sexta-feira, 28 de junho de 2024

O MILÊNIO E A PRISÃO DE SATANÁS

Na Bíblia não está registrada a palavra “milênio”. Está registrado, sim, um período de mil anos, a qual chamamos de milênio. O texto literal diz assim: “Então, vi descer do Céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo” (Apocalipse 20:1 a 3).

Essa profecia anuncia que o diabo será preso e acorrentado por um período de mil anos nos quais não poderá enganar mais ninguém. Como acontecerá isso? Qual será a situação dele durante o milênio? E que tipo de prisão é essa capaz de segurar um inimigo tão poderoso?

Acontece que, por ocasião da volta de Cristo, os remidos vivos e os justos ressuscitados serão transladados para o Céu. Os ímpios vivos morrerão com o resplendor do rosto de Cristo e a Terra ficará desolada. Veja agora como o profeta Jeremias descreve a situação da Terra durante o milênio: “Olhei para a Terra, e ei-la sem forma e vazia; para os céus, e não tinham luz. Olhei para os montes, e eis que tremiam, e todos os outeiros estremeciam. Olhei, e eis que não havia homem nenhum, e todas as aves havia fugido. Olhei ainda, e eis que a terra fértil era deserto, e todas as suas cidades estavam derribadas diante do Senhor, diante do furor de Sua ira” (Jeremias 4:23 a 26).

A prisão de Satanás é simbólica. Ele não estará literalmente atrás das grades. Mas, ao não ter mais a quem tentar na Terra, simbolicamente estará acorrentado às circunstâncias, num planeta destruído fisicamente e com montanhas de cadáveres por todo lado. Vejamos a descrição de Ellen G. White no livro O Grande Conflito sobre o assunto:

"O escritor do Apocalipse prediz não apenas o banimento de Satanás, mas a condição de caos e desolação a que a Terra deve ser reduzida. Ele também declara que tal condição existirá durante mil anos. Aqui deverá ser a morada de Satanás com seus anjos maus durante mil anos. Restrito à Terra, não terá acesso a outros mundos para tentar e molestar os que jamais caíram. É nesse sentido que ele está amarrado: não restou ninguém sobre quem ele possa exercer seu poder. Está inteiramente separado da obra de engano e ruína que, durante tantos séculos, foi seu único prazer. Durante seis mil anos, a obra de rebelião de Satanás tem feito 'estremecer a Terra' (Isaías 14:16). Ele tornou 'o mundo como um deserto' e destruiu 'suas cidades'. 'A seus cativos não deixava ir soltos' (v. 17). Durante seis mil anos, seu cárcere (o sepulcro) recebeu o povo de Deus, e ele queria conservá-los cativos para sempre. Entretanto, Cristo quebrou os seus laços, pondo em liberdade os prisioneiros. […] Durante mil anos, Satanás vagueará de um lugar para outro na Terra desolada, para contemplar os resultados de sua rebelião contra a lei de Deus. Durante esse tempo, seus sofrimentos serão intensos. Desde sua queda, a vida de incessante atividade baniu a reflexão. Agora, porém, ele está despojado de seu poder e entregue a si mesmo não apenas para contemplar a parte que desempenhou desde que se rebelou contra o governo do Céu, mas para aguardar, com temor e tremor, o futuro terrível […] O cativeiro de Satanás trará alegria e júbilo ao povo de Deus. O profeta diz: 'No dia em que Deus vier a dar-te descanso do teu trabalho, das tuas angústias e da dura servidão com que te fizeram servir […], dirás: Como cessou o opressor!' (Isaías 14:3, 4)."

Durante o Milênio, teremos permissão para examinar os registros que Deus tem mantido desde o início da Terra. Você pode ler mais sobre isso em Apocalipse 20:12. Deus vai ler os registros e julgar o caso de cada pessoa que já viveu, e poderemos revisar esses registros. Saberemos, sem sombra de dúvidas, que Deus realmente é um juiz bom e justo. Ellen G. White afirma: "Em união com Cristo, os santos julgam os ímpios, decidindo cada caso de acordo com as ações praticadas no corpo. É determinada a parte que os ímpios devem sofrer, segundo as suas obras, e o registro é feito junto aos seus nomes, no livro da morte" (O Grande Conflito, p. 286).

Nossa Crença Fundamental Adventista do Sétimo Dia nº 27 diz: "O milênio é o reinado de mil anos, de Cristo com Seus santos, no Céu, entre a primeira e a segunda ressurreições. Durante esse tempo serão julgados os ímpios mortos; a Terra estará completamente desolada, sem habitantes humanos com vida, mas ocupada por Satanás e seus anjos. No fim desse período, Cristo com Seus santos e a Cidade Santa descerão do Céu à Terra. Os ímpios mortos serão então ressuscitados e, com Satanás e seus anjos, cercarão a cidade; mas fogo de Deus os consumirá e purificará a Terra. O Universo ficará assim eternamente livre do pecado e dos pecadores".

Finalmente quando esse período de mil anos acabar, os mortos ímpios de todos os tempos juntos com os mortos por ocasião da volta de Cristo, ressuscitarão. O Apocalipse é claro ao dizer: “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos.”

Podemos perceber que o início e o fim do milênio são marcados por duas ressurreições. A primeira, dos justos e a segunda, dos ímpios. Ao mesmo tempo em que os ímpios ressuscitam, Satanás é solto novamente “por pouco tempo”. E agora veja o que ele faz com os ímpios que ressuscitaram. João diz o seguinte: “Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da prisão, e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da Terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como areia do mar” (Apocalipse 20:7 e 8).

Feche os olhos e imagine a cena: Jesus e Seus remidos, depois dos mil anos, descem novamente à Terra, onde será o Lar Eterno. João diz: “Vi também a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, que descia do Céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para seu esposo ” (Apocalipse 21:2).

Nesse momento, o diabo e todo o seu exército de ímpios ressuscitados tentam tomar posse da Cidade. “Marcharam, então, pela superfície da Terra” – narra o Apocalipse – “e sitiaram o acampamento dos santos e a Cidade querida; desceu, porém fogo do céu e os consumiu. O diabo o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 20:9 e 10).

Este será o fim do milênio e também o triste fim da história do pecado. Satanás e seus seguidores, finalmente, serão destruídos e, segundo o profeta, “não se levantará duas vezes a angústia”. Por isso é que usando uma linguagem simbólica, João diz que Satanás e seus seguidores “serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.” Aqui o apóstolo está se referindo às consequências eternas do fim do pecado, de outro modo, a cena do tormento eterno não se encaixaria com o caráter de misericórdia e justiça de Deus. A madeira arde enquanto o que pode ser consumido não acaba; e os ímpios arderão, também, até serem consumidos de todo. E o pecado terá chegado ao fim, pelo séculos dos séculos.

Ellen G. White declara: "O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor" (O Grande Conflito, p. 678).

Ao considerarmos as coisas maravilhosas que Deus tem reservado para nós, convido você a orar comigo agora mesmo. Pai nosso que estás nos céus, obrigado por revelares para nós, no Livro do Apocalipse e em outras partes, o plano maravilhoso que criaste para restaurar esta Terra, onde haverá completa harmonia e paz, graças ao sangue de Jesus Cristo e ao poder de Deus! Obrigado pelo privilégio que teremos de viver Contigo por toda a eternidade, sem nunca mais temer as tentações e as crueldades de Satanás. Obrigado pela promessa de destruir o pecado para sempre! Agora confiamos nossas vidas em Tuas mãos, pelo poderoso nome de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

RESSURREIÇÕES

A expectativa do advento de Jesus e da ressurreição dos mortos não são meras utopias humanas ou “coletes salva-vidas” para momentos de crise existencial. Tratam-se de temas predominantes do Novo Testamento com sólido fundamento profético, natureza cristocêntrica evidente e relevância existencial profunda. Desafiando o curso do tempo, essa esperança chega até nós como um legado valioso e com uma mensagem cada vez mais pertinente.

A Bíblia ensina que haverá uma ressurreição por ocasião da volta de Cristo, que será a ressurreição dos justos (1 Tessalonicenses 4:16); outra ressurreição que será após o período de mil anos, a dos ímpios (Apocalipse 20:5, 6); e uma ressurreição parcial que ocorrerá juntamente com a primeira (Apocalipse 1:7). Mas antes destas, ocorreu uma ressurreição especial de pessoas juntamente com a ressurreição de Jesus (Mateus 27:52, 53).

Primeira ressurreição
O salário do pecado é a morte. Mas Deus, o único que é imortal, concederá vida eterna a Seus remidos. Até aquele dia, a morte é um estado inconsciente para todas as pessoas. Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, os justos ressuscitados e os justos vivos serão glorificados e arrebatados para o encontro de seu Senhor. Ellen White dá uma descrição incrível da primeira ressurreição. Ela escreve: 

"Por entre os tremores de terra, o clarão do relâmpago e o estrondo do trovão, a voz do Filho de Deus chama os santos que dormem. Ele olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos para o céu, brada: “Despertem, despertem, despertem, vocês que dormem no pó, e levantem-se!” Por toda a extensão da Terra, os mortos ouvirão aquela voz, e os que ouvirem viverão. A Terra inteira ecoará os passos do exército extraordinariamente grande de toda nação, tribo, língua e povo. Do cárcere da morte vêm eles, revestidos de glória imortal, clamando: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1 Coríntios 15:55). Os vivos justos e os santos ressuscitados unem as vozes em prolongada e jubilosa aclamação de vitória.

Todos saem do túmulo com a mesma estatura que tinham quando ali entraram. Adão, que está em pé entre a multidão dos ressuscitados, é de grande altura e formas majestosas, de estatura pouco menor que o Filho de Deus. Apresenta assinalado contraste com o povo das gerações posteriores. Basta esse aspecto para revelar a grande degeneração da humanidade. Todos, porém, surgem com a vivacidade e o vigor de eterna juventude. 

