sexta-feira, 29 de novembro de 2024

INDIFERENTE

Outro dia li um trecho interessante do diário de salomão: "O que tapa o ouvido ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido" (Provérbios 21:13). Não sei porque, mas me veio à mente a palavra indiferença. Para mim, tapar o ouvido ao grito de quem precisa de alguma coisa é uma descrição muito boa para indiferença. E como nós estamos familiarizados com ela. Quem nunca foi tratado ou nunca tratou alguém com indiferença que atire a primeira pedra...

E como são comuns as situações em que as pessoas se afastam umas das outras por mal-entendidos, diferenças de opinião, inveja, receio, etc. e começam a se ver de maneira indiferente. Indiferença... essa para mim é a pior espécie. Viver como se a existência de outrem não fizesse a mínima diferença para você. Isso é muito perigoso. Amanhã você pode estar gritando por ajuda. Para dizer bem a verdade, eu creio que a própria indiferença já seja um grito. A indiferença é o comentário mais desesperado de todos. É o grito de quem quer convencer que pode fazer falta na vida do outro e que a ausência desse outro não dói. É o grito de quem quer atrair a atenção. É o grito de quem se sente inseguro. É um grito covarde. Mas é um grito silente.

Talvez olhando para sua vida você encontre algum grito assim. Se existe algo mal resolvido entre você e alguém - um amigo, um vizinho, um parente ou até mesmo um estranho - não se esconda atrás da indiferença. Procure a tal pessoa e simplesmente converse. Seja sincero. A indiferença é uma doença que corrói o coração.

Amanhã é sábado e esse é um dia diferente. É um dia certo para repensar as relações e clarear os cantos escuros da vida. O sábado é o dia do perdão. Ande pela vida de bem com Deus e com as pessoas a sua volta.

E descanse.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

DORES

É como se meus olhos pudessem ver os territórios da minha alma sendo invadidos pela dor.

Sinto dores que há muito não sentia. Daquelas que ameaçam o orgulho, a verdade e o plano. Dores que desmantelam a lógica, o tempo e a regra.

Eu que ergui muros altos, que cerquei de cuidados os limites encantados da emoção. Eu que conheço os danos da invasão, o drama e o estrago da rendição. Eu que sou forte, sinto dores. Eu que calei o coro dos valentes, silencio diante do sussurro das dores.

Eu que inventei a analgia, sinto. Eu que entreguei os remédios em troca de vacina, experimento a sina de quem inevitavelmente sente.

Sinto dores.

E sentindo entendi que nessa vida não há beleza livre da dor. Não há sentido inviolável, nem sentimento invariável. É sentindo que se lembra que é com dores o nascimento, com dores o crescimento. É com dores que se ganha e que se perde. É com dores que se paga. É com dores que se espera.

Dor é a herança confusa de quem ainda vive essa vida pequena. É o sintoma da doença. É a sentença da escolha. É algoz e é vigia. Em vez de atestar a ausência do bem, é a prova do efeito do mal. Sem dor não haveria salvação.

Sinto, logo dói.


"Que maravilhoso pensamento este, de que Jesus tudo sabe acerca das dores e aflições que sofremos! Em todas as nossas aflições foi Ele aflito. [...] Quem pode compreender a dor que sofro senão Aquele que é angustiado em todas as nossas angústias? A quem poderei falar senão Àquele que Se compadece de nossas enfermidades, e que sabe socorrer os que são tentados? Meu coração se dilata para Jesus, em amorosa confiança. Ele sabe o que é melhor para mim" (Ellen G. White - Mensagens Escolhidas 2, p. 237-239).

"Cada alma é tão perfeitamente conhecida a Jesus, como se fora ela a única por quem o Salvador houvesse morrido. As dores de cada uma Lhe tocam o coração. O grito de socorro chega-Lhe ao ouvido" (O Desejado de Todas as Nações, p. 339).

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

OS EVANGELHOS EM ORDEM CRONOLÓGICA

Se os quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) fossem um livro só, em ordem cronológica dos 179 eventos, seria assim:

001. Lucas 1:1-4
002. João 1:1-18
003. Mateus 1:1-17 / Lucas 3:23-38
004. Lucas 1:5-25
005. Lucas 1:26-38
006. Lucas 1:39-56
007. Lucas 1:57-80
008. Mateus 1:18-25
009. Lucas 2:1-7
010. Lucas 2:8-20
011. Lucas 2:21
012. Lucas 2:22-38
013. Mateus 2:1-12
014. Mateus 2:13-18
015. Mateus 2:19-23 / Lucas 2:39-40
016. Lucas 2:41-50
017. Lucas 2:51-52
018. Mateus 3:1-12 / Marcos 1:1-8 / Lucas 3:1-18
019. Mateus 3:13-17 / Marcos 1:9-11 / Lucas 3:21-22
020. Mateus 4:1-11 / Marcos 1:12-13 / Lucas 4:1-13
021. João 1:19-34
022. João 1:35-51
023. João 2:1-12
024. João 2:13-25
025. João 3:1-21
026. João 3:22-36
027. João 4:1-42
028. João 4:43-54
029. Mateus 14:3-5 / Lucas 3:19-20
030. João 5:1-15
031. João 5:16-47
032. Mateus 4:12 / Marcos 1:14-15 / Lucas 4:14-15
033. Lucas 4:16-30
034. Mateus 4:13-17 / Lucas 4:31
035. Mateus 4:18-22 / Marcos 1:16-20 / Lucas 5:1-11
036. Marcos 1:21-28 / Lucas 4:32-37
037. Mateus 8:14-17 / Marcos 1:29-34 / Lucas 4:38-41
038. Mateus 4:23-25 / Marcos 1:35-39 / Lucas 4:42-44
039. Mateus 8:1-4 / Marcos 1:40-45 / Lucas 5:12-16
040. Mateus 9:2-8 / Marcos 2:1-12 / Lucas 5:17-26
041. Mateus 9:9 / Marcos 2:13-14 / Lucas 5:27-28
042. Mateus 12:1-8 / Marcos 2:23-28 / Lucas 6:1-5
043. Mateus 12:9-14 / Marcos 3:1-6 / Lucas 6:6-11
044. Mateus 12:15-21 / Marcos 3:7-12
045. Marcos 3:13-19 / Lucas 6:12-16
046. Mateus 5:1-48 + 6:1-34 + 7:1-29 / Lucas 6:17-49
047. Mateus 8:5-13 / Lucas 7:1-10
048. Mateus 9:27-31
049. Mateus 9:32-34
050. Mateus 9:35 / Lucas 8:1-3
051. Lucas 7:11-17
052. Mateus 12:22-45 / Marcos 3:20-30 / Lucas 11:14-32
053. Mateus 12:46-50 / Marcos 3:31-35 / Lucas 8:19-21
054. Mateus 13:1-52 / Marcos 4:1-34 / Lucas 8:4-18
055. Mateus 8:19-22
056. Mateus 8:18 e 23-27 / Marcos 4:35-41 / Lucas 8:22-25
057. Mateus 8:28-34 + 9:1 / Marcos 5:1-20 / Lucas 8:26-39
058. Mateus 9:10-13 / Marcos 2:15-17 / Lucas 5:29-32
059. Mateus 9:14-17 / Marcos 2:18-22 / Lucas 5:33-39
060. Mateus 9:18-26 / Marcos 5:21-43 / Lucas 8:40-56
061. Mateus 11:2-6 / Lucas 7:18-23
062. Mateus 11:7-30 / Lucas 7:24-35
063. Mateus 9:36-38 + 10:1-42 + 11:1 / Marcos 6:7-13 / Lucas 9:1-6
064. Mateus 13:53-58 / Marcos 6:1-6
065. Mateus 14:1-12 / Marcos 6:14-29 / Lucas 9:7-9
066. Mateus 14:13-21 / Marcos 6:30-44 / Lucas 9:10-17 / João 6:1-14
067. Mateus 14:22-36 / Marcos 6:45-56 / João 6:15-24
068. João 6:25-71 + 7:1
069. Mateus 15:1-20 / Marcos 7:1-23
070. Mateus 15:21-28 / Marcos 7:24-30
071. Mateus 15:29-31 / Marcos 7:31-37
072. Mateus 15:32-39 / Marcos 8:1-10
073. Mateus 16:1-12 / Marcos 8:11-21
074. Marcos 8:22-26
075. Mateus 16:13-28 / Marcos 8:27-38 + 9:1 / Lucas 9:18-27
076. Mateus 17:22-23 / Marcos 9:30-32 / Lucas 9:43b-45
077. Mateus 18:1-35 / Marcos 9:33-50 / Lucas 9:46-50
078. Mateus 17:1-13 / Marcos 9:2-13 / Lucas 9:28-36
079. Mateus 17:14-21 / Marcos 9:14-29 / Lucas 9:37-43a
080. Mateus 17:24-27
081. João 7:2-13
082. João 7:14-52
083. João 7:53 + 8:1-11
084. João 8:12-30
085. João 8:31-59
086. João 9:1-41
087. João 10:1-21
088. Mateus 19:1-2 / Marcos 10:1 / Lucas 9:51-56
089. Lucas 9:57-62
090. Lucas 10:1-24
091. Lucas 10:25-37
092. Lucas 10:38-42
093. João 10:22-42
094. Lucas 11:1-13
095. Lucas 11:33-36
096. Lucas 11:37-54
097. Lucas 12:1-12
098. Lucas 12:13-34
099. Lucas 12:35-59
100. Lucas 13:1-9
101. Lucas 13:10-17
102. Lucas 13:18-30
103. Lucas 13:31-35
104. Lucas 14:1-15
105. Lucas 14:16-24
106. Lucas 14:25-35
107. Lucas 15:1-7
108. Lucas 15:8-10
109. Lucas 15:11-32
110. Lucas 16:1-17
111. Lucas 16:19-31
112. Lucas 17:1-10
113. João 11:1-45
114. João 11:46-57
115. Lucas 17:11-19
116. Lucas 17:20-37
117. Lucas 18:1-8
118. Lucas 18:9-14
119. Mateus 19:3-12 / Marcos 10:2-12 / Lucas 16:18
120. Mateus 19:13-15 / Marcos 10:13-16 / Lucas 18:15-17
121. Mateus 19:16-30 / Marcos 10:17-31 / Lucas 18:18-30
122. Mateus 20:1-16
123. Mateus 20:17-19 / Marcos 10:32-34 / Lucas 18:31-34
124. Mateus 20:20-28 / Marcos 10:35-45
125. Mateus 20:29-34 / Marcos 10:46-52 / Lucas 18:35-43
126. Lucas 19:1-10
127. Lucas 19:11-28
128. Mateus 26:6-13 / Marcos 14:3-9 / Lucas 7:36-50 / João 12:1-8
129. Mateus 26:1-5 + 26:14-16 / Marcos 14:1-2 + 14:10-11 / Lucas 22:1-6 / João 12:9-11
130. Mateus 21:1-11 / Marcos 11:1-11 / Lucas 19:29-44 / João 12:12-19
131. Mateus 21:18-22 / Marcos 11:12-14 + 11:20-26
132. Mateus 21:12-17 / Marcos 11:15-19 / Lucas 19:45-48
133. Mateus 21:23-27 / Marcos 11:27-33 / Lucas 20:1-8
134. Mateus 21:28-32
135. Mateus 21:33-46 / Marcos 12:1-12 / Lucas 20:9-19
136. Mateus 22:1-14
137. Mateus 22:15-22 / Marcos 12:13-17 / Lucas 20:20-26
138. Mateus 22:23-33 / Marcos 12:18-27 / Lucas 20:27-40
139. Mateus 22:34-40 / Marcos 12:28-34
140. Mateus 22:41-46 / Marcos 12:35-37 / Lucas 20:41-44
141. Mateus 23:1-39 / Marcos 12:38-40 / Lucas 20:45-47
142. Marcos 12:41-44 / Lucas 21:1-4
143. João 12:20-36
144. João 12:37-50
145. Mateus 24:1-51 / Marcos 13:1-37 / Lucas 21:5-38
146. Mateus 25:1-13
147. Mateus 25:14-30
148. Mateus 25:31-46
149. Mateus 26:17-19 / Marcos 14:12-16 / Lucas 22:7-13
150. Mateus 26:20 / Marcos 14:17-18a / Lucas 22:14-16
151. Lucas 22:24-30 / João 13:1-20
152. Mateus 26:26-29 / Marcos 14:22-25 / Lucas 22:17-20
153. Mateus 26:21-25 / Marcos 14:18b-21 / Lucas 22:21-23 / João 13:21-30
154. João 13:31-38 + 14:1-31
155. Mateus 26:30 / Marcos 14:26 / Lucas 22:39
156. Mateus 26:31-35 / Marcos 14:27-31 / Lucas 22:31-38 / João 13:38
157. João 15:1-17
158. João 15:18-27 + 16:1-4
159. João 16:5-33
160. João 17:1-26
161. Mateus 26:36-56 / Marcos 14:32-52 / Lucas 22:40-53 / João 18:1-12
162. João 18:13-14 + 18:19-24
163. Mateus 26:57-75 / Marcos 14:53-72 / Lucas 22:54-65 / João 18:15-18 + 18:25-27
164. Mateus 27:1 / Marcos 15:1 / Lucas 22:66-71
165. Mateus 27:3-10
166. Mateus 27:2 + 27:11-14 / Marcos 15:2-5 / Lucas 23:1-7 / João 18:28-38
167. Lucas 23:8-12
168. Mateus 27:15-30 / Marcos 15:6-19 / Lucas 23:13-25 / João 18:39-40 + 19:1-16
169. Mateus 27:31-56 / Marcos 15:20-41 / Lucas 23:26-49 / João 19:17-37
170. Mateus 27:57-61 / Marcos 15:42-47 / Lucas 23:50-56 / João 19:38-42
171. Mateus 27:62-66
172. Mateus 28:1-15 / Marcos 16:1-11 / Lucas 24:1-12 / João 20:1-18
173. Marcos 16:12-13 / Lucas 24:13-35
174. Lucas 24:36-43 / João 20:19-23
175. Marcos 16:14 / João 20:24-29
176. João 21:1-23
177. Mateus 28:16-20 / Marcos 16:15-18 / Lucas 24:44-49
178. Marcos 16:19-20 / Lucas 24:50-53
179. João 20:30-31 + 21:24-25

