sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O MODO BÍBLICO DE ESCOLHER OS PRESENTES DE NATAL

Que título estranho tem este post. Existe mesmo um “modo bíblico de escolher os presentes que daremos de Natal”? A meu ver, sim. Mas, antes de ir direto ao ponto, deixe-me contar como cheguei a essa conclusão. No final de outubro, fui almoçar no shopping e fiquei impressionado: já havia uma gigantesca árvore de Natal montada no vão central do prédio, que ia do chão ao teto, cercada por montes de robozinhos animados, renas, esquilos, vegetação de plástico, muitas luzes piscantes e bolas coloridas. Não havia dúvida: o Natal estava chegando. Bem… mais ou menos, né? Afinal, ainda era outubro e faltavam dois meses para à época de festas. Mas o comércio já tinha decidido: estava dada a largada para a temporada de compras de presentes. 

Eu me senti inclinado a escrever um texto falando mal do consumismo, da exploração materialista e das deturpações que a sociedade faz da celebração do nascimento de nosso Senhor. Mas pensei um pouco e lembrei que anualmente batemos nessa tecla, sem que nada mude: cristãos e não cristãos continuam gastando uma fortuna em compras natalinas. Então resolvi compartilhar outra reflexão: já que vamos dar presentes de qualquer maneira, o melhor é pensar como decidir que presentes dar.

O hábito de se presentear no Natal tem influências variadas, dependendo do lugar do mundo em que se está. Mas a origem vem do relato bíblico dos magos que presentearam Jesus com ouro, incenso e mirra. Se formos pensar por esse ângulo, fugirmos da sanha consumista e tratarmos a troca de presentes como algo que remete ao nascimento de Cristo, de modo que não tire o foco das verdadeiras razões da celebração, não vejo mal nessa prática. E como devemos fazê-lo? Aqui segue uma sugestão.

Penso que não devemos entregar os presentes na noite de Natal. Esquisito? Acredite, é totalmente possível fazê-lo um ou mais dias antes ou depois. Com isso, removemos a ideia de que festas natalinas têm a ver com consumismo – em especial no ensino das nossas crianças. Se fizermos assim, elas não crescerão associando Natal a presentes e à figura do Papai Noel, mas também não ficarão de fora do hábito da cultura em que vivem e poderão receber preciosas lições sobre a alegria que é dar. Isto é fundamental: cada presente deve sempre vir acompanhado de instrução e lições de vida. Dependendo da forma como tratarmos esse hábito, ele será visto e compreendido de modo mais cristão ou menos cristão pelos nossos filhos e as demais pessoas. A noite de Natal deve ser momento de orações, de louvores e da comunhão que celebra o nascimento de Jesus (seja num culto, seja numa ceia em família ou entre amigos). O foco não pode estar nos presentes. Tampouco na comida. Muito menos na festa: o foco do Natal é a encarnação do Verbo e tudo deve ser feito com isso em mente. A celebração do Natal deve ser inquestionavelmente cristocêntrica.

E, finalmente, chegamos ao ponto: há algum tipo de pensamento bíblico que devemos ter quanto ao que comprar para dar de presente a nossos amigos e parentes? Sim, há. Se vamos presentear alguém, deve ser por amor a ela; e gestos de amor contêm em si essencialmente a preocupação com o que é melhor para o outro. Em outras palavras, entendo que você não deve presentear alguém com algo de que ela goste, como costumamos fazer. O presente ideal e mais bíblico possível é, isto sim, algo de que a pessoa precisa.

Repare: Deus não entregou Jesus ao mundo de presente porque gostássemos dEle. Pelo contrário, Jesus foi presenteado a uma humanidade que estava morta em seus delitos e pecados e, por isso, amava os prazeres e a maldade. Mas era uma humanidade que precisava desesperadamente do Cordeiro de Deus, que viesse para o que cada ser humano mais precisa: o perdão dos pecados. Assim, o Pai não nos presenteou com algo que satisfizesse nossas concupiscências ou nossos desejos carnais: Ele nos deu aquilo que Ele sabia que nos faria bem.

