segunda-feira, 11 de julho de 2016

Geração que "manda nudes" sob a perspectiva cristã


A expressão “manda nudes” é uma das mais populares nas redes sociais. Hábito normal para uma grande fatia da moçada. Hábito que vai se tornando rotineiro e aceitável para um número cada vez maior entre os jovens cristãos, que, mais cedo ou mais tarde recebem o pedido: “Manda nudes.” Ou seja, envie fotos suas onde você esteja nu, fotos nas quais revele partes íntimas, enfim, manda nudes. A partir daí surgem as perguntas: Sim ou não? Envio ou não envio? Devo ou não devo?

Numa pesquisa on-line feita pelo Instituto Qualibest com 579 pessoas entre 16 e 30 anos, 12% respondeu que já compartilhou fotos ou vídeos da própria nudez. O WhatsApp é o principal aplicativo para essa troca de mensagens, escolhido por 87% das pessoas, enquanto o Snapchat, em que as imagens e mensagens desaparecem logo após serem vistas, está na segunda posição, com 25%. 

Dentre os motivos alegados pelos 12% para enviar tais fotos ou vídeos, o campeão, que aparece com 42% entre os praticantes, é o pedido do parceiro. Ou seja, a pressão vem, na maioria das vezes, da pessoa amada. É quando o namorado, o amante ou o ficante começam a pedir uma imagem, uma “prova” de amor. Depois de pensar um pouco, o parceiro resolve atender a solicitação. Pronto. Depois da primeira foto, a porteira foi aberta, pouquíssimos são os que conseguem parar. 

Segundo a psicanalista Marielle Kellermann, existem dois motivos principais para a prática de se enviar fotos nuas. O primeiro está ligado a um desejo biológico inato: o exibicionismo. Desejo este que é bem antigo, existe muito antes dos iPhones. Basta pensarmos nos pintores do renascimento que já faziam aula com modelos nus. Segundo motivo apontado são as facilidades tecnológicas, em que seu celular produz foto ou vídeo de boa qualidade, você mesmo edita, separa, salva e envia em questão de minutos. Tudo no secreto e no conforto da privacidade. Condições que vencem a timidez e o recato que existiam sem as possibilidades escancaradas pelas facilidades da tecnologia.

Eis o dilema: o “manda nudes” exerce grandes poderes de sedução, satisfaz egos, potencializa autoafirmações, faz seu praticante se sentir, dá a sensação de liberdade e independência, passa a ideia de poder e comando, enfim, entra-se em jogos e relações que despertam desejos e prazeres. Mas não só para além de desejos e prazeres, muitas consequências vêm a reboque.

Perda de privacidade, ter sua imagem compartilhada por pessoas que você jamais gostaria que tivessem acesso, virar o objeto de consumo de estranhos, perda do respeito, abalos relacionais, pesos psicológicos, emoções estremecidas, vergonha, quebra de pacto com a pessoa que prometeu preservar o segredo e resolveu tornar tudo público sem seu conhecimento. A lista poderia aumentar, porém apenas estas consequências já deveriam fazer muitos repensarem a prática.

Ao lermos 1 Coríntios 6:12-20, aprendemos seis coisas sobre como devemos lidar com nosso corpo: 
1. "Alguém vai dizer: 'Eu posso fazer tudo o que quero.' Pode, sim, mas nem tudo é bom para você."
2. "O nosso corpo não existe para praticar a imoralidade, mas para servir o Senhor; e o Senhor cuida do nosso corpo."
3. "Será que vocês não sabem que o corpo de vocês faz parte do corpo de Cristo? Será que eu vou pegar uma parte do corpo de Cristo e fazer com que ela seja parte do corpo de uma prostituta? É claro que não!"
4. "Fujam da imoralidade sexual! Qualquer outro pecado que alguém comete não afeta o corpo, mas a pessoa que comete imoralidade sexual peca contra o seu próprio corpo."
5. "Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus?" 
6. "Vocês não pertencem a vocês mesmos, mas a Deus, pois Ele os comprou e pagou o preço. Portanto, usem o seu corpo para a glória dEle."
Também sob a perspectiva bíblica, a nudez é uma bênção para ser compartilhada apenas entre o casal, um tesouro riquíssimo que deveria ser descoberto e usufruído ao longo de uma vida a dois em aliança com a bênção de Deus, sempre debaixo dos pactos de fidelidade, honra, respeito, afeto e amor. Entendo e respeito os que encaram a nudez em outra perspectiva, mas a que aqui defendo é a bíblica, pois é ela que tem formado famílias fortes e sociedades sólidas ao longo dos séculos.

A minha oração é que a nossa geração redescubra o seu valor enquanto criaturas de Deus e passe a lidar com o corpo com mais honra e dignidade. Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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