[via Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 5, pp. 196 a 199 – Índice da Harmonia dos Evangelhos]

terça-feira, 26 de novembro de 2024

O QUE SIGNIFICA ESTAR CHEIO DO ESPÍRITO SANTO?

Vou limitar meus comentários ao uso da frase “cheio do Espírito Santo”, que é usada somente no Evangelho de Lucas e no livro de Atos. O verbo grego é pimplēmi (“encher”, “tornar cheio”), mas também encontramos o adjetivo plērēs (“cheio”) associado com o Espírito. O verbo é usado no sentido literal (Lucas 1:23; 5:7), mas nos concentraremos no uso metafórico do verbo.

1. Cheio de emoções. Os seres humanos são criaturas emocionais e suas emoções podem tomar conta deles. Após ouvir Jesus, as pessoas em Nazaré “ficaram furiosas” (“Todos […] se encheram de ira” [thumos], Lucas 4:28), e tentaram matá-Lo. Jesus havia curado um homem durante o sábado e os líderes judeus “ficaram furiosos” (“eles se encheram de furor” [anoia], Lucas 6:11), e começaram planejar o que iriam fazer com Ele. Eles também viram o trabalho dos discípulos e ficaram “cheios de ciúmes” (“inveja” [zēlos] acompanhado por hostilidade, Atos 5:17 e 13:45) e O prenderam. Em Éfeso eclodiu uma revolta e “a cidade toda estava em tumulto” (“tomada de confusão”, Atos 19:29).

Em outros momentos, as pessoas ficavam cheias de boas emoções. Jesus curou um paralítico e “todos ficaram atônitos” (“possuídos de temor” ou medo reverente [phobos]; Lucas 5:26). Pedro curou um mendigo aleijado e as pessoas “se encheram de admiração” [thamboia] e ficaram impressionadas (“assombradas” [ekstasis], Atos 3:10).

Esses exemplos sugerem que, quando as pessoas estão cheias de emoção, essa as controla e as leva a determinadas ações. O estímulo vem do exterior e modifica seu estado interior e o comportamento externo. Com exceção do tumulto em Éfeso, as diferentes emoções foram provocadas pela proclamação da mensagem de Jesus e Seus discípulos. O evangelho de Cristo tem o poder de preencher a vida interior com o que é bom, mas, ao ser rejeitado, o ser humano revela somente hostilidade e emoções de autodestruição. Reações de grande admiração e perplexidade mantêm a porta aberta para a pessoa ser preenchida (ou cheia) pelo Espírito.

2. Cheios do Espírito. Foi dito a Zacarias que seu filho, João Batista, seria “cheio do Espírito Santo, já do ventre materno”(Lucas 1:15), expressando ideias de eleição, direção e serviço. Isabel viu Maria, e, “cheia do Espírito Santo” (Lucas 1:41), reconheceu que era o Messias que estava em seu ventre. Zacarias e Paulo profetizaram quando eles ficaram cheios do Espírito (Lucas 1:67; Atos 13:9). No Pentecostes, os discípulos foram capacitados a falar em diferentes línguas (Atos 2:4); e, daquele momento em diante, cheios do Espírito, eles falavam de Jesus com ousadia (Atos 4:8; 4:31; 9:17-22). A igreja era um local espiritual no qual o Espírito estava ativo, enchendo o lugar com Sua presença.

3. Significado de estar cheio do Espírito. Resumindo: Primeiro, os seres humanos são seres emocionais, de modo que Satanás está predisposto a lhes encher o coração com más emoções (Atos 5:3; 13:9). Essas emoções governam os seres humanos e os induzem a praticar maldade e obras opostas às do Senhor. Por meio de suas ações, seu caráter e disposição são revelados. Segundo, o Senhor quer encher nosso ser interior com a presença e o poder do Espírito que é concedido àqueles que conhecem a Cristo como seu Salvador. Terceiro, a presença do Espírito Santo em nós nos transforma, nos torna pessoas melhores e fortalece nossa fé (Atos 11:24). Com Ele, obtemos sabedoria divina e discernimento espiritual que nos permite reconhecer a atividade de Deus (Atos 6:3; 7:57). Quarto, a presença do Espírito em nossa vida é visível por meio de vidas transformadas e de serviço para Deus e pelos outros. Quinto, o Espírito Santo capacita os seguidores de Cristo a testemunhar e a fazer algo para o Senhor. Nem todos são profetas, porque a unção do Espírito é de acordo com Sua vontade para cada um. Sexto, estar cheio do Espírito não implica necessariamente milagres. Esse elemento está presente, mas é subserviente à missão da igreja. Paulo foi um homem cheio do Espírito, no entanto o seu testemunho não foi acompanhado por manifestação sobrenatural. O Espírito Santo o preparou e capacitou para pregar com poder o evangelho (Atos 9:17-22). Curas e sinais acrescentaram alguma eficácia ao que foi a manifestação mais importante de ser cheio do Espírito – ser guiado pelo Espírito e cumprir a missão da igreja (Atos 4:29-31).

