quinta-feira, 31 de março de 2022

NADA A COMEMORAR!

O Ministério da Defesa publicou uma nota oficial, nesta quarta-feira (30), em que celebra os 58 anos da instalação do regime ditatorial instalado no Brasil em 1964 e que perdurou até o ano de 1985. A data, em tese, seria comemorada nesta quinta-feira (31). “O Movimento de 31 de março de 1964 é um marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”, diz início do trecho, ao se esquivar dos presos políticos, torturas, casos de corrupção e crise inflacionária que atingiu em cheio o regime em seu desfecho.

“Analisar e compreender um fato ocorrido há mais de meio século, com isenção e honestidade de propósito, requer o aprofundamento sobre o que a sociedade vivenciava naquele momento. A história não pode ser reescrita, em mero ato de revisionismo, sem a devida contextualização”, diz outro trecho da nota, que é assinada pelo ministro da Defesa, Braga Netto, cotado para vice da campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), e pelo alto comando das Forças Armadas.

10 razões para não ter saudades dos tempos da ditadura militar
A Ditadura Militar iniciada no ano de 1964 e que durou até 1985, sacramentada pela derrubada do então presidente João Goulart, foi um regime marcado pela violência e repressão, a democracia foi abolida e o estado de direito deixou de existir. Segue abaixo, dez razões para não ter saudades dos tempos da ditadura:

1. Tortura e ausência de direitos humanos
As torturas e assassinatos foram a marca mais violenta do período da ditadura. Pensar em direitos humanos era apenas um sonho. Havia até um manual de como os militares deveriam torturar para extrair confissões, com práticas como choques, afogamentos e sufocamentos.

Os direitos humanos não prosperavam, já que tudo ocorria nos porões das unidades do Exército.

"As restrições às liberdades e à participação política reduziram a capacidade cidadã de atuar na esfera pública e empobreceram a circulação de ideias no país", diz o diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque. 

Sem os direitos humanos, as torturas contra os opositores ao regime prosperaram. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, instituída durante o governo Dilma Rousseff (PT), 434 brasileiros foram mortos ou “desaparecidos” durante a ditadura militar entre os anos de 1964 e 1985. A comissão também concluiu que mais de 8,3 mil indígenas perderam a vida naquele período em razão de ações praticadas ou toleradas pelo regime então em vigor. Estima-se que 50 mil pessoas tenham sido presas por razões políticas, tendo cerca de 20 mil delas submetidas a torturas.

"Os agentes da ditadura perpetraram crimes contra a humanidade --tortura, estupro, assassinato, desaparecimento-- que vitimaram opositores do regime e implantaram um clima de terror que marcou profundamente a geração que viveu o período mais duro do regime militar", afirma. 

Para Roque, o Brasil ainda convive com um legado de "violência e impunidade" deixado pela militarização. "Isso persiste em algumas esferas do Estado, muito especialmente nos campos da justiça e da segurança pública, onde tortura e execuções ainda fazem parte dos problemas graves que enfrentamos", complementa. 

2. Censura e ataque à imprensa 
Uma das marcas mais conhecidas da ditadura foi a censura. Ela atingiu a produção artística e controlou com pulso firme a imprensa. 

Os militares criaram o "Conselho Superior de Censura", que fiscalizava e enviava ao Tribunal da Censura os jornalistas e meios de comunicação que burlassem as regras. Os que não seguissem as regras e ousassem fazer críticas ao país, sofriam retaliação --cunhou-se até o slogan "Brasil, ame-o ou deixe-o." 

Não são raras histórias de jornalistas que viveram problemas no período. "Numa visita do presidente (Ernesto) Geisel a Alagoas, achamos de colocar as manchetes no jornalismo da TV: 'Geisel chega a Maceió; Ratos invadem a Pajuçara'. Telefonaram da polícia para o Pedro Collor [então diretor do grupo] e ele nos chamou na sala dele e tivemos que engolir o afastamento do jornalista Joaquim Alves, que havia feito a matéria dos ratos", conta o jornalista Iremar Marinho, citando que as redações eram visitadas quase que diariamente por policiais federais. 

Para cercear o direito dos jornalistas, foi criada, em 1967, a Lei de Imprensa. Ela previa multas pesadas e até fechamento de veículos e prisão para os profissionais. A lei só foi revogada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2009. 

Muitos jornalistas sofreram processos com base na lei mesmo após a redemocratização. "Fui processado em 1999 porque publiquei declaração de Fulano contra Beltrano. A Lei de Imprensa da Ditadura permitia isso: punir o mensageiro, que é o jornalista", conta o jornalista e blogueiro do UOL, Mário Magalhães. 

3. Amazônia e índios sob risco 
No governo militar, teve início um processo amplo de devastação da Amazônia. O general Castelo Branco disse, certa vez, que era preciso "integrar para não entregar" a Amazônia. A partir dali, começou o desmatamento e muitos dos que se opuseram morreram. 

"Ribeirinhos, índios e quilombolas foram duramente reprimidos tanto ou mais que os moradores das grandes cidades", diz a jornalista paraense e pesquisadora do tema, Helena Palmquist. 

A ideia dos militares era que Amazônia era "terra sem homens", e deveria ser ocupada por "homens sem terra do Nordeste." Obras como as usinas hidrelétricas de Tucuruí e Balbina também não tiveram impactos ambientais ou sociais previamente analisados, nem houve compensação aos moradores que deixaram as áreas alagadas. Até hoje, milhares que saíram para dar lugar às usinas não foram indenizados. 

A luta pela terra foi sangrenta. "Os Panarás, conhecidos como índios gigantes, perderam dois terços de sua população com a construção da BR-163 --que liga Cuiabá a Santarém (PA). Dois mil Waimiri-Atroaris, do Amazonas, foram assassinados e desaparecidos pelo regime militar para as obras da BR-174. Nove aldeias desse povo desapareceram e há relatos de que pelo menos uma foi bombardeada com gás letal por homens do Exército", afirma. 

4. Baixa representação política e sindical 
Um dos primeiros direitos outorgados aos militares na ditadura foi a possibilidade do governo suspender os direitos políticos do cidadão. Em outubro de 1965, o Ato Institucional número 2 acabou com o multipartidarismo e autorizou a existência de apenas dois: a Arena, dos governistas, e o MDB, da oposição. 

O problema é que existiam diversas siglas, que tiveram de ser aglutinadas em um único bloco, o que fragilizou a oposição. "Foi uma camisa-de-força que inibiu, proibiu e dificultou a expressão político-partidária. A oposição ficou muito mal acomodada, e as forças tiveram que conviver com grandes contradições", diz o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco, Michael Zaidan. 

As representações sindicais também foram duramente atingidas por serem controladas com pulso forte pelo Ministério do Trabalho. Isso gerou um enfraquecimento dos sindicatos, especialmente na primeira metade do período de repressão. 

"Existiam as leis trabalhistas, mas para que elas sejam cumpridas, com os reajustes, é absolutamente necessário que os sindicatos judicializem, intervenham para que os patrões respeitem. Essas liberdades foram reprimidas à época. Os sindicatos eram compostos mais por agentes do governo que trabalhadores", lembra Zaidan. 

5. Saúde pública fragilizada 
Se a saúde pública hoje está longe do ideal, ela ainda era mais restrita no regime militar. O Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) era responsável pelo atendimento, com seus hospitais, mas era exclusivo aos trabalhadores formais. 

"A imensa maioria da população não tinha acesso", conta o cardiologista e sindicalista Mário Fernando Lins, que atuou na época da ditadura. Surgiu então a prestação de serviço pago, com hospitais e clínicas privadas. 

"Somente após 1988 é que foi adotado o SUS (Sistema Único de Saúde), que hoje atende a uma parcela de 80% da população", diz Lins. 

