Nascimento anunciado por um anjo, figura icônica forjada na obscuridade e na solidão do deserto, profeta de origem sacerdotal vestido com roupa austera feita de pelos de camelo (em vez do traje sagrado de alta qualidade elaborado com ouro, tecido azul, púrpura e linho fino), João Batista entrou em cena como um novo Elias no poder do Espírito, o homem destinado a ligar os dois Testamentos, reformar a sociedade e proclamar uma nova época.
“Preparem o caminho do Senhor! Preparem o caminho do Senhor!”, ele surge cantando num musical dos anos 1970, Godspell (grafia antiga de gospel, “evangelho”), ecoando as palavras iniciais do evangelho de Marcos. Essa frase, por sua vez, vem de um magnífico e inspirado poeta hebreu. Com suas metáforas inesquecíveis e seu toque poético, o profeta Isaías imortalizou a missão do precursor do Messias.
A ideia de preparar o caminho reflete um costume oriental antigo de criar uma estrada “pavimentada” para a visita de um monarca. Estradas são importantes em qualquer país. Segundo um indicador da qualidade de estradas, o Brasil tem o índice 3 numa escala de 1 a 7. Pelo mundo afora, há estradas esplêndidas, em meio à natureza. Mas nenhuma se compara à estrada espiritual pela qual vai passar o Deus que não depende de rodovias.
A tarefa de João Batista no 1º século prefigura a missão da Igreja Adventista hoje. Ao falar da proclamação dele, Ellen White pontua: “Esta é exatamente a mensagem que deve ser dada ao nosso povo; estamos perto do fim do tempo e a mensagem é: Preparem o caminho do Rei” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 410). A lógica é: primeiro advento, uma estrada; segundo advento, outra estrada. Não uma sinuosa estrada física ou digital, mas o reto caminho espiritual. Porém, numa época em que as pessoas necessitam de conforto, será que precisamos mesmo de um João Batista contracultural com seu estilo rústico? Não seria melhor falar de preparo em outro momento? De que maneira preparamos o caminho para o Rei? Veja algumas respostas para a última pergunta, com base no contexto das passagens bíblicas de Isaías (40), Malaquias (4) e dos evangelhos que falam do assunto:
* Consolando o povo de Deus com carinho e dizendo que o tempo de sofrimento acabou e os dias de perdão chegaram.
* Aplanando o terreno do coração, nivelando montes e aterrando vales, abatendo egos exaltados e restaurando autoestimas danificadas.
* Mostrando a transitoriedade humana e a perenidade da Palavra de Deus, o que desperta o desejo por algo estável.
* Criando a consciência da necessidade de arrependimento e mudança radical de vida, o que é sinalizado pelo batismo.
* Proclamando o estabelecimento definitivo do Reino de Deus, momento em que o Céu invade a Terra e o amor, a justiça e a salvação se tornam realidade, criando paz e esperança.
* Apontando para Alguém mais importante do que nós e os líderes humanos, isto é, Jesus Cristo, que batiza com o Espírito Santo e transforma tudo.Unindo o coração de pais e filhos, agrupando judeus e cristãos em torno do Messias.
* Dizendo às cidades e aos campos “Eis aí está o seu Deus!”, o Senhor que virá com braço forte e trará Sua recompensa.
Ser voz no deserto não é confortável. Ser “motoniveladora” espiritual é um desafio. Porém, precisamos remover os obstáculos para a vinda do Senhor. Isso exige mudanças. Somente quem está preparado pode ajudar a preparar um povo para o encontro com o Senhor. Se queremos um mundo novo, precisamos de pessoas novas para habitá-lo. Você deve se voltar para Deus a fim de que Ele volte para você.
Marcos De Benedicto (via Revista Adventista)
Nenhum comentário:
Postar um comentário