Ángel Manuel Rodríguez (Adventist World)

"Toda a vossa mente e coração devem ficar imbuídos da verdade, para que possais ser representantes vivos de Cristo. Deus quer que estejais cheios do Espírito Santo, revestidos do poder celestial. Trabalhai, não para tornar-vos grandes homens; mas, antes, para tornar-vos homens bons e perfeitos, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz" (Ellen G. White - The Review and Herald, 3 de Dezembro de 1889).

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

O QUE É O REINO DE DEUS?

"Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus" (Lucas 13:29).

O reino de Deus é um tema importante e uma prioridade significativa nos ensinos de Jesus. A frase ocorre quase 50 vezes em Mateus, 16 vezes em Marcos, cerca de 40 vezes em Lucas, e três vezes em João. Onde quer que apareça – seja na oração do Senhor, no Sermão do Monte ou nos outros ensinos e parábolas de Cristo – o reino de Deus é uma expressão do que Deus fez pela raça humana na História ao lidar com o problema do pecado e dar uma conclusão decisiva ao grande conflito com Satanás.

O reino de Deus é diferente de qualquer reino que o mundo já tenha conhecido, e é por isso que ele não é um reino terreno. Diz Ellen G. White: “O reino de Deus não vem com aparência exterior. Vem mediante a suavidade da inspiração de Sua Palavra, pela operação interior de Seu Espírito, a comunhão da alma com Aquele que é sua vida. A maior manifestação de Seu poder se observa na natureza humana levada à perfeição do caráter de Cristo” (A Ciência do Bom Viver, p. 36).

Características do reino de Deus
Os evangelhos estão repletos de referências ao reino de Deus, sendo que todas elas atestam, cumulativamente, que foi inaugurada uma nova ordem em Jesus e por meio dEle.

"Então, Ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu nome; venha o Teu reino" (Lucas 11:2). 

Esta passagem ensina que devemos desejar a vinda do reino de Deus e por ela orar. O reino é de Deus, o que significa que ele está acima de ações morais humanas, ou seja, ele não é um sistema ético, mas um reino centralizado na ação do próprio Deus em favor dos seres humanos. Não é um evangelho social que proclama pão e água para os famintos ou igualdade e justiça para os politicamente oprimidos. Ele transcende toda bondade e ação moral humana, e se centraliza na atividade soberana de Deus no Filho encarnado, que veio pregar as boas-novas do reino (Lc 4:42-44; Mt 4:23-25).

"Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, Seu pai; Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o Seu reinado não terá fim" (Lucas 1:32, 33).

Esta passagem é de máxima importância por duas razões: primeira, o Messias esperando no Antigo Testamento não é outro senão Jesus, "o Filho do Altíssimo"; segunda, "Seu reinado não terá fim". Isso significa que, pela Sua encarnação, morte e ressurreição, Jesus venceu o desafio de Satanás à soberania divina e estabeleceu eternamente o reino de Deus. 

“O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11:15). 

No conflito entre Cristo e Satanás, o inimigo reivindicou vitória após a queda de Adão e Eva. Mas a missão de Jesus provou a falsidade das reivindicações dele; Cristo o derrotou em todas as batalhas, e com Sua morte e ressurreição assegurou a todo o universo que o reino de Deus chegou.

"Então Jesus chamou as crianças para perto de si e disse: Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso, pois o Reino de Deus é das pessoas que são como estas crianças" (Lucas 18:16). 

A entrada no reino de Deus não depende do status nem da posição da pessoa, ou do fato de alguém possuir riquezas ou não. Lucas, juntamente com outros evangelistas, enfatiza que a pessoa deve ir a Jesus com uma atitude de entrega decidida, de dependência absoluta e de confiança infantil; esses são traços daqueles que entraram no reino de Deus. Eles devem estar dispostos a renunciar a tudo, se necessário; pois alguma coisa à qual não desejassem renunciar seria algo que, em certo sentido, não só competiria com Jesus mas, na realidade, venceria. Jesus e Seus reclamos sobre nossa vida – sobre todos os aspectos de nossa vida – têm prioridade máxima. Afinal, é somente por meio dEle que existimos. Portanto, Ele deve ter nossa total lealdade. 

"Aí ele disse para outro homem: Venha comigo. Mas ele respondeu: Senhor, primeiro deixe que eu volte e sepulte o meu pai" (Lucas 9:59).

Também medite nas palavras de Jesus sobre deixar que os mortos sepultem os mortos. Que verdade importante Ele está expressando sobre não darmos desculpas que nos impeçam de segui-Lo quando vier o chamado, independentemente de quão válidas essas desculpas pareçam ser?

"Jesus respondeu: Eu afirmo a vocês que isto é verdade: aquele que, por causa do Reino de Deus, deixar casa, esposa, irmãos, parentes ou filhos receberá ainda nesta vida muito mais e, no futuro, receberá a vida eterna" (Lucas 18:29, 30).

Ter que deixar os pais, o cônjuge, ou mesmo os filhos pelo reino de Deus? Esse é um compromisso que exige muito! Jesus não está dizendo que esses atos são exigidos de todos, mas que se alguém for chamado a deixar essas coisas por amor ao reino de Deus, vale a pena fazer isso.

O reino de Deus: já, mas ainda não
Jesus veio proclamando o reino de Deus. Em Sua primeira proclamação pública em Nazaré (Lc 4:16-21), Jesus afirmou que, por meio dEle, naquele dia, haviam sido inaugurados o reino e seu ministério de redenção conforme preditos na profecia messiânica de Isaías.

Lucas registrou outra afirmação que atesta a realidade presente do reino. Indagado pelos fariseus quanto ao tempo em que viria o reino de Deus, Jesus respondeu: “O reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17:21). Outras traduções sugerem: “O reino de Deus está entre vocês” (NVI). Quer dizer, com a chegada de Jesus, já chegou o reino com seus componentes, que incluem: cura dos doentes (Lc 9:11), pregação do evangelho (Lc 4:16-19), perdão dos pecados (Lc 7:48-50; 19:9, 10) e subjugação das forças do mal (Lc 11:20). Assim, Jesus fez do reino uma realidade presente dentro da pessoa, transformando-a em alguém semelhante a Ele. 

O reino de Deus também é visto entre a comunidade de cristãos, como uma revelação de justiça e salvação. Esse aspecto presente é também conhecido como “o reino da graça de Deus [que] está sendo agora estabelecido, à medida que corações que têm estado sobrecarregados de pecado e rebelião se rendem à soberania de Seu amor” (O Maior Discurso de Cristo, p. 108).

Enquanto o aspecto do “já” estabeleceu o caráter irreversível do reino, isto é, a derrota do pecado e de Satanás e a vitória de Jesus no grande conflito, o aspecto do “ainda não” está aguardando o fim do mal e o estabelecimento da Nova Terra: “O completo estabelecimento do reino de Sua glória, porém, não ocorrerá senão na segunda vinda de Cristo ao mundo” (Ibid., p. 108).

"Alguns vão dizer a vocês: 'Olhem aqui' ou 'Olhem ali'; porém não saiam para procurá-lo. Porque, assim como o relâmpago brilha de uma ponta do céu até a outra, assim será no dia em que o Filho do Homem vier" (Lucas 17:23, 24). Leia também Lucas 21:5-36.

Esses textos ensinam que o reino de Deus será plenamente estabelecido com a vinda literal, visível e em glória do Filho do Homem. Haverá muitos sinais que anunciarão a proximidade de Sua vinda (falsos cristos, guerras, terremotos, epidemias, fome, perseguição aos cristãos, sinais nos corpos celestes, angústia entre as nações), e devemos perseverar e vigiar a fim de estarmos prontos para esse dia, para que ele não venha sobre nós repentinamente, como um laço.

Nosso mundo, e as condições nele reinantes – tumulto, tristeza e angústia – certamente refletem as palavras que Jesus proferiu aqui. Embora alguns argumentem que a dor e o sofrimento que há neste mundo significam que Deus não existe, poderíamos responder que, em vista da advertência de Jesus cerca de 2 mil anos atrás, a condição de nosso mundo ajuda a provar não só a existência de Deus, mas a veracidade da própria Bíblia. Somente no fim é que o reino de Deus, em toda a sua plenitude, será estabelecido. Até então, temos que perseverar.

O Reino e a segunda vinda de Cristo
Quando Jesus falou sobre o reino de Deus, mencionou duas certezas: (1) a atividade de Deus na História, por meio de Cristo, para salvar do pecado a humanidade, e (2) o fim que Deus dará à História, restaurando os salvos a Seu plano original: que eles vivam com Ele para sempre na Nova Terra (Ap 21:1-3). A primeira, como já dissemos, chegou por meio da missão e do ministério de Cristo. Nele, já estamos no reino da graça (Ef 1:4-9). A segunda parte, a reunião dos santos no reino da glória, é a esperança futura aguardada pelos que estão em Cristo (Ef 1:10; Tt 2:13). Jesus e o restante do Novo Testamento associam esse momento histórico em que os fiéis herdarão o reino da glória à segunda vinda de Cristo.

