Uma das perguntas que mais frequentemente me fazem é se existe ou não benefício no uso de suplementos alimentares. Como a nutrição não é uma ciência exata (ainda que seja ensinada como se fosse), a resposta para essa pergunta não é simplesmente sim ou não. Para se tirar uma conclusão equilibrada, é necessário fazer uma análise dos fatos que envolvem a produção, a distribuição, a indicação, o consumo e os possíveis efeitos deles.
Os pontos principais que a indústria dos suplementos alega para justificar a necessidade de suplementação alimentar estão fundamentados em duas premissas:
1. Os alimentos no seu estado natural não possuem nutrientes em quantidade adequada devido ao cultivo excessivo que empobrece o solo, principalmente no caso dos minerais. É verdade que o cultivo excessivo da terra pode levar à diminuição de certos nutrientes do solo. Entretanto, a presença de nutrientes nos alimentos é redundante, ou seja, eles existem sempre em quantidades acima da capacidade do organismo de absorvê-los e assimilá-los. A absorção também depende da interação entre alguns nutrientes, situação em que a presença de alguns facilitam ou dificultam a absorção de outros. Muitos acham que precisamos de todos os nutrientes diariamente, mas essa crença é equivocada. Alguns nutrientes precisamos não somente diariamente, mas a cada minuto. Um bom exemplo é a glicose, cuja falta aguda pode levar o indivíduo ao estado de coma em minutos. Já a vitamina B12 pode ser “reservada” no corpo por até 3,5 anos.
2. A correria do dia a dia imposta pela vida moderna não permite uma alimentação saudável e, portanto, a suplementação é necessária. Apesar de parecer uma solução ideal e cômoda, essa decisão pode colocar a pessoa em uma posição de falsa segurança porque, pensando que está com o problema resolvido, ela acaba deixando de implementar as reformas necessárias à boa saúde. Outro problema sério é que alguns nutrientes, entre os quais as vitaminas A, D, E e K, são solúveis em gordura. Assim, o excesso pode levar à toxicidade e causar efeito contrário ao que se busca, como apontam algumas pesquisas.
Ao considerar a utilização de suplementos alimentares, pense nestes fatores:
- Suplementos alimentares não são para todas as pessoas. Deve haver indicação médica correta, na dosagem certa. Por exemplo, vitamina A em excesso pode aumentar os riscos de defeitos de nascimento, e o de vitamina E pode favorecer hemorragias.
- Nutrientes isolados não têm a mesma biodisponibilidade dos que estão presentes nos alimentos naturalmente. Isso porque, isolados, carecem de elementos que ajudam na digestão, absorção e assimilação.
- Não há controle de qualidade nem fiscalização adequada para saber se o produto pelo qual você está pagando tem realmente a quantidade de nutrientes informada no rótulo.
- É necessário muito cuidado com os suplementos que alegam curar determinadas enfermidades. A não ser no caso das enfermidades relacionadas com sua carência, os efeitos dos suplementos para problemas de saúde são limitados e muitas vezes inócuos.
- Se o organismo tem carência de algum nutriente, é necessário também verificar se não existe alguma enfermidade que está causando a deficiência, a fim de lidar com a causa, e não somente com os sintomas. Por exemplo, a deficiência de ferro pode ser o resultado de uma úlcera que está sangrando ou de carência de vitamina C, que auxilia na absorção dele.
Não existe suplemento superior aos nutrientes que se encontram nos alimentos saudáveis em seu estado natural, como frutas, verduras, nozes e cereais. O segredo está na variedade. Tendo uma alimentação variada, pode-se ter uma dieta que fornece ao organismo todos os elementos necessários. Por isso, antes de utilizar algum suplemento, considere os fatores mencionados.
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