No princípio, o ser humano foi criado à semelhança de Deus, não somente no caráter, mas na forma e no aspecto. O pecado desfigurou e quase obliterou a imagem divina; mas Cristo veio para restaurar aquilo que se havia perdido. Ele mudará nosso corpo vil, modelando-o conforme Seu corpo glorioso. As formas mortais, corruptíveis, destituídas de beleza, poluídas pelo pecado, tornam-se perfeitas, belas e imortais. Todos os defeitos e deformidades são deixados no túmulo. Restabelecidos à árvore da vida, no Éden há tanto tempo perdido, os remidos crescerão até à estatura completa da humanidade em sua glória primitiva. Os últimos traços da maldição do pecado serão removidos, e os fiéis de Cristo aparecerão “na beleza do Senhor nosso Deus”, refletindo no espírito, alma e corpo, a imagem perfeita de seu Senhor. Que maravilhosa redenção! Há tanto tempo debatida, há tanto tempo esperada, contemplada com ávida expectativa, mas nunca entendida completamente!" (O Grande Conflito, pp. 644, 645).

Segunda ressurreição
A segunda ressurreição, a ressurreição dos ímpios, ocorrerá mil anos depois da primeira ressurreição dos justos. Ellen G. White assim descreve a segunda ressurreição: 

"Com majestade terrível e pavorosa, Jesus chama então os ímpios mortos; e eles surgem com o mesmo corpo fraco, doentio, que foram à sepultura. Que espetáculo! Que cena! Na primeira ressurreição todos saem com imortal frescor, mas na segunda, os indícios da maldição são visíveis em todos. Os reis e os nobres da Terra, os vis e os desprezíveis, os doutos e os ignorantes, surgem juntamente. Todos contemplam o Filho do homem" (História da Redenção, p. 418).

Essa segunda ressurreição (dos ímpios) não será com o intuito de dar-lhes outra chance de salvação, pois a Bíblia diz que nossa chance é apenas nesta vida (2 Coríntios 6:1-2; Hebreus 3:7-8; Hebreus 9:27) e que a segunda morte não tem autoridade apenas sobre aqueles que participaram da primeira ressurreição (Apocalipse 20:6).

A segunda ressurreição será para destruir definitivamente os ímpios: “Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar. Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu” (Apocalipse 20:7-9). As nações que rejeitaram à Deus, irão ressuscitar e serão enganadas por Satanás e após uma tentativa frustrada de invasão à cidade Santa, serão destruídos definitivamente. Ellen G. White assim descreve: 

"Satanás consegue enganá-los, e todos imediatamente começam a preparar-se para a batalha. Há muitos homens hábeis naquele vasto exército, e constroem todas as espécies de instrumentos de guerra. Então, com Satanás à sua frente, a multidão se põe em movimento. Satanás precipita-se para o meio de seus seguidores, e procura instigar a multidão à atividade. Mas fogo de Deus, procedente do Céu, derrama-se sobre eles e os grandes homens, e os homens poderosos, os nobres, e os pobres e miseráveis, todos são juntamente consumidos" (Primeiros Escritos, p. 294).

Mas não haverá nenhum sofrimento eternizado, isso é contrário ao caráter de um Deus de amor. A pena permanente para o pecado é a separação eterna de Deus, a fonte da vida. Os salvos são poupados disso. Morte eterna significa não existência, em vez de sofrimento infinito.

Ressurreição parcial
E um pouco antes da volta de Jesus, ocorre uma ressurreição parcial, menor. Nesta ressurreição parcial, ressuscitarão para contemplar o Senhor os que transpassaram, crucificaram, zombaram e escarneceram da agonia de Cristo. Ellen G. White assim descreve a ressurreição especial: 

"Abrem-se sepulturas, e 'muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno' (Daniel 12:2). Todos os que morreram na fé da mensagem do terceiro anjo saem do túmulo glorificados para ouvirem o concerto de paz, estabelecido por Deus com os que guardaram a Sua lei. Os que haviam morrido na fé da mensagem do terceiro anjo, guardando o sábado, saíram de seus leitos de pó. 'Os mesmos que O traspassaram' (Apocalipse 1:7), os que zombaram e escarneceram da agonia de Cristo, e os mais acérrimos inimigos de Sua verdade e povo, ressuscitam para contemplá-Lo em Sua glória, e ver a honra conferida aos fiéis e obedientes" (A Fé Pela Qual Eu Vivo, p. 182).

Estas pessoas morrerão três vezes. Primeira morte: a morte natural. Segunda morte: após esta ressurreição especial, depois que tiverem contemplado o Senhor Jesus, voltarão a morrer. Terceira morte: após o milênio ressuscitam para serem exterminados com todos os rebeldes, após reconhecerem que Deus foi justo em todo o seu trato com eles.

Ressurreição com Jesus
De acordo com o evangelho de Mateus, quando Jesus morreu, “os túmulos se abriram, e muitos corpos de santos, já falecidos, ressuscitaram e, saindo dos túmulos depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mateus 27:52, 53). Ellen G. White assim descreve:

“Quando Jesus, suspenso na cruz, clamou: ‘Está consumado’ (João 19:30), as pedras se partiram, a terra tremeu e algumas das sepulturas se abriram. Quando Ele surgiu, vitorioso sobre a morte e o túmulo, enquanto a terra vacilava e a glória do Céu resplandecia em redor do local sagrado, muitos dos justos mortos, obedientes à Sua chamada, saíram como testemunhas de que Ele ressurgira. Aqueles favorecidos santos ressurgidos saíram glorificados. Eram escolhidos e santos de todos os tempos, desde a criação até os dias de Cristo. Assim, enquanto os líderes judeus procuravam esconder o fato da ressurreição de Cristo, Deus preferiu suscitar do túmulo, um grupo a fim de testificar que Jesus ressuscitara e declarar Sua glória. […] Aqueles que saíram após a ressurreição de Jesus, apareceram a muitos, contando-lhes que o sacrifício pelo homem estava completo, e que Jesus, a quem os judeus crucificaram, ressuscitara dos mortos; e, em prova de suas palavras, declaravam: ‘Ressuscitamos com Ele.’ Davam testemunho de que fora pelo Seu grande poder que tinham sido chamados de suas sepulturas. Apesar dos boatos mentirosos que circularam, a ressurreição de Cristo não pôde ser escondida por Satanás, seus anjos, ou pelos principais dos sacerdotes; pois aquele grupo santo, retirado de seus túmulos, espalhou a maravilhosa e alegre nova; Jesus também Se mostrou aos discípulos tristes e com coração despedaçado, afugentando-lhes os temores e dando-lhes satisfação e alegria. […] Depois que Jesus abençoou os discípulos [na ascensão], separou-Se deles e foi recebido em cima. E, ao subir, a multidão de cativos que ressuscitara por ocasião de Sua ressurreição, seguiu-O. Uma multidão do exército celestial estava no cortejo, enquanto no Céu uma inumerável multidão de anjos aguardava a Sua chegada" (Primeiros Escritos, pp. 184, 185 e 190).

Cristo levou consigo esse exército de cativos, ­conduzindo-os ao Céu como troféus de Sua vitória sobre a morte e Satanás. Jesus é as primícias dos que dormem (1 Coríntios 15:20), e aqueles que ressuscitaram com Ele são a primeira expressão de Seu poder de conceder vida eterna aos seres humanos. A ressurreição deles antecipa a ressurreição escatológica dos justos na segunda vinda.

Conclusão
João 5:28, 29 diz: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.

A universalidade da ressurreição não significa que, no último dia, todos serão levados a uma bem-aventurada vida eterna. A Bíblia ensina que Deus julgará a vida de cada ser humano, determinando o destino eterno de cada pessoa que já viveu (Ec 12:14; Rm 2:1-11). A execução da sentença divina, no entanto, não ocorre imediatamente após a morte de cada indivíduo, mas só depois de sua ressurreição. Até então, os salvos e os perdidos dormem inconscientemente no pó. A ressurreição, por si só, não é recompensa nem punição. É a condição prévia para receber a vida eterna ou a condenação.

Jesus indicou que nosso destino será decidido com base na qualidade moral de nossas ações (boas ou ruins). Esse fato, porém, não significa que as obras nos salvam. Ao contrário, Jesus ensinou que a salvação depende exclusivamente de nossa fé nEle como nosso Salvador (João 3:16). Por que, então, as obras são levadas em consideração? Porque elas mostram se nossa fé em Cristo e nossa entrega a Ele são verdadeiras ou não (Tiago 2:18). Nossas obras demonstram se ainda estamos “mortos nos [nossos] delitos e pecados” (Efésios 2:1) ou “mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:11).

No fim dos tempos, haverá duas classes de pessoas: os que escolheram o amor e os que rejeitaram o amor. A grande questão que precisamos responder hoje é: que escolha faremos? Essa decisão irá se refletir na eternidade. Hoje, Deus nos oferece perdão, salvação, a certeza do seu amor e sua Graça! Aceite enquanto há oportunidade, hoje é o tempo aceitável, agora é o momento da salvação! Portanto, levemos a sério o conselho de Paulo: “Façam isso, compreendendo o tempo em que vivemos. Chegou a hora de vocês despertarem do sono, porque agora a nossa salvação está mais próxima do que quando cremos. A noite está quase acabando; o dia logo vem. Portanto, deixemos de lado as obras das trevas e revistamo-nos da armadura da luz” (Romanos 13:11, 12). Em breve nossa esperança se tornará realidade!

quarta-feira, 26 de junho de 2024

GOGUE E MAGOGUE

Hoje estudaremos a última profecia do livro de Ezequiel. Uma intrigante mensagem contra Gogue, da terra de Magogue.

