Três anos depois da tragédia que matou 242 pessoas na Boate Kiss, em Santa Maria, a Justiça brasileira ainda não conseguiu apontar culpados ou puni-los nem determinar indenizações às famílias de jovens mortos e vítimas sobreviventes. Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, um incêndio na boate, causado por um artefato pirotécnico usado pelos músicos da banda que se apresentavam no local, chocou o Brasil com a morte de centenas de jovens, a maioria com menos de 25 anos.
Quando Débora Parode Assumpção saiu para se divertir com as amigas, ela não tinha ideia de que aquela seria uma noite que mudaria a sua vida. Conheça a história de uma jovem adventista que, depois de sobreviver à trágica noite, aprendeu a importância da vida e de saber fazer escolhas.
Naquela madrugada fatídica, Débora não era a única adventista no local do incêndio.
“O cenário era de guerra. Corpos nas calçadas, gente passando mal, pessoas desesperadas. No meio dos mortos, uma garota fazia massagem cardíaca numa loira estendida no chão. As duas se conheciam da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas apenas Débora Parode Assunção, que estava inconsciente, ainda frequentava os cultos. A outra havia sido desbravadora quando mais nova, porém não mais ia à igreja. Casualmente, as duas foram à balada mortal e acabaram se encontrando ali, no chão do estacionamento, em frente à casa noturna”, narra o jornalista Rafael Acosta, autor do livro-reportagem 242 – O Quarto Vazio, desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso em 2014.
Moradora de uma cidade universitária em que mais de 16% da população têm entre 15 e 34 anos, Débora era uma jovem ativa na igreja. Ela frequentava uma pequena congregação onde cuidada de uma classe da Escola Sabatina para crianças, tarefa que cumpria com dedicação, pois gostava dos pequenos e conhecia a importância do cargo.
Débora afirma que só foi àquele lugar porque estava passando por um momento difícil. Recentemente, havia terminado o namoro. Estava triste com o fim do relacionamento, e as amigas, com o propósito de ajudá-la naquele momento difícil, a convidaram para ir à festa da Kiss. Débora se sentia dividida. Sabia que a danceteria não era o tipo de lugar apropriado para cristãos. Mesmo assim, teve vontade de ir. Depois da insistência das amigas, cedeu e aceitou o convite.
Já na balada, por volta das 3 horas da manhã, enquanto se divertia, o incêndio começou. Ela estava longe do palco e não viu o fogo. Mas, quando notou a fumaça, tentou escapar. Durante a fuga, ficou presa entre a multidão. Os frequentadores que estavam à sua frente foram barrados à saída, impedindo a passagem dos outros, e os que vinham atrás a espremiam. A pressão foi tão grande que ela sentiu como se suas costelas fossem quebrar. Não tinha como se movimentar, estava presa. ‘Jesus, tira-me daqui, eu não quero morrer!’, gritava, enquanto a fumaça se espalhava pelo prédio. Sem perceber, inalou a substância tóxica e desmaiou. Ela foi salva pelo segurança Rodrigo Moura Ruoso, que a tirou do meio da aglomeração. Do lado de fora da boate, após recobrar a consciência, sofreu uma parada cardiorrespiratória. A ex-desbravadora que estava por perto realizou os primeiros socorros. Débora sobreviveu. (Com informações da Revista Adventista)
Nenhum comentário:
Postar um comentário