A segunda vinda de Cristo é a culminação final das boas-novas que Jesus veio proclamar em Sua primeira vinda. O mesmo Jesus que derrotou o pecado e Satanás no Calvário voltará em breve para iniciar o processo que erradicará o mal e purificará a Terra da tragédia que o inimigo infligiu à criação de Deus.

"E Jesus terminou, dizendo: Fiquem alertas! Não deixem que as festas, ou as bebedeiras, ou os problemas desta vida façam vocês ficarem tão ocupados, que aquele dia pegue vocês de surpresa, como se fosse uma armadilha. Pois ele cairá sobre todos no mundo inteiro. Portanto, fiquem vigiando e orem sempre, a fim de poderem escapar de tudo o que vai acontecer e poderem estar de pé na presença do Filho do Homem, quando ele vier" (Lucas 21:34-36).

Aqueles que já experimentaram o reino da graça precisam esperar, vigiar e orar pelo reino da glória. Entre um e outro, entre o “já” e o “ainda não”, os cristãos devem se ocupar com o ministério e a missão, com o viver e o esperar, com seu crescimento e o testemunho. A espera pela segunda vinda de Jesus exige a santificação de nossa vida aqui e agora.

Testemunhas
O reino de Deus era o pensamento principal de Lucas enquanto ele escrevia a continuação de seu evangelho, na forma de uma breve história da igreja primitiva. Nas primeiras linhas desse relato histórico, o livro de Atos, Lucas declara três verdades fundamentais com respeito ao reino de Deus (Leia Atos 1:1-8).

Primeira: tenha a certeza de que Jesus voltará. Durante 40 dias entre Sua ressurreição e Sua ascensão, o Senhor continuou a reforçar o que já havia ensinado aos discípulos antes de Sua crucifixão: as “coisas concernentes ao reino de Deus” (At 1:3). Os grandiosos eventos da cruz e da ressurreição não haviam mudado nada no ensino de Jesus com respeito ao reino; ao contrário, por 40 dias o Cristo ressuscitado continuou a gravar na mente dos discípulos a realidade do reino.

Segunda: esteja esperando que Jesus volte no tempo que Deus julgar apropriado. Após a ressurreição, os discípulos de Jesus fizeram uma pergunta séria e ansiosa: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (At 1:6). Jesus não respondeu à pergunta, mas corrigiu a perspectiva dos discípulos: Deus sempre será Deus; sondar Sua mente, predizer Seus planos com precisão, penetrar Seus segredos não é tarefa para seres de carne e sangue. Ele sabe quando deve vir o reino da glória, e fará com que isso se realize em Seu próprio tempo (At 1:7; Mt 24:36), assim como, na “plenitude do tempo” (Gl 4:4), Ele enviou Seu Filho para inaugurar o reino da graça.

Terceira: seja uma testemunha do evangelho de Jesus. Cristo fez com que os discípulos volvessem da especulação sobre o desconhecido (o momento em que virá o reino da glória) para aquilo que é conhecido e precisa ser feito. O tempo da segunda vinda de Jesus não é revelado, mas somos chamados a aguardar aquele glorioso dia e a estarmos ativos até então (Lc 19:13). Isso significa que devemos estar envolvidos em levar o evangelho de Jesus Cristo “até aos confins da Terra” (At 1:8). Essa é nossa responsabilidade – não em nossa própria força, mas pelo poder do Espírito Santo, que Jesus prometeu que seria derramado sobre todos os que quisessem ser testemunhas daquilo que viram e ouviram (v. 4-8).

Esses fiéis seguidores de Jesus ainda tinham concepções muito errôneas sobre a natureza da obra de Cristo. Contudo, mesmo assim o Senhor os estava usando. Que mensagem pode haver aqui para nós sobre o fato de não precisarmos compreender tudo plenamente antes de sermos usados por Deus?

Concluimos com estes dois pensamentos de Ellen G. White:

“A insígnia do reino do Messias distingue-se pela imagem do Filho do Homem. Seus súditos são os humildes de espírito, os mansos, os perseguidos por causa da justiça. Deles é o reino dos Céus” (O Maior Discurso de Cristo, p. 8).

“Achamo-nos agora na oficina de Deus. Muitos de nós somos pedras rústicas da pedreira. Ao apoderar-nos, porém, da verdade de Deus, sua influência nos afeta, eleva-nos e tira de nós toda imperfeição e pecado, seja de que natureza for. Assim estamos preparados para ver o Rei em Sua beleza, e unir-nos afinal com os puros anjos celestes no reino da glória. É aqui que essa obra tem que ser efetuada por nós; é aqui que nosso corpo e espírito devem ser habilitados para a imortalidade” (Testemunhos Para a Igreja, v. 2, p. 355, 356).

Ilustração: Tal é o Reino de Deus é uma pintura de Daniel Bonnell que foi publicada em 27 de abril de 2020.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O MODO BÍBLICO DE ESCOLHER OS PRESENTES DE NATAL

Que título estranho tem este post. Existe mesmo um “modo bíblico de escolher os presentes que daremos de Natal”? A meu ver, sim. Mas, antes de ir direto ao ponto, deixe-me contar como cheguei a essa conclusão. No final de outubro, fui almoçar no shopping e fiquei impressionado: já havia uma gigantesca árvore de Natal montada no vão central do prédio, que ia do chão ao teto, cercada por montes de robozinhos animados, renas, esquilos, vegetação de plástico, muitas luzes piscantes e bolas coloridas. Não havia dúvida: o Natal estava chegando. Bem… mais ou menos, né? Afinal, ainda era outubro e faltavam dois meses para à época de festas. Mas o comércio já tinha decidido: estava dada a largada para a temporada de compras de presentes. 

Eu me senti inclinado a escrever um texto falando mal do consumismo, da exploração materialista e das deturpações que a sociedade faz da celebração do nascimento de nosso Senhor. Mas pensei um pouco e lembrei que anualmente batemos nessa tecla, sem que nada mude: cristãos e não cristãos continuam gastando uma fortuna em compras natalinas. Então resolvi compartilhar outra reflexão: já que vamos dar presentes de qualquer maneira, o melhor é pensar como decidir que presentes dar.

O hábito de se presentear no Natal tem influências variadas, dependendo do lugar do mundo em que se está. Mas a origem vem do relato bíblico dos magos que presentearam Jesus com ouro, incenso e mirra. Se formos pensar por esse ângulo, fugirmos da sanha consumista e tratarmos a troca de presentes como algo que remete ao nascimento de Cristo, de modo que não tire o foco das verdadeiras razões da celebração, não vejo mal nessa prática. E como devemos fazê-lo? Aqui segue uma sugestão.

Penso que não devemos entregar os presentes na noite de Natal. Esquisito? Acredite, é totalmente possível fazê-lo um ou mais dias antes ou depois. Com isso, removemos a ideia de que festas natalinas têm a ver com consumismo – em especial no ensino das nossas crianças. Se fizermos assim, elas não crescerão associando Natal a presentes e à figura do Papai Noel, mas também não ficarão de fora do hábito da cultura em que vivem e poderão receber preciosas lições sobre a alegria que é dar. Isto é fundamental: cada presente deve sempre vir acompanhado de instrução e lições de vida. Dependendo da forma como tratarmos esse hábito, ele será visto e compreendido de modo mais cristão ou menos cristão pelos nossos filhos e as demais pessoas. A noite de Natal deve ser momento de orações, de louvores e da comunhão que celebra o nascimento de Jesus (seja num culto, seja numa ceia em família ou entre amigos). O foco não pode estar nos presentes. Tampouco na comida. Muito menos na festa: o foco do Natal é a encarnação do Verbo e tudo deve ser feito com isso em mente. A celebração do Natal deve ser inquestionavelmente cristocêntrica.

E, finalmente, chegamos ao ponto: há algum tipo de pensamento bíblico que devemos ter quanto ao que comprar para dar de presente a nossos amigos e parentes? Sim, há. Se vamos presentear alguém, deve ser por amor a ela; e gestos de amor contêm em si essencialmente a preocupação com o que é melhor para o outro. Em outras palavras, entendo que você não deve presentear alguém com algo de que ela goste, como costumamos fazer. O presente ideal e mais bíblico possível é, isto sim, algo de que a pessoa precisa.

Repare: Deus não entregou Jesus ao mundo de presente porque gostássemos dEle. Pelo contrário, Jesus foi presenteado a uma humanidade que estava morta em seus delitos e pecados e, por isso, amava os prazeres e a maldade. Mas era uma humanidade que precisava desesperadamente do Cordeiro de Deus, que viesse para o que cada ser humano mais precisa: o perdão dos pecados. Assim, o Pai não nos presenteou com algo que satisfizesse nossas concupiscências ou nossos desejos carnais: Ele nos deu aquilo que Ele sabia que nos faria bem.

