Convido você a ler e meditar no “desabafo” divino em Malaquias 1. Deus está incomodado com o culto que estão oferecendo a Ele:
1) “O SENHOR Todo-Poderoso diz aos sacerdotes: - O filho respeita o pai, e o escravo respeita o seu senhor. Se eu sou o pai de vocês, por que é que vocês não me respeitam? Se eu sou o seu senhor, por que não me temem? Vocês me desprezam, mas mesmo assim perguntam: 'Como foi que te desprezamos?' (Malaquias 1:6).
Ele está ofendido por causa dos sacerdotes. Antes que você tenha tempo para respirar aliviado, eu já trago as más notícias: se você é cristão, você pode ser o alvo dessa reclamação. Você é um sacerdote (1Pe 2:5,9; Ap 1:6 e 5:10). Todos os cristãos são sacerdotes, e Lutero deixou essa mensagem em evidência. Então, recolha o seu “dedinho acusador”, sente-se e ouça com atenção, pois Deus está falando com você e não apenas com os pastores.
Os motivos são: falta de respeito, falta de temor e desprezo. No entanto, tudo gira em torno do culto a Deus. Aqui o Senhor leva em conta as formas e intenções, a aparência e a essência.
2) “E me ofendem também porque pensam que não faz mal me oferecerem animais cegos, aleijados ou doentes. Pois procurem oferecer um animal desses ao governador! Acham que ele o aceitaria com prazer e atenderia os seus pedidos? Eu, o SENHOR Todo-Poderoso, falei” (Malaquias 1:8).
Este texto tem a ver com desistir de coisas que, com o coração natural, você deseja manter para si. Os judeus em Jerusalém deveriam trazer seus melhores animais para o sacrifício. No entanto, eles estavam oferecendo animais defeituosos ao Senhor e mantendo os animais perfeitos consigo.
Por que é que Deus se importa com o tipo de animais que as pessoas ofereciam em sacrifício? Porque, ao eles Lhe oferecerem o seu melhor, eles estavam demonstrando fé em Deus e gratidão pelo perdão dos pecados.
Aqui está a parte interessante: Quando um animal era sacrificado ao Senhor, uma parte da carne ficava para o sacerdote e o próprio adorador participava dela, juntamente com sua família. Então, o adorador comia daquilo que oferecia. Espiritualmente falando, isto quer dizer que se você oferecer a Deus o que tem de melhor, receberá o melhor em paz, alegria e clareza de propósito. Se oferecer a Deus uma adoração defeituosa, colherá também uma vida defeituosa.
Deus se ofende quando lhe oferecemos coisas toscas que não representam o melhor que possuímos. Quando oferecemos a Deus o melhor do nosso tempo, de nossas emoções e de nossos recursos financeiros estamos oferecendo sacrifícios dignos da grandeza de nosso Deus e trazendo alegria ao Seu coração. Aquele que aprende a adorar a Deus corretamente não perde, mas ganha em todas as áreas de sua vida e ainda recebe a vida eterna!
Ellen White comenta: "Específicas determinações haviam sido dadas ao antigo Israel para que não fosse apresentado a Deus nenhum animal defeituoso nem doente. Unicamente o mais perfeito deveria ser escolhido para este fim. O Senhor, por meio do profeta Malaquias, reprovou Seu povo muito severamente por se haver desviado destas instruções. Embora dirigidas ao Israel antigo, estas palavras contêm uma lição para o povo de Deus de hoje" (Santificação, p. 29).
3) “O SENHOR Todo-Poderoso diz aos sacerdotes: - Gostaria que um de vocês fechasse as portas do Templo. Assim vocês não acenderiam mais fogo inutilmente no meu altar. Eu não estou satisfeito com vocês; não vou aceitar as suas ofertas” (Malaquias 1:10).
Ao contrário do que muitos imaginam, Deus prefere culto nenhum do que culto feito de qualquer maneira. Seria melhor fecharem a porta do Templo do que continuarem ofendendo a Deus com aquela palhaçada religiosa inútil. Esse verso é tão claro e pesado, que se eu tentar explicá-lo vou acabar amenizando. Então sinta o peso aí você!
