Em janeiro de 2014, a TV Globo entrou na história com a exibição do primeiro beijo entre dois homens da TV aberta brasileira. Mais de dois anos depois, a emissora repetiu o feito, indo muito além do beijo discreto entre Félix e Nico no final de Amor à Vida. A emissora exibiu na noite desta terça-feira (12/7) a primeira cena de sexo entre dois homens da história da teledramaturgia brasileira. A cena foi protagonizada pelos atores Ricardo Pereira e Caio Blat, que interpretam, respectivamente, Tolentino e André em “Liberdade Liberdade”, novela das onze.
Considerada sodomia, a homossexualidade era tratada como crime de lesa-majestade naquele início de século XIX, conforme retratado no folhetim. “O que importa são as consequências desse momento, e as consequências serão nefastas”, explica o autor Mário Teixeira. “Naquela época, a sodomia era considerada crime, com enforcamento. Não era nem preconceito, porque o conceito de homossexualidade nem existia, era tratado como ato inatural, como pecado.”
O diretor da novela Vinicius Coimbra também fez uma declaração: “Estou muito feliz por ter feito essa cena e pelo fato de a Globo bancar isso, não só essa temática da homossexualidade, mas voltar a abordar a questão do negro, da violência contra a mulher, vários casos horrorosos, e isso vem num ótimo momento, em que a intolerância tem se mostrado tão nociva."
Em contrapartida, para se manifestar contra a exibição, a bancada evangélica do Congresso Nacional, juntamente a algumas lideranças religiosas, mobilizaram seguidores para promover uma passeata em várias capitais contra a cena. Uma página católica também se manifestou, incentivando seus seguidores a repudiarem este tipo de exibição na TV aberta. “Está na hora de deixar de assistir [a Globo]. O demônio agirá por meio dessa emissora. [...] Uma nação cristã não pode se calar diante desta promoção de atos abomináveis aos olhos do Nosso Deus. Deus ama o pecador (a pessoa), mas abomina o pecado (a ação)”, diz um trecho publicado pela página Paraclitus.
Para a Igreja Católica, a relação entre indivíduos do mesmo gênero é contrária à lei natural e encontra oposição na Bíblia (Gn 19:1-29; Rm 1:24-27; 1Co 6:9, 10; 1Tm 1:10). Apesar disso, o Catecismo incentiva o respeito aos que mantêm esse tipo de relação. E também, em recente declaração, o papa Francisco se manifestou sobre o perdão aos gays por tratamento no passado.
Os adventistas do sétimo dia também entendem que, de acordo com o Livro Sagrado, o padrão estabelecido por Deus na criação é a união heterossexual (Gn 2:24). O sexo – em suas mais variadas formas – praticado fora do círculo do casamento entre homem e mulher está proibido (Lv 20:7-21; Rm 1:24-27; 1Co 6:9-11). Apesar de não aprovar as práticas homossexuais, a Igreja Adventista reconhece a dignidade de cada ser humano e procura, à semelhança de Jesus, tratar todos com amor, independentemente de credo, cor, idade ou orientação sexual. (Leia aqui a Declaração Oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia Sobre a Homossexualidade).
Diante disso, que não nos esqueçamos que o mesmo Deus que desaprova as relações homossexuais é o que ordena amar ao próximo como a si mesmo (Matheus 22:39). Como cristão, eu devo amar meu próximo e buscar o bem dele, mesmo quando não concordo 100% com ele. Mais ainda, a figura de Cristo morrendo na cruz por seus inimigos necessariamente afeta a forma como eu penso sobre essa e outras questões. Que possamos praticar mais amor e menos ódio (1 João 4:20).
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