Na hora de escolher os presentes que você vai comprar para determinada pessoa, imite o Pai: não pense “o que será que ela vai gostar de ganhar?”, mas, sim, “o que será que ela precisa ganhar?”. Se você tiver esse pensamento em mente, estará presenteando como o Pai nos presenteou. E fará do ato de dar presentes algo muito mais cristão.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari (via Apenas)

"As festas estão chegando rapidamente com sua troca de presentes, e jovens e idosos estão estudando intensamente o que poderão dar a seus amigos como sinal de afetuosa lembrança. É agradável receber um presente, mesmo simples, daqueles a quem amamos. É uma afirmação de que não estamos esquecidos, e parece ligar-nos a eles mais intimamente. Está certo concedermos a outros demonstrações de amor e afeto, se em assim fazendo não esquecemos a Deus, nosso melhor amigo. Devemos dar nossos presentes de tal maneira que se provem um real benefício ao que recebe. Eu recomendaria determinados livros que fossem um auxílio na compreensão da Palavra de Deus ou que aumentem nosso amor por seus preceitos" (Ellen G. White - O Lar Adventista, p. 479).

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

LIÇÕES DE APOLO

Ele foi um apóstolo da segunda geração, um homem bem-educado, um intelectual de seu tempo. Ele é mencionado poucas vezes no Novo Testamento, mas sua influência foi notável na igreja primitiva.

Conheça Apolo. Atos 18:24-28[1] apresenta esse jovem judeu como um cidadão de Alexandria, a segunda maior cidade do Império Romano da época, em homenagem à Alexandre, o Grande. Um lar para muitos refugiados judeus, a cidade foi responsável pela tradução e produção da Septuaginta da Bíblia. Alexandria abrigou as competitivas prioridades do judaísmo, helenismo e da filosofia grega, e finalmente se tornou um grande centro educacional, com uma extensa biblioteca que possuía 900 mil volumes.

Apolo foi um “homem eloquente” (v. 24), que também pode significar um homem culto e bem-educado. Ele, obviamente, foi instruído em ciências helenísticas, na filosofia, e especialmente na retórica, como a palavra eloquente assinala. A retórica, que era a principal disciplina de filosofia, naqueles dias, habilitava uma pessoa a argumentar de forma convincente, e a defender a sua opinião com clareza.

Apolo também era “poderoso nas Escrituras” (v. 24), o que significa que ele conhecia o Velho Testamento e podia interpretá-lo bem. Ele não era um leitor superficial, mas estudou as Escrituras em profundidade e, portanto, tinha obtido um conhecimento profundo da Bíblia.

Ele foi contemporâneo de Filo, um famoso filósofo e teólogo judeu. Filo de Alexandria escreveu comentários sobre os livros do Antigo Testamento, desenvolveu diferentes métodos de interpretação da Escritura e tentou harmonizar a sabedoria da filosofia helenística com a revelação nas Escrituras. Ele acreditava que todas as verdades dos filósofos gregos poderiam, finalmente, ser ras treadas até Moisés.

Apolo, que provavelmente foi um aluno de Filo, conhecia bem a filosofia helenística, assim como o Antigo Testamento. Ele tinha recebido educação, tanto acadêmica quanto religiosa. Do pouco que sabemos dele no livro de Atos, ele era um polêmico de sucesso, confirmando acima de qualquer dúvida a veracidade das Escrituras. O seu método provavelmente incluía o raciocínio lógico e a apresentação racional.

Cristão apaixonado
Não sabemos exatamente quando, mas em algum momento durante a propagação do evangelho após o Pentecostes, Apolo se tornou um cristão e foi “instruído no caminho do Senhor” (v. 25). Depois que ele aprendeu o tremendo significado dos eventos de Cristo, Apolo não pode permanecer em silêncio. Ele se tornou um apaixonado missionário e pregou o evangelho onde quer que fosse, “fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus” (v. 25). Apolo usou os seus conhecimentos e a sua formação para o serviço do Senhor. Ele se beneficiou de seu conhecimento das Escrituras e também de seus estudos de filosofia e de retórica, quando “convencia publicamente os judeus” (v. 28). Ele se envolveu completamente no ministério cristão e deixou marcas de seu entusiasmo na história – em Acaia, Éfeso e Corinto. Especialmente em Corinto. Naquela cidade ele deve ter causado um grande impacto, porque alguns dos cristãos de lá adotaram o seu nome (1 Coríntios 1:12).

Um ponto importante sobre Apolo não deve escapar à nossa atenção: sua humildade e o desejo de aprender mais. Mesmo sendo um estudioso hábil com muita instrução formal, ele estava pronto para aprender mais sobre Jesus – Sua morte e ressurreição – de simples crentes como Áquila e Priscila, “que, percebendo não ter ele ainda recebido toda a luz do evangelho, o levaram consigo, e lhe declararam mais pontualmente o caminho de Deus. Por meio de seus ensinos, ele obteve mais clara compreensão das Escrituras, e tornou-se um dos mais hábeis advogados da fé cristã”.[2]

Aprendendo com Apolo
O que podemos aprender com a vida desse grande homem, cuja influência nos primórdios da igreja cristã só o Céu pode revelar completamente?

Em primeiro lugar, na busca por conhecimento e excelência acadêmica, não devemos hesitar em aspirar ao melhor em educação. Ao mesmo tempo, precisamos ter em mente que o conhecimento humano não é o objetivo final. Em vez disso, nosso objetivo deve ser o de obter a sabedoria divina revelada nas Escrituras. Precisamos deixar que os dois venham juntos, em uma síntese, como aconteceu no ministério de Apolo. Cedo, os educadores adventistas promoveram esses dois aspectos. Ellen White escreveu: “O propósito de Deus foi dado a conhecer – que nosso povo tenha a oportunidade de estudar as matérias correntes de estudo, aprendendo ao mesmo tempo os reclamos de Sua palavra.”[3]

A educação não é um fim em si mesmo, é um meio para chegar ao fim. Para os pioneiros adventistas a educação estava a serviço da missão. As primeiras instituições educacionais da igreja eram escolas missionárias. Eram centros de treinamento para a missão.

Afinal, um dos objetivos da mais antiga instituição de ensino adventista, a Escola Sabatina, é a preparação para a missão. O engajamento na Escola Sabatina nos oferece importantes vantagens. Temos a chance de continuarmos sendo educados na Bíblia e na religião. Isso irá aumentar nosso conhecimento, ampliar nossas habilidades, e nos ajudará a crescer espiritualmente. Também adquirimos a oportunidade de ensinar o que aprendemos e, assim, contribuir para a educação e o desenvolvimento de outros.

Como Apolo, precisamos estar abertos a novas aprendizagens. No processo de aprendizagem, nunca chega um momento em que podemos dizer que estamos prontos. A aprendizagem é uma viagem, e até mesmo na eternidade sempre estaremos aprendendo. Apolo, talentoso e dedicado como ele era, tinha uma grande deficiência: “conhecendo somente o batismo de João” (v. 25). Quando Priscila e Áquila notaram isso, viram a necessidade de instruí-lo e “com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus” (v. 26). Apolo foi humilde o suficiente para aceitar os novos ensinamentos deles. Ele estava aberto a novas experiências de aprendizagem.

Hoje, frequentemente ouvimos sobre a necessidade de aprendizagem ao longo da vida. Isso é obrigatório em muitas profissões e, mais ainda, em matéria de fé e religião. Para os adventistas, a ideia de aprendizagem contínua tem raízes profundas em nossa história. Ellen White prevê: “À frente do estudante existe aberta a senda de um contínuo progresso... Ele progredirá tão depressa, e tanto, quanto for possível em cada ramo do verdadeiro conhecimento.”[4] A procura por “nova luz” motivou os pioneiros a continuar estudando e aprendendo. Então, precisamos estar abertos a novas ideias e experiências, estar prontos para aprender e nos aprofundar em estudos acadêmicos e na Palavra de Deus. Precisamos confiar no Espírito que “guiará a toda a verdade” (João 16:13).

Toda a aprendizagem deve levar à proclamação “que o Cristo é Jesus” (v. 28). Apolo conhecia a filosofia grega; era bem versado na interpretação da Escritura; conhecia os rigores da lógica e as regras da retórica. Mas ele concentrou tudo isso para ensinar a verdade “de Jesus” (v. 25). Apolo mostrou o verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo.

A nossa educação, o conhecimento acadêmico, e até mesmo a compreensão das Escrituras são em vão, a menos que apontem para Jesus Cristo. O conhecimento acadêmico ou mesmo o conhecimento das Escrituras não é o objetivo final, mas, sim, o conhecimento de Jesus Cristo. Isso, Apolo compreendeu muito bem. Ellen White observou: “Para se obter uma educação digna deste nome, devemos receber um conhecimento de Deus, o Criador, e de Cristo, o Redentor.”[5] Por isso, vamos direcionar toda a nossa educação para um relacionamento mais íntimo com Cristo, para que aquilo que Paulo, um bom companheiro de Apolo, previu, se torne realidade: “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4:13).

Roland E. Fischer (via Diálogo)

Referências
1. Salvo indicação contrária, todas as passagens das Escrituras deste artigo foram citadas na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA).
2. Ellen G. White. Atos dos Apóstolos, p. 270.
3. ________. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 86.
4. ________. Educação, p. 18.
5. Ibid., p. 17.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A CONSCIÊNCIA NEGRA QUE VEM DE DEUS

Celebrado neste 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra será feriado nacional pela primeira vez em 2024, instituído pela Lei 14.759/2023.

Consciência é a capacidade de a mente humana perceber a relação que tem com o ambiente, com a realidade em que está inserida. “Ser consciente” implica vivências, experiências, a compreensão da vida.