Em 1976, quase 98% das internações eram feitas em hospitais privados. Além disso, o modelo hospitalar adotado fez com a que a assistência primária fosse relegada a um segundo plano. Não existiam planos de saúde, e o saneamento básico chegava a poucas localidades. "As doenças infectocontagiosas, como tuberculose, eram fonte de constante preocupação dos médicos", afirma Lins. 

Segundo estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), "entre 1965/1970 reduz-se significativamente a velocidade da queda [da mortalidade infantil], refletindo, por certo, a crise social econômica vivenciada pelo país". 

6. Linha dura na educação 
A educação brasileira passou por mudanças intensas na ditadura. "O grande problema foi o controle sobre informações e ideologia, com o engessamento do currículo e da pressão sobre o cotidiano da sala de aula", sintetiza o historiador e professor da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Sávio Almeida. 

As disciplinas de filosofia e sociologia foram substituídas pela de OSPB (Organização Social e Política Brasileira, caracterizada pela transmissão da ideologia do regime autoritário, exaltando o nacionalismo e o civismo dos alunos e, segundo especialistas, privilegiando o ensino de informações factuais em detrimento da reflexão e da análise) e Educação, Moral e Cívica. Ao mesmo tempo, com o baixo índice de investimento na escola pública, as unidades privadas prosperaram. 

Na área de alfabetização, a grande aposta era o Mobral (Movimento Brasileiro para Alfabetização), uma resposta do regime militar ao método elaborado pelo educador Paulo Freire, que ajudou a erradicar o analfabetismo no mundo na mesma época em que foi considerado "subversivo" pelo governo e exilado. Segundo o estudo "Mapa do Analfabetismo no Brasil", do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do Ministério da Educação, o Mobral foi um "retumbante fracasso." 

Os problemas também chegaram às universidades, com o afastamento delas dos centros urbanos e a introdução do sistema de crédito. "A intenção do regime era evitar aglomeração perto do centro, enquanto o sistema de crédito foi criado para dispersar os alunos e não criar grupos", diz o historiador e vice-reitor do Fejal (Fundação Educacional Jayme de Altavila), Douglas Apratto. 

7. Corrupção e falta de transparência 
No período da ditadura, era praticamente impossível imaginar a sociedade civil organizada atuando para controlar gastos ou denunciando corrupção. Não havia conselhos fiscalizatórios e, com a dissolução do Congresso Nacional, as contas públicas não eram analisadas, nem havia publicidade dos gastos públicos, como é hoje obrigatório. 

"O maior antídoto da corrupção é a transparência. Durante a ditadura, tivemos o oposto disso. Os desvios foram muitos, mas acobertados pela força das baionetas", afirma o juiz e um dos autores da Lei da Ficha Limpa, Márlon Reis. 

Reis afirma que, ao contrário dos anos de chumbo, hoje existem órgãos fiscalizatórios, imprensa e oposição livres e maior publicidade dos casos. "Estamos muito melhor agora, pois podemos reagir", diz. 

Outro ponto sempre questionado no período de ditadura foram os recursos investidos em obras de grande porte, cujos gastos eram mantidos em sigilo. 

"Obras faraônicas como Itaipu, Transamazônica e Ferrovia do Aço, por exemplo, foram realizadas sem qualquer possibilidade de controle. Nunca saberemos o montante desviado", disse Reis. "Durante a ditadura, a corrupção não foi uma política de governo, mas de Estado, uma vez que seu principal escopo foi a defesa de interesses econômicos de grupos particulares." 

8. Nordeste mais pobre e migração 
A consolidação do Nordeste como região mais pobre do país teve grande participação do governo do militares. "Nenhuma região mudou tanto a economia como o Nordeste", diz o doutor em economia regional Cícero Péricles Carvalho, professor da Universidade Federal de Alagoas. 

Com as políticas adotadas, a região teve um crescimento da pobreza. "Terminada a ditadura, o Nordeste mantinha os piores indicadores nacionais de índices de esperança de vida ao nascer, mortalidade infantil e alfabetização. Entre 1970 e 1990, o número de pobres no Nordeste aumentou de 19,4 milhões para 23,7 milhões, e sua participação no total de pobres do país subiu de 43% para 53%", afirma Péricles 

O crescimento urbano registrado teve como efeito colateral a migração desregulada. "O modelo urbano-industrial reduziu as atividades agropecuárias, que eram determinantes na riqueza regional, com 41% do PIB, para apenas 14% do total em 1990", diz Péricles. 

Enquanto o campo era relegado, as atividades urbanas saltaram, na área industrial, de 12% para 28% e, na área do comércio e serviços, de 47% para 58%. 

"A migração gerou mais pobreza nas cidades, sem diminuir a miséria no campo. A população do campo reduziu-se a um terço entre 1960 e 1990", acrescenta Péricles. 

9. Desigualdade: "milagre brasileiro" 
"É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo". A frase do então ministro da Fazenda Delfim Netto é, até hoje, uma das mais lembradas do regime militar. Mas o tempo mostrou que o bolo cresceu, sim, ficou conhecido como "milagre brasileiro", mas poucos comeram fatias dele. 

A distribuição de renda entre os estratos sociais ficou mais polarizada durante o regime: os 10% dos mais ricos que tinham 38% da renda em 1960 e chegaram a 51% da renda em 1980. Já os mais pobres, que tinham 17% da renda nacional em 1960, decaíram para 12% duas décadas depois. 

Assim, na ditadura houve um aumento das desigualdades sociais. "Isso levou o país ao topo desse ranking mundial", diz o professor de Economia da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles. 

Entre 1968 e 1973, o Brasil cresceu acima de 10% ao ano. Mas, em contrapartida, o salário mínimo --que vinha recuperando o poder de compra nos anos 1960-- perdeu com o golpe. "Em 1974, em pleno 'milagre', o poder de compra dele representava a metade do que era em 1960", acrescenta Péricles. 

"As altas taxas de crescimento significavam mais oportunidades de lucros altos, renda e crédito para consumo de bens duráveis; para os mais pobres, assalariados ou informais, restava a manutenção de sua pobreza anterior", explica o economista. 

10. Precarização do trabalho 
Apesar de viver o "milagre brasileiro", a ditadura trouxe defasagem aos salários dos trabalhadores. "Nossa última ditadura cívico-militar foi, em certo ponto, economicamente exitosa porque permitiu a asfixia ao trabalho e, por consequência, a taxa salarial média", diz o doutor em ciências sociais e blogueiro do UOL, Leonardo Sakamoto. 

Na época da ditadura, a lei de greve, criada em 1964, sujeitava as paralisações de trabalhadores à intervenção do Poder Executivo e do Ministério Público. "Ir à Justiça do Trabalho para reclamar direitos era possível, mas pouco usual e os pedidos eram minguados", explica Sakamoto. 

"Nada é tão atrativo ao capital do que a possibilidade de exercício de um poder monolítico, sem questionamentos", diz Sakamoto, que cita a asfixia dos sindicatos, a falta de liberdade de imprensa e política foram "tão atraentes a investidores que isso transformou a ditadura brasileira e o atual regime político e econômico chinês em registros históricos de como crescimento econômico acelerado e a violência institucional podem caminhar lado a lado". 

Carlos Madeiro (via UOL)

Nota do blog: A conversão a Cristo, a obra do Espírito Santo, é o golpe mais radical e profundo que se pode efetuar para conseguir um mundo melhor. Esta foi a única revolução que Cristo ensinou. Esta é a revolução da graça, silenciosa, pacífica, eficaz e profunda, que Deus pode operar hoje em teu coração. E que a esperança na volta de Cristo molde nossas ações em todas as esferas da vida. Inclusive na política.

quarta-feira, 30 de março de 2022

CHANCE PARA LÚCIFER?