Na hora de escolher os presentes que você vai comprar para determinada pessoa, imite o Pai: não pense “o que será que ela vai gostar de ganhar?”, mas, sim, “o que será que ela precisa ganhar?”. Se você tiver esse pensamento em mente, estará presenteando como o Pai nos presenteou. E fará do ato de dar presentes algo muito mais cristão.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari (via Apenas)

"As festas estão chegando rapidamente com sua troca de presentes, e jovens e idosos estão estudando intensamente o que poderão dar a seus amigos como sinal de afetuosa lembrança. É agradável receber um presente, mesmo simples, daqueles a quem amamos. É uma afirmação de que não estamos esquecidos, e parece ligar-nos a eles mais intimamente. Está certo concedermos a outros demonstrações de amor e afeto, se em assim fazendo não esquecemos a Deus, nosso melhor amigo. Devemos dar nossos presentes de tal maneira que se provem um real benefício ao que recebe. Eu recomendaria determinados livros que fossem um auxílio na compreensão da Palavra de Deus ou que aumentem nosso amor por seus preceitos" (Ellen G. White - O Lar Adventista, p. 479).

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

LIÇÕES DE APOLO

Ele foi um apóstolo da segunda geração, um homem bem-educado, um intelectual de seu tempo. Ele é mencionado poucas vezes no Novo Testamento, mas sua influência foi notável na igreja primitiva.

Conheça Apolo. Atos 18:24-28[1] apresenta esse jovem judeu como um cidadão de Alexandria, a segunda maior cidade do Império Romano da época, em homenagem à Alexandre, o Grande. Um lar para muitos refugiados judeus, a cidade foi responsável pela tradução e produção da Septuaginta da Bíblia. Alexandria abrigou as competitivas prioridades do judaísmo, helenismo e da filosofia grega, e finalmente se tornou um grande centro educacional, com uma extensa biblioteca que possuía 900 mil volumes.

Apolo foi um “homem eloquente” (v. 24), que também pode significar um homem culto e bem-educado. Ele, obviamente, foi instruído em ciências helenísticas, na filosofia, e especialmente na retórica, como a palavra eloquente assinala. A retórica, que era a principal disciplina de filosofia, naqueles dias, habilitava uma pessoa a argumentar de forma convincente, e a defender a sua opinião com clareza.

Apolo também era “poderoso nas Escrituras” (v. 24), o que significa que ele conhecia o Velho Testamento e podia interpretá-lo bem. Ele não era um leitor superficial, mas estudou as Escrituras em profundidade e, portanto, tinha obtido um conhecimento profundo da Bíblia.

Ele foi contemporâneo de Filo, um famoso filósofo e teólogo judeu. Filo de Alexandria escreveu comentários sobre os livros do Antigo Testamento, desenvolveu diferentes métodos de interpretação da Escritura e tentou harmonizar a sabedoria da filosofia helenística com a revelação nas Escrituras. Ele acreditava que todas as verdades dos filósofos gregos poderiam, finalmente, ser ras treadas até Moisés.

Apolo, que provavelmente foi um aluno de Filo, conhecia bem a filosofia helenística, assim como o Antigo Testamento. Ele tinha recebido educação, tanto acadêmica quanto religiosa. Do pouco que sabemos dele no livro de Atos, ele era um polêmico de sucesso, confirmando acima de qualquer dúvida a veracidade das Escrituras. O seu método provavelmente incluía o raciocínio lógico e a apresentação racional.

Cristão apaixonado
Não sabemos exatamente quando, mas em algum momento durante a propagação do evangelho após o Pentecostes, Apolo se tornou um cristão e foi “instruído no caminho do Senhor” (v. 25). Depois que ele aprendeu o tremendo significado dos eventos de Cristo, Apolo não pode permanecer em silêncio. Ele se tornou um apaixonado missionário e pregou o evangelho onde quer que fosse, “fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus” (v. 25). Apolo usou os seus conhecimentos e a sua formação para o serviço do Senhor. Ele se beneficiou de seu conhecimento das Escrituras e também de seus estudos de filosofia e de retórica, quando “convencia publicamente os judeus” (v. 28). Ele se envolveu completamente no ministério cristão e deixou marcas de seu entusiasmo na história – em Acaia, Éfeso e Corinto. Especialmente em Corinto. Naquela cidade ele deve ter causado um grande impacto, porque alguns dos cristãos de lá adotaram o seu nome (1 Coríntios 1:12).

Um ponto importante sobre Apolo não deve escapar à nossa atenção: sua humildade e o desejo de aprender mais. Mesmo sendo um estudioso hábil com muita instrução formal, ele estava pronto para aprender mais sobre Jesus – Sua morte e ressurreição – de simples crentes como Áquila e Priscila, “que, percebendo não ter ele ainda recebido toda a luz do evangelho, o levaram consigo, e lhe declararam mais pontualmente o caminho de Deus. Por meio de seus ensinos, ele obteve mais clara compreensão das Escrituras, e tornou-se um dos mais hábeis advogados da fé cristã”.[2]

Aprendendo com Apolo
O que podemos aprender com a vida desse grande homem, cuja influência nos primórdios da igreja cristã só o Céu pode revelar completamente?

