No início do século 16, a Europa passava por um tempo de terríveis trevas espirituais. Por mais de mil anos, a monarquia e o sistema religioso oficial estavam obrigando o povo a viver como escravos sem ter ao menos a chance de ler a Bíblia por conta própria.
Por causa disso, muitas doutrinas falsas eram ensinadas e o povo acreditava nelas. Para você ter uma ideia de como funcionavam as coisas, o papa Leão X resolveu restaurar a Catedral de São Paulo, mas não tinha dinheiro para a obra. Então resolveu vender uns diplomas chamados "indulgências" que, segundo se cria, tinham o poder de diminuir a punição do pecador. O preço variava de pecado para pecado. Pessoas pobres gastaram todas as suas economias para comprar esses diplomas e os ricos chegaram a fazer depósitos prévios por pecados que ainda iriam cometer.
Um monge agostiniano chamado Martinho Lutero se indignou com isso e, como protesto, publicou em 31 de outubro de 1517 uma lista de 95 teses contra a Igreja Católica. Fixou a lista na porta principal da Catedral de Wittenberg, na Alemanha. O papa o chamou de "alemão bêbado e idiota". Lutero se defendeu, dizendo que seus ensinos estavam baseados na Palavra de Deus e que estaria disposto a renunciar a qualquer de seus ensinos caso alguém lhe mostrasse, pela Bíblia, que ele estava errado.
Em pouco tempo, Lutero estava excomungado e só escapou da fogueira porque se refugiou nas terras de um nobre da Alemanha. Durante o exílio, ele aproveitou para traduzir o Novo Testamento do grego para o alemão, a fim de que o povo pudesse ler. Na época, todas as leituras bíblicas eram feitas durante a missa em latim e poucos compreendiam o significado desse antigo idioma da igreja.
Lutero então se tornou líder de um novo movimento e seus protestos se espalharam por toda a Europa, ganhando a adesão de João Calvino, que sistematizou por escrito os ensinos básicos do protestantismo. Como consequência da Reforma Protestante, Deus fez surgir a Igreja Adventista.
Em comemoração hoje aos 504 anos da Reforma Protestante, sugiro, como reflexão, a leitura deste trecho do livro O Grande Conflito, de Ellen G. White (p. 133):
"Quando inimigos apelavam para os costumes e tradições, ou para as afirmações e autoridade do papa, Lutero os enfrentava com a Bíblia, e com a Bíblia unicamente. Ali estavam argumentos que não podiam refutar; portanto os escravos do formalismo e superstição clamavam por seu sangue, como o fizeram os judeus pelo sangue de Cristo. 'Ele é um herege', bradavam os zelosos romanos. 'É alta traição à igreja permitir que tão horrível herege viva uma hora mais. Arme-se imediatamente para ele a forca!'
Lutero, porém, não caiu vítima da fúria deles. Deus tinha uma obra para ele fazer, e a fim de o proteger foram enviados anjos do Céu. Entretanto, muitos que de Lutero tinham recebido a preciosa luz, tornaram-se objeto da ira de Satanás, e por amor à verdade sofreram corajosamente tortura e morte.
Os ensinos de Lutero atraíram a atenção dos espíritos pensantes de toda a Alemanha. De seus sermões e escritos procediam raios de luz que despertavam e iluminavam a milhares. Uma fé viva estava tomando o lugar do morto formalismo em que a igreja se mantivera durante tanto tempo. O povo estava diariamente perdendo a confiança nas superstições do romanismo. As barreiras do preconceito iam cedendo. A Palavra de Deus, pela qual Lutero provava toda a doutrina e qualquer reclamo, era semelhante a uma espada de dois gumes, abrindo caminho ao coração do povo. Por toda parte se despertava o desejo de progresso espiritual. Fazia séculos que não se via, tão generalizada, a fome e sede de justiça. Os olhos do povo, havia tanto voltados para ritos humanos e mediadores terrestres, volviam-se agora em arrependimento e fé para Cristo, e Este crucificado."
Linha do tempo da Reforma Protestante
1382 John Wycliffe, conhecido como a “Estrela da Manhã” da Reforma Inglesa, supervisiona a tradução da Bíblia para a língua do povo. Um grupo de Bíblias, conhecido como “Bíblia de Wycliffe”, é traduzido para o Inglês Médio, preparando o cenário para a Reforma Protestante.
