Quebrando o Silêncio é um projeto educativo e de prevenção contra o abuso e a violência doméstica promovido anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em oito países da América do Sul, (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai) desde o ano de 2002.
A campanha se desenvolve durante todo o ano, mas uma das suas principais ações ocorre sempre no quarto sábado do mês de agosto (neste ano - dia 25). Este é o “Dia de ênfase contra o abuso e a violência”, quando ocorrem passeatas, fóruns, escola de pais, eventos de educação contra a violência e manifestações na América do Sul.
A cada ano um tema é escolhido para ser discutido e abordado com propósito de conscientizar a comunidade, denunciar abusadores e ajudar as vítimas. O tema de 2018 é suicídio. Já considerado uma questão de saúde pública global, precisamos unir forças não somente para evitar que mais pessoas atentem contra a própria vida, mas para ajudar os que sofrem a voltar a sorrir.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a 17ª principal causa de mortes em todo o mundo, com 800 mil vítimas anuais. Isso equivale a um óbito a cada 40 segundos. O quadro ainda é mais preocupante se levada em conta a estimativa de que, para cada caso registrado, existem 20 tentativas de suicídio. Assim, é provável que você conviva ou já tenha entrado em contato com pessoas que não mais apresentam interesse pela vida. A recorrência desse problema exige que estejamos preparados para enfrentar essa situação.
O ponto é que a maioria dos suicídios poderia ser evitada se estivéssemos mais atentos aos avisos enviados pelos que planejam tirar a própria vida. Cansaço emocional, isolamento social e sono excessivo podem ser “pedidos de socorro” de quem não está lidando bem com seus problemas e que pode enxergar na morte uma solução, ainda que ilusória.
Os motivos que levam ao suicídio são variados e complexos. Podem ser decorrentes de um distúrbio mental, como depressão e ansiedade, de um abuso sexual, e de problemas sociais. Independentemente da causa, precisamos estar preparados para oferecer apoio e saber como agir preventivamente.
Um dos aspectos mais importantes na prevenção é ajudar quem tem ideias suicidas a encontrar ou redescobrir um sentido para a vida. A logoterapia, sistema teórico criado por Viktor Frankl, um psiquiatra austríaco sobrevivente dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, é uma abordagem que trabalha nessa direção.
“Ter um sentido para a vida é o que permite ao ser humano passar por crises sem evoluir para um processo autodestrutivo. Recuperar o sentido de viver é o objetivo último e fundamental para que alguém saia da depressão e permaneça bem depois disso”, explica o psiquiatra Ricardo Falavigna, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Contudo, por vezes, é muito difícil alguém que está imerso em problemas complexos reencontrar o propósito da existência. É nessas situações que pequenos gestos podem fazer grande diferença. “A melhor atitude é o respeito, a solidariedade e a empatia. Com isso, abrimos espaço para que a pessoa exponha o que está sentindo e seja levada ao tratamento”, pontua o psiquiatra.
O médico explica que sentir-se acolhido ajuda o corpo a produzir serotonina, hormônio fundamental na regulação do humor, das sensações de dor, medo, ansiedade e depressão. Ele completa dizendo que, ao estudar o cérebro de pessoas que cometeram suicídio, cientistas confirmaram a redução de serotonina em algumas áreas. “As mais afetadas foram aquelas responsáveis pela inibição do comportamento e tomada de decisões”, destaca.
Embora não possamos compreender plenamente as causas e motivações por trás do suicídio, como adventistas podemos afirmar três princípios importantes:
· Primeiro, a vida é preciosa e é um dom de Deus, para ser vivida por Sua graça e pela fé. Nenhum problema é demasiado grande que não possa ser trazido a Deus em oração.
· Segundo, quando encontramos uma pessoa com pensamentos suicidas, temos o dever de ajudá-la. Com a ajuda de Deus, podemos encarar a culpa de uma maneira construtiva, tendo em mente que muitas vezes aqueles que cometeram suicídio necessitavam de ajuda profissional que nós mesmos fomos incapazes de proporcionar.
· Terceiro, a psicologia e a psiquiatria têm revelado que o suicídio geralmente é o resultado de um profundo transtorno emocional ou desequilíbrio bioquímico associado a um profundo estado de depressão e medo. Não deveríamos julgar as pessoas que optaram pelo suicídio sob tais circunstâncias. Não nos cabe julgar. Enquanto devemos estender um ministério de amor e ternura à pessoa envolvida, não devemos julgar que tal pessoa cometeu o pecado máximo.
Para finalizar, segue abaixo dois conselhos de Ellen G. White para lidarmos com essa questão:
"Se tomarmos conselho com as nossas dúvidas e temores, ou procurarmos solver tudo que não podemos compreender claramente, antes de ter fé, as dificuldades tão-somente aumentarão e se complicarão. Mas se chegarmos a Deus convencidos de nosso desamparo e dependência, tais quais somos, e com humilde e confiante fé fizermos conhecidas nossas necessidades Àquele cujo conhecimento é infinito, e o qual tudo vê na criação, governando todas as coisas por Sua vontade e Palavra, Ele pode atender e atenderá ao nosso clamor, e fará a luz brilhar em nosso coração." (Caminho a Cristo, pp. 96-97)
"Quando a depressão baixa sobre a alma, isto não é evidência de que Deus tenha mudado. Ele é o mesmo 'ontem, e hoje, e eternamente' (Hebreus 13:8). Estareis seguros do favor de Deus quando sois sensíveis aos raios do Sol da justiça; mas se nuvens pairarem sobre vossa alma, não vos deveis sentir abandonados. Vossa fé tem de atravessar as sombras, vossos olhos devem ser simples e todo o corpo será pleno de luz. As riquezas das graças de Cristo têm de ser conservadas na mente. Entesourai as lições que Seu amor provê. Seja vossa fé qual a de Jó, para que possais declarar: 'Ainda que Ele me mate, nEle esperarei.' (Jó 13:15). Apegai-vos às promessas de vosso Pai celestial, e lembrai-vos de Seu antigo trato convosco e com os Seus servos; pois 'todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus' (Romanos 8:28)." (Review and Herald, 24 de janeiro de 1888)
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