Esta profecia está nos capítulos 38 e 39 de Ezequiel e foi feita em torno do ano de 587 a.C. É uma profecia grande – uma das maiores que encontramos em toda a Bíblia. E de difícil compreensão. As afirmações do eminente comentarista Adam Clarke são valiosas: “É reconhecida ser esta a mais difícil profecia no Velho Testamento. Este estudo é difícil para nós porque não conhecemos nem o rei e nem o povo mencionados por ele: mas estou satisfeito porque eram bem conhecidos no tempo em que o profeta escreveu”.

Vamos conferir alguns trechos dessa profecia? “… profetiza contra ela, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal. Eu te farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o seu exército. Depois de muitos dias serás visitado. No fim dos anos virás a terra que se recuperou da espada, ao povo que se congregou dentre muitos povos sobre os montes de Israel, que sempre estavam desolados. Aquela terra foi tirada dentre os povos, e todos eles habitarão seguramente” (Ezequiel 38:1,3,4,8).

Sempre é bom lembrar que um profeta dava uma mensagem para as pessoas de seus dias e, outras vezes, apresentava profecias para um futuro a médio ou longo prazo. Disso não podemos nos esquecer. Há também um outro detalhe importante: todas as profecias que dizem respeito a glória futura de Israel e de Jerusalém dependiam – ou estavam condicionadas – à obediência do povo (Jeremias 18:7-10). Após o fracasso de Israel, um novo conceito começou a ser apresentado sobre quem era de fato um israelita. O próprio apóstolo Paulo escreveu: “Porque nem todos os que são de Israel, são israelitas” (Romanos 9:6).

Isto nos dá a entender, que além do Israel literal, há também o que passaremos a chamar de o Israel espiritual. As profecias não cumpridas pelo Israel literal, Deus espera vê-las cumpridas pelo Israel espiritual. Em Apocalipse 20:8, temos uma revelação posterior ao que Ezequiel já havia apresentado. “…e sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo numero é como a areia do mar, afim de ajuntá-los para a batalha.”

Precisamos responder algumas perguntas: Quem é Gogue, da terra de Magogue? Que guerra é essa que João menciona no Apocalipse? Quando esta profecia se cumprirá?

Vejamos o que diz o Comentário Bíblico Adventista: "O princípio [para determinar o que é imediato e o que é futuro ou escatológico nesta profecia] pode ser declarado da seguinte forma: as profecias com respeito à glória futura de Israel e de Jerusalém eram primariamente condicionais e dependiam da manutenção da aliança (ver Jr 18:7-10; PR, 704). Elas teriam um cumprimento literal nos séculos subsequentes se Israel tivesse aceitado totalmente os planos de Deus. O fracasso de Israel tornou impossível o cumprimento dessas profecias em seu propósito original. … Ezequiel 38 e 39 teria se cumprido literalmente depois que os judeus retornaram do exílio, caso eles tivessem atendido às condições apresentadas pelos profetas. Pelo fato de eles as haverem recusado persistentemente, a condição de prosperidade aqui retratada nunca se cumpriu. Consequentemente, não pôde haver o ataque combinado dos pagãos contra um povo que habitasse na prosperidade mencionada. A profecia terá uma aplicação futura? … tal aplicação pode ser estabelecida com certeza apenas por uma revelação subsequente. No NT, há apenas uma referência direta aos símbolos usados nesta profecia: Apocalipse 20:8. Nesta passagem, João diz como esta profecia, que teria se cumprido literalmente em época anterior, terá certo grau de cumprimento na luta final contra Deus empreendida pelas hostes dos ímpios, chamadas de Gogue e Magogue. ... Em realidade não há necessidade de encontrar um Gogue nos registros históricos. O mais provável é que Gogue seja um nome ideal empregado por Ezequiel para denominar a ultima força pagã que lançaria um ataque final contra Israel, depois de sua restauração, em um tempo quando os Israelitas estivessem gozando da prosperidade prometida por Deus, como fruto de sua obediência” (p. 773-775).

Andrews Study Bible diz: "Gogue é um misterioso inimigo de Deus e Seu povo, cuja identidade não é clara, provavelmente de propósito. A predição do ataque e derrota de Gogue e seus aliados, contudo, nunca ocorreu na história, mesmo que possa ter ocorrido de forma parcial em algumas circunstâncias … em Cristo … na Igreja. De acordo com o livro de Apocalipse, esta profecia tem cumprimento específico, tanto ao tempo da Segunda Vinda de Cristo quanto ao final do milênio. Jesus é o vitorioso na última guerra (Ap 17:14) e todo aquele que O escolhe, identifica-se e permanece com Ele, pode compartilhar de Sua vitória".

Em resumo, o que poderíamos dizer sobre Gogue, seria isto. É uma palavra que descreve o último ataque de Satanás contra Israel. É bom lembrar que este ataque não aconteceu até hoje ao Israel literal. Também não se conhece quem poderia ser este Gogue, inimigo de Israel. Mas não podemos esquecer que as profecias que não se cumpriram com o Israel literal, poderão se cumprir com o Israel espiritual.

A melhor interpretação para esta profecia é que as palavras Gogue e Magogue são apenas símbolos para descrever os inimigos que surgiriam contra o Israel literal após a volta do cativeiro babilônico. Se eles fossem fiéis a Deus, os inimigos iriam surgir, mas seriam destruídos por Ele.

E quando se cumpriria esta profecia? Segundo Ezequiel 38:8, isto aconteceria após alguns anos do cativeiro em Babilônia. Ao retornarem, iniciariam um processo de reabilitação, restauração e destruição de todos os inimigos de Israel, pois haviam tomado posse das terras que lhes pertenciam. Esta profecia, porém, nunca se cumpriu. Israel nunca esteve disposto a obedecer a Deus por muito tempo.

E que guerra é esta, mencionada no Apocalipse? A interpretação mais aceita é que as palavras Gogue e Magogue usadas em Apocalipse 20:8 e em Ezequiel são apenas para simbolizar as nações ímpias, a quem Satanás reúne depois do milênio para atacar a Cristo e tentar tomar a Nova Jerusalém. Perceba que em todo o capitulo 38 e 39 de Ezequiel há uma descrição da ultima coalizão de nações pagãs contra o povo de Deus. Segundo o apostolo João, Satanás reunirá todas as suas forças, como a última e desesperada tentativa para atacar a Deus e ao povo dEle. "Vista em seus aspectos mais amplos, a batalha aqui descrita é apenas a culminação da luta milenar entre os poderes do mal e o povo de Deus, e há frequente menção disso em profecias anteriores. A mais antiga vem do jardim do Éden, na maldição pronunciada sobre a serpente. … qualquer sucesso da parte do povo de Deus encontra a mais violenta oposição do adversário" (CBASD, vol. 4, p. 780).

Querido leitor, assim é o mal. Ele nunca desiste. Satanás sabe que foi vencido, quando Cristo morreu na cruz, mas hoje ele se comporta como se fosse o vitorioso. Satanás sempre esteve em oposição a Deus. Foi assim desde o inicio do mundo, e continuou por todos os séculos e milênios. E quando Jesus voltar terceira vez, após o milênio, o diabo fará uma ultima investida contra Deus e os salvos de todos os tempos. Porém será destruído para sempre e Deus implantará, finalmente, um novo céu e uma nova terra. Um novo tempo que jamais passará.

"À medida que o conflito se aproxima de seu clímax, os elaborados estratagemas do enganador serão desmascarados, e será revelada a debilidade e falsidade de suas reivindicações. Demônios e homens vão reconhecer que há apenas um que é supremo, e que seu modo de agir no grande conflito visava a promover o bem eterno de Seu povo e do universo em geral (ver GC, 671)" (CBASD, vol. 4, p. 781).

terça-feira, 25 de junho de 2024

O JOIO E O TRIGO

O texto para a mensagem de hoje, está no Evangelho segundo Mateus 13:24-30:

“Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas trigo, recolhei-o no meu celeiro.”

O primeiro ano do ministério de Jesus nesta terra foi marcado por uma curiosidade extraordinária por parte do povo. Os milagres, as curas, os atos prodigiosos que Jesus fazia, despertavam a admiração do povo e de certa maneira, despertavam também o carinho. O povo seguia ao Senhor Jesus, com muito entusiasmo. Poderíamos dizer que o primeiro ano do Seu ministério nesta Terra foi um ano de popularidade.

No segundo ano, os líderes religiosos daquele tempo se encarregaram de colocar o povo contra o ministério do Senhor Jesus. Os fariseus observavam atentamente o que Ele falava, para depois “torcer” tudo o que Jesus dizia. Queriam acusá-Lo de blasfêmia, de falsidade ideológica, de rebeldia contra a doutrina estabelecida pela Igreja daqueles tempos. Então andavam vigiando o Senhor Jesus, passo a passo, tentando achar um erro nos Seus ensinamentos. É por isso que no terceiro ano de Seu ministério aqui na Terra, Jesus começou a usar, em Seus discursos e ensinamentos, aquilo que chamamos de parábola.

No Sermão da Montanha, pronunciado no início do Seu ministério, o Senhor Jesus disse as coisas de maneira clara, sem rodeios, mas como os inimigos agora tentavam encontrar erros em tudo que Ele dizia, Jesus passou a trabalhar com sabedoria e prudência. Por isso Ele começou a usar as parábolas. Mas o que são as parábolas? São ensinamentos paralelos a uma lição principal. Quando Jesus queria ensinar uma lição básica, Ele usava um ensinamento paralelo tomando figuras, quadros, idéias, maneiras de pensar do povo para que, a partir daquilo que o povo conhecia, Ele pudesse ensinar a verdade que queria fixar na mente das pessoas. É por isso que no último ano do Seu ministério, encontramos muitas parábolas. Uma delas é a parábola do trigo e do joio. A semente boa e a semente má.

Nesta parábola encontramos dois senhores: o proprietário, dono da terra, e o inimigo do proprietário. O proprietário, que simboliza Deus, semeia de dia. Deus sempre apresenta às coisas claras. Com Deus não existe penumbra, nem sombras, nem trevas. O que Ele faz, faz na luz do dia. Com Deus não existe mentira, nem falsidade, nem coisas dúbias. Com Deus, tudo é claro como a luz do dia. E Ele diz: “… a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Provérbios 4:18).