Por isso, é preciso aprendizados formais e informais, “con-vivências”, aberturas ao outro e a outras existências, (co)existir. Quanto mais experimentamos para além do que temos e somos tomamos mais consciência da complexidade da vida, sua diversidade, suas demandas.

É muito significativo que tenhamos um dia para destacar a “consciência negra” no Brasil. Por séculos, a colonização política e cultural europeia instituiu que negros seriam uma segunda categoria de humanos, uma raça inferior, para justificar a escravidão dos povos africanos.

Isto se fez com o apoio da ciência (teoria das três raças) e da religião (teologia da maldição de Caim, o fratricida da primeira família humana criada por Deus que teria se exilado na África).

Muita gente dedicou a vida à contestação desta ordem cruel. No século XVIII, os negros quilombolas, simbolizados na figura de Zumbi dos Palmares, se opuseram à ordem imposta para fazer valer a vida e a dignidade dos negros como humanas.

Ao mesmo tempo, cristãos brancos conscientes da opressão colonial denunciaram e contradisseram as ideologias racistas na Inglaterra, o país que mais traficou escravos. Entre eles estavam o inspirador da Igreja Metodista John Wesley e o anglicano William Wilbeforce.

A escravidão chegou ao fim, ao menos como prática oficializada, e foi condenada pela história. A ciência corrigiu seus rumos e o Projeto Genoma derrubou a teoria das raças ao provar que a raça humana é uma só.

Mais cristãos fomentaram uma leitura da fé para a superação do racismo, formaram consciências e inspiraram movimentos por igualdade e justiça que até hoje marcam o mundo. Entre eles estão o pastor batista estadunidense Martin Luther King e o leigo metodista da África do Sul Nelson Mandela.

Ainda que leis de segregação racial nos Estados Unidos tenham sido superadas e o regime do apartheid na África do Sul tenha sido vencido, o racismo ainda persiste nestes países e em muitos outros. As marcas da ideologia da supremacia branca e da exploração das pessoas negras, insistem em permanecer vivas, mesmo que sejam criadas leis para superá-las, como no Brasil.

É atroz o racismo estrutural como o que ocorre com o descaso do mundo com a África e no Brasil. Aqui ele se dá via barreiras (invisíveis) de acesso a cargos públicos, postos de trabalho qualificados, vagas de estudo, locais de lazer e moradia, e índices de trabalhadores de serviços gerais, pessoas encarceradas, moradores de periferias.

Este racismo presente na cultura permite que líderes políticos brancos afirmem, sob risos de uma plateia branca: “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas (medida usada para pesar gado). Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de 1 bilhão de reais por ano é gasto com eles” (Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, Clube Hebraica, Rio de Janeiro, 3 de abril de 2017).

Conforme lemos na Declaração da Igreja Adventista sobre o Racismo, "o racismo está entre os piores dos arraigados preconceitos que caracterizam seres humanos pecaminosos. Suas consequências são geralmente devastadoras, porque o racismo facilmente torna-se permanentemente institucionalizado e legalizado. Em suas manifestações extremas, ele pode levar à perseguição sistemática e mesmo ao genocídio." 

A norma para os adventistas está reconhecida na Crença Fundamental nº 14 da Igreja, “Unidade no Corpo de Cristo”, baseada na Bíblia. Ali é salientado: “Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não deve ser motivo de dissenções entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição.” Qualquer outra abordagem destrói o âmago do evangelho cristão.

A consciência negra é afirmativa da negritude e por isso demanda libertação destas tantas amarras que persistem. Consciência negra, portanto, não diz respeito somente aos negros, sua auto-valorização e afirmação social. Consciência negra é algo a ser cultivado por todos os seres humanos, de qualquer cor, classe social, local de moradia.

É construir sentimentos e percepções do que é correto e do que é errado, do que é suficiente e do que falta, do que é comum e do que pede atenção, do que é saudável e do que demanda cuidado, do que é benefício e do que exige reparação. É aprender a (co)existir. É para a vida toda. 

Ellen G. White diz: “Quando for derramado o Espírito Santo, haverá um triunfo da humanidade sobre o preconceito em buscar a salvação de todos os seres humanos. Deus dominará as mentes. Os corações humanos amarão como Cristo amou. E a barreira da cor será considerada por muitos de maneira bem diferente daquela em que é considerada agora. Amar como Cristo ama eleva a mente a uma atmosfera pura, celestial e altruísta. Quem se acha intimamente ligado a Cristo é elevado acima do preconceito de cor ou casta. Sua fé apodera-se das realidades eternas” (Testemunhos para a Igreja, vol. 9, p. 209).

[Com informações de Carta Capital]

terça-feira, 19 de novembro de 2024

DIA DA BANDEIRA

A história nos conta que a bandeira foi inventada na Idade Média, onde os exércitos começaram a utilizar pedaços de pano com suas cores, para não se confundirem uns com os outros. Pequenas tiras de tecidos eram amarradas em varetas retiradas das árvores, hasteadas em locais visíveis. Aos poucos foram sendo aperfeiçoadas, tornando-se mais bonitas e com símbolos específicos.

No Brasil, existe um dia especial para se comemorar o Dia da Bandeira, que é 19 de novembro, devido à bandeira de nosso país ter sido criada nesta data, no ano de 1889, quatro dias após a Proclamação da República de nosso país.

A bandeira é a identidade de alguém, de um povo, de um movimento. Quando vemos a bandeira que alguém carrega, literalmente falando, ou bandeira essa defendida por suas filosofias e ideias, conseguimos identificá-lo. Atualmente vemos tantas bandeiras, tantos grupos e ideias diferentes que às vezes ficamos perdidos no meio delas. Quando alguém levanta uma bandeira, levanta junto tudo que está implícito naquela bandeira, tudo aquilo que ela representa.

Moisés edificou um altar ao Senhor e o chamou de "O Senhor é Minha Bandeira" (Êx 17:15), ou seja, sua identidade era marcada pelo Senhor. E também queria deixar claro que à sua frente estava o Senhor, a vontade dEle e não a sua. Portanto, que a nossa bandeira seja o SENHOR e que possamos hastear a bandeira do Reino de Deus acima de tudo aquilo que é impuro, carnal e passageiro. E, quando Jesus vier para os Seus, não terá problemas em nos reconhecer. Nossa bandeira estará clara!

"Oro fervorosamente para que a obra que fazemos a este tempo se grave profundamente no coração, mente e alma. Aumentarão as perplexidades; como crentes em Deus, porém, encorajemo-nos uns aos outros. Não abaixemos a bandeira, antes conservemo-la alçada bem alto, olhando Àquele que é o Autor e Consumador de nossa fé" (Ellen G. White - Conselhos para a Igreja, p. 366).

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

REVESTIDOS DE IMORTALIDADE

Quando a Bíblia trata da ressurreição dos salvos, ela apresenta elementos de continuidade e descontinuidade em relação ao nosso corpo atual. A diferença não pode ser absoluta, pois, caso contrário, não seria uma ressurreição. Cristo ressuscitou com um corpo glorificado, e, em Sua vinda, “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da Sua glória” (Fl 3:21).

Corpo físico. O corpo ressuscitado não é uma alma desencarnada, mas um corpo físico. Após Sua ressurreição, Cristo permitiu que os discípulos tocassem Nele, confirmando que possuía carne e ossos; Ele não era um fantasma (Lc 24:39; Jo 20:20). A natureza física do corpo ressuscitado de Cristo foi testemunhada por muitas outras pessoas. Ele apareceu aos onze discípulos em uma montanha (Mt 28:16, 17) e a “mais de quinhentos irmãos de uma só vez” (1Co 15:6; cf. At 1:3; 13:31). Nem todos O viram, mas chegará o tempo em que todos O verão na glória de Seu corpo ressuscitado (Ap 1:7).

Corpo espiritual. O corpo ressuscitado de Jesus não era exatamente o mesmo que Seu corpo terreno; havia também um elemento de descontinuidade. Maria ouviu Sua voz, mas inicialmente não O reconheceu (Jo 20:15, 16). Dois discípulos caminharam com Ele até Emaús e só O reconheceram quando Jesus abençoou e partiu o pão (Lc 24:30, 31). Naquele momento, os olhos incrédulos deles foram abertos. Assim como Cristo foi reconhecido pelos discípulos, também seremos capazes de reconhecer nossos entes queridos na eternidade. Os relatos bíblicos das aparições de Cristo após Sua ressurreição indicam uma mudança em seu corpo: de forma inesperada e sobrenatural, ele desaparecia (Jo 20:19, 26; Lc 24:31). Portanto, essas foram manifestações sobrenaturais de Sua presença na Terra. A expressão “corpo espiritual” não se refere a um ser imaterial, mas a alguém que pertence permanentemente ao reino celestial de glória.

Corpo transformado. Nosso corpo ressuscitado não será composto exatamente pelas mesmas partículas que formaram nosso corpo terreno (1Co 15:35-38). O que será preservado e trazido de volta à vida na existência corporal é o caráter da pessoa. Na ressurreição, algo extraordinário e misterioso acontecerá: o perecível será ressuscitado imperecível (1Co 15:42, 43) e o mortal será revestido de imortalidade (v. 53; Jo 8:51). Nossa existência corporal humana estará, então, perpetuamente livre dos danos que o pecado causou ao nosso corpo e à nossa natureza.