Em primeiro lugar, na busca por conhecimento e excelência acadêmica, não devemos hesitar em aspirar ao melhor em educação. Ao mesmo tempo, precisamos ter em mente que o conhecimento humano não é o objetivo final. Em vez disso, nosso objetivo deve ser o de obter a sabedoria divina revelada nas Escrituras. Precisamos deixar que os dois venham juntos, em uma síntese, como aconteceu no ministério de Apolo. Cedo, os educadores adventistas promoveram esses dois aspectos. Ellen White escreveu: “O propósito de Deus foi dado a conhecer – que nosso povo tenha a oportunidade de estudar as matérias correntes de estudo, aprendendo ao mesmo tempo os reclamos de Sua palavra.”[3]

A educação não é um fim em si mesmo, é um meio para chegar ao fim. Para os pioneiros adventistas a educação estava a serviço da missão. As primeiras instituições educacionais da igreja eram escolas missionárias. Eram centros de treinamento para a missão.

Afinal, um dos objetivos da mais antiga instituição de ensino adventista, a Escola Sabatina, é a preparação para a missão. O engajamento na Escola Sabatina nos oferece importantes vantagens. Temos a chance de continuarmos sendo educados na Bíblia e na religião. Isso irá aumentar nosso conhecimento, ampliar nossas habilidades, e nos ajudará a crescer espiritualmente. Também adquirimos a oportunidade de ensinar o que aprendemos e, assim, contribuir para a educação e o desenvolvimento de outros.

Como Apolo, precisamos estar abertos a novas aprendizagens. No processo de aprendizagem, nunca chega um momento em que podemos dizer que estamos prontos. A aprendizagem é uma viagem, e até mesmo na eternidade sempre estaremos aprendendo. Apolo, talentoso e dedicado como ele era, tinha uma grande deficiência: “conhecendo somente o batismo de João” (v. 25). Quando Priscila e Áquila notaram isso, viram a necessidade de instruí-lo e “com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus” (v. 26). Apolo foi humilde o suficiente para aceitar os novos ensinamentos deles. Ele estava aberto a novas experiências de aprendizagem.

Hoje, frequentemente ouvimos sobre a necessidade de aprendizagem ao longo da vida. Isso é obrigatório em muitas profissões e, mais ainda, em matéria de fé e religião. Para os adventistas, a ideia de aprendizagem contínua tem raízes profundas em nossa história. Ellen White prevê: “À frente do estudante existe aberta a senda de um contínuo progresso... Ele progredirá tão depressa, e tanto, quanto for possível em cada ramo do verdadeiro conhecimento.”[4] A procura por “nova luz” motivou os pioneiros a continuar estudando e aprendendo. Então, precisamos estar abertos a novas ideias e experiências, estar prontos para aprender e nos aprofundar em estudos acadêmicos e na Palavra de Deus. Precisamos confiar no Espírito que “guiará a toda a verdade” (João 16:13).

Toda a aprendizagem deve levar à proclamação “que o Cristo é Jesus” (v. 28). Apolo conhecia a filosofia grega; era bem versado na interpretação da Escritura; conhecia os rigores da lógica e as regras da retórica. Mas ele concentrou tudo isso para ensinar a verdade “de Jesus” (v. 25). Apolo mostrou o verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo.

A nossa educação, o conhecimento acadêmico, e até mesmo a compreensão das Escrituras são em vão, a menos que apontem para Jesus Cristo. O conhecimento acadêmico ou mesmo o conhecimento das Escrituras não é o objetivo final, mas, sim, o conhecimento de Jesus Cristo. Isso, Apolo compreendeu muito bem. Ellen White observou: “Para se obter uma educação digna deste nome, devemos receber um conhecimento de Deus, o Criador, e de Cristo, o Redentor.”[5] Por isso, vamos direcionar toda a nossa educação para um relacionamento mais íntimo com Cristo, para que aquilo que Paulo, um bom companheiro de Apolo, previu, se torne realidade: “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4:13).

Roland E. Fischer (via Diálogo)

Referências
1. Salvo indicação contrária, todas as passagens das Escrituras deste artigo foram citadas na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA).
2. Ellen G. White. Atos dos Apóstolos, p. 270.
3. ________. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 86.
4. ________. Educação, p. 18.
5. Ibid., p. 17.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A CONSCIÊNCIA NEGRA QUE VEM DE DEUS

Celebrado neste 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra será feriado nacional pela primeira vez em 2024, instituído pela Lei 14.759/2023.

