segunda-feira, 15 de abril de 2013

Casagrande e Seus Demônios

A extensa luta contra as drogas nos últimos anos, 13 meses internado em uma clínica de reabilitação. Walter Casagrande abriu o coração e fez relatos do vício em cocaína e heroína, além da revelação de ter atuado dopado em quatro jogos na Itália. A autobiografia ‘Casagrande e Seus Demônios’ (Globo Livros) foi escrita em parceria com Gilvan Ribeiro, editor de esportes do jornal Diário de S. Paulo. A experiência do comentarista esportivo, estimula uma séria reflexão sobre o drama dos viciados em drogas e o sofrimento dos familiares. Abaixo algumas dicas importantes:

1. Você nunca vai conseguir fazer com que o seu familiar pare de usar drogas se ele não quiser mudar. A decisão é dele e ninguém consegue mudar outra pessoa se ela não está disposta a ser ajudada. Muitos familiares de pessoas adictas a alguma substância pensam que estão ajudando quando escondem bebidas alcoólicas (no caso de familiares alcoólatras), quando jogam fora drogas, mas isto só faz com que a pessoa dependente da substância fique mais nervosa ainda (e talvez violenta) e adquira mais drogas novamente (gastando mais dinheiro). Entender que você é impotente para mudá-lo sem que ele queira é fundamental.

2. Permita que o usuário sofra as consequências do uso da droga, sem ficar “abafando” estas consequências – isto acelera o processo de decisão dele com relação ao tratamento.

3. Não permita que colegas e nem a própria pessoa utilizem a casa como ponto de drogas.Caso contrário, afirme que terá que denunciá-lo e realmente faça isto.

4. Não resolva os problemas que ele cria por causa das drogas: dívidas, cobrir cheques sem fundo, resolver brigas com outras pessoas, pois tudo isto a pessoa que tem a dependência tem que viver até mesmo para que ela caia na real do que está acontecendo com ela. Quando os familiares encobrem demais comportamentos ruins de um adicto, isto só faz demorar mais ainda para que o usuário resolva se tratar. Então, deixe que ele enfrente e encare as consequências ruins de seu comportamento, sem pena. Isto não é ser má, isto é se proteger, não se prejudicar por causa de comportamentos errados de outras pessoas e até mesmo ajudar a outra pessoa a perceber o estrago que está causando não somente na própria vida, mas na vida de outras pessoas.

5. Não compare seu familiar com outra pessoa “modelo” porque isto aumenta a irritabilidade dele.

6. Procure desaprovar comportamentos destrutivos sem atribuí-los às drogas. Em vez de falar algo como “Você fica irritado assim por causa das drogas!”, prefira colocar o lado negativo do comportamento dele “Quando você fica irritado assim é ruim para você e para a gente.” Mencionar as drogas pode dificultar o processo de ele ouvir você, porque estará sempre com “um pé atrás” se você vai criticá-lo por usar drogas ou não.

7. Envolva algum outro parente para ajudá-lo a fim de que não fique pesado para um só familiar. A família dele também deve envolver-se nessa tentativa de ajuda. Conte para alguém em quem você pode confiar, na família dele (se eles ainda não sabem) e peça que esta pessoa converse com ele dando apoio à recuperação dele.

8. Você deve estabelecer limites para o seu familiar.

O psiquiatra Cesar Vasconcellos de Souza fala o seguinte com relação a isto:

“Para tudo há um limite. Podemos tolerar algo desagradável por muito tempo, mesmo anos, mas há um momento em que precisamos dizer: “Basta!”, e mudar nossa atitude, até para nossa própria sobrevivência física, emocional e espiritual. Mesmo Jesus viveu momentos em que colocou limites firmes para o mal, quando, por exemplo, Se dirigiu a Pedro o qual estava naquele momento opresso. (Mateus 16:23).”

Todos os familiares que possuem algum membro de sua família usuário de alguma substância, deve estabelecer limites. Quais seriam estes limites? Se o fato de seu familiar usar a droga está prejudicando o seu lar, estabeleça limites firmes, sem medo. Cada familiar, dependendo do grau de prejuízo que um familiar usuário de drogas ou de álcool esteja trazendo à família, deverá escolher estes limites, que podem ser:

1) Comunicar ao parente adicto que da próxima vez que o fato acontecer, não mais ajudará a cobrar dívidas, e a aliviar o “peso” das consequências e realmente fazer isto quando o próximo incidente acontecer (porque se você não fizer, não vai adiantar nada);

2) Informar que, caso os mesmos episódios continuem a acontecer você terá que tomar providências como: chamar a polícia ou chamar uma ambulância (quando a pessoa fica agressiva e quer bater) em vez de ficar ajudando, socorrendo, se protegendo sozinha;

3) Dependendo do caso, se está acontecendo abusos e agressões físicas ou muitas vendas de tudo em casa para a compra das drogas, avisar para o parente que infelizmente ele terá que se separar de você e que só voltará quando ele decidir se tratar, quando já estiver em tratamento (porque alguns vão uma só vez, só para ter a família de volta, e depois tudo volta à mesma coisa horrível) ou poderá ficar caso decida se tratar. Caso contrário, a separação será necessária por questões de proteção sua e dos bens que vocês possuem.

Procure, você, um grupo de ajuda mútua chamado Nar-Anon, que é para familiares de pessoas que usam drogas. Neste grupo, outras pessoas que passam pela experiência que você passa se encontram e dão e recebem apoio e orientações com relação à forma de lidar com esta situação.