Apocalipse 12:7-12 parece aludir a duas expulsões de Satanás: a primeira, antes da criação de nosso planeta, foi uma expulsão física de sua habitação celeste (v. 7-9); a segunda foi uma expulsão moral por ocasião da morte de Cristo (v. 11). Porém, mesmo expulso de sua habitação celeste, é possível que Satanás participasse de reuniões ocorridas no Céu ou em qualquer mundo habitado como representante da raça humana. Após a morte e ressurreição de Jesus, Cristo é quem nos representa.

Não sabemos exatamente onde aconteceram as reuniões do Senhor com os “filhos de Deus” (possivelmente uma referência a anjos ou a seres de outros mundos), mencionadas nos capítulos 1 e 2 de Jó. Tais reuniões não devem ter sido na Terra, pois, se tivessem sido, não teria sentido a pergunta de Deus a Satanás: “De onde vens?” (Jó 1:7; 2:2). As reuniões podem ter acontecido no Céu ou em qualquer outro lugar do vasto Universo. Que Lúcifer tivesse e parece ainda ter acesso a outros mundos pode ser inferido de Apocalipse 20, onde é dito que durante o milênio Satanás ficará preso no planeta Terra. Só então ele não poderá visitar nem perturbar habitantes de mundos não caídos (ver o Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 897).

Com respeito à chance de salvação, deve-se dizer que, após a expulsão, não mais houve essa possibilidade para Lúcifer e seus anjos. Ellen White esclarece que o tempo da graça para eles esgotou-se com a expulsão deles do Céu:

"Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Lúcifer. Este não foi imediatamente degradado de sua posição elevada, quando a princípio condescendeu com o espírito de descontentamento, nem mesmo quando começou a apresentar suas falsas pretensões diante dos anjos fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu. Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a condição de que se arrependesse e submetesse" (O Grande Conflito, pp. 495-496).

“Não havia possibilidade de esperança de redenção para estes que haviam testemunhado e compartilhado da glória inexprimível do Céu, tinham visto a terrível majestade de Deus e, em face de toda esta glória, ainda se rebelaram contra Ele. Não haveria novas e maravilhosas exibições do exaltado poder de Deus que os pudessem impressionar tão profundamente como aquelas que já haviam testemunhado” (No Deserto da Tentação, pp. 25 e 26).

Havendo perdido sua posição nas cortes celestiais, Satanás ainda solicitou para ser readmitido no Céu, mas Cristo lhe disse que isto seria impossível. Ellen White assim descreve:

"Satanás agora observava os terríveis resultados de sua rebelião. Satanás estava espantado ante sua nova condição. Sua felicidade acabara. Olhava para os anjos que, com ele, outrora foram tão felizes, mas que tinham sido expulsos do Céu em sua companhia. Antes de sua queda nenhuma sombra de descontentamento tinha turbado sua perfeita alegria. Agora, tudo parecia mudado. As faces que tinham refletido a imagem de seu Criador estavam melancólicas e em desespero. Conflito, discórdia e ásperas recriminações existiam entre eles. Antes de sua rebelião, esses acontecimentos eram desconhecidos no Céu. Satanás agora observava os terríveis resultados de sua rebelião. Ele estremecia e temia encarar o futuro e contemplar o fim dessas coisas. Ele está sozinho, meditando sobre o passado, o presente e o futuro de seus planos. Sua poderosa estrutura vacila como numa tempestade.

Um anjo do Céu está passando. Ele o chama e suplica uma entrevista com Cristo. Isto lhe é concedido. Então, relata ao Filho de Deus que está arrependido de sua rebelião e deseja voltar ao favor divino. Está disposto a tomar o lugar que previamente Deus lhe designara e sujeitar-se a Seu sábio comando. Cristo chorou ante o infortúnio de Satanás, mas disse-lhe, como pensamento de Deus, que ele jamais poderia ser recebido no Céu. O Céu não devia ser colocado em perigo. Se fosse recebido de volta, todo o Céu seria manchado pelo pecado e rebelião originados com ele. As sementes da rebelião ainda estavam nele. Não tivera, em sua rebelião, nenhum motivo para seu procedimento, e arruinara irremediavelmente não só a si mesmo, mas a multidão de anjos, que teria sido feliz no Céu, tivesse ele permanecido firme. A lei de Deus podia condenar mas não podia perdoar.

Ele não se arrependeu de sua rebelião porque visse a bondade de Deus, da qual havia abusado. Não era possível que seu amor por Deus tivesse aumentado tanto desde a queda, que o levasse a uma alegre submissão e feliz obediência à Sua lei, por ele desprezada. A desgraça que experimentara em perder a doce luz do Céu, o senso de culpa que o oprimia, o desapontamento que sentiu em não ver realizadas suas esperanças, foram a causa de sua dor. Ser comandante fora do Céu era vastamente diferente de ser assim honrado no Céu. A perda que sofreu de todos os privilégios celestiais parecia demais para suportar. Desejava recuperá-los.

Esta grande mudança de posição não tinha aumentado seu amor por Deus, nem por Sua sábia e justa lei. Quando Satanás se tornou plenamente convencido de que não havia possibilidade de ser reintegrado no favor de Deus, manifestou sua maldade com aumentado ódio e feroz veemência.

Deus sabia que tão determinada rebelião não permaneceria inativa. Satanás inventaria meios para importunar os anjos celestiais e mostrar desdém por Sua autoridade. Como não podia ser admitido no interior dos portais celestes, aguardaria mesmo à entrada, para escarnecer dos anjos e procurar contender com eles ao passarem. Procuraria destruir a felicidade de Adão e Eva. Esforçar-se-ia por incitá-los à rebelião, sabendo que isto causaria tristeza no Céu" (História da Redenção, p. 24-27).

O apóstolo Judas falou sobre a expulsão e o destino desse poderoso anjo e de seus simpatizantes quando mencionou que eles “abandonaram o seu próprio domicílio” e Deus os “tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia” (verso 6). Ou seja, após a expulsão de Lúcifer e seus anjos, o que lhes está reservado é a destruição.

Se é triste saber que Satanás e seus anjos não mais têm chance de salvação, é grato saber que para os seres humanos ainda há essa oportunidade. O apóstolo Paulo foi claro em dizer que agora é “o tempo sobremodo oportuno” e “o dia da salvação” (2Co 6:2). Que possamos aproveitar o oferecimento de salvação enquanto ainda é possível, atendendo ao conselho divino: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55:6).

A BATALHA PELO VOTO EVANGÉLICO

Desde 2010, o Censo do IBGE mostra que os evangélicos são o segmento religioso que mais cresce, quando atingiu 22,2% da população, ante 15,4% em 2000, um aumento de 16 milhões de pessoas em dez anos. Indubitavelmente, grande parte da vitória de Jair Bolsonaro em 2018 pode ser atribuída à forma com que ele se tornou o candidato preferido por esse imenso rebanho. Na véspera do segundo turno daquele ano, o Datafolha indicava que o capitão tinha a preferência de 59% dos evangélicos, bem à frente de Fernando Haddad (PT), com 26%. Na campanha pela reeleição, Bolsonaro trabalha firme para manter os laços com essa base, enquanto seus principais concorrentes ao Palácio do Planalto em 2022 colocam em prática estratégias destinadas a roubar pelo menos um naco dos votos, com um nível de profissionalização sem precedentes em pleitos anteriores, especialmente porque o segmento continua crescendo e hoje é estimado em quase um terço da população, ou 24% do eleitorado, de acordo com a última pesquisa XP/Ipespe, de março.