1415 O sacerdote e filósofo Jan Hus, fortemente influenciado por John Wycliffe, é queimado na fogueira onde hoje em dia é a República Tcheca por atacar os ensinos e as práticas da Igreja Católica Romana.
1517 O teólogo e sacerdote alemão Martinho Lutero publica uma lista de “disputas”, agora conhecidas como as 95 teses, na porta da Igreja de Todos os Santos em Wittenberg, Alemanha, criticando a prática de indulgências na Igreja Católica Romana. Essa lista efetivamente começa a Reforma Protestante em toda a Europa, enfatizando a salvação somente pela graça e um retorno à Bíblia como a única fonte de autoridade.
1521 Lutero é chamado diante da Dieta de Worms para retrair suas opiniões sobre a salvação apenas pela graça. Ele se recusa a se afastar de suas posições, declarando: “A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou por uma razão clara, eu estou vinculado pelas escrituras citadas… Não posso nem vou desmentir nada, já que não é seguro nem certo ir contra a consciência”. Como resultado, ele é declarado herege.
1526 O estudioso inglês William Tyndale produz o primeiro Novo Testamento em inglês retirado da língua grega. Uma década depois, ele é condenado como herege e é queimado na fogueira.
1533 Ao longo de cinco anos, começando em 1553, a Rainha Maria I da Inglaterra, conhecida como “Maria Sanguinária”, faz uma campanha para livrar a Inglaterra dos protestantes, executando aproximadamente 250 hereges, incluindo Nicholas Ridley e Hugh Latimer juntos. Latimer excelentemente diz na execução deles: “Tenha coragem, Mestre Ridley, e seja homem! Havemos de hoje acender uma tal luz na Inglaterra, pela graça de Deus, que espero que nunca há de se apagar”.
1620 Fugindo da perseguição na Europa, os peregrinos emigram para o Novo Mundo, criando uma colônia na atual Massachusetts.
1635 Roger Williams é banido de Massachusetts por promover plena liberdade religiosa. Ele foge para a atual Providence e funda Rhode Island, tornando-se o primeiro território a garantir a separação completa entre igreja e estado.
1738 O inglês John Wesley, enquanto participava de uma reunião em Aldersgate, ouve a leitura do Prefácio à Epístola aos Romanos de Martinho Lutero e se converte a Cristo, sentindo seu coração “estranhamente aquecido”. Com seu irmão e escritor de hinos Charles, ele lança o movimento Metodista, liderando um grande reavivamento na Inglaterra e nos Estados Unidos.
1816 O fazendeiro de Nova Iorque William Miller se converte do deísmo para Cristo, entrando em um profundo estudo pessoal da Bíblia, ancorado nos princípios da Reforma do primado da Bíblia, e a Bíblia se explica. Ele finalmente conclui que a segunda vinda de Cristo é iminente e proclama a mensagem no nordeste dos Estados Unidos.
1844 Os “Mileritas” experimentam grande desapontamento quando Cristo não retorna em 22 de outubro, depois de concluir que Ele faria isso com base em uma leitura de Daniel 8:14. Alguns crentes desanimados percebem que, em vez disso, Cristo começou seu trabalho de juízo investigativo nessa data.
1845 A partir de 1845, um grupo de “adventistas” que se formou com o movimento milerita, no compromisso contínuo com a fé na autoridade incomparável da Bíblia, começa a estudar a questão do sétimo dia, sábado, concluindo finalmente que ainda é uma instituição para os cristãos manterem e desfrutarem.
1863 A Igreja Adventista do Sétimo Dia é oficialmente organizada em Michigan como um meio de propagar a “verdade presente” para “todas as nações, tribos, línguas e pessoas” (Ap 14:6) em todo o mundo.
1888 A profetisa adventista Ellen White declara que o “alto clamor” de Apocalipse 18:1-4, que, como a continuação final da Reforma Protestante, difundiria a mensagem do amor de Deus ao mundo inteiro, havia começado na mensagem de justificação pela fé sendo proclamado por dois jovens pregadores, Ellet J. Waggoner e Alonzo T. Jones.
EM BREVE A Reforma alcança o cumprimento climático quando, consistente com Sua Palavra na Bíblia, Jesus vem à Terra em esplendor e traz Seu povo para Sua casa de glória, juntamente com o fim absoluto do mal, do pecado e da tristeza, da morte e da dor.