O outro personagem da parábola é o inimigo do proprietário. Este, simboliza o diabo. De acordo com a parábola, este semeia à noite. Oculto nas trevas, escondido. Ele é o pai da mentira e o pai da falsidade. Ele anda com rodeios, com meia-verdades. Nunca apresenta uma mensagem clara. Esconde-se é astuto.

Você vê? Dois senhores: Deus trabalhando na luz do dia; e o diabo trabalhando nas trevas da noite. Deus semeando trigo bom; o diabo semeando joio mau. Deus, semeando para colher; o diabo semeando para confundir. O fim também é completamente diferente. O trigo bom é colhido para o celeiro e o joio é jogado ao fogo.

Na interpretação da parábola, o Senhor Jesus diz assim: “O campo é o mundo” (Mateus 13:38).

E sabe? Todos nós habitamos neste mundo. Isto quer dizer que ninguém aqui pode ficar no terreno neutro ou dizer: “Hoje eu não vou me comprometer”. Porque naquele campo, que representa o mundo, só existe trigo e joio. Apenas dois grupos: semente boa ou semente má. Não existe um terceiro grupo, daqueles que estão pensando se serão bons ou serão maus. Somente dois grupos.

O que Deus está tentando nos dizer é que, nós só temos dois caminhos, dois destinos: ou seguimos a Deus, ou seguimos o Seu inimigo. Ficar no terreno neutro, já é seguir o inimigo de Deus. Você se compromete ou não. Você segue ou foge. Você aceita ou rejeita. Essa é uma das lições que a parábola do trigo nos ensina.

Seguindo a parábola, nós percebemos que o inimigo semeia uma planta que é muito parecida com o trigo. As duas plantas, trigo e joio, são tão parecidas, que quando os empregados dizem ao patrão: “… queres que vamos e arranquemos o joio? (o patrão diz:) Não! … deixai-os crescer juntos até a colheita…” (Mateus 13:28-30). Ou seja: “Deixem o trigo e o joio crescerem, porque se nós começarmos a tirar agora o joio corremos o perigo de, tentando tirar a erva má, tirar por aí um trigo bom, deixem que as plantas amadureçam. Um dia, quando a colheita chegar, aí sim, o trigo e o joio terão destinos diferentes.”

Esta é uma lição básica que precisamos aprender. Por mais doloroso que pareça, entre nós há trigo bom, plantado pelo Senhor Jesus. E também há joio plantado pelo inimigo de Jesus. Quem é trigo bom e quem é joio? Isso, ninguém pode saber agora. Por favor, não me digam que podemos saber pelos frutos. Porque os frutos que hoje mostramos, não são provas que determinam quem é “joio” e quem é “trigo”. Hoje, comissão nenhuma de Igreja, pode determinar quem é “trigo” e quem é “joio”. Pastor nenhum pode fazê-lo. Líder nenhum, membro de Igreja nenhum e nenhum cristão pode determinar quem é “trigo” e quem é “joio”. Hoje, com as nossas limitações humanas, não podemos fazê-lo. Mas, uma coisa é verdade: em toda a Igreja hoje há trigo e joio. Mais ainda: entre os líderes da Igreja, hoje, há trigo e joio! Entre os oficiais de igreja local, diáconos, diaconisas, diretores de jovens, há “trigo” e “joio”.

Sabem qual é um dos grandes perigos que corremos hoje? De começar a determinar se a Igreja é a Igreja de Deus ou não, por causa do joio que possamos achar. Deus tem Sua Igreja nesta Terra. O campo também é o reino de Deus porque a semente “são os filhos do reino”. Jesus planta trigo bom, mas o inimigo vem à noite, amparado pelas trevas e planta joio mau. Trigo e joio têm que crescer juntos, dentro do ministério, dentro do magistério, dentro do campo da música e entre os membros da Igreja. Trigo e joio têm que crescer juntos até o dia da vinda de Cristo. Esta é uma lei da vida. Queiramos ou não, aceitemos ou não, esta é uma lei da vida.

Agora vem a pergunta: “Pastor, ninguém pode saber quem é trigo e quem é joio?” Pode sim. Só eu e Deus podemos saber se eu sou o trigo ou joio. Vocês não. Minha esposa não. Meus filhos não. Só Deus e eu sabemos se eu sou trigo ou joio. Só Deus e você sabem se você é trigo ou joio. Eu sou incapaz de olhar para os meus irmãos e dizer: “Este é trigo e este é joio.” Porque nós, seres humanos, podemos ver apenas o que está diante dos nossos olhos. Deus, porém, vê o coração. Eu posso enganar as pessoas, mas eu não posso enganar a Deus e nem posso enganar a mim mesmo. Nas horas de solidão eu sei quem eu sou e não posso enganar a meu Deus.

O plano de Deus é que todos na Sua Igreja sejam trigo e Ele está trabalhando para isso. Ele veio a este mundo para reproduzir, em cada cristão, o Seu caráter maravilhoso. Para fazer-nos crescer e produzir frutos.

E agora, um conselho a muita gente sincera que está entrando na Igreja: se você pensa que vai encontrar um “Clube de Anjinhos” que nunca erra, está enganado. A verdade é que você vai encontrar muita gente sincera, que escolheu e aceitou Jesus; e que apesar das suas imperfeições, está crescendo na experiência cristã. Mas, é verdade também que, você vai encontrar muita gente que somente veste a camisa da religião. O grande erro de muitas pessoas é que quando descobrem na Igreja, uma planta igual ao joio, dizem assim: “Esta não é a Igreja de Deus. Vou embora, aqui todo mundo é hipócrita, é mentiroso. Aqui ninguém vive o que prega. Esta não pode ser a Igreja de Deus.”

Meu amigo, eu levanto a Palavra de Deus, para dizer: “Deus tem uma Igreja nesta Terra”, mas o Seu Reino é semelhante a um campo onde há trigo bom e infelizmente, também há joio. Agora, me diga: há quanto tempo você está fora da Igreja só porque encontrou uma planta semelhante ao joio no meio do campo? Há quanto tempo você anda longe de Deus, sofrendo, se consumindo nas horas de solidão, lutando contra o Espírito de Deus, só porque você encontrou uma planta semelhante ao joio na Igreja? Em que parte da Bíblia você encontra uma Igreja onde todos são “trigos maravilhosos”? Teremos que conviver juntos, sem tentar arrancar o joio.

Estarei falando neste momento para alguém que sentiu-se frustrado pela vida errada de um pastor? Sabe? Nós pastores, somos homens sinceros que, decidimos um dia servir ao Senhor Jesus. Mas tenho que reconhecer que no mundo dos pastores, também há trigo e joio. Esta é uma lei da vida. É isso que a Palavra de Deus diz. Agora, você tem motivo para estar longe de Deus só porque, um dia, um líder da Igreja mentiu pra você? Porque existe racismo dentro da Igreja? Porque um dia você viu preferências por um e desrespeito para com outro?

Um dia, todos nós, líderes e liderados, teremos que dar conta de como administramos a vida. Um dia, finalmente, o trigo será separado para ser guardado no celeiro de Deus e infelizmente, o joio será arrancado para ser queimado no fogo. Sempre peço a Deus que me ajude a ser trigo. Quantas vezes, descubro que sou joio e tenho que cair aos pés de Jesus e dizer: “Senhor, não quero ser joio. Quero ser trigo. Reproduz o Teu caráter na minha vida.”

Ah, querido, gostaria de falar de coração a coração com você. Como tem sido sua vida? Você é alguém que não consegue perdoar ao seu próximo? Alguém o ofendeu, magoou-lhe? Já se passaram anos anos e você não consegue perdoar? Mas, você está na Igreja, cantando, estudando a Bíblia e orando. Por favor, diga-me, para onde você está indo? O que é que você quer? O que você acha da vida? Você é trigo ou joio? Se estou falando para alguém que vive escravizado a algum vício, amarrado a algum pecado que ninguém conhece, ninguém sabe. Mas, você continua na Igreja, cantando, participando, trabalhando, por favor, em nome de Deus eu pergunto-lhe: O que é que e você acha que está fazendo? Para onde você acha que está indo? Você acha que sua presença na Igreja está garantindo sua salvação? Se você é daqueles que andam brigando, disseminando discórdia, criticando, julgando, mas está aí na Igreja, criando divisão e mal-estar? Diga-me: algum dia, você tem que acordar, ficar sozinho e dizer: “Meu Deus, o que aconteceu comigo? É este o trigo bom que Tu tens em Tua Igreja? É este o trigo bom que Tu queres que eu seja?”

Jesus não veio a este mundo somente para trazer pessoas para uma determinada Igreja. Jesus veio a este mundo para reproduzir o Seu caráter maravilhoso em sua vida e na minha. Mas para que isso aconteça, um dia, temos que ir a Ele e dizer: “Senhor, eu não sou ninguém, eu não posso, eu já tentei, já me esforcei. Senhor Jesus, se Tu me pedes que eu me esforce pra vencer, eu estou perdido porque eu não tenho forças. Embora eu saiba que Tu respeitas a minha vontade, eu Te entrego a minha vontade. Faz por mim o que eu não posso fazer por mim mesmo.”

Ao longo da minha vida tenho visto tanta gente ir a Jesus do jeito que está. Tenho visto tanta gente chorar aos pés da cruz. Prostitutas, marginais, invejosos, orgulhosos, rancorosos, cobiçosos. Pessoas que um dia caíram aos pés de Cristo dizendo: “Senhor, eu não tenho forças, eu não posso, mas sei que Tu podes.”

