para se proteger exageradamente. Ela pode surgir também pela consequência de traumas sofridos, deixando uma hipersensibilidade que não suporta nenhum desconforto.

Quais os fatores de risco?
Por ser algo irracional, não é necessário um trauma para desencadear a fobia. Acredita-se que entre os fatores de risco estão o histórico familiar e o gênero, sendo mais frequente em mulheres.

As fobias costumam começar na infância, mas o agravamento ocorre na adolescência. “É a fase em que se adquire maior independência, então as fobias pioram a partir do momento em que você se expõe mais”, pontua Kalil.

Procure ajuda
Ter a consciência de que é uma condição tratável e buscar ajuda é muito importante para alcançar a melhoria da qualidade de vida. O tratamento costuma envolver psicoterapia, e as que costumam trazer melhores resultados, segundo a literatura médica, são a terapia cognitivo-comportamental (que ajuda a pessoa a identificar o que deflagra suas emoções e modificar comportamentos), e a terapia de exposição (a pessoa é exposta de maneira muito gradual àquilo que lhe desperta medo, sempre com a participação do terapeuta). 

Na Bíblia, podemos encontrar um tratamento como esse sendo executado pelo próprio Deus a um profeta. Em 1 Reis capítulo 19, Elias foge de Jezabel com medo da morte e se esconde em uma caverna. Depois de sucessivas manifestações do poder de Deus, o Senhor fala com Elias por duas vezes com a seguinte pergunta: “Que fazes aqui Elias?” (v. 9 e 13); depois o desafia a vencer seu medo/fobia – pois ele está isolado e pedindo a morte e não simplesmente protegendo a sua vida – enfrentado o que anteriormente o fizera fugir: “Vai, volta ao teu caminho…” (v. 15). Como Deus tem lhe chamado a desafiar seus medos?

Jesus nos preveniu sobre o perigo do desenvolvimento do medo excessivo em nossas vidas quando disse: “Eu vos tenho falado estas coisas, para que tenhais paz em mim. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo eu tenho vencido o mundo” (Jo 16:33).

Temos que entender que nossas emoções negativas causadas por esse mundo de pecado, acumulam-se em nossos corações, devido a um passado sofrido, a traumas, abusos, perdas, rejeições, injustiças, dor, raiva, sentimentos de vingança, baixa autoestima, enfim, todos esses sentimentos e emoções trazem consequências que influenciam o nosso desenvolvimento, causando um desequilíbrio emocional em nossas vidas, fazendo-nos desenvolver fobias. Mas temos um Deus maravilhoso que se compadece de nós e nos tem provido meios de sermos vitoriosos em nossos temores.

“Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós” (1Pe 5:7).

“Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Isaías 41:10).

Fique também com este precioso conselho de Ellen G. White: "Se tomarmos conselho com as nossas dúvidas e temores, ou procurarmos solver tudo que não podemos compreender claramente, antes de ter fé, as dificuldades tão-somente aumentarão e se complicarão. Mas se chegarmos a Deus convencidos de nosso desamparo e dependência, tais quais somos, e com humilde e confiante fé fizermos conhecidas nossas necessidades Àquele cujo conhecimento é infinito, e o qual tudo vê na criação, governando todas as coisas por Sua vontade e Palavra, Ele pode atender e atenderá ao nosso clamor, e fará a luz brilhar em nosso coração. Seja em terra ou no mar, se temos no coração o Salvador, nada há a temer. A fé viva no Redentor acalma o mar da vida, e Ele nos protege do perigo da forma que sabe ser a melhor" (Mente, Caráter e Personalidade 2, p. 475).

Dependendo do caso, podem ser prescritos medicamentos de uso regular para controle da ansiedade, como antidepressivos, ou pontual, ou seja, apenas para situações de maior estresse, como sedativos ou drogas que evitam o aumento da pressão e a taquicardia (coração acelerado).

Como ajudar?
Segundo o psiquiatra, o primeiro passo para ajudar uma pessoa com fobia é não ridicularizar: “A pessoa sofre e muito com isso. Ela sabe que é absurdo, mas não consegue controlar, é irracional. Então, ela precisa da compreensão do próximo. Se gostamos e nos importamos com a pessoa, devemos orientá-la a buscar um tratamento”.

Tentar também lembrar o fóbico ou ansioso de que ele mesmo possa estar contribuindo para seu estado cria nele raiva e negação. Ele reage mal porque avalia como acusação, crítica e atribuição de culpa por algo que desconhece. Mas se ele não reconhece sua contribuição, ao exagerar na interpretação do perigo, dificilmente vai melhorar.

A pessoa não é culpada moralmente pela sua situação, mas é responsável no sentido de responder por seu cuidado pessoal. Nenhuma outra pessoa pode responder pelo modo como nós lidamos com nossos sentimentos. É para isso que somos livres, mas responsáveis. Nossa autonomia nos impõe a necessidade do cuidado pessoal. Cresçamos nessa tarefa com menos fobias!

[Com informações de UOL]

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