terça-feira, 4 de julho de 2023

O PRIMEIRO SERMÃO DE PEDRO

O pastor John M. Fowler, que foi um grande pregador, apresentou este sermão como se fosse o apóstolo Pedro. Esse artifício dá ao sermão uma força narrativa espetacular. Mas preste atenção que o sermão continua sendo expositivo, pois o pregador segue fielmente o texto bíblico, parte por parte, e vai expondo, explicando e aplicando cada detalhe.

É o primeiro sermão de Pedro, no dia de Pentecostes, fundamentado no Antigo Testamento (nos Salmos e na profecia de Joel), mas ao mesmo tempo é um testemunho vivo e eloquente de quem conviveu com Jesus. O pastor Fowler ainda prega usando um outro recurso, a metalinguagem, através do qual nos ensina a fazer um bom sermão. De fato, vale muito a pena estudar e aprender a pregar com estes mestres: Pedro e John Fowler.

O SERMÃO
O texto é Atos 2:14 a 41. O esboço está destacado no final do artigo. O que segue é um resumo do sermão: 

Quem me conheceu, desde criança, não imaginava que eu viesse a me tornar um pregador. Eu não tinha jeito nem motivação para isso. Cresci numa vila de pescadores rudes. Minha vida era tão difícil quanto as ondas do lago da Galileia. Eu pescava e cheirava a peixe. Era rude, desarrumado. Geralmente falava antes de pensar. Como ser um pregador assim? Não combina.

Então, um dia, Jesus de Nazaré me encontrou. Seu olhar penetrante, quase cirúrgico, atingiu meu coração. Quando Ele me disse: “Simão, siga-Me”, não pensei duas vezes. Passei em casa, para dizer à minha esposa que eu seria um pescador de homens. Ela arregalou os olhos, como que me dizendo: “Mas eu estou acostumada a me alimentar de peixe, e não de gente!”

Como seguidor de Jesus, eu queria prestar atenção em cada detalhe dos Seus ensinos. Tudo me impressionava: Sua compaixão, os milagres, as parábolas, Sua vida. Passei por muitas experiências impressionantes: andei sobre as águas, confessei Sua divindade, neguei que O conhecia, fui correndo feito um doido até Sua sepultura... Mas ser um pregador do Reino, já pensou? Apesar de tudo, no fim Ele confirmou essa missão (Mt 28:19, 20).

Só quando o Espírito Santo desceu, no dia de Pentecostes, tudo começou a fazer sentido (ver At 2:1, 2; Jo 16:13). Então, aprendi a primeira lição: Sem empoderamento do Espírito Santo não existe pregação. Foi o poder do Espírito, naquele dia, que me colocou na frente do povo e me ajudou a pregar meu primeiro sermão. Naquele dia, o sermão não foi um incidente comum. Nenhum sermão é um incidente. Toda a minha vida anterior foi uma preparação para ele, embora eu não estivesse consciente disso. O Espírito Santo me permitiu colocar a mensagem na perspectiva e no contexto adequados.

Em primeiro lugar, a perspectiva da Palavra de Deus. Aproximadamente 50% do meu sermão foi constituído de passagens da Bíblia. Um sermão que não brota da Palavra de Deus não consegue mostrar a Palavra viva diante da congregação. A pregação precisa conectar o presente com o passado e então apontar para o futuro. Em segundo lugar, o Espírito nos permite pregar dentro do contexto de uma certa urgência escatológica. O texto de Joel 2:28-32 me ajudou a relacionar sua ênfase no tempo do fim com “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (At 2:17-21). Se tivesse que resumir todo o meu sermão daquele dia em uma só palavra, ela seria: Jesus.

O JESUS HUMANO
Jesus tem que ser o foco decisivo de cada sermão. Você pode falar sobre doutrina, estilo de vida, ética, milagres, parábolas, ou sobre determinada passagem, mas o foco tem que ser Jesus. No dia de Pentecostes, para me assegurar de que não seria mal compreendido, mencionei três vezes a expressão “este Jesus” (At 2:23, 32, 36). A pregação cristã precisa destacar o Jesus histórico como uma pessoa real e humana. Esse Jesus que nós adoramos e pregamos não é uma figura mitológica. Tem que ficar muito claro que Jesus é Deus invadindo a esfera humana com o objetivo de uma vez para sempre resolver o problema do pecado (ver Atos 4:12).