Jesus está desejoso de operar milagres na vida das pessoas. Você pode experimentar as maravilhas do Evangelho em sua vida, transformando seu coração e ajudando-lhe a entender que na Igreja de Deus, o trigo e o joio têm que crescer juntos. Ajudando-lhe a entender que a Igreja apesar das imperfeições, continua sendo a Igreja de Deus. Imperfeições humanas não são justificativas para o erro. Mas, querido, deixe que cada um fique frente a frente com Jesus Cristo, por ocasião da Sua segunda vinda. Não tente julgar o outro por maior mal que lhe tenha feito. Deixe que ele acerte as contas com Jesus.

Um dia Ele voltará e, se encontrar você desesperado e perdido, pode lhe perguntar: “Filho, por que você não esteve comigo?” Se você disser: “Senhor, na Tua Igreja havia muitos hipócritas.” Essa não será a desculpa. Ele lhe dirá: “Filho, trigo e joio tinham que crescer juntos. Você nunca leu isso na Minha Palavra?”

Se estou falando para alguém que está fora da Igreja por essas coisas da vida, diga, em seu coração: “Senhor Jesus, eu não tenho forças para retornar. Ajuda-me. Eu não tenho forças para voltar pelos meus próprios meios. Atrai-me à Tua cruz. Toma a decisão por mim, porque eu não sou capaz.” Deixe o Espírito de Deus trabalhar em sua vida.

ORAÇÃO
Querido Pai, às vezes é difícil aceitar que em meio de Tua Igreja existe gente que não vive as maravilhas de Teu Evangelho. Mas hoje vimos que é preciso que trigo e joio cresçam juntos. Ajuda-nos, Senhor, a ser trigo bom e a ser sempre uma fonte de inspiração para outros. Em nome de Jesus, amém.

Alejandro Bullón (via Sétimo Dia)

"Na parábola de Cristo não nos é ensinado que julguemos e condenemos a outros, antes sejamos humildes e desconfiemos do eu. Nem tudo que é semeado no campo é bom trigo. O estarem os homens na igreja não prova que são cristãos. Pecadores que pretendem ser piedosos, confundem-se por algum tempo com os verdadeiros seguidores de Cristo, e a aparência de cristianismo tende a enganar a muitos; mas não haverá, na sega do mundo, semelhança entre os bons e os maus. Então, serão manifestos aqueles que se ligaram à igreja, mas não a Cristo" (Ellen G. White - Parábolas de Jesus, p. 74).

sexta-feira, 21 de junho de 2024

O INVERNO DO CRISTÃO

Penso que nosso prazer do tempo de estio é intensificado pela lembrança dos longos e frios meses de inverno; e por outro lado, a esperança do verão nos ajuda a suportar mais corajosamente o reino do inverno. Se permitíssemos que a mente demorasse na nudez e desolação com que o rei gelo nos circunda, poderíamos sentir realmente infelizes; mas, sendo mais sábios que isso, olhamos para o futuro, antecipando a próxima primavera que nos devolverá os pássaros, despertará as flores adormecidas, revestirá a terra com as verdejantes roupagens e encherá o ar de luz, fragrância e cânticos. A estada do cristão neste mundo pode-se com propriedade comparar a longo e frio inverno.

Aqui experimentamos provas, aflições e decepções, mas não devemos permitir que a mente aí repouse. Olhemos antes com esperança e fé o verão vindouro, quando havemos de ser acolhidos em nosso lar edênico, onde tudo é luz e alegria, onde tudo é paz e amor. Não houvessem nunca os cristãos experimentado as tempestades da aflição neste mundo, nunca seu coração se houvesse abatido ante a decepção ou oprimido ante o temor, mal saberia ele apreciar o Céu. Não fiquemos acabrunhados, se bem que muitas vezes fatigados, tristes, cheios de pesar; o inverno não há de perdurar para sempre. O estio da paz, da alegria e do prazer eterno está prestes a vir. Então Cristo habitará conosco e nos guiará às fontes de águas vivas, e enxugará toda lágrima de nossos olhos.1

Não permitais que coisa alguma vos prenda agora a atenção, impedindo de fazerdes obra cabal para a eternidade. A vida futura deve ser assegurada. Ricas, plenas e gloriosas são as promessas. Não haverá ali ventos enregelantes, nem frios hibernais, mas perpétuo estio. Há luz para o intelecto, amor sincero, permanente. Haverá saúde e imortalidade; para cada faculdade, vigor. Ali ficarão para sempre excluídos toda dor e todo pesar.2

A Terra é o lugar de preparação para o Céu. O tempo passado aqui é o inverno do cristão. Aqui os ventos gelados da aflição sopram sobre nós, e as ondas de angústias rolam contra nós. Mas no futuro próximo, quando Cristo vier, sofrimento e lamentação terão fim, para sempre. Então será o veraneio do cristão. Todas as provas terão findado e não haverá mais doença ou morte.3

A tristeza vem e vai; é o quinhão do homem; não devemos procurar aumentá-la, mas antes falar naquilo que é brilhante e aprazível. Quando o inverno estende sobre a terra sua gélida coberta, não deixamos nossa alegria enregelar-se juntamente com as flores e regatos, lamentando continuamente por motivo dos dias sombrios, e dos ventos minuanos. Ao contrário, nossa imaginação antecipa o verão próximo, com seu calor, vida e beleza. Ao mesmo tempo desfrutamos toda a luz do Sol que nos chega, e encontramos bastante conforto, apesar do frio e da neve, enquanto esperamos que a natureza se revista das roupagens novas, brilhantes, portadoras de alegria.4

Textos extraídos das seguintes obras de Ellen G. White:

1. Carta 13, 1875
2. Carta 4, 1885
3. Manuscrito 28, 1886
4. Nos Lugares Celestiais, p. 281

quinta-feira, 20 de junho de 2024

DIA MUNDIAL DO REFUGIADO

O Dia Mundial do Refugiado é uma data internacional designada pelas Nações Unidas para homenagear as pessoas refugiadas em todo o mundo. Ele ocorre todos os anos em 20 de junho e celebra a força e a coragem das pessoas que foram forçadas a deixar seu país de origem em razão de conflitos ou perseguições.

Neste ano, o Dia Mundial do Refugiado se concentra na resiliência das pessoas refugiadas frente às mudanças climáticas, suas ações na linha de frente da crise climática e a busca de soluções duradouras para pessoas deslocadas à força nesse contexto. 

Neste Dia Mundial do Refugiado, lembramos como Jesus experimentou em primeira mão a difícil situação de ser um refugiado. Depois que Maria deu à luz a Jesus em Belém, Mateus 2:13 compartilha que "um anjo do Senhor apareceu a José em sonhos e disse: 'Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te diga, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo.'"

A vida precoce de Jesus reflete a dura realidade que inúmeros refugiados enfrentam hoje ao fugir de seus lares em busca de um refúgio seguro para viver em paz.

Quando beneficiamos alguém, demonstramos nosso amor pelo próprio Cristo. “Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes” (Mateus 25:35). Que linda oportunidade Deus nos dá para mostrar que assim como Sua misericórdia nos alcança dia após dia, esta se reflete em nós ao termos compaixão pelos sofredores.

Jesus, o personagem que permanece através dos séculos, nos deixou uma grande lição de amor ao próximo: estender nossas mãos aos sofredores, como pontes de consolo e esperança. Não é por acaso que o segundo mandamento, o mais importante da Bíblia, é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo."

Embora a palavra 'refugiado' não se encontre nas Escrituras, o coração de Deus pelo estrangeiro, o forasteiro e o peregrino é claro, assim como Seu chamado para que Seus seguidores amem ao próximo como a si mesmos.

"Ele defende a causa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro que reside entre vocês, dando-lhe alimento e roupa. Vocês também devem amar os estrangeiros, pois vocês mesmos foram estrangeiros no Egito" (Deuteronômio 10:18-19).

Por isso, eu apoio os refugiados e me uno a esta causa!

Na reunião de despedida com os discípulos, Jesus lhes deu uma garantia que ainda hoje aquece o coração de muitos peregrinos: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, virei outra vez…” (Jo 14:1-3; grifos acrescentados).

De acordo com o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), até o final de 2023, 117 milhões de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas, buscando refúgio dentro ou fora de suas fronteiras nacionais. E receosas com um possível aumento desordenado da população, as autoridades de alguns países estão preocupadas com o alto fluxo de imigrantes e estão fechando cada vez mais suas fronteiras, porém, na Canaã celestial há espaço suficiente para todos os refugiados deste mundo.

Ellen G. White conclui: "Na Bíblia, a herança dos salvos é chamada um país. Há ali casas para os peregrinos da Terra. Estamos em caminho para casa. Aquele que nos amou de tal maneira que morreu por nós, construiu para nós uma cidade. A Nova Jerusalém é o nosso lugar de repouso. Não haverá tristeza na cidade de Deus. Nenhum véu de infortúnio, nenhuma lamentação de esperanças frustradas e afeições sepultadas serão jamais ouvidas" (O Lar Adventista, p. 543).

[Adaptado de @adrabrasil]

terça-feira, 18 de junho de 2024

O SELO DE DEUS

Algumas pessoas tem dificuldade de harmonizar a função do Espírito Santo e o papel do sábado no selamento final do povo remanescente de Deus. Não resta dúvida de que a habitação do Espírito Santo na vida do crente é a maior evidência de que este se encontra em estado de salvação (ver Romanos 8:1-17; Gálatas 5:16-26). Por esse motivo, o apóstolo Paulo se referiu ao Espírito Santo como “penhor” (2 Coríntios 1:21-22) e “selo” (Efésios 1:13; 4:30) da salvação. Ellen G. White acrescenta que “a todos os que aceitam a Cristo como um Salvador pessoal, o Espírito Santo vem como consolador, santificador, guia e testemunha” (Atos dos Apóstolos, p. 49).

Além disso, o Espírito Santo é também o agente selador e capacitador dos crentes para o cumprimento da missão evangélica. Comentando os derradeiros momentos antes da ascensão de Cristo, Ellen G. White diz que “a visível presença de Cristo estava prestes a ser retirada dos discípulos, mas uma nova dotação de poder lhes pertencia. O Espírito Santo ser-lhes-ia dado em Sua plenitude, selando-os para a sua obra” (Atos dos Apóstolos, p. 30). Em relação ao Pentecostes, a mesma autora afirma que “os que creram em Cristo foram selados pelo Espírito Santo” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 6, p. 1055).