Ao longo dos últimos três anos, o governo Bolsonaro esmerou-se em acenos aos fiéis, a começar pelo pagamento da promessa de indicar um nome “terrivelmente evangélico” ao STF — o pastor presbiteriano André Mendonça. Manteve ainda abertas as portas do Palácio do Planalto para os pastores, perdoou dívidas dos templos e distribuiu verbas publicitárias para veículos ligados a eles. Em 2021, priorizou agendas públicas em igrejas evangélicas — só na TV Brasil, o governo transmitiu quase três horas de cultos ao vivo com a presença do presidente. Com a proximidade do pleito, o capitão aumentou os agrados. Ele vem avisando que vai vetar a legalização dos jogos de azar se o projeto passar no Congresso, pauta cara aos evangélicos, mesmo contrariando alas de seu próprio governo e do Centrão. No último dia 8, numa demonstração de força, reuniu em seu apoio mais de vinte líderes no Palácio da Alvorada. A nova ofensiva em direção ao rebanho é uma evidência clara de que, a despeito de todos os gestos já feitos, a manutenção desse apoio não se dará de forma automática, principalmente pelo movimento dos adversários. Prova disso é o último levantamento XP/Ipespe. Segundo ele, a vantagem de Bolsonaro sobre Lula no meio evangélico hoje é de apenas 4 pontos, 37% a 33%.

Quem acompanhou de perto o esforço do petista para não repetir o desempenho fraco de Haddad nas igrejas não se surpreende com esses dados. Depois de declarar que assistia a cultos pela TV enquanto esteve preso em Curitiba, o ex-presidente recebeu o pastor Paulo Marcelo Schallenberger, que lhe apresentou ideias para desfazer algumas “visões erradas” que os evangélicos têm do PT, como a de que pretende perseguir as igrejas ou obrigá-­las a praticar atos contrários à sua doutrina (ele propõe que Lula deixe claro que não vai interferir nas escolhas individuais). Espécie de pastor freelancer que prega como convidado em igrejas pentecostais, Schallenberger começou a criticar Bolsonaro nas redes sociais em 2020 e, desde então, vinha buscando aproximação com Lula. Na reunião que tiveram, reforçou a necessidade de o petista reconstruir as pontes com os moradores das periferias, onde se presume que esteja a maioria dos evangélicos. “O fiel mais simples está falando assim: ‘Esse negócio de pauta de costumes não está enchendo minha barriga’”, avalia Schallen­ber­ger, para quem somente Lula é capaz de dar resposta à desigualdade.

Com o apoio de lideranças estaduais, o pastor iniciou viagens pelo país, com o aval de Lula, para defender o legado do ex-presidente entre a comunidade. Esteve em Juazeiro (BA), onde diz ter cadastrado centenas de pastores apoiadores do petista, e nas próximas semanas irá a Sergipe. Também está em contato com o PT para criar um podcast voltado para o público evangélico, no qual pretende lembrar que foi nos anos 2000, sob os governos de Lula, que o número de fiéis e de igrejas disparou. Para isso, já escolheu um versículo bíblico, Lamentações 3:21 — “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança”. Em outra frente, o PT estruturou núcleos evangélicos em mais de vinte estados para tentar alcançar as bases, sob coordenação da deputada Benedita da Silva (RJ), que é evangélica. O entorno de Lula aposta ainda na interlocução do ex-governador Geraldo Alckmin, provável candidato a vice na chapa petista, com lideranças de São Paulo. “Não é Alckmin que está caminhando para a esquerda, é o Lula que está indo para o centro”, diz Schallenberger nas igrejas.

Não são apenas os favoritos Lula e Bolsonaro que estão na disputa por esse rebanho. O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) tem se reunido com religiosos desde dezembro, com a intermediação do advogado Uziel Santana, ex-presidente da associação de juristas evangélicos. Em fevereiro, Moro lançou uma carta em que se comprometeu a observar princípios cristãos, como não ampliar as situações em que o aborto é permitido. “Parte significativa dos evangélicos carrega um sentimento de orfandade em relação às esperanças que foram depositadas no governo Bolsonaro. O desmonte do combate à corrupção resultou nisso”, diz Santana, para quem os pastores têm demonstrado “gratidão” pelos serviços que Moro prestou com a Lava-Jato.

Presidenciável pelo PDT, Ciro Gomes tem tido apoio de um movimento religioso que está abrigado na sigla desde 2018, os Cristãos Trabalhistas. Liderado pelo pastor Alexandre Gonçalves, o grupo serve como assessoria religiosa para a campanha, opinando sobre os posicionamentos do candidato para aproximá-los do gosto evangélico. Foi a partir de conversas entre Ciro e o pastor que surgiu a ideia de uma recente peça publicitária em que o político mostra a Bíblia e a Constituição, uma em cada mão, e diz que “não são livros conflitantes”. Crítico do identitarismo que tomou parte da esquerda, o pastor defende que Ciro se volte para um “discurso clássico, de defesa dos direitos dos trabalhadores”, a fim de alcançar o eleitorado evangélico.

Um dos grandes desafios dos candidatos ao longo dessa cruzada eleitoral é garantir que os acordos feitos com as lideranças sejam capazes mesmo de influenciar os votos do rebanho, algo que não é tão simples quanto parece. Pesquisador de sociologia e religião pela USP, Renan William dos Santos avalia que os candidatos recorrem aos pastores porque perderam os canais de diálogo direto com os fiéis, sobretudo no caso do PT. Vários estudos apontam que a maioria dos evangélicos não vota seguindo a orientação dos pastores. De acordo com artigo acadêmico publicado em 2019, do qual Santos é um dos autores, 75,8% dos pentecostais e neopentecostais responderam que não levam em consideração a opinião de líderes da sua igreja que fazem campanha para políticos. “As lideranças são centros gravitacionais, mas não são determinantes”, alerta Santos.

O pesquisador também sustenta que, apesar de declararem apoio a Bolsonaro até aqui, os líderes religiosos não romperam as pontes com os demais candidatos, o que permitirá que embarquem no próximo governo seja quem for o presidente. Recentemente, o líder da Renascer, Estevam Hernandes, disse a um podcast que está aberto a conversar com Lula, mesmo sendo apoiador de Bolsonaro. No mês passado, o presidente do Republicanos e bispo licenciado da Igreja Universal, deputado Marcos Pereira (SP), criticou Bolsonaro por “atrapalhar” as novas filiações ao partido, o que pôs em dúvida o apoio incondicional da Universal ao projeto de Bolsonaro. Integrantes da família Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, se reuniram com nomes da esquerda, incluindo o próprio Lula. São sinais que, para aliados do petista, nutrem a esperança de que essas grandes igrejas se mantenham ao menos neutras na eleição.

A luta a qualquer custo por esses votos também carrega outro problema, que ficou evidente na gestão de Bolsonaro, um presidente claramente à disposição dos interesses dos evangélicos. “Bolsonaro está colocando em risco a laicidade do Estado”, diz o teólogo Eulálio Figueira, do curso de ciência da religião da PUC-SP. Evangélicos no entorno de Bolsonaro esperam que o capitão priorize ainda mais num possível segundo mandato outros assuntos do interesse das igrejas, a exemplo da chamada pauta de costumes, como a regulamentação do homeschooling, o projeto Escola sem Partido e o Estatuto do Nascituro — que pode criar entraves para a aplicação da legislação já existente sobre o aborto. “Antes, a gente não conseguia avançar as pautas mais polêmicas com relação a costumes. No caso de uma reeleição de Bolsonaro, a gente pode caminhar”, diz o deputado federal Sóstenes Cavalcante (União Brasil-­RJ), presidente da bancada evangélica da Câmara. Por motivos óbvios, a campanha de Bolsonaro jamais fará menção aos males desse ataque à laicidade do Estado. Mas é lamentável que a maior parte de seus concorrentes prefira fechar os olhos para esse pecado em meio à sua legítima cruzada eleitoral.

