sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Parábola da roupa limpa


Ele acorda cedo. Toda a sua higiene pessoal da manhã se resume em um pouco de água no rosto para simplesmente espantar o sono. Nem pensa em tomar um banho, afinal o que mais vai fazer durante o dia é se sujar. Dirige-se à sala. Foi lá que deixou seu macacão azul - que de azul mesmo só tem a lembrança e o lado avesso - todo manchado de graxa e do que mais fosse preciso no trabalho da oficina.

Gente simples, geladeira vazia. Pouca opção para o café: umas bolachas dessas de água e sal, e café. Desajeitado e rude de maneiras, nem percebe que, no primeiro gole, o café gelado caiu sobre sua roupa. Aliás, que diferença faz? Indiferença.

Do outro lado da cidade, ela acorda um pouco mais tarde. Tem um jeito diferente. Muito asseada, não por frescura, mas pelo jeito de ser, é aquele tipo de gente que chega a ser vaidosa com limpeza. Levanta-se, e em poucos minutos faz sua higiene. Em frente ao guarda-roupa decide vestir branco.

É uma imagem encantadora: uma mulher bonita, elegante, banho tomado, toda de branco. Rumo à cozinha, vai pensando no desjejum. São várias opções: frutas maduras, cereais, leite com biscoitos, pão com mel, bolos de cenoura e chocolate. Vê que o relógio marca atraso. Assim, prefere enganar a fome com apenas algumas bolachas de água e sal, e café. Até suas xícaras são brancas. Nesse instante, mesmo toda a sua delicadeza não impediu que um pouco de café escorresse pelo canto da boca apressada e manchasse o branco da roupa. Tragédia!

Engraçado: não era o mesmo café? Sim, era... mas as manchas mancham mais dependendo da roupa que se usa. 

Cuidado com o cafezinho. Quem lê, entenda.

Cândido Gomes (via uma janela aberta para reflexão)

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