O processo de restauração das verdades bíblicas pelos pioneiros adventistas do sétimo dia também foi selado, ou seja, aprovado pelo Espírito Santo. “Muito bem sabemos nós como foi estabelecido cada ponto da verdade, e sobre ele posto o selo pelo Espírito Santo de Deus” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pp. 103-104). Descrevendo sua participação em algumas reuniões em South Lancaster, Massachusetts, na década de 1880, Ellen G. White menciona que “o Senhor ouviu nossas súplicas, e Seu Espírito colocou o Seu selo à nossa obra” (Review and Herald, 15 de janeiro de 1884, p. 33). Ainda hoje, Deus “deseja que Sua obra seja levada avante com proficiência e exatidão, de modo que possa pôr sobre ela o selo de Sua aprovação” (Atos dos Apóstolos, p. 96).

Mas a função seladora do Espírito Santo no plano da salvação não conspira contra a identificação do sábado como “o selo do Deus vivo” (Apocalipse 7:2; 9:4) no desfecho da grande controvérsia entre a verdade e o erro (ver Apocalipse 12:17; 14:9-12). Em realidade, o Espírito Santo é concedido aos que obedecem a Deus (Atos 5:32) e, por essa razão, Ele é chamado por Cristo de “o Espírito da verdade” (João 14:17; 15:26; 16:13). Sua obra é conduzir os seguidores de Cristo “a toda a verdade” (João 16:13), da qual faz parte o quarto mandamento do decálogo, que ordena a observância do sábado (Êxodo 20:8-11; conforme Salmos 119:142).

Ellen G. White afirma que “o sábado foi inserido no decálogo como o selo do Deus vivo, identificando o Legislador, e tornando conhecido o Seu direito de governar. Era o sinal entre Deus e Seu povo, um teste de sua obediência a Ele. Moisés foi ordenado a lhes dizer da parte do Senhor: ‘Certamente, guardareis os Meus sábados; pois é sinal entre Mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que Eu sou o Senhor, que vos santifica’ [Êxodo 31:13]. E quando alguns do povo saíram no sábado a recolher o maná, o Senhor indagou: ‘Até quando recusareis guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis?’ [Êxodo 16:28]” (Sings of the Times, 13 de maio de 1886, p. 273).

“A obra do Espírito Santo é convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo. O mundo só será advertido ao ver os que creem na verdade sendo santificados pela verdade, agindo por princípios altos e santos, demonstrando em sentido alto e elevado a linha divisória entre aqueles que guardam os mandamentos de Deus e aqueles que os pisoteiam a pés. A santificação do Espírito demarca a diferença entre aqueles que tem o selo de Deus e aqueles que guardam um dia de repouso espúrio” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, p. 980).

Portanto, a habitação santificadora do Espírito Santo na vida é o selo da salvação do crente, que permanece nele enquanto este permitir que o Espírito Santo o conduza “a toda a verdade” (João 16:13). No conflito final entre a verdade e o erro, a humanidade acabará se polarizando entre os que observam o sábado bíblico instituído por Deus e os que veneram o domingo de origem pagã. Nesse contexto, o sábado assumirá a função de sinal escatológico de lealdade incondicional a Deus.

Alberto Timm (via Centro White)

segunda-feira, 17 de junho de 2024

O CÉU É UMA ESCOLA

O Céu é uma escola; o campo de seus estudos, o Universo; seu professor, o Ser infinito. Uma ramificação dessa escola foi estabelecida no Éden; e, cumprindo o plano da redenção, será reassumida a educação na escola edênica. 

“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que O amam” (1 Coríntios 2:9). Unicamente pela Sua Palavra se pode obter conhecimento dessas coisas; e mesmo ela oferece apenas uma revelação parcial. 

O profeta de Patmos assim descreve a localização da escola do futuro: “Vi um novo céu, e uma nova Terra. Porque já o primeiro céu e a primeira Terra passaram. ... E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do Céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido” (Apocalipse 21:1, 2). 

“A cidade não precisa nem do Sol, nem da Lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Apocalipse 21:23).

Entre a escola estabelecida no Éden, no princípio, e aquela do futuro, situa-se todo o lapso da história deste mundo — a história da transgressão e sofrimento humanos, do sacrifício divino e da vitória sobre a morte e o pecado. Nem todas as condições daquela primeira escola edênica se encontrarão na escola da vida futura. Nenhuma árvore da ciência do bem e do mal oferecerá oportunidade para a tentação. Não haverá ali tentador, nem possibilidade para o mal. Todos os caracteres resistiram à prova do mal, e nenhum será jamais susceptível ao seu poder. 

“Ao que vencer”, diz Cristo, “dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus” (Apocalipse 2:7). A concessão da árvore da vida, no Éden, era condicional, e finalmente foi retirada. Mas os dons da vida futura serão absolutos e eternos. 

O profeta contempla “o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. ... De uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida” (Apocalipse 22:1, 2). “E não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4). 

“Todos os do Teu povo serão justos,
Para sempre herdarão a Terra;
Serão renovos por Mim plantados,
Obra das Minhas mãos,
Para que Eu seja glorificado” (Isaías 60:21). 

Restabelecidos à Sua presença, de novo os homens serão, como no princípio, ensinados por Deus: “O Meu povo saberá o Meu nome, ... naquele dia, porque Eu mesmo sou o que digo: Eis-me aqui” (Isaías 52:6). 

“Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Apocalipse 21:3). 

“Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e O servem de dia e de noite no Seu templo. ... Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles, porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida” (Apocalipse 7:14-17). 

“Agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido” (1 Coríntios 13:12). 

“Verão o Seu rosto, e na sua testa estará o Seu nome” (Apocalipse 22:4).

Ali, quando for removido o véu que obscurece a nossa visão, e nossos olhos contemplarem aquele mundo de beleza de que ora apanhamos lampejos pelo microscópio; quando olharmos às glórias dos céus hoje esquadrinhadas de longe pelo telescópio; quando, removida a mácula do pecado, a Terra toda aparecer “na beleza do Senhor nosso Deus” — que campo se abrirá ao nosso estudo! Ali o estudante da ciência poderá ler os relatórios da criação, sem divisar coisa alguma que recorde a lei do mal. Poderá escutar a melodia das vozes da natureza, e não perceberá nenhuma nota de lamento ou tristezas. Poderá enxergar em todas as coisas criadas uma escrita; contemplará no vasto Universo, escrito em grandes letras, o nome de Deus; e nem na Terra, nem no mar ou no céu permanecerá um indício que seja do mal. 

Ali se viverá a vida edênica — entre o jardim e o campo. “Edificarão casas e as habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem, não plantarão para que outros comam, porque os dias do Meu povo serão como os dias da árvore, e os Meus eleitos gozarão das obras das suas mãos” (Isaías 65:21, 22). 

Não haverá coisas que “farão mal nem dano algum em todo o Meu santo monte, diz o Senhor” (Isaías 65:2). Ali o homem será restaurado à sua perdida realeza, e a ordem inferior de seres de novo reconhecerá o seu domínio; os animais ferozes tornar-se-ão mansos e os ariscos, confiantes. 

Ali se revelará ao estudante, uma história de infinita amplitude e riqueza inexprimível. Tomando por base a Palavra de Deus, o estudante obterá uma visão do vasto campo da História, e poderá alcançar algum conhecimento dos princípios que influem na marcha dos acontecimentos humanos. Mas a sua visão ainda estará nublada, e incompletos os seus conhecimentos. Não verá todas as coisas de uma maneira clara antes que chegue à luz da eternidade. 

Então se revelará diante dele o decurso do grande conflito que teve sua origem antes que começasse o tempo e terminará apenas quando este cessar. A história do início do pecado; da fatal falsidade em sua ação sinuosa; da verdade que, não se desviando das suas próprias linhas retas, se defrontou com o erro e o venceu; sim, tudo isso será manifesto. O véu que se interpõe entre o mundo visível e o invisível será removido e reveladas coisas maravilhosas. 

Não compreenderemos o que devemos aos cuidados e interposição dos anjos antes que se vejam as providências de Deus à luz da eternidade. Seres celestiais têm tomado parte ativa nos negócios dos homens. Eles têm aparecido em vestes que resplandeciam como o relâmpago; têm vindo como homens, no aspecto de viajantes. Têm aceitado hospitalidade nos lares humanos, agido como guias de viajantes nas trevas da noite. Têm impedido aos intentos do espoliador e desviado os golpes do destruidor. 

Embora os governadores deste mundo não o saibam, em seus conselhos têm os anjos muitas vezes sido oradores. Olhos humanos os têm visto. Ouvidos humanos têm ouvido seus apelos. Nos conselhos e cortes de justiça, mensageiros celestiais têm pleiteado a causa dos perseguidos e oprimidos. Têm eles combatido propósitos e detido males que teriam acarretado ruína e sofrimento aos filhos de Deus. Tudo isso se desdobrará ao estudante na escola celestial. 

Todo remido compreenderá a atuação dos anjos em sua própria vida. Que maravilha será entreter conversa com o anjo que foi o seu guardador desde os seus primeiros momentos, que lhe vigiou os passos e cobriu a cabeça no dia de perigo, que o protegeu no vale da sombra da morte, que assinalou o seu lugar de repouso, que foi o primeiro a saudá-lo na manhã da ressurreição, e dele aprender a história da interposição divina na vida individual, e da cooperação celestial em toda a obra em favor da humanidade. 

Todas as perplexidades da vida serão então explicadas. Onde para nós apareciam apenas confusão e decepção, propósitos frustrados e planos subvertidos, ver-se-á um propósito grandioso, predominante, vitorioso, uma harmonia divina. 

