Quando o Dr. Ben Carson falou num evento tradicional, o National Breakfast Prayer [café da manhã nacional de oração], em fevereiro, perante o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (veja aqui), seus pontos de vista críticos sobre a legislação nacional de saúde e aumento da dívida do país causaram certo alvoroço na mídia.
Seus comentários, desde então o levaram a aparecer em noticiários de primeira linha, incluindo ‘The New York Times,’ ‘The Wall Street Journal’, redes de TV CNN e Fox News.
Carson, de 61 anos, não é estranho aos holofotes. Ele primeiro ganhou reconhecimento internacional em 1987, ao separar com êxito gêmeos siameses ligados pelo crânio. Ele tem atuado como diretor de Neurocirurgia Pediátrica do Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, Maryland, desde os seus 33 anos de idade. Ele é adventista do sétimo dia ao longo da vida, membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Spencerville, em Spencerville, Maryland.
Carson é autor de quatro livros. O seu primeiro, “Gifted Hands” [Mãos bem dotadas], conta a história de sua ascensão a partir da casa em que só tinha a mãe, em região pobre da cidade, para uma carreira de médico reconhecido. O ator Cuba Gooding Jr. desempenhou o papel de Carson num filme da HBO com o mesmo título. Carson e sua esposa, Candy, lançaram o Fundo Acadêmico Carson, em 1994, para promover a leitura e desempenho escolar, oferecendo troféus tão grande quanto os concedidos aos atletas do ensino médio.
Ele falou à Rede Adventista de Notícias (RAN) brevemente por telefone no início desta semana, depois de ter completado quatro cirurgias no período da manhã e à espera de uma equipe para chamá-lo para uma quinta.
Conquanto a Igreja Adventista do Sétimo Dia não se envolva corporativamente com política, A RAN entrevistou Carson sobre como ele sendo adventista encara a responsabilidade de ter sua atenção chamada na mídia. Ele também discutiu como suas opiniões decorrentes de sua fé moldam suas crenças sobre a origem da Terra, bem como a sua promoção de leitura e oportunidades educacionais em comunidades carentes.
A entrevista não editada em sua totalidade:
Rede Adventista de Notícias (ANN): Sente um senso especial de responsabilidade e de mordomia com a atenção que recebe?
Dr. Ben Carson: Não há dúvida de que Deus define essas coisas. Sinto que toda a minha vida foi orquestrada por Ele. Quando você é colocado numa plataforma, você tem a responsabilidade definida de lembrar quem o colocou ali e por quê.
ANN: Como lida com os holofotes?
Carson: Num espírito de oração, humildade, reconhecendo que você sempre tem que assegurar-se de se manter em segundo plano. É muito fácil pensar quando todos os holofotes estão sobre você: "Oh, puxa, eu sou uma grande pessoa!”. Você tem que assegurar-se de resistir à tentação de pensar dessa forma, e sempre ter em mente que seja o que fizer, Deus é o primeiro .
ANN: O que quer que as pessoas entendam sobre a Igreja Adventista do Sétimo Dia ao olharem para a sua vida?
Carson: Quero que entendam que nós somos pessoas razoáveis e pessoas bondosas, mas que temos valores e princípios pelos quais vivemos, e essas são as coisas que Deus estabeleceu em Sua palavra.
ANN: Pode haver momentos em que sente ser melhor distinguir-se da Igreja Adventista do Sétimo Dia e do que ela ensina?
Carson: Não, eu não. Você sabe, eu vi um monte de artigos que dizem, "Carson é adventista do sétimo dia, e isso significa que acredita na criação em seis dias, ha ha ha”. Sabe, tenho orgulho do fato de acreditar no que Deus disse, e já disse muitas vezes que defenderei isso diante de qualquer um. Se querem criticar o fato de eu crer numa criação literal, em seis dias, então deixemos a coisa assim, pois vou deixar todo tipo de buracos no que creiam. No final, depende de onde você quer colocar sua fé – no que a Palavra de Deus diz, ou quer colocar sua fé numa invenção do homem. Sinta-se perfeitamente à vontade para escolher. Eu escolhi a minha opção.
ANN: Existem outras coisas sobre que pensa que adventistas do sétimo dia deviam falar?
Carson: Sim, penso que devemos ser pessoas que verdadeiramente defendem a vida. Abortos feitos sob demanda não estão dentro do que é a vontade de Deus. Nós nos pomos a criticar os antigos pagãos por sacrificarem os bebês. Mas será que seremos realmente diferentes se sairmos por aí matando bebês, por serem inconvenientes? Sinto muito fortemente que devemos falar sobre estas questões e não apenas deixar pra lá para sermos mais bem aceitos.
ANN: Alguns disseram que a sua mensagem no café da manhã de oração foi excessivamente política, num ambiente em que deveria se concentrar em Deus. Como responde?
Carson: Creio que um café da manhã de oração é um excelente lugar para falar sobre o estado espiritual da nação, que, infelizmente, é crítica neste estágio porque as pessoas têm medo de falar sobre aquilo em que acreditam. Uma das crenças básicas dos fundadores de nossa nação era a liberdade de expressão. Então, se você não pode ser capaz de falar sobre isso num café da manhã de oração, é bastante irônico não podermos ter liberdade de expressão num café da manhã de oração. E então, algumas pessoas criticaram o fato de que eu trouxe a questão do dízimo, da Bíblia, de Deus num café da manhã de oração. Dá um tempo. . .
ANN: Com a crescente atenção da mídia, você guarda o sábado de forma diferente do que fazia antes?
Carson: Não realmente. O sábado ainda é um dia precioso para nós. Vamos à igreja tão frequentemente quanto podemos. Mesmo se estamos na estrada tratamo-lo como um dia diferente de todos os outros.
ANN: Como quer mudar o mundo?
Carson: Bem, há uma série de coisas. Primeiro de tudo, dando especial atenção a nossa nação, quero que nos lembremos que somos uma nação sob Deus. E quero que todos sejam capazes de dizer isso e fazê-lo com orgulho, e não vergonhosamente. Também gostaria de trazer de volta uma verdadeira definição de justiça. Equidade significa tratar todo mundo da mesma maneira, e não apenas o seu grupo especial ou os grupos de interesses especiais que contribuem para o seu bem-estar.
ANN: Existem personagens bíblicos que lhe oferecem um exemplo ou incentivo?
Carson: José, porque ele teve uma vida muito difícil. Foi vendido como escravo por seus próprios irmãos, decidiu fazer o melhor da situação e tornou-se o chefe da família de Potifar. E então, viver de acordo com altos padrões morais o levou a ser lançado na cadeia. Ele não estava ressentido com isso. Tornou-se um prisioneiro-modelo. Ganhou posição de autoridade lá e começou a interpretar sonhos, vindo a tornar-se governador da nação mais poderosa do mundo. Isso me falou muito sobre não ter apego a coisas e reclamar sobre onde você está, mas utilizar a situação, confiando em Deus e fazendo o melhor dela.
ANN: Como vê a aposentadoria que lhe chegará em junho?
Carson: Parece muito ocupada. Talvez eu tenha que voltar a trabalhar para obter uma pausa. Tenho 10 viagens internacionais programadas e já vários compromissos por todo o país -- muito numerosos para contar. Nosso fundo de bolsas de estudp está em todos os 50 estados [dos EUA] e estamos penetrando diferentes municípios. Estamos introduzindo nossas salas de leitura em todo o país para tentar aumentar o interesse pela leitura porque as pessoas que fundaram esta nação disseram que ela é dependente de uma população bem educada e informada, sem o que não pode sobreviver.
ANN: Alguma outra coisa ao concluirmos?
Carson: Temos sempre que lembrar que não importa o que aconteça, não importa quanto realce estamos tendo, tudo isso vem de Deus e tudo o que fazemos deve refletir glória ao Seu nome.
Fonte: Adventist News Network
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