Ao sermos transformados, a comida será compatível com esse corpo glorificado, assim como foi com Jesus (Lc 24:41, 42; At 10:41). Comeremos da árvore da vida (Ap 22:2) e dos frutos da terra (Is 65:21). As distinções de sexo (masculino e feminino), estabelecidas na criação, serão preservadas, embora nós, assim como os anjos, não procriaremos (Mt 22:30). Na Nova Terra, nossa visão será perfeita, permitindo-nos reconhecer nossos entes queridos no esplendor de seus corpos ressuscitados.

Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventista)

"Quando Cristo vier, Ele levará aqueles que purificaram a alma pela obediência à verdade. Isto que é mortal se revestirá da imortalidade, e estes corpos corruptíveis, sujeitos à doença, serão transformados de mortais para imortais. Seremos dotados então com uma natureza mais elevada. O corpo de todos os que purificam a alma pela obediência à verdade será glorificado. Eles terão aceito plenamente a Jesus Cristo, e crido nEle" (Ellen White - Manuscrito 36, 1906).

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

"NÃO QUERO MAIS JOGAR AOS SÁBADOS"

O zagueiro Silvan Wallner, revelação do futebol suíço, abandonou a carreira promissora no futebol aos 22 anos por motivos religiosos. Em setembro de 2024, o atleta havia se transferido do Zurich para o Blau-Weiss Linz, da Áustria, assinando um contrato de duas temporadas. Mas nos últimos dias, o jogador rescindiu amigavelmente com o novo clube para seguir o caminho da fé. Wallner é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que reserva o sábado como dia de descanso. Por isso, o atleta não conseguiria conciliar as duas atividades.

“Sou um cristão devoto e leio a Bíblia. Tomo minhas próprias decisões sobre minha vida. Desejo seguir Jesus Cristo e o dia bíblico de descanso se tornou importante para mim”, afirmou.

Silvan Wallner frequentava as categorias de base da Suíça desde os 16 anos, e era cotado na seleção principal. Em 2022, o zagueiro havia conquistado o título da liga local com o FC Zurich.

“Como jogador de futebol, não quero mais jogar profissionalmente aos sábados. Essa é minha convicção pessoal, à qual cheguei nos últimos dias”, completou.

O zagueiro fez apenas cinco partidas pelo Blau-Weiss Linz, que concordou amigavelmente com a rescisão, e em nota oficial desejou sucesso ao ex-jogador. (CNN Brasil)

Como adventistas, nós reconhecemos o sábado como sinal distintivo de lealdade a Deus (Êx 20:8-11; 31:13-17; Ez 20:12, 20), cuja observância é pertinente a todos os seres humanos em todas as épocas e lugares (Is 56:1-7; Mc 2:27). Quando Deus “descansou” no sétimo dia da semana da criação, Ele também “santificou” e “abençoou” esse dia (Gn 2:2, 3), separando-o para uso sagrado e transformando-o em um canal de bênçãos para a humanidade. Aceitando o convite para deixar de lado seus “próprios interesses” durante o sábado (Is 58:13), os filhos de Deus observam esse dia como uma importante expressão da justificação pela fé em Cristo (Hb 4:4-11).

O sábado estabelece um teste ideal de obediência. A insistência do repouso no sábado parecerá algo estranho ou absurdo, mesmo para pessoas consideradas cristãs. Elas terão extrema dificuldade em ver lógica no quarto mandamento. E o diabo saberá explorar essa aparente “falta de lógica”. O engano será tão severo que todas as evidências dos sentidos indicarão que outras vozes parecerão corretas. Apenas aqueles que aprenderam a confiar em Deus verão coerência no aparentemente arbitrário teste de lealdade.

Ellen White diz: “O sábado será a pedra de toque da lealdade; pois é o ponto da verdade especialmente controvertido. Quando sobrevier aos homens a prova final, será traçada a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não o servem” (O Grande Conflito, p. 605).

Guardar o sábado, mesmo contra a lógica, é um ato de dependência e gratidão, que faz a terra tremer. É um grito que revela de que lado estamos, a quem pertencemos e quem somos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

CONHEÇA A MARANATHA

O que é possível fazer para que a mensagem da Bíblia chegue mais longe? Em 1969, John Freeman, um empresário norte-americano e piloto de avião amador decidiu que queria levar os filhos para uma experiência de missão e voluntariado.

Reuniu um grupo de amigos que também pilotava aviões e foram em 28 pessoas para uma ilha nas Bahamas e construíram um templo adventista. Nesse momento, a organização nasceu com o nome Maranatha Voos Internacionais. Em seus primeiros 20 anos de existência, organizou diversas viagens missionárias pelos Estados Unidos, Canadá e América Central, sempre com o mesmo objetivo: construção de templos.

Finalmente, em 1989, se uniu a outra organização missionária chamada Voluntários Internacionais. Surgiu então a Maranatha Voluntários Internacional, que passou a construir igrejas, escolas e perfurar poços de água. Essa história foi testemunhada por Don Noble, presidente da Maranatha desde 1982.

Sanando as necessidades urgentes
“Nós construímos uma grande escola em vários lugares. Isso muda toda a comunidade, porque eles a usam para muitas coisas diferentes. Não é apenas um edifício. É um local onde as pessoas se reúnem para tudo. E é a mesma coisa com as igrejas. Se as pessoas têm uma igreja para ir, elas sabem que é ali que Deus está, e elas vão e isso muda as pessoas, muda a área ao redor”, comenta Noble.

Isso reflete o objetivo principal da organização, que é trazer mais qualidade de vida para as comunidades onde atua. E a instalação de poços de água são, muitas vezes, a primeira medida. Regiões remotas em que as pessoasprecisavam caminhar quilômetros de distância por um balde de água agora têm uma fonte no pátio do que será uma futura igreja ou escola.

Laura Noble, responsável pelas doações na Maranatha, ressalta: “Você não percebe o quão importante ela (a água) é até ficar sem. Então, quando o poço de água está na igreja, isso diz muito sobre os cristãos e o tipo de cristãos que somos.”

Apenas em 2024, a expectativa é construir cerca de 300 templos, estabelecer ou renovar novos campus escolares e perfurar 255 poços de água em mais 10 países na América do Sul, África, América do Norte e América Central. Destes, três projetos estão no Brasil, Peru e no Paraguai com foco na construção de igrejas. Todo esse trabalho está sendo realizado pelas mãos de 1.800 voluntários que deixaram suas casas e dedicaram tempo, recursos e esforços para melhorar a vida de milhares de pessoas.

Muitas vezes, a construção de escolas e poços são o primeiro contato com aquela comunidade que não conhece, necessariamente, a Bíblia ou a mensagem do evangelho. Segundo Laura, muitas famílias poderiam resistir a entrar em uma igreja, mas criam um vínculo com a escola, que além do ensino formal, se torna um ponto de apoio e convívio social.

Criando e fortalecendo a comunidade
Noble relembra de ser questionado: “Mas por que vocês estão fazendo isso? " A resposta é: “Entre e descubra”. E assim nasce uma conexão entre as pessoas.

O trabalho é urgente. Don Noble explica que na Zâmbia, cerca de 3 mil congregações se reúnem embaixo de árvores. E isso limita as possibilidades de convidar mais pessoas a conhecer a Bíblia. Um ambiente mais confortável e agradável permite que o evangelismo aconteça de forma mais efetiva e, a partir dessas construções, nascem outras igrejas adventistas nas comunidades vizinhas.

A Maranatha foi convidada a ir ao Panamá construir uma escola há alguns anos. O lugar era remoto e não havia muita coisa no entorno. Segundo conta Kenneth Weiss, diretor de operações da organização, hoje são 1.400 alunos e cerca de 30 novas igrejas nos bairros ao redor.

Cada lugar terá uma necessidade específica ou prioritária. Em alguns países africanos, a água; em outros lugares, escolas ou igrejas. E em todos eles serão atendidos pelas mãos e recursos financeiros dos voluntários e doadores. Laura detalha que grande parte da transparência vem do fato de que aquele que doa pode ver diretamente os recursos sendo aplicados.

Voluntariado
Além das pessoas que recebem as benfeitorias, o próprio trabalho voluntário é uma ferramenta evangelística. Afinal, não é necessário ser um membro da Igreja Adventista para participar das missões. São muitas pessoas que tiveram algum ou nenhum contato com os adventistas durante a vida, mas são atraídos pelo propósito de fazer o bem. A partir disso, são tocados pelo evangelho e tomam a decisão de ser batizadas.

Foi a história da própria Laura. Ela foi membro da Igreja Adventista na juventude, mas deixou de frequentá-la. Em uma missão, encontrou seu propósito e se reencontrou com Jesus. “Para mim, a Maranatha é muito pessoal. Sinto uma grande paixão por isso. Também temos pessoas que não são adventistas do sétimo dia, que não têm absolutamente nenhuma conexão com o adventismo. E eles não vão apenas uma vez, vão duas, e de repente, estão indo todo ano, tornando isso parte de sua experiência cristã”, ressalta.

Agora, o propósito que impulsionou o nascimento da Maranatha está sendo observado novamente. Famílias inteiras estão dedicando suas férias e recursos para servirem ao próximo juntos. Depois da primeira experiência, os filhos já não querem mais uma viagem de turismo, mas pedem para voltar ao campo missionário.

Hoje o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos em número de voluntários que se dispõem a trabalhar em projetos promovidos pela Maranatha ao redor do mundo e em seu próprio país.

