sexta-feira, 30 de agosto de 2024

BAJULAÇÃO É DE DEUS?

Você sabe o que significa bajular alguém? Essa é a ação de elogiar, ajudar ou falar com alguém apenas por interesse. Barack Obama pronunciou uma frase célebre sobre esse assunto: “Livre-se dos bajuladores. Mantenha perto de você pessoas que o avisem quando você erra.” François La Rochefoucauld afirmou: "A bajulação é a moeda falsa que só circula por causa da vaidade humana." Francis Bacon disse: "A baixeza mais vergonhosa é a adulação." E o teólogo e grande pregador do evangelho, Aurélio Agostinho, pregando certa vez sobre os bajuladores, disse magistralmente: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”.

Alguns bajulam o chefe no trabalho, outros bajulam o professor na escola, alguns até os pastores e outros, os ricos e poderosos. No entanto, homens de Deus nunca bajulam ninguém. Elias nos dá o exemplo. O profeta havia profetizado três anos de seca em Israel como resultado dos pecados do rei Acabe e de sua família. O rei ímpio não admitia ser culpado por nada e buscava encontrar o profeta a qualquer custo. Um dia, esse encontro aconteceu e cada um deles revelou o seu caráter.

“Quando viu o profeta, Acabe disse: – Então é você que está aí, você, o maior criador de problemas de Israel!” (1 Reis 18:17, NTLH). Nessa hora, Elias poderia fazer duas coisas, pelo menos. Ele poderia bajular o rei e aliviar sua mensagem ou poderia agradar a Deus e ser fiel ao que acreditava. Elias decidiu ser fiel e disse: “Eu não sou criador de problemas para o povo de Israel! […] Você e o seu pai é que são criadores de problemas, pois abandonaram os mandamentos do Senhor Deus e adoraram as imagens de Baal” (1 Reis 18:18, NTLH).

O profeta do Carmelo poderia ter bajulado o rei, mas ele era um homem de Deus e agiu como tal. Ellen White faz o seguinte comentário sobre esse episódio: “Consciente de sua inocência perante Acabe, Elias não tentou se justificar ou bajular o rei. Também não procurou desviar a ira do rei anunciando as boas-novas de que a seca estava chegando ao fim. Ele não tinha desculpas a pedir. Indignado e preocupado em preservar a honra de Deus, Elias devolveu a acusação de Acabe, declarando ousadamente que eram os pecados do rei e de seus pais que haviam trazido sobre Israel essa terrível calamidade” (Profetas e Reis, p. 140, linguagem adaptada).

Na Palavra de Deus lemos: "O homem que lisonjeia a seu próximo arma-lhe uma rede aos passos" (Provérbios 29:5).

Nossa tendência natural é apreciar quem nos aplaude e evitar quem nos critica. É inquestionável que inimigos podem minar nossa reputação e dificultar bastante nossa vida, conforme relatou Davi em alguns dos salmos imprecatórios (Sl 35, 58, 69, 109, etc.). Às vezes, porém, nossos melhores amigos podem se tornar nossos piores inimigos. Ao passo que os inimigos destacam nossos pontos fracos e erros, os amigos podem acabar apenas nos elogiando e desculpando nossas falhas.

Em 29 de agosto de 1899, Ellen White escreveu da Austrália uma carta de advertência para John Harvey Kellogg, que estava se tornando cada vez mais autossuficiente e independente. Ela afirmou: “E por que eu lhe tenho escrito com tanta frequência? Porque não há nenhuma outra pessoa que você considere que tenha autoridade suficiente para dar ouvidos. Assim a questão me foi apresentada. Seus irmãos e colegas na faculdade de medicina e no sanatório não podem ajudá-lo. Você é a própria autoridade. Se as pessoas que se relacionam com você fossem tão verdadeiras quanto deveriam, você ouviria delas palavras de conselho que não tem escutado” (Carta 135, 1899).

Dois reis de Israel foram desencaminhados por seguir o conselho equivocado de amigos bajuladores. O primeiro foi o Roboão (1Rs 12:1-24), que rejeitou o conselho dos anciãos e seguiu as sugestões dos jovens que haviam crescido com ele. Em consequência, a nação de Israel se dividiu em reino de Israel (norte) e reino de Judá (sul). O segundo foi Acabe (2Cr 18), que se cercou de 400 profetas bajuladores para concordar com ele contra a mensagem de Micaías, a quem odiava por repreendê-lo. As atitudes inconsequentes de Acabe lhe custaram a vida.

A sabedoria popular adverte: “A bajulação não leva a lugar algum.” Não ajuda o bajulador em si, que é desonesto com a própria consciência e hipócrita com o suposto amigo. Além disso, acaba enganando a pessoa que é bajulada, ao gerar uma sensação de falsa certeza. Nós devemos substituir críticas amargas por admoestação sincera e trocar bajulação enganosa por apreço honesto. Além disso, é preciso evitar “conselhos gratuitos” a quem não quer ser aconselhado (Pv 9:7-9). Falar a palavra certa para a pessoa certa no lugar certo pode causar um impacto positivo na vida de alguém!

Ellen White aconselha: "Precisamos evitar tudo quanto estimule o orgulho e a presunção; portanto, devemos acautelar-nos de fazer ou receber lisonjas ou louvores. Lisonjear é obra de Satanás. Procede ele tanto com bajulações, quanto acusando e condenando. Deste modo procura causar a ruína da alma. Aqueles que louvam os homens, são usados por Satanás como agentes seus. Esquivem-se os obreiros de Cristo de toda palavra de elogio. Elimine-se de vista o próprio eu. Cristo, somente, deve ser exaltado. Dirija-se todo olhar e ascenda o louvor de cada coração 'Àquele que nos ama, e em Seu sangue no lavou dos nossos pecados' (Apocalipse 1:5)" (Parábolas de Jesus, p. 81).

Bajulação não é uma característica daqueles que servem a Deus. Nem Deus deve ser bajulado, Ele deve ser adorado, o que é muito diferente. O Céu nos desafia a falarmos sempre o que precisa ser dito, com educação e amor, sem importar quem precisa ouvir. Deus faz assim conosco. Siga Seu exemplo!

E aí, leitores, bajulação é de Deus?

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