Publicado em VEJA de 23 de março de 2022, edição nº 2781

"Sejam quais forem as opiniões que tenhais em relação a dar o vosso voto em questões políticas, não as deveis proclamar pela pena ou pela voz. Não devemos, como um povo, envolver-nos em questões políticas. Todos fariam bem em dar ouvidos à Palavra de Deus: Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos em luta política, nem vos vinculeis a eles em suas ligações. Não há terreno seguro em que possam estar e trabalhar juntos. O fiel e o infiel não têm terreno neutro em que possam encontrar-se. [...] Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Os que são genuinamente cristãos são ramos da Videira verdadeira, e darão o mesmo fruto que ela. Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos, mas os de Cristo" (Ellen G. White - Mensagens Escolhidas v. 1, pp. 336-337 / Obreiros Evangélicos, pp. 391-396).

terça-feira, 29 de março de 2022

TOMAR O NOME DE DEUS EM VÃO

Nos tempos bíblicos, o nome era usado para definir a personalidade. Assim, ao nomear os filhos, os pais indicavam que tipo de gente eles esperavam que os filhos se tornassem. Portanto, na Bíblia há uma relação estreita entre a pessoa e seu nome. Com Deus não é diferente, e isso fica bem claro quando nos damos conta de que o terceiro mandamento da lei refere-se à santidade do nome de Deus e à proibição de tomá-lo em vão.

Ellen G. White alerta: "'Não tomarás em vão o nome do Senhor, o teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o Seu nome em vão' (Êxodo 20:7). Este mandamento não somente proíbe os falsos juramentos e juras comuns, mas veda-nos o uso do nome de Deus de maneira leviana ou descuidada, sem atentar para a sua terrível significação. Pela precipitada menção de Deus na conversação comum, pelos apelos a Ele feitos em assuntos triviais, e pela frequente e impensada repetição de Seu nome, nós O desonramos. 'Santo e tremendo é o Seu nome' (Salmo 111:9). Todos devem meditar em Sua majestade, pureza e santidade, para que o coração possa impressionar-se com uma intuição de Seu exaltado caráter; e Seu santo nome deve ser pronunciado com reverência e solenidade” (Patriarcas e Profetas, pp. 306 e 307).

Ellen G. White também adverte: "Deve também mostrar-se reverência pelo nome de Deus. Jamais deve esse nome ser proferido levianamente, precipitadamente. Mesmo na oração, deve ser evitada sua repetição frequente e desnecessária" (Educação, p. 243). Ela continua: "Os que tomam o nome de Deus em vão irão ver que será uma coisa terrível cair nas mãos do Deus vivo" (Manuscrito 126, 1901).

Mas, o que significa exatamente não tomar o nome de Deus em vão? Na Bíblia, o nome de Deus inclui pelo menos três coisas específicas:

1. Sua natureza, Seu ser, Sua própria pessoa (Salmo 20:1; Lucas 24:47; João 1:12; Apocalipse 3:4).

2. Seus ensinos ou doutrinas (Salmo 22:22; João 17:6, 26).

3. Seus ensinos éticos e morais (Miqueias 4:5).

De modo que tomar o nome de Deus em vão significa desrespeitar Sua própria pessoa; desobedecer, desrespeitar Suas doutrinas; desobedecer, desrespeitar Seus ensinos éticos e morais.

Na oração-modelo, Jesus reforça isso ao nos instruir a orar pela santificação universal do nome de Deus. "Santificado seja o teu nome" (Mateus 6:9). Em geral, os cristãos sabem da importância de não tomar o nome de Deus em vão e procuram honrá-lo. Ellen White diz: "Podia ver agora que vaga compreensão alguns têm da santidade de Deus, e quanto tomam em vão o Seu santo e reverendo nome, sem se compenetrarem de que é de Deus, o grande e poderoso Deus, que estão falando" (Primeiros Escritos, p. 70).

No entanto, a triste realidade do mundo aponta para o fato de que existem muitas pessoas que não conhecem o nome de Deus, além de outros que conhecem, mas o desonram.

Muito mais do que não pronunciar o nome do Senhor em situações indevidas e corrigir as pessoas quando fazem isso, é nosso dever evidenciar para o mundo a relação estreita que existe entre o nome de Deus e sua personalidade.

No Antigo Testamento, Deus é conhecido por vários nomes, cujos significados revelam facetas de seu caráter. Por exemplo, Elohim aponta para o seu poder; Jeová refere-se à sua eternidade e à sua autoexistência; Jeová-Jiré apresenta-o como provedor; Jeová-Rafá, como o Deus que cura; Jeová-Nissi, o Deus que perdoa; Jeová-Shalom, o Deus da paz, entre outros.

Quando conhecemos a pessoa de Deus, experimentamos seu poder em nossa vida, reconhecemos sua eternidade, provisão, cura, perdão e paz. Ao divulgarmos isso para outras pessoas, estamos agindo para que o nome do Senhor seja santificado e honrado. As pessoas olham para nossa vida e podem ver quem Deus é e, assim, conhecer a grandeza de seu nome.

O nome de Deus é santo; mas, em sua infinita misericórdia, o Senhor o compartilhou conosco. Ore a Deus para que, por meio de seus pensamentos, palavras e atitudes o nome do Senhor seja conhecido e santificado na vida de outras pessoas.

segunda-feira, 28 de março de 2022

O TAPA DE WILL SMITH

Will Smith deu um tapa na cara de Chris Rock durante a cerimônia do Oscar 2022, neste domingo (27), após o comediante, que apresentava o prêmio de melhor documentário, fazer uma piada sobre a cabeça raspada de Jada Pinkett Smith, mulher do ator. 

Chris Rock disse que mal podia esperar para ver Jada, que tem alopecia, uma doença que causa a queda de cabelos, estrelar "G.I. Jane 2". No longa de 1997, "G.I. Jane", que no Brasil foi lançado como "Até o limite da honra", a atriz Demi Moore raspou os cabelos para dar vida a uma tenente. Ao voltar para a sua poltrona, Will Smith gritou: "Deixe o nome da minha mulher fora da p**** da sua boca". 

Depois da premiação, a polícia de Los Angeles divulgou que Chris Rock não quis prestar queixas, e a Academia declarou que não apoia violência. Após o tapa, Will Smith levou o prêmio de melhor ator por "King Richard: criando campeãs". Ao final do discurso de agradecimento, no qual ficou visivelmente emocionado, o ator pediu desculpas à Academia e aos presentes, mas sem citar diretamente a agressão ou Chris Rock.

Will Smith escreveu uma mensagem divulgada no Instagram nesta segunda-feira (28), um dia após o evento. Leia abaixo o texto publicado por ele:

"A violência em todas as suas formas é venenosa e destrutiva. Meu comportamento no Oscar de ontem à noite foi inaceitável e imperdoável. Piadas às minhas custas fazem parte do trabalho, mas uma piada sobre a condição médica de Jada era demais para mim e reagi emocionalmente. Também gostaria de pedir desculpas à Academia, aos produtores do programa, a todos os participantes e a todos que assistem ao redor do mundo. Eu gostaria de me desculpar com a Família Williams e minha Família 'King Richard'. Lamento profundamente que meu comportamento tenha manchado o que tem sido uma jornada linda para todos nós. Eu sou um trabalho em andamento. Sinceramente, Will"

Segundo o escritor, editor, teólogo e jornalista Maurício Zágari em seu comentário no facebook, "Chris Rock fez piada daquilo com que não se brinca. Will Smith reagiu de uma forma como não se reage. Chris errou. Will errou. Chris Rock errou, ao usar a dor do outro para, mediante humilhação, se destacar. Isso não se faz. Mas Will Smith só piorou a história. A violência não é a resposta para os conflitos da vida. O lado que devemos tomar é, sempre, o de Cristo - que é o da verdade, do respeito e da dignidade, mas também o da pacificação e o do não devolver mal com mal."