Ellen White aconselha: “Deve imperar ali a própria atmosfera do Céu. As orações e discursos não devem ser prolixos e enfadonhos, apenas para encher o tempo. Deste modo será conservado vivo o interesse. Nisto está o culto agradável a Deus. Seu culto deve ser interessante e atraente, não se permitindo que degenere em formalidade insípida” (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 252).
4) “Mas vocês me ofendem quando pensam que têm o direito de profanar o meu altar e que os sacrifícios que oferecem não valem nada” (Malaquias 1:12).
Aqui cabe uma adaptação à nossa realidade cristã: altar e sacrifícios para nós representam nosso serviço de adoração (Hb 13:15). Responda para você mesmo: quantas vezes já teve a impressão que cultuar é uma bobagem? Quantas vezes o pensamento “às vezes é melhor adorar a Deus no meu quarto do que ir à igreja” adormeceu a sua consciência pesada? Quantas vezes você fez coisas de última hora no culto, sem preparo? Ofendemos a Deus quando pensamos assim.
Ellen White alerta: É um pecado ser descuidado, sem ideal e indiferente em qualquer trabalho em que nos empenhemos, mas especialmente na obra de Deus. Cada empreendimento relacionado com Sua causa deve ser realizado com ordem, previsão e fervorosa oração" (Evangelismo, p. 94).
5) E agora a minha parte preferida (e a mais dolorida):
"Vocês dizem: 'Já estamos cansados de tudo isso!' e riem de mim e me tratam com desprezo. E ainda me oferecem um animal roubado ou um animal aleijado ou doente. Vocês acham que eu, o SENHOR, vou aceitar isso?" (Malaquias 1:13).
Precisa explicar? Pelo menos um detalhe: nenhum cristão em sã consciência zomba assim de Deus. Isso acontece por que representamos enfadonhamente um papel numa encenação semanal chamada de “culto”. O problema é: Deus conhece os atores por trás dos personagens, e já viu essa peça infinitas vezes. Se tem alguém cansado de alguma coisa aqui, com toda certeza, é Ele. Lembre-se disso quando reclamar mentalmente de cansaço e fizer piadas a respeito do seu serviço a Deus. Ellen White adverte: "Houve uma grande mudança, não para melhor mas para pior, nos hábitos e costumes do povo com relação ao culto religioso. As coisas sagradas e preciosas, destinadas a prender-nos a Deus, estão quase perdendo sua influência sobre nosso espírito e coração, sendo rebaixadas ao nível das coisas comuns. Os cochichos, risos e conversas, que se poderiam admitir em qualquer outro lugar, não devem ser sancionados na casa em que Deus é adorado" (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 193).
6) "Maldito seja o mentiroso que me promete um animal perfeito do seu rebanho, mas oferece em sacrifício um animal defeituoso! Eu sou o Rei poderoso, e todas as nações me honram. Eu, o SENHOR Todo-Poderoso, estou falando" (Malaquias 1:14).
Maldito seja o mentiroso. O que pode fazer melhor e não faz é um maldito mentiroso. Deixe-me fazer apenas uma observação: para alguns talentosos, o mal-feito ainda fica bom e recebe elogios. Assim, o maldito mentiroso continua alimentado a sua preguiça achando que Deus também faz parte da multidão que o aplaude. Um recado para esse super-talentoso: você é um maldito mentiroso. Faça melhor e pare de enganar a si mesmo. Ellen White diz mais: "Muitos recebem aplausos por virtudes que não possuem. O Perscrutador dos corações pesa os motivos, e muitas vezes ações altamente louvadas por homens são por Ele registradas como partindo de egoísmo e baixa hipocrisia" (Obreiros Evangélicos, p. 275).
Se eu tenho condições de oferecer a Deus uma adoração melhor, maldito sou se oferecer a Ele qualquer coisa que não seja o melhor. Essa é uma das mensagens mais fortes da Bíblia. Poucos pregadores falam sobre isso (preferem usar Malaquias pra falar do dízimo). Eu suspeito que a falta de Malaquias 1 nos púlpitos tem uma explicação: atinge a todos. Não foi gostoso escrever essa mensagem, mas eu quero ir para o céu, e os mentirosos não entrarão lá.
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