sexta-feira, 5 de abril de 2024

NÃO CONVERSE COM A SERPENTE

Ao ser iniciada a leitura de Gênesis 3, o destaque fica por conta da sagacidade da serpente em seu diálogo com a mulher. O animal em si era inofensivo. Porém, o autor do Gênesis descreve a malignidade do diabo ao se apossar de uma criatura com propósito bem definido: destruir a felicidade da família humana. O campo semântico utilizado na interlocução com a mulher gera uma narrativa diametralmente oposta à de Deus.

A ordem expressa do Criador era a seguinte: “De toda árvore do jardim você pode comer livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal você não deve comer; porque, no dia em que dela comer, você certamente morrerá” (Gn 2:16, 17). Imagine a cena no contexto de uma redação de notícias. O editor provavelmente iria retirar o pronome indefinido “toda” e orientar o repórter a evitar o excesso de generalização. Porém, o relato de Gênesis é bem completo. Nos diálogos da narrativa, a utilização de ótimos conectores forma perfeita coesão e coerência no texto para que a verdade de Deus possa ser notada.

O diálogo chama a atenção pela convicção da serpente. Ela opina de acordo com sua imoralidade. Utiliza-se de argumento pseudocientífico a partir do conhecimento que possuía para confrontar o caráter de Deus. Para Eva, talvez existisse um hiato entre opinião e argumento, mas não para a serpente, que conhecia o bem e o mal, fruto da narrativa que Lúcifer criou no Céu (Is 14:12-14; Ez 28:13-19; Ap 12:7-9).

Adão e Eva não estavam ilesos às possibilidades negativas. Ellen White comenta: “Mensageiros celestiais explicaram a eles a história da queda de Satanás, e suas tramas para destruí-los, expondo mais completamente a natureza do governo divino, que o príncipe do mal estava procurando subverter” (Patriarcas e Profetas, p. 28). Em outras palavras, Eva não precisava dialogar com a serpente. Sem perceber, ela foi entrevistada pelo maior inimigo de Deus. Adão e Eva creram no repórter errado e no relato distorcido.

Ellen White descreve a serpente desta forma: "A fim de realizar a sua obra sem que fosse percebido, Satanás preferiu fazer uso da serpente como médium, disfarce este bem adaptado ao seu propósito de enganar. A serpente era então uma das mais prudentes e belas criaturas da Terra. Tinha asas, e enquanto voava pelos ares apresentava uma aparência de brilho deslumbrante, tendo a cor e o brilho de ouro polido" (A Verdade sobre os Anjos, p. 53).

A serpente escolheu um único texto para distorcer a história (Gn 3:1). Com a tese “científica” da serpente comprovada, uma vez que Eva não morreu, a mulher compartilhou a nova descoberta com o esposo (Gn 3:6). A tragédia foi tão grande que, mesmo após milênios, a serpente continua seduzindo os descendentes da mulher em seus multifacetados disfarces.

A partir do ocorrido no Éden, o melhor é não dialogar com a serpente. O mundo dela é obscuro e enigmático. Um mundo de mistério fora dos mistérios de Deus. Ellen White alerta: “Agentes invisíveis estão em operação para fazer com que a falsidade se pareça com a verdade; erros estão revestidos com uma roupagem enganadora para que os homens sejam levados a ­aceitá-los como essenciais a uma educação superior” (Medicina e Salvação, p. 88).

Por ocasião do lançamento do filme A Paixão de Cristo, Mel Gibson esteve presente a uma grande concentração de pastores na cidade de Chicago. Perguntaram-lhe por que tinha colocado uma mulher com véu para representar o mal. “O mal toma a forma de beleza, é quase bonito... ele se disfarça e se mascara, mas se as antenas de vocês estiverem ligadas, vão identificá-lo.”

Ellen G. White assim descreve o disfarce do mal: "Com palavras suaves e melodiosas, e com voz musical, [Satanás] dirigiu-se à maravilhada Eva. Ela se sobressaltou ao ouvir uma serpente falar. Esta exaltava a beleza e excessivo encanto [da mulher], o que não desagradou a Eva. Eva sentiu-se encantada, lisonjeada, bajulada" (A Verdade sobre os Anjos, p. 53).

Nessa guerra de narrativas que existe há milênios, o melhor é ficar com a verdade objetiva de Deus, pois ela permanece como a segurança em meio ao pragmatismo das muitas serpentes camufladas de pessoas e conceitos parecidos com a verdade. Cuidado! Se antes do pecado já havia riscos, imagine em nossos dias! 

Um comentário:

  1. Bom dia! Uma dúvida: Como Ellen Gracie White, chegou à conclusão de que a serpente no Paraíso de Deus (Eden), era de fato com asas e voava, e, ainda brilhava como ouro?

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