Ángel Manuel Rodríguez na revista Adventist World de abril de 2008, analisa esta muito conhecida passagem bíblica:

"Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também" (Mateus 5:39 - NTLH).

A ordem é incomum, radicalmente diferente daquilo que esperamos. Vai contra a natureza daquilo que consideramos ser valioso e não aprovado pela sabedoria popular. Estamos sempre preocupados com vantagens pessoais e a aplicação de uma retribuição legalmente adequada. Aqui Jesus nos surpreende com o inesperado, o antinatural. Analisemos a passagem em seu contexto cultural.

1. Problema da Violência: Mateus 5:38-43 faz parte de um longo discurso que aborda o comportamento esperado por parte dos que pertencem ao reino de Deus (Mateus 5:1-7 e 29). Essa peça literária, singular, começa com uma antítese: “Ouvistes o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra” (Mateus 5:38-39). Jesus está Se referindo à lei de retaliação no Antigo Testamento (Êxodo 21:24; Levítico 24:20; Deuteronômio 19:21). A intenção dessa lei era impor limites ao desejo humano de revanche, introduzindo o princípio de equivalência; o castigo deveria ser proporcional ao crime. Não era permitido a ninguém matar uma família inteira pelo fato de que alguém da família matou um de seus membros.

Jesus elevou a lei a um nível mais alto, revelando seu propósito final, ou seja, eliminar a violência. A eliminação da violência na sociedade começa com os seguidores de Cristo. Ele radicalizou Sua oposição à violência, dizendo: “não resistais ao perverso”. O verbo “resistir” significa “colocar-se contra” ou “opor-se”, de modo confrontador. Quando cristãos se tornam o objeto de ação do mal, espera-se que não reajam de igual modo. Esse é um tipo de resistência passiva; resistir ao mal sem retaliação.

2. Oposição à Violência: Jesus, então, passou a ilustrar o que estava querendo dizer. Ele deu três exemplos. Atente para o primeiro: “a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra.” A referência do ato de afronta é a um murro de mão fechada, não apenas uma agressão física. Em alguns casos, oferecer a outra face pode ser um ato desafiador, provocador de mais violência. Nossa resposta natural ao insulto ou a um ataque é a retaliação. Jesus disse que deveríamos oferecer a outra face. Isso significa que os cristãos deveriam abandonar seu direito à retaliação, ou seja, a violência freada pela renúncia ao direito legal de “revidar”. A violência tem de acabar e temos um papel a desempenhar na realização desse objetivo. A segunda ilustração é: caso uma pessoa não consiga pagar um débito, é requerido que entregue sua túnica. A lei permitia que tomasse a túnica como penhor pela dívida (Êxodo 22:26-27). Mas esse não parece ser o caso aqui. O indivíduo é objeto de abuso social – quais são as opções? Jesus diz: “Entregue, inclusive, sua roupa íntima!” A ideia é não haver retaliação sob nenhuma circunstância, mesmo que isso signifique profunda humilhação.

A terceira ilustração é extraída do serviço militar. Os soldados romanos forçavam ocasionalmente civis a executarem certas tarefas (Mateus 27:32). A reação natural do judeu seria resistir ao opressor, mas Jesus ordenou a Seus seguidores a fazer o inimaginável: Vá com ele não apenas a exigência de uma milha, mas duas milhas; para usar a situação como oportunidade de serviço, não de retaliação.

3. Atitude Proativa: O terceiro exemplo é muito positivo, inferindo que devemos evitar nos tornar objetos de violência, agindo pacificamente. Devemos fazer tudo que pudermos para dar aos necessitados e emprestar aos que talvez não consigam pagar de volta (Mateus 5:42). Essas são algumas das maneiras de vencer a violência na sociedade e na nossa vida. É assim que o amor age.

Isso significa que não apenas devemos evitar situações de violência, mas fugir delas. Jesus não quer que nos tornemos vítimas por pensarmos assim. Por exemplo, se seu cônjuge é agressivo, você tem que continuar nessa situação, tem que “oferecer a outra face”. O ciclo de violência pode ser quebrado se não houver retaliação, por servir aos outros e fugindo de um ambiente violento.

Seja proativo. Ofereça a outra face.

sexta-feira, 25 de março de 2022

O MUNDO DE ELLEN WHITE

Ler os escritos de Ellen White sem conhecer um pouco da época em que ela viveu é, no mínimo, correr dois riscos: fazer uma leitura superficial ou interpretar mal o que foi lido. É verdade que a distância do nosso mundo para o contexto da pioneira não é tão grande como o abismo cultural que nos separa do texto bíblico; porém, o mesmo exercício de aproximação precisa ser feito. Afinal, mais de cem anos e milhares de quilômetros nos separam do mundo dela, um tempo de esperança milenarista, reforma social e inovação religiosa.

ANTES DA GUERRA CIVIL

Expectativa - O terremoto de Lisboa (1755) e a prisão do papa (1798) abalaram a visão de mundo da época, criando um interesse renovado pelas profecias bíblicas (Dn 12:4). A percepção era de que estava para começar o milênio de paz e prosperidade, que para muitos antecederia a volta de Cristo. A pregação do evangelista Charles Finney, o Billy Graham dos anos 1830, representava essa expectativa.

Reavivamento - O chamado Segundo Grande Reavivamento (1790-1840) fez dos Estados Unidos uma nação cristã. Período marcado pelas reuniões campais e pelos sermões alarmistas sobre o inferno, estima-se que 75% dos americanos passaram a frequentar as igrejas. Uma forte consciência missionária transcultural foi despertada, fazendo do século 19 a era de ouro das missões.

Reformas sociais - O clima de otimismo favoreceu o fortalecimento de utopias. Todos queriam aperfeiçoar a sociedade. Por isso, reformas de saúde, do vestuário e na educação; movimentos de temperança; sociedades de voluntários; e a luta pelo fim da escravatura e os direitos da mulher floresceram nesse período.

Movimentos religiosos - Tendo a liberdade religiosa como um dos pilares da sociedade americana, esse período de efervescência testemunhou o surgimento de alguns movimentos: democrático dentro das igrejas; de retorno à Bíblia; de busca pela perfeição individual; nacionalista e anticatólico; e o surgimentos dos mórmons (Joseph Smith) e do espiritismo moderno.

Avanço tecnológico - A modernização da impressão barateou livros e revistas e a revolução do transporte a vapor (barco e trem) encurtou distâncias. Esses dois avanços potencializaram o ministério de Ellen White. A mídia impressa era a mais popular da época: em 1830, havia 605 periódicos religiosos no país. Apesar de mais rápidas, as viagens de trem eram desconfortáveis e perigosas: milhares morriam todos os anos nesses trajetos. Isso não impediu Ellen White de fazer viagens transcontinentais (Chicago-Califórnia), transatlânticas (Boston-Liverpool) e transoceânicas (EUA-Austrália).

Guerra Civil (1861-1865) - O conflito entre o Norte e o Sul em torno do fim da escravatura foi o mais sangrento da história dos Estados Unidos, superando em número de vítimas todas as guerras das quais os americanos participaram.

DEPOIS DA GUERRA CIVIL

Mudanças - No campo social, as principais foram a industrialização e a imigração. Em 1900, Nova York já tinha 3,5 milhões de habitantes e, nessa mesma década, os Estados Unidos receberam 8,7 milhões de imigrantes. No campo das ideias, o darwinismo ganhava força e influenciava todas as áreas do conhecimento, inclusive a teologia, que passou por um processo de liberalização.