Ali, todos os que trabalharam com um espírito desinteressado contemplarão os frutos de seus esforços. Ver-se-á o resultado de todo princípio correto e nobre ação. Alguma coisa disso aqui vemos. Mas quão pouco dos resultados dos mais nobres trabalhos deste mundo é o que se manifesta nesta vida aos que os fazem! 

Quantos labutam abnegadamente, incansavelmente por aqueles que ficam além de seu alcance e conhecimento! Pais e professores tombam em seu último sono, parecendo o trabalho de sua vida ter sido feito em vão; não sabem que sua fidelidade descerrou fontes de bênçãos que jamais poderão deixar de fluir; apenas pela fé veem as crianças que educaram tornarem-se uma bênção e inspiração a seus semelhantes, e essa influência repetir-se mil vezes mais. Muito obreiro há que envia para o mundo mensagens de alento, esperança e ânimo, palavras que levam bênçãos aos corações em todos os países; mas, quanto aos resultados, nada sabe, afadigando-se ele em solidão e obscuridade. Assim se concedem dons, aliviam-se cargas, faz-se trabalho. Os homens lançam a semente, da qual, sobre as suas sepulturas, outros recolhem a abençoada colheita. Plantam árvores para que outros comam o fruto. Aqui estão contentes por saberem que puseram em atividade forças para promover o bem. No futuro serão vistas a ação e reação de todas estas forças. 

De todo dom que Deus outorgou, encaminhando o homem para o esforço abnegado, conserva-se no Céu um relatório. Examinar esses dons em suas extensas linhas, olhar para aqueles que mediante nossos esforços se reergueram e enobreceram, contemplar em sua história o efeito dos verdadeiros princípios — eis um dos estudos e recompensas da escola celestial. 

Ali conheceremos como também somos conhecidos. Ali, o amor e simpatia que Deus plantou na pessoa encontrarão o mais verdadeiro e suave exercício. A pura comunhão com seres santos, a vida social harmoniosa com os santos anjos e com os fiéis de todos os tempos, a santa associação que reúne “toda a família nos Céus e na Terra” (Efésios 3:15), tudo fará parte da experiência futura. 

Haverá ali música e cânticos; música e cânticos que ouvidos mortais jamais ouviram nem o espírito humano concebeu, com exceção do que em visões de Deus se tem revelado. 

“Os cantores e tocadores de instrumentos entoarão” (Salmos 87:7). “Alçarão a sua voz e cantarão com alegria; por causa da glória do Senhor” (Isaías 24:14). 

“Porque o Senhor consolará a Sião, e consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden e a sua solidão, como o jardim do Senhor; gozo e alegria se acharão nela, ações de graças e voz de melodia” (Isaías 51:3). 

Ali toda faculdade se desenvolverá, e toda capacidade aumentará. Os maiores empreendimentos serão levados avante, as mais altas aspirações realizadas, as maiores ambições satisfeitas. E, todavia, surgirão novas elevações a galgar, novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender, novos assuntos a apelarem para as forças do corpo, mente e espírito. 

Todos os tesouros do Universo estarão abertos ao estudo dos remidos de Deus. ... Com indizível deleite os filhos da Terra entram de posse da alegria e sabedoria dos seres não caídos. Participam dos tesouros do saber e entendimento adquiridos durante séculos e séculos, na contemplação da obra de Deus. ... E ao transcorrerem os anos da eternidade, trarão mais e mais abundantes e gloriosas revelações de Deus e de Cristo. “Muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Efésios 3:20) será, para todo o sempre, a concessão dos dons de Deus. 

“Os Seus servos O servirão” (Apocalipse 22:3). A vida na Terra é o princípio da vida no Céu; a educação na Terra é a iniciação nos princípios do Céu; e o trabalho aqui é o preparo para o trabalho lá. O que hoje somos no caráter e serviço santo, é o prenúncio certo do que seremos. 

“O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir” (Mateus 20:28). A obra de Cristo neste mundo é Sua obra nos Céus, e a nossa recompensa por trabalhar com Ele neste mundo será o maior poder e mais amplo privilégio de com Ele trabalhar no mundo vindouro. 

“Vós sois as Minhas testemunhas, diz o Senhor; Eu sou Deus” (Isaías 43:12). Isso também seremos na eternidade. 

Para que foi permitido continuar o grande conflito através dos séculos? Por que foi que se não eliminou a existência de Satanás no início de sua rebelião? — Foi para que o Universo se pudesse convencer da justiça de Deus ao tratar com o mal, e para que o pecado pudesse receber condenação eterna. No plano da salvação há detalhes e profundezas, que a própria eternidade jamais poderá compreender completamente, maravilhas para as quais os anjos desejam atentar. Apenas os remidos, dentre todos os seres criados, conheceram em sua própria experiência o conflito com o pecado; trabalharam com Cristo e, conforme os mesmos anjos não o poderiam fazer, associaram-se em Seus sofrimentos; não terão eles qualquer testemunho quanto à ciência da redenção, algo que seja de valor para seres não caídos? 

Mesmo agora, aos “principados e potestades nos Céus”, “a multiforme sabedoria de Deus” se faz conhecida “pela igreja” (Efésios 3:10). “E nos ressuscitou juntamente com Ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais; ... para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da Sua graça, pela Sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Efésios 2:6, 7). 

“No Seu templo cada um diz: Glória!” (Salmos 29:9) e o cântico que os resgatados entoarão, cântico este de sua experiência, declarará a glória de Deus: “Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor, Deus todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos! Quem Te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o Teu nome? Porque só Tu és santo” (Apocalipse 15:3, 4). 

Em nossa vida aqui, posto que terrestre e restrita pelo pecado, a maior alegria e mais elevada educação se encontram no serviço em favor de outrem. E no futuro estado, livres das limitações próprias da humanidade pecaminosa, será no serviço que se encontrará a nossa máxima alegria e mais elevada educação — testemunhando (e aprendendo, novamente, sempre que assim o fizermos) “as riquezas da glória deste mistério, ... que é Cristo em vós, esperança da glória” (Colossences 1:27). 

“Ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos” (1 João 3:2). 

Então, nos resultados de Sua obra, Cristo contemplará Sua recompensa. Naquela grande multidão que ninguém pode contar, apresentada como “irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória” (Judas 24), Aquele cujo sangue nos redimiu e cuja vida nos ensinou, verá o “trabalho da Sua alma... e ficará satisfeito” (Isaías 53:11).

[Ellen G. White, Visões do Céu, pp. 146-154]

sexta-feira, 14 de junho de 2024

ABORTO = HOMICÍDIO?

Tem deputado por aí mentindo pra você. Estão dizendo que se importam com a vida, mas veja bem. Esse suposto projeto de defesa da existência, o PL 1904, de autoria de um negacionista da ciência, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) (da bancada evangélica) pode causar a morte de meninas e mulheres.

Isso porque, em vez de garantir que todas tenham o direito ao aborto legal de forma rápida e segura, a proposta vai na via contrária: criminaliza vítimas de estupro e mulheres que correm o risco de morrer ao parir.

Explico: o projeto de lei que está sendo levado a plenário em caráter de urgência (urgência pra quem?) equipara o aborto — hoje legal — acima de 22 semanas ao crime de homicídio.

Trocando em miúdos, poderão ser presas por até 20 anos as mulheres que interromperem a gravidez por um desses três motivos: porque correm risco de morrer; o feto é anencéfalo e inviável fora da barriga; a gestação foi causada por um estupro.

O que pode acontecer, então, se esse projeto for aprovado?

Vou desenhar três situações:

- Na primeira, os médicos avisam à gestante: a partir de agora, sua gravidez é de risco, e você pode morrer no parto. A barriga já passa de 22 semanas, e ela é impedida de fazer o aborto que hoje é seu direito por lei. Ela morre, o bebê nasce e é abandonado.

- Uma mulher é estuprada por um desconhecido, com uma arma na cabeça. Ela engravida. Tenta abortar legalmente antes das 22 semanas, mas não encontra médico que garanta seu direito. Mora em uma cidade pequena, e eles alegam "razões morais" para não atendê-la. Desesperada, já com a gravidez avançada, ela procura um serviço ilegal, e consegue abortar. Tem uma complicação de saúde e acaba sendo denunciada. É condenada e pega pena de prisão de 20 anos. Seu estuprador também é denunciado, mas a pena máxima que pode pegar é metade da dela.

- Uma criança de 11 anos é estuprada por seu próprio pai. Ele a engravida, mas ela só percebe a gestação quando já está avançada. Até conseguir pedir ajuda, o feto passa das 22 semanas. Com medo de ser criminalizado, nenhum médico aceita fazer o aborto. A gestação vai até o fim, e a menina morre no parto. O pai dela fica com o bebê, que também será violentado.

Esses são alguns exemplos do que pode acontecer caso o PL 1904 seja aprovado. Sob o pretexto de "proteger a vida", os deputados que defendem a mudança no Código Penal estão colocando crianças e mulheres sob risco de morrer.

Nesta semana, Arthur Lira, ele mesmo acusado de violência física e estupro por sua ex-companheira, deu mais uma prova de sua preocupação com as mulheres. (UOL)
"O Projeto de Lei que propõe equiparar o aborto legal acima de 22 semanas de gestação ao crime de homicídio é uma imoralidade, uma inversão dos valores civilizatórios mais básicos. É difícil acreditar que sociedade brasileira, com os inúmeros problemas que tem, está neste momento discutindo se uma mulher estuprada e um estuprador têm o mesmo valor para o direito. Ou pior: se um estuprador pode ser considerado menos criminoso que uma mulher estuprada. Isso é um descalabro, um acinte" (Silvio Almeida, Ministro dos Direitos Humanos).
Antes que os conservadores fundamentalistas fanáticos religiosos venham me atacar: Não, eu não sou a favor do aborto. Não, eu não faço apologia ao aborto. Não, eu não desejo que nenhuma mulher precise de tal procedimento. Mas eu não posso impedir a liberdade ou o direito de uma mulher em recorrer a este procedimento por alguma necessidade. Não cabe a mim este tipo de escolha ou julgamento. Minha fé ou meus desejos pessoais não devem violar o direito ou a liberdade de consciência de alguém. Minhas convicções religiosas não devem se sobrepor ao Estado Democrático de Direito. O país é laico.