Consciência é a capacidade de a mente humana perceber a relação que tem com o ambiente, com a realidade em que está inserida. “Ser consciente” implica vivências, experiências, a compreensão da vida.

Por isso, é preciso aprendizados formais e informais, “con-vivências”, aberturas ao outro e a outras existências, (co)existir. Quanto mais experimentamos para além do que temos e somos tomamos mais consciência da complexidade da vida, sua diversidade, suas demandas.

É muito significativo que tenhamos um dia para destacar a “consciência negra” no Brasil. Por séculos, a colonização política e cultural europeia instituiu que negros seriam uma segunda categoria de humanos, uma raça inferior, para justificar a escravidão dos povos africanos.

Isto se fez com o apoio da ciência (teoria das três raças) e da religião (teologia da maldição de Caim, o fratricida da primeira família humana criada por Deus que teria se exilado na África).

Muita gente dedicou a vida à contestação desta ordem cruel. No século XVIII, os negros quilombolas, simbolizados na figura de Zumbi dos Palmares, se opuseram à ordem imposta para fazer valer a vida e a dignidade dos negros como humanas.

Ao mesmo tempo, cristãos brancos conscientes da opressão colonial denunciaram e contradisseram as ideologias racistas na Inglaterra, o país que mais traficou escravos. Entre eles estavam o inspirador da Igreja Metodista John Wesley e o anglicano William Wilbeforce.

A escravidão chegou ao fim, ao menos como prática oficializada, e foi condenada pela história. A ciência corrigiu seus rumos e o Projeto Genoma derrubou a teoria das raças ao provar que a raça humana é uma só.

Mais cristãos fomentaram uma leitura da fé para a superação do racismo, formaram consciências e inspiraram movimentos por igualdade e justiça que até hoje marcam o mundo. Entre eles estão o pastor batista estadunidense Martin Luther King e o leigo metodista da África do Sul Nelson Mandela.

Ainda que leis de segregação racial nos Estados Unidos tenham sido superadas e o regime do apartheid na África do Sul tenha sido vencido, o racismo ainda persiste nestes países e em muitos outros. As marcas da ideologia da supremacia branca e da exploração das pessoas negras, insistem em permanecer vivas, mesmo que sejam criadas leis para superá-las, como no Brasil.

É atroz o racismo estrutural como o que ocorre com o descaso do mundo com a África e no Brasil. Aqui ele se dá via barreiras (invisíveis) de acesso a cargos públicos, postos de trabalho qualificados, vagas de estudo, locais de lazer e moradia, e índices de trabalhadores de serviços gerais, pessoas encarceradas, moradores de periferias.

Este racismo presente na cultura permite que líderes políticos brancos afirmem, sob risos de uma plateia branca: “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas (medida usada para pesar gado). Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de 1 bilhão de reais por ano é gasto com eles” (Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, Clube Hebraica, Rio de Janeiro, 3 de abril de 2017).

Conforme lemos na Declaração da Igreja Adventista sobre o Racismo, "o racismo está entre os piores dos arraigados preconceitos que caracterizam seres humanos pecaminosos. Suas consequências são geralmente devastadoras, porque o racismo facilmente torna-se permanentemente institucionalizado e legalizado. Em suas manifestações extremas, ele pode levar à perseguição sistemática e mesmo ao genocídio." 

A norma para os adventistas está reconhecida na Crença Fundamental nº 14 da Igreja, “Unidade no Corpo de Cristo”, baseada na Bíblia. Ali é salientado: “Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não deve ser motivo de dissenções entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição.” Qualquer outra abordagem destrói o âmago do evangelho cristão.

A consciência negra é afirmativa da negritude e por isso demanda libertação destas tantas amarras que persistem. Consciência negra, portanto, não diz respeito somente aos negros, sua auto-valorização e afirmação social. Consciência negra é algo a ser cultivado por todos os seres humanos, de qualquer cor, classe social, local de moradia.

É construir sentimentos e percepções do que é correto e do que é errado, do que é suficiente e do que falta, do que é comum e do que pede atenção, do que é saudável e do que demanda cuidado, do que é benefício e do que exige reparação. É aprender a (co)existir. É para a vida toda. 

Ellen G. White diz: “Quando for derramado o Espírito Santo, haverá um triunfo da humanidade sobre o preconceito em buscar a salvação de todos os seres humanos. Deus dominará as mentes. Os corações humanos amarão como Cristo amou. E a barreira da cor será considerada por muitos de maneira bem diferente daquela em que é considerada agora. Amar como Cristo ama eleva a mente a uma atmosfera pura, celestial e altruísta. Quem se acha intimamente ligado a Cristo é elevado acima do preconceito de cor ou casta. Sua fé apodