quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A mulher cristã e o cabelo

“Tocar nesse assunto é mexer em vespeiro”

Se você já não falou essa frase, ao menos já a ouviu por aí. É bem verdade que alguns assuntos causam polêmica, mexem com paixões pessoais, e, por esses motivos, são deixados de lado, mantidos como tabus ou até como princípios imutáveis (alguns até diriam ser pontos de salvação). Mas não é assim aqui no Bonita Adventista, e nossas leitoras sabem bem disso. Não temos ‘frescura’, tampouco falta de coragem, por isso, tocamos em assuntos ora delicados, ora polêmicos, ora tudo junto e misturado.

Acreditamos que através da troca de informações e do estudo diligente da Bíblia encontraremos respostas, ou no mínimo um consenso, sobre alguns padrões de comportamentos. A introdução é longa para que sejamos entendidas: Não somos regra, não ditamos regra.

O que é princípio nem deve entrar em roda de discussão. Já os costumes… estes podem ser analisados, discutidos, e, muitas vezes, revistos. Princípio é lei, costume é interpretação.

“Como assim interpretação, Nay?”, você pergunta. Logo me explico: Costume é interpretação cultural; envolve a região, a educação familiar, a época e muitas coisas mais. E com esse pensamento, vamos falar de cabelo. Ouvi e li mulheres falando que cristãs não devem enrolar os cabelos, fazer trança, tampouco cortar as madeixas. Em nossa denominação, a parte do corte já está muito bem explicada, mas vale conversarmos sobre este aspecto também. Vamos aos textos que “apoiam” esse conceito?


COMO ENTENDER

Paulo e Pedro falaram desse comportamento e, é claro, que o texto fora do contexto vira pretexto. Estamos cansadas de ver textos sendo mal interpretados. Já ouvi sim pessoas falando que a mulher cristã não deve fazer trança no cabelo, não deve enrolar artificialmente (pela palavra frisado), não deve, não deve, não deve… Aí a Bíblia vira um manual do que pode e do que não pode. Assim é chato demais, não concordam? Deus nos deu inteligência e sabedoria para lermos sua Palavra, interpretá-la de acordo com padrões da época, e, ainda assim, não mudar nenhuma vírgula dela.

Na época em que Paulo e Pedro escreveram essas coisas, as judias, gregas e romanas tinham costume de gastar mundos e fundos (tempo e dinheiro) em arrumações elaboradíssimas nos cabelos. A maioria delas possuía cabelos extremamente compridos, o que lhes permitia praticamente tecer penteados, ornamentados com ouro e pérolas. Vocês conseguem imaginar as tranças feitas com nós, em cabelos muito longos, enfeitadas com ouro e jóias? 

A palavra “frisado” no texto vem do grego “empolke” (tô me achando a teóloga), que quer dizer justamente essa trança dispendiosa e elaborada. O frisado e as tranças daquela época nada tem a ver com as tranças que são usadas na atualidade e ponto final. O que pega nesse assunto é a ostentação, o que é dispendioso, o orgulho, o ego…


COMO ENTENDER

Quanto ao corte de cabelo, a palavra usada em grego é “keiro“, que quer dizer tosquiar uma ovelha ou raspar rente. Esse costume de raspar a cabeça era praticado pelas prostitutas da época, em especial as de Corinto, lugar para onde a carta de Paulo foi endereçada. Raspar a cabeça é bem diferente de cortar os cabelos, não acham? Até porque o fato das prostitutas rasparem a cabeça possuía muito mais aparato histórico do que o espaço me permite escrever. Tem gente até querendo estabelecer um comprimento, tipo, até o ombro pode, mostrando o pescoço não… Acreditam?

O que quero dizer com tudo isso? Precisamos respeitar a luz que muitas denominações possuem sobre determinados assuntos. Mas além disso, devemos promover o debate saudável, a discussão inteligente e a interpretação bíblica coerente e determinada. Discutimos sobre tantos assuntos e nos demoramos neles, bom seria que pudéssemos discutir sobre a Bíblia, sobre seus versos, seus caminhos. Com certeza será melhor do que montarmos listas do que pode e do que não pode.

Beijos, meninas! (desculpem pelo texto gigante)

Naysa Rabelo - Bonita Adventista

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