Quando a gente encara uma realidade onde há uma proposta de que o aborto tem uma pena maior do que o homicídio, a gente deixa claro a ausência de valores e a ausência de respeito aos direitos, aos corpos e à autodeterminação de todas as mulheres, deixando claro que se valoriza o nascimento e não a vida. Mas eis a reflexão: será que esses deputados da bancada evangélica tão preocupados com o feto, se importam quando eles, de fato, nascem? E quanto a vida das crianças e mulheres?

Abaixo, o posicionamento mais coerente que a Igreja Adventista do Sétimo Dia já teve sobre o tema, diante da cosmovisão religiosa da mesma:

"A igreja não deve servir como consciência para os indivíduos; contudo, ela deve oferecer orientação moral. O aborto por motivo de controle natalício, escolha do sexo ou conveniência não é aprovado pela igreja. Contudo, as mulheres, às vezes, podem se deparar com circunstâncias excepcionais que apresentam graves dilemas morais ou médicos, como: ameaça significativa à vida da mulher gestante, sérios riscos à sua saúde, defeitos congênitos graves cuidadosamente diagnosticados no feto e gravidez resultante de estupro ou incesto. A decisão final quanto a interromper ou não a gravidez deve ser feita pela mulher grávida após e devido aconselhamento. Ela deve ser auxiliada em sua decisão por meio de informação precisa, princípios bíblicos e a orientação do Espírito Santo. Por outro lado, essa decisão é mais bem tomada dentro de um contexto saudável de relacionamento familiar." (Comissão Executiva da Associação Geral em 12 de outubro de 1992, durante o Concílio Anual realizado em Silver Spring, Maryland, EUA).

A vida é sagrada, maravilhosa e frágil. Por vir de Deus, está acima das convenções culturais. Por isso, deve ser tratada com o maior cuidado. Se for inevitável, o aborto deveria ser legal, rápido e seguro.

Ilustração: @desenhosdonando

quarta-feira, 12 de junho de 2024

TENDÊNCIAS PARA AS RELAÇÕES AMOROSAS EM 2024

"Micro-paquera", "contra-dating" e "slow-dating" são algumas das "tendências" para as relações amorosas em 2024, explicam pesquisadores e especialistas no tema, nesta matéria, bem interessante, do UOL. Outra tendência é a de evitar comportamentos de "Ghosting" nas relações, como explica a matéria. Um dos pontos salientados é a resistência na construção gradual dos vínculos, muitas vezes pelo temor de novos impactos à saúde mental, como no caso de quem sofreu "Ghosting" ou outras formas de abuso emocional. 

Há uma resistência à entrega de forma progressiva, que leve à construção e permanência dos vínculos, e isso parece ser uma tendência de fato mundial. Precisamos de uma alfabetização para os afetos? Tenho escutado e lido inúmeros depoimentos de vivências afetivas como se fossem "experiências de imersão de 4 dias", sem continuidade e com interrupções abruptas sem qualquer explicação. Mas tenho visto também mais atenção aos padrões tóxicos e busca por relações amorosas sadias - ainda bem!

O que me preocupa é o avanço de nomenclaturas para o que deveria ser natural. Acredito que sim, seja importante estarmos a par dos nomes destes novos padrões, mas será que rotular tudo não acaba por retirar das aproximações sua natureza espontânea e instintiva? Estamos construindo uma enciclopédia de termos que marcam padrões, e até onde isso é de fato benéfico? Sim, chamamos a atenção para o tóxico, para o abusivo, a fim de alertar sobre a característica desses funcionamentos, chamamos atenção para novos padrões funcionais e positivos, nomeando-os também. 

Eu me pergunto se tantos nomes, tantos padrões decodificados, tantos alarmes não estão adoecendo ainda mais nossa capacidade relacional. As relações amorosas estão sim em grande parte mais liquidas, mais efêmeras, mas "patologizar" ou rotular tudo, nomeando até mesmo o "flerte sutil", como aponta a matéria, me preocupa. Há muito a compreender sobre os vínculos em sua naturalidade biológica, o papel do cortejamento que tem raiz em nossa biologia, e por aí vai. Será que ao invés de dar nomes a tudo não seria oportuno observarmos os fenômenos humanos por trás dos nomes, sem torna-los termos de um catálogo?

A resistência em firmar e manter um vínculo sólido, apesar dos pesares, é um talento nos dias de hoje. O amor, uma habilidade a ser treinada. Agamia, poliamor, infidelidades e toda sorte de comportamentos de "amor livre" parecem novos nomes para o medo de vincular-se e construir um laço, enfrentando o cotidiano em casal, com suas alegrias e dificuldades. Mais fácil é o "amor" de uma noite, mais facil é passar pela vida sem construir afetos para "não ter nada a perder". 

Não há certo e errado nas relações, mas um ponto é essencial: que ambos estejam na mesma página. Que o que valha para um, valha para o outro, que se um deseja que a relação seja aberta, deve avisar ao par e oferecer a possibilidade de que este permaneça ou desista. Em plena era da liberdade, em que as pessoas estão juntas porque escolhem, a responsabilidade afetiva de ser transparente na relação é primordial. Todos adultos, aqui. O Século XXI chegou com tudo, trazendo os padrões líquidos do Zygmunt Bauman na mala de mão. Viagem curta, para qualquer lugar, para qualquer pessoa.

Vamos um dia reaprender a amar, como fenômeno coletivo? Sem entender que amar não é o mesmo que "AMARRAR", mas sim unir. Amar não tem a ver com simbiose, e sim com autonomia, escolha, conhecimento do outro ao longo do tempo, tolerância, parceria, química. Não é tampouco uma poção, que se pode tomar e, "PLIM", vem o amor. Precisa de tempo para se desenvolver, de resiliência e aceitação sem, com isso, submeter-se, subjugar-se. Mostrar os próprios limites no que é essencial para nós. Respeitar o outro e fazer-se Respeitar.

Amar é coisa de gente grande. Grande por dentro, com espaço onde caiba mais um no coração. Aos pequenos de alma, em quem não cabe mais ninguém além de si mesmo lamentemos. Amar, amar de verdade, amplia e enriquece o ser com muitas forças e virtudes. É uma experiência humana única: não há como narrar, apenas como viver.

Mas há o outro lado, cada vez mais prevalente nos consultórios de Psiquiatria e Psicoterapia: a "epidemia" de relações abusivas, de comportamentos de padrão narcisista, de atitudes que buscam invalidar o par amoroso, colocando-o em dúvida sobre a própria sanidade mental (gaslighting). Do "Love bombing" ao descarte, passando pelas triangulações, tratamentos de silêncio, "hoovering" (puxando o parceiro de volta pelo 'gancho' dos arsenais de reconquista), estelionato afetivo, desqualificação, "ghosting", "breadcrumbing", "pocketing" e todo um glossário de novos termos do discurso amoroso, apenas uma palavra faz eco: o desrespeito.

É claro que nenhuma relação vai ser perfeita, crescemos um com o outro, melhoramos como pessoas, aprimoramos a vida a dois. Mas quando o namoro passa a trazer mais sofrimento do que bem-estar, mais desvalia do que percepção de autovalia e de admiração entre o par, está na hora de parar para pensar. A relação está valendo a pena? Traz mais dor do que bons momentos juntos e crescimento individual e do casal? Restringe a autonomia em prol de uma unidade que diminui a liberdade de um dos membros do par? Confunde nas mensagens de amor X desinteresse?

Nem sempre as relações abusivas vêm através da agressão física: muitas vezes, o que toma lugar são os gritos, o silêncio, a desvalorização, as traições, a necessidade de cobrar a atenção que não vem do outro, que, por sua vez, controla a relação com intermitentes afastamentos e aproximações apaixonadas. O grito, a aspereza, o controle excessivo por ciúme, a desqualificação do par, o silêncio como resposta a frustração: todos estes, e muitos outros elementos, são as chamadas "Red flags", sinais para prestar atenção e impor limites de respeito. Não permita que estes comportamentos avancem e se perpetuem: defina o que você aceita e o que você não aceita.

O amor, por mais dificuldades e crises que possa ter ao longo do tempo, é uma oportunidade de crescimento individual e em conjunto, com mais prazer do que dor. Defina o que vale a pena.

Betina Mariante é médica psiquiatra e psicoterapeuta (via facebook)

Segue abaixo alguns textos de Ellen G. White para refletirmos extraídos do livro Carta a Jovens Namorados:

- O verdadeiro amor é um princípio elevado e santo, inteiramente diferente em seu caráter daquele amor que se desperta por um impulso e que subitamente morre quando severamente provado.

- O verdadeiro amor não é uma forte, ardente e impetuosa paixão. Ao contrário, é calmo e profundo em sua natureza. Olha para além das meras exterioridades, sendo atraído pelas qualidades apenas. É sábio e apto a discernir, e sua dedicação é real e permanente.

- É o amor um dom precioso, que recebemos de Jesus. A afeição pura e santa não é sentimento, mas princípio. Os que são movidos pelo amor verdadeiro, não são irrazoáveis nem cegos.

- A brandura, a gentileza, a paciência e a longanimidade, o não se ofender facilmente, o sofrer tudo, esperar tudo, tudo suportar — estes são os frutos dados pela preciosa árvore do amor, árvore de origem celeste. Esta árvore, se nutrida, demonstrar-se-á daquelas que estão sempre verdes. Seus ramos não secarão, não lhe murcharão as folhas. É imortal, eterna, continuamente regada pelos orvalhos celestes.