Para participar de algum dos projetos ou doar, basta acessar: pt.maranatha.org

terça-feira, 12 de novembro de 2024

ALGUNS QUE NÃO ESTARÃO NO CÉU?

Caim
Apesar de Caim haver merecido a sentença de morte pelos seus crimes, um Criador misericordioso ainda lhe poupou a vida, e concedeu-lhe oportunidade para o arrependimento. Mas Caim viveu apenas para endurecer o coração, para incentivar a rebelião contra a autoridade divina, e tornar-se o chefe de uma linhagem de pecadores ousados e perdidos. Esse único apóstata, dirigido por Satanás, tornou-se o tentador para outros; e seu exemplo e influência exerceram uma força desmoralizadora, até que a Terra se corrompeu e se encheu de violência a ponto de reclamar a sua destruição.

A mulher de Ló
Se o próprio Ló não houvesse manifestado hesitação em obedecer à advertência do anjo, antes tivesse ansiosamente fugido para as montanhas, sem uma palavra de insistência ou súplica, sua esposa teria também podido escapar. A influência de seu exemplo a teria salvo do pecado que selou a sua perdição. Mas a hesitação e demora dele fizeram com que ela considerasse levianamente a advertência divina. Ao mesmo tempo em que seu corpo estava sobre a planície, o coração apegava-se a Sodoma, e ela pereceu com Sodoma. Rebelara-se contra Deus porque Seus juízos envolviam na ruína as posses e os filhos. Posto que tão grandemente favorecida ao ser chamada da ímpia cidade, entendeu que era tratada severamente, porque a riqueza que tinha levado anos para acumular devia ser deixada para a destruição. Em vez de aceitar com gratidão o livramento, presunçosamente olhou para trás, desejando a vida daqueles que haviam rejeitado a advertência divina. Seu pecado mostrou ser ela indigna da vida, por cuja preservação tão pouca gratidão sentira.

O Rei Saul
Saul sabia que nessa última ação, de consultar a médium de Endor, estava rompendo o único fio que ainda o ligava a Deus. O que não conseguira antes, com toda a sua obstinação, era agora final e definitivo: esse ato selou a sua separação de Deus. E chegou a fazer um concerto com a morte, um acordo com o inferno. O cálice da sua iniquidade transbordou.

Judas
Deus determinou meios, para que, se nós os usarmos diligentemente e com oração, nenhuma nau sofra naufrágio, mas subsista à tempestade e à tormenta, e ancore num Céu de bem-aventuranças afinal. Mas se desprezarmos e negligenciarmos esses decretos e privilégios, Deus não realizará um milagre para salvar a qualquer um de nós, e estaremos perdidos como Judas e Satanás.

Herodes, Herodias e Pilatos 
E agora, perante a multidão agitada, revelam-se as cenas finais — o paciente Sofredor trilhando o caminho do Calvário, o Príncipe do Céu suspenso na cruz; os altivos sacerdotes e a plebe zombeteira a escarnecer de Sua agonia mortal, as trevas sobrenaturais; a Terra a palpitar, as pedras despedaçadas, as sepulturas abertas, assinalando o momento em que o Redentor do mundo rendeu a vida. O terrível espetáculo aparece exatamente como foi. Satanás, seus anjos e súditos não têm poder para se desviarem do quadro que é a sua própria obra. Cada ator relembra a parte que desempenhou. Herodes, matando as inocentes crianças de Belém, a fim de que pudesse destruir o Rei de Israel; a vil Herodias, sobre cuja alma criminosa repousa o sangue de João Batista; o fraco Pilatos, subserviente às circunstâncias; os soldados zombadores; os sacerdotes e príncipes, e a multidão furiosa que clamou: “O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos!” — todos contemplam a enormidade de seu crime. Em vão procuram ocultar-se da majestade divina de Seu rosto, mais resplandecente que o Sol, enquanto os remidos lançam suas coroas aos pés do Salvador, exclamando: “Ele morreu por mim!”

Nero sua mãe
Entre a multidão resgatada acham-se os apóstolos de Cristo, o heroico Paulo, o ardoroso Pedro, o amado e amante João, e seus fiéis irmãos, e com estes o vasto exército dos mártires, ao passo que, fora dos muros, com tudo o que é vil e abominável, estão aqueles pelos quais foram perseguidos, presos e mortos. Ali está Nero, aquele monstro de crueldade e vício, contemplando a alegria e exaltação daqueles que torturava, e em cujas aflições extremas encontrara deleite satânico. Sua mãe ali está para testemunhar o resultado de sua própria obra; para ver como os maus traços de caráter transmitidos a seu filho, as paixões incentivadas e desenvolvidas por sua influência e exemplo, produziram frutos nos crimes que fizeram o mundo estremecer.

Sacerdotes e pontífices
Ali estão sacerdotes e prelados católicos, que pretendiam ser embaixadores de Cristo e, no entanto, empregaram a tortura, a masmorra, a fogueira para dominar a consciência de Seu povo. Ali estão os orgulhosos pontífices que se exaltaram acima de Deus e pretenderam mudar a lei do Altíssimo. Aqueles pretensos pais da igreja tem uma conta a prestar a Deus, da qual muitos desejariam livrar-se. Demasiado tarde chegam a ver que o Onisciente é zeloso de Sua lei, e que de nenhuma maneira terá por inocente o culpado. Aprendem agora que Cristo identifica Seu interesse com o de Seu povo sofredor; e sentem a força de Suas palavras: “Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes” (Mateus 25:40).

Os ímpios de todas as gerações
Com assustadora majestade, Ele (Cristo) chama os ímpios mortos. Eles se levantam de seu longo sono. Que terrível despertar! Eles contemplam o filho de Deus em Sua austera majestade e resplendente glória. Todos, assim que O contemplam, percebem que Ele é o crucificado que morreu para os salvar, Aquele a quem desprezaram e rejeitaram. São tão numerosos quanto a areia do mar. Na primeira ressurreição, todos saíram radiantes de imortalidade, mas na segunda o que se destaca em todos são as visíveis marcas da culpa. Todos saem assim como foram para a sepultura.

Os egoístas
Ninguém suponha que possa viver vida de egoísmo, e então, tendo servido aos próprios interesses, entrar no gozo do Senhor. Não puderam participar da alegria de um amor desinteressado. Não se adaptariam às cortes celestes. Não poderiam apreciar a pura atmosfera de amor que impregna o Céu. As vozes dos anjos e a música de suas harpas não lhes agradariam. Para sua mente a ciência do Céu seria um enigma.

O espiritualmente adormecidos
Vi um anjo com balanças na mão, pesando os pensamentos e interesses do povo de Deus, especialmente dos jovens. Num prato estavam os pensamentos e interesses que tendiam para o Céu; no outro achavam-se os que se inclinavam para a Terra. E nessa balança era lançada toda leitura de romances, pensamentos acerca do vestuário e exibição, vaidade, orgulho, etc. Oh! que momento solene! Os anjos de Deus em pé com balanças, pesando os pensamentos de Seus professos filhos — aqueles que pretendem estar mortos para o mundo e vivos para Deus! O prato cheio dos pensamentos da Terra, vaidade e orgulho, desceu rapidamente, e não obstante peso após peso rolou do prato. O que continha os pensamentos e interesses que se voltavam para o Céu subiu ligeiro enquanto o outro descia e, oh! quão leve estava ele! Posso relatar isso pelo que vi, mas nunca poderei dar a impressão solene e vívida gravada em minha mente, ao ver o anjo com a balança pesando os pensamentos e interesse do povo de Deus. Disse o anjo: “Podem esses entrar no Céu? Não, não, nunca. Diga-lhes que a esperança que agora possuem é vã, e a menos que se arrependam depressa e obtenham a salvação, hão de perecer.”

Os que condescendem com o pecado
Devido ao pecado, Satanás foi expulso do Céu; e ninguém que condescenda com o pecado e o acaricie poderá ir para o Céu, pois nesse caso Satanás outra vez conseguiria firmar-se ali.

Os rebeldes
Poderiam aqueles cuja vida foi empregada em rebelião contra Deus ser subitamente transportados para o Céu, e testemunhar o estado elevado e santo de perfeição que ali sempre existe, estando toda alma cheia de amor, todo rosto irradiado de alegria, ecoando em honra de Deus e do Cordeiro uma arrebatadora música em acordes melodiosos, e fluindo da face dAquele que Se assenta sobre o trono uma incessante torrente de luz sobre os remidos; poderiam aqueles cujo coração está cheio de ódio à Deus, à verdade e santidade, unir-se a multidão celestial e participar de seus cânticos de louvor? Poderiam suportar a glória de Deus e do Cordeiro? Não, absolutamente; anos de graça lhes foram concedidos, a fim de que pudessem formar caráter para o Céu; eles, porém, nunca exercitaram a mente no amor à pureza; nunca aprenderam a linguagem do Céu, e agora é demasiado tarde. Uma vida inteira de rebeldia contra Deus os incapacitou para o Céu. A pureza, santidade e paz dali lhes seriam uma tortura; a glória de Deus seria um fogo consumidor. Almejariam fugir daquele santo lugar. Receberiam alegremente a destruição, para que pudessem esconder-se da face dAquele que morreu para os remir. O destino dos ímpios se fixa por sua própria escolha. Sua exclusão do Céu é espontânea, da sua parte, e justa e misericordiosa da parte de Deus.

Ellen G. White (via Visões do Céu, capítulo 12, Alguns que não estarão lá)