O JESUS DIVINO
Esse é o segundo ponto que eu queria que aquela minha congregação entendesse perfeitamente. Jesus não era apenas um grande líder. Jesus é Deus, que entra na história humana para executar o plano que estava formulado “desde a fundação do mundo” (Ap 13:8).

Eu levantei a voz com muita ênfase para clamar: Esse Jesus que vocês crucificaram, foi por Deus ressuscitado (At 2:23, 24). Um sermão precisa apresentar provas incontestáveis. Por isso, eu busquei no Antigo Testamento os textos de Deuteronômio 21:23 e também do Salmo 16:8 a 11. As declarações do salmista são o fundamento do que estou falando em Atos 2:25-31. Enquanto aquela congregação ainda estava assimilando a interpretação que fiz do salmo, eu saquei a minha segunda prova de que Jesus é Deus: eu era uma testemunha ocular dos fatos. Eu tinha a vantagem definitiva de conhecer pessoalmente Jesus. Eu podia falar sobre a minha sogra, a alimentação dos 5.000, os dez leprosos, Lázaro, a minha própria traição, e tudo o mais. Fui o primeiro discípulo a testemunhar a ressurreição de Jesus, embora Maria Madalena tenha demonstrado mais fé que eu. Quem é testemunha ocular pode falar com autoridade.

O JESUS VIVO
Eu tinha outro ponto importante para mencionar em meu sermão: O Jesus ressurreto ascendeu ao Céu, de onde Ele tinha vindo, e fiz isso ao citar o Salmo 110:1 (ver At 2:34-36). Esse foi o ponto alto do meu sermão, para deixar absolutamente claro que Aquele que tinha sido por eles (tanto os judeus quanto os romanos) crucificado, Deus O tinha feito Senhor e Cristo.

No momento seguinte, veio a resposta inevitável: as multidões começaram a chorar e a clamar “Que faremos, irmãos?” (At 2:37). Nenhum sermão pode terminar sem conseguir essa reação dos ouvintes. Pregar não é entreter e nem apenas passar informações, pregar é levar as pessoas até a cruz, oferecer a esperança que dela emana e apelar para que todos aceitem Jesus como Senhor e Salvador. Você ficou surpreso com o resultado: um batismo de 3 mil pessoas no primeiro dia de uma campanha evangelística? Onde forem pregados sermões adequados, os resultados aparecerão.

ESBOÇO DO SERMÃO 
O Primeiro Sermão de Pedro 
Texto: Atos 2:14-41 

Introdução 
1. O encontro com Jesus. Aceitação de Jesus 
2. Aguardando o empoderamento do Espírito (At 1:8) 
3. Tornando-se parte do Seu povo (At 2:14) 
4. Senso de urgência (At 2:17-22) 
5. Proclamando Sua Palavra (At 2:14 e seguintes) 

I. O Jesus humano 
1. Jesus, o cumprimento da profecia – At 2:25-28 
2. Jesus, o homem da história – At 2:22 
3. Jesus, o árbitro do destino humano – At 2:42 

II. O Jesus divino 
1. “O desígnio e presciência de Deus” – At 2:23 
2. Apesar disso, foi crucificado – At 2:23 
3. “Deus, porém, O ressuscitou” – At 2:24, 32 
4. Desse Jesus eu sou uma testemunha ocular 

III. O Jesus vivo 
1. Seu corpo não foi corrompido – At 2:27, 31 
2. Ele assentou-Se à direita do Pai – At 2:25, 33 
3. Absolutamente vitorioso – At 2:33-36 

Apelo 
1. “Que faremos com este homem Jesus? – At 2:37 
2. Entregue-se ao Jesus eterno 
3. Aceite o único meio de salvação – At 2:38 
4. Venha fazer parte da família de Jesus – At 2:41

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