Expectativa - A visão dispensacionalista – de que o reino de Israel vai ser restaurado, a igreja será arrebatada secretamente e eventos apocalípticos só ocorrerão pouco antes da vinda de Jesus – se popularizou nessa época. A publicação da Bíblia de Estudo Scofield, em 1909, impulsionou essa interpretação equivocada. Já os cristãos liberais viram no tempo e na reforma social os elementos para a implantação do reino de Deus após o milênio.

Impulsos religiosos - Utilizando a propaganda para atrair multidões para suas pregações reavivalistas nas grandes cidades, Dwight Moody se tornou o precursor do evangelismo público. Por influência dele, muitos jovens também se candidataram para as missões transculturais, colocando os Estados Unidos na dianteira da segunda fase desse movimento mundial. Liberais e conservadores ainda debateriam sobre a inerrância da Bíblia, e o século 20 traria consigo o surgimento do pentecostalismo.

Questões sociais - A saúde pública se desenvolveu muito com o investimento em saneamento básico urbano, o uso de antissépticos contra os germes e a descoberta da anestesia. Na educação, o currículo foi revisado com a inclusão do estudo das ciências. E, no campo dos debates sociais, a proibição do álcool, leis dominicais e os direitos dos negros, mulheres e trabalhadores estiveram em pauta.

Tempo livre - Com a gradativa diminuição da carga de trabalho, mais pessoas passaram a procurar nos esportes coletivos e competitivos um escape para a rotina das cidades. O beisebol, basquete e futebol americano, as modalidades mais populares nos Estados Unidos, surgiram no século 19. Ellen White chegou a classificar o boxe e o futebol americano (na época praticado sem equipamentos de proteção e responsável por várias mortes) de “escolas de brutalidade”. Foi nesse período também que o atletismo e as bicicletas ganharam espaço e surgiram os campeonatos universitários.

Fontes: The Ellen G. White Encyclopedia (Review and Herald, 2013), por Denis Fortin e Jerry Moon (orgs.); e Ellen G. White’s World (Review and Herald, 1998), de George R. Knight.

Wendel Lima (via Revista Adventista)

EM QUE CANDIDATO JESUS VOTARIA?

Nas Eleições Gerais de 2022, importantes cargos estarão em disputa. Quando forem às urnas no dia 2 de outubro (primeiro turno), eleitoras e eleitores votarão para presidente da República, governador, senador, deputado federal e deputado estadual ou distrital. O segundo turno acontece no dia 30 de outubro apenas para os cargos de presidente e governador, se for necessário.

A corrida eleitoral não começou oficialmente, e cada partido tem até dia 15 de agosto para registrar seus candidatos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, já há 11 pré-candidatos que estão dispostos a concorrer à Presidência da República em 2022. Entre os principais nomes, estão Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL), Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB), que comandam as pesquisas de intenção de voto.

Num ambiente democrático, o cristão também precisa manifestar sua posição, e deve deixar que seus princípios o conduzam, a fim de honrar a Deus com sua decisão. E a Bíblia é o guia do cristão para as decisões de sua vida. Jesus Cristo é apresentado nela como um exemplo a ser imitado (Ef 5:1; Fp 2:5-9; Hb 12:2, 3). Quem busca cumprir a vontade de Deus consulta as santas Escrituras a fim de encontrar nelas orientação adequada e exemplos para imitação. Para muitas decisões, a Bíblia dá o esclarecimento necessário. Mas, para outras questões, ela aparentemente não tem nada a declarar. Mesmo com respeito àquilo que a Palavra de Deus silencia, o cristão pode dela extrair, com a ajuda do Espírito Santo, princípios e sabedoria para todas as escolhas da vida.

Em que candidato Jesus votaria? Se Ele é o modelo, Seu procedimento deve ser exemplo para tudo. E por que não para as preferências eleitorais?

Em 1896, o pastor norte-americano Charles M. Sheldon, da Igreja Congregacional, publicou o livro Em seus passos o que faria Jesus? Nele, Sheldon inventa a história de uma congregação cristã cujos membros procuram, durante um ano, viver o desafio de tomar cada atitude como resposta à pergunta que intitula o livro. Na história criada por Sheldon, os cristãos votam, nas eleições municipais, a favor de candidatos que estampam princípios cristãos e defendem valores morais, que, no contexto da época, abrangia a defesa da proibição do comércio de bebidas alcoólicas e dos jogos de azar.

Na obra, Sheldon tentou responder a uma pergunta difícil. Os personagens de seu livro presumiram os critérios que Jesus teria usado para definir seu voto. Essa é uma preocupação válida para o cristão. No entanto, Jesus Cristo viveu em um momento histórico em que o sistema democrático não existia na forma como o conhecemos hoje. Nascido no auge do Império Romano (Lc 2:1), Jesus viveu sua vida terrena sem ter que votar como nós. 

No entanto, em um aspecto Cristo votou. Ele elegeu pessoas, não para cargos públicos, mas para o Reino dos Céus! Ele escolheu doze homens para serem seus apóstolos (Lc 6:13) e para que se assentassem em tronos a fim de serem juízes celestiais (Mt 19:28). Designou mais setenta para que fossem de dois em dois e o precedessem nas cidades aonde ia (Lc 10:1). Mas, acima de tudo, deu o voto que é suficiente para eleger qualquer pecador indigno à condição de herdeiro do Reino de Deus (Ap 21:7).

Jesus votaria em candidatos corruptos? É exigida honestidade e integridade perfeitas para se candidatar ao Reino de Deus (1Co 6:9, 10). No entanto, até mesmo o mais corrompido pecador pode ter a “ficha limpa”, se for lavado, santificado e justificado por Jesus e pelo Espírito Santo (1Co 6:11).

Foi assim que pelo menos dois funcionários públicos com histórico de corrupção, Levi Mateus (Mt 9:9) e Zaqueu (Lc 19:1-10), foram eleitos por Jesus para o Reino. Semelhantemente, Paulo, o “principal dos pecadores” (1Tm 1:15), um homem que esteve envolvido com a prática de tortura, além de prisões e execuções claramente injustas (At 8:3; 26:10, 11), foi “constituído ministro” das coisas que Deus lhe revelou (At 26:16).

Cristo não hesita em confiar os mais importantes cargos de Seu Reino a pessoas com um passado sujo. Pelo contrário, Ele expressou sua preferência por pecadores (Mc 2:17). Discursando aos pretensiosos fariseus, que se julgavam dignos de se assentarem nas mais importantes posições do governo de Deus (Mt 23:2), Jesus revelou que pessoas de moral duvidosa precederiam muito candidato honesto no Reino dos Céus (Mt 21:31).

Com seu voto, Jesus quer eleger pessoas que, apesar de seu passado, defeitos e falhas, aceitam ser transformadas por Deus. Ele disse: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome” (Jo 15:16, NVI).

Quando Cristo regressar, os eleitos pelo voto de Cristo assumirão um cargo mais elevado que o dos anjos (1Co 6:3): eles se assentarão ao lado de Cristo, em seu próprio trono (Ap 3:21), e “reinarão” com Cristo (Ap 20:6).

Em qual candidato Jesus vai votar nessas eleições?

Ele talvez não tenha muito o que manifestar sobre a política deste mundo, mas para o Reino dos Céus Ele deseja eleger pecadores como você e eu.