10. Oriente seu parente a buscar ajuda no NA (Narcóticos Anônimos). Lá ele encontrará pessoas que estão em tratamento e em abstinência química que fortalecem uns aos outros a permanecerem “limpos”.

11. É difícil levar o viciado a aceitar que ele precisa de ajuda. Normalmente eles negam isto, negam a dependência. Por isso, em vez de criticá-lo com palavras duras, dando um “sermão”, procure dar evidências claras dos comportamentos errados dele que são causados por causa da dependência dele. Por exemplo, se ele chegar a um ponto de perder os sentidos e desmaiar no chão da sala, deixe-o ali em vez de levá-lo para a cama, para que ele, quando acordar, veja o que aconteceu com ele. Se ele quebrar alguma coisa em casa, mostre para ele e diga: “você se lembra que você fez isto?”, com um “tom” de fazê-lo perceber e não de condenar. Você o ama, mas você não ama o que ele faz. E ele tem que saber disso. Seja amável, mas firme.

12. Ofereça ao seu parente tratamento. Procure um psiquiatra em sua cidade que trate de dependentes químicos, e ofereça ao seu parente a sua companhia para que ele vá a uma consulta. Ele pode se manter na negação, tipo: “não preciso disso” ou “psiquiatra é coisa de louco” ou “eu não estou viciado”, ou ele pode aceitar. Se ele aceitar, vá com ele na consulta. Esta é uma possibilidade de dar apoio. Se ele não aceitar, continue impondo limites com amor, mas sendo firme: não permita que ele utilize dinheiro da família para comprar as drogas, principalmente seu dinheiro; não permita que ele use drogas na frente de seus filhos (caso tenha), não permita que ele leve amigos drogados para dentro de casa, e outros comportamentos inadmissíveis.

13. Lembre-se de que você pode ajudá-lo, mas não é responsável pela cura dele. Esta responsabilidade é dele! 

Agora, algumas atitudes a fim de que ele possa deixar de ser usuário, se ele desejar:

1. Procure uma ajuda de um psiquiatra e um psicólogo, de preferência, que seja cristão, para que outras filosofias que não são bíblicas não interfiram no tratamento. A causa do uso de drogas e outros vícios normalmente é uma ansiedade ou uma angústia muito grande que a pessoa tem e que não consegue resolver. Assim, usa a droga a fim de tentar ficar bem, apesar da dor emocional não resolvida. Ou, realmente pode ter se envolvido socialmente com a droga por conta de aceitação social e não consegue sair. Por conta das causas, é importante que você tenha uma ajuda profissional a fim de tentar resolver estas causas, para que a ansiedade diminua e, assim, você consiga administrar a sua vontade de usar a droga.

2. Por enquanto, o quanto você puder se manter afastado dos amigos que estão envolvidos constantemente nisto, melhor. Evite a tentação. Só conseguimos evitar a tentação nos afastando dela. E enquanto você estiver em contato com seus amigos que usam drogas também, mais difícil será você ter autocontrole para não cair novamente no uso. Portanto, afaste-se deles. Se você corre risco de vida ao se afastar deles e ao parar de usar a droga (se eles ameaçam você), será importante que você conte isto para seus pais ou para as pessoas que cuidam de você, a fim de receber o apoio para uma possível internação em uma clínica de desintoxicação para, além da desintoxicação, estar relativamente mais protegido fora da cidade.

3. Não sei se você conhece também o grupo de ajuda mútua, N.A., Narcóticos Anônimos, que também tem servido de grande ajuda para usuários de drogas. Normalmente há grupos de NA ou AA (Alcoólicos Anônimos) em quase todas as cidades. Seria muito importante você procurar a ajuda deles, porque ali há pessoas que já passaram por isto e permanecem “limpos”, e que dão os testemunhos sobre isto e apóiam outras pessoas que ainda não conseguiram.

4. Pense em quais são as suas ansiedades e angústias que a levam a procurar uma “válvula de escape”, no caso, a cocaína, como forma de “fugir” desta angústia. “Algumas pessoas, não só as hiperativas, têm dificuldade de parar para pensar. Por quê? O que ocorre quando uma pessoa pensa, analisa sua vida, seu comportamento, seus relacionamentos afetivos com familiares, colegas de trabalho, etc.? Pode descobrir coisas agradáveis e desagradáveis. Pode doer. Pode dar vontade de chorar. Pode perceber que ainda há coisas mal resolvidas dentro de si. Feridas abertas. Então, para alguns, é melhor não pensar. Mas pensar, neste contexto, em muitos casos é tudo o que a pessoa necessitaria para poder lembrar do que dói, extravasar sua dor, e, só então, ser liberta dela.”

5. Procure fazer algumas coisas para diminuir a sua ansiedade que normalmente pode ser amenizada temporariamente com o uso da droga. Portanto, tirando a droga, vai ser necessário que você diminua esta ansiedade de outra forma. A terapia ajuda, os exercícios físicos diários se possível, também ajudam, e manter-se ocupado em atividades diárias também.

Lembre-se que podemos nos sentir fracos diante de muitas tentações e pecados. Muitas vezes podemos nem sentir vontade de parar com ele. Mas só de termos a vontade RACIONAL de evitarmos o pecado, podemos entregar esta vontade a Deus e pedir que Ele complete a força que nós não temos! Salvar é a especialidade de Jesus! E nos salvar de qualquer situação! Creia nisto e faça a sua parte!

“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho.” (Sl 32:8).

Seja feliz!

J. Washington / Thais Souza - Novo Tempo

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