Adaptado de texto de Fernando Dias (via Revista Adventista)

quinta-feira, 24 de março de 2022

A MÁ FÉ EM PESO DE OURO

O prefeito Gilberto Braga (PSDB) de Luís Domingues, interior do Maranhão, afirmou em entrevista que o pastor Arilton Moura teria pedido R$ 15 mil antecipados para protocolar o pedido da prefeitura junto ao Ministério da Educação (MEC), além de um quilo de ouro. Isso mesmo! Um quilo de ouro. Trata-se de mais um desdobramento da polêmica envolvendo o Ministro da Educação e também pastor Milton Ribeiro, após ter um áudio vazado em que diz priorizar a liberação de verbas para prefeituras cujos pedidos fossem intermediados por dois pastores, Arilton Moura e Gilmar Silva dos Santos, pastor da Igreja Ministério Cristo para Todos, em Goiânia (GO), também presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).

Como disse Jesus, "nada há oculto que não seja revelado". As vísceras da igreja evangélica brasileira estão sendo expostas, revelando a natureza de algumas lideranças que andam de braços dados com o governo Bolsonaro.

A geração dos meus avós que deu a vida pelo evangelho há de se levantar no dia do juízo para condenar esta geração de lobos vorazes. Enquanto nossos antepassados na fé ansiavam pelas ruas de ouro da Nova Jerusalém, os que dizem representar a igreja evangélica de hoje preferem negociar sua fé por um quilo de ouro. Quem paga o preço pela ganância dos que falam em nome de Deus são os que convivem com valas negras, esgotos a céu aberto, precarização do ensino público, sucateamento de hospitais, etc.

Termino com a advertência de Jesus a uma igreja vendida e com algumas admoestações do livro de Provérbios:

"Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de mim compres (o genuíno) ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas" (Apocalipse 3:17-18).

"Aceitai a minha correção, e não a prata; e o conhecimento, mais do que o ouro fino escolhido" (Provérbios 8:10).

"Quão melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! e quão mais excelente é adquirir a prudência do que a prata!" (Provérbios 16:16).

"Vale mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro" (Provérbios 22:1).

Espero que ainda haja tempo da igreja evangélica rever sua postura e dar meia volta. O nome de Jesus não pode ser lançado na lama por causa da ganância de alguns.

Menos arrepios e mais arrependimento.

Hermes C. Fernandes (via facebook)

Nota do blog: Como disse o jornalista Reinaldo Azevedo na UOL: "O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, e o Bezerro de Ouro acima de Deus". Esse deve ser agora o lema do governo Bolsonaro. Segue abaixo alguns alertas de Ellen G. White:

"Vivemos em meio de uma epidemia de crime, diante da qual ficam estupefatos os homens pensantes e tementes a Deus em toda parte. A corrupção que predomina está além da descrição da pena humana. Cada dia traz novas revelações de conflitos políticos, de subornos e fraudes" (A Ciência do Bom Viver, pp. 142 e 143).

"O pernicioso suborno, a malversação de recursos, as transações fraudulentas entre homens que têm autoridade para soltar os culpados e condenar os inocentes — toda essa iniquidade está enchendo outras grandes cidades da Terra e tornando o mundo como ele era nos dias que precederam o Dilúvio" (Carta 230, 1907).

"Advogados, juízes, senadores tornar-se-ão corruptos, e, entregando-se ao suborno, deixar-se-ão comprar e vender" (Manuscrito 154, 1898).

"A corrupção política está destruindo o amor à justiça e a consideração para com a verdade" (O Grande Conflito, p. 578).

"Este é um século em que a corrupção prolifera por toda parte" (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 591).

"Nesta época de corrupção, quando nosso adversário, o diabo, anda em derredor bramando como leão, buscando a quem possa tragar, vejo a necessidade de erguer minha voz em advertência: 'Vigiai e orai, para que não entreis em tentação' (Marcos 14:38)" (Conselhos para a Igreja, p. 109).

quarta-feira, 23 de março de 2022

A MÁQUINA DO TEMPO

O tempo nunca foi um problema para a soberania de Deus. “Aquele que é, que era e que há de vir” (Ap 1:8) impera sobre as categorias temporais, tendo o poder de alterar o passado, interferir no presente e revelar o futuro. Aliás, o primeiro elemento da criação a ser considerado santo foi justamente o tempo, quando o Criador separou o sétimo dia de forma especial (Gn 2:3). Assim, o Senhor é um Ser atemporal; Ele está acima de qualquer cronologia, pois Se intitula o “Pai da eternidade” (Is 9:6).

Viajar no tempo sempre foi um sonho acalentado, se não por todos, pelo menos pelos cientistas mais ousados em suas teorias e pesquisas. A literatura, os filmes e séries de ficção (tal como “A Máquina do Tempo”, do escritor inglês H. G. Wells; "De Volta para o Futuro", de Robert Zemeckis; "Questão de Tempo”,  de Richard Curtis; "Os 12 Macacos" de Terry Gilliam; "Efeito Borboleta", de Eric Bress e J. Mackye Gruber; "O Túnel do Tempo", de Irwin Allen; "Outlander", de Diana Gabaldon; etc) revelam o desejo humano de controlar o “deus” tempo, seja retornando ao passado ou se projetando para o futuro. A realidade, porém, é que tal empreendimento constitui especulação, possível somente do ponto de vista teórico. Mas quem não gostaria de “viajar no tempo”? Deus nos garante essa possibilidade espiritual por meio de Jesus - o “Portal” que somos convidados a atravessar (ver João 10:9).

Quando “atravessamos” Jesus, a primeira alteração diz respeito ao nosso passado. Cristo vai conosco ao mais longínquo instante de nossa vida, até mesmo à “pré-história” da existência, para visitar todos os nossos momentos – na maioria, escuros e tristes. Mas, como Senhor do tempo, Ele altera o que ficou para trás e cancela por Sua autoridade salvífica o efeito danoso de um passado pecador. Isso se chama perdão ou justificação (ver Mq 7:19, 20).

Trazendo-nos de volta ao presente, Jesus concede aos que viajam com Ele um novo viver, no qual cada segundo é experimentado como se o ser humano estivesse continuamente na presença de Deus. Vive-se em novidade de vida (ver 2Co. 5:17). Isso é santificação.

Enfim, promete-se aos “viajantes do tempo” um vislumbre do glorioso futuro (Dn 2:22, 28), em que a expectativa profética e o sonho dos filhos de Deus darão lugar à realidade do prometido Reino, culminando na glorificação.

Martin Luther King Jr. foi um desses “embaixadores do futuro”. Em 3 de abril de 1968, ele vislumbrou o futuro que se insinuava no horizonte temporal. Em suas últimas palavras, antes de morrer, declarou: “Eu estive lá, no alto da montanha. Isso não importa. Eu gostaria de viver bastante, como todo o mundo, mas não estou preocupado com isso agora. Só quero cumprir a vontade de Deus, e Ele me deixou subir a montanha. Eu olhei de cima e vi a terra prometida. Talvez eu não chegue lá, mas quero que saibam hoje que nós, como povo, teremos uma terra prometida. Por isso estou feliz esta noite. Nada me preocupa, não temo ninguém. Vi com meus olhos a glória da chegada do Senhor". 

Ellen White foi também levada em visão para o futuro, quando os redimidos entrarão na Nova Jerusalém: “Os portões de pérola da Nova Jerusalém são abertos, revolvendo-se em seus resplandecentes gonzos, e ouve-se a agradável e jubilosa voz do adorável Jesus, mais melodiosa do que qualquer música que já chegou aos ouvidos mortais, convidando-nos a entrar" (Carta 3, 1851).

Somos temporais, somos mortais; contudo, para a pessoa que escolhe viajar com Jesus, o presente significa o começo da eternidade. Sendo assim, o tempo não mais amedronta; é apenas um lapso que cederá lugar ao dia eterno. Entre na “máquina do tempo” para uma viagem com o Senhor da sua história. NEle, tudo se renova no kairós – o tempo de Deus.

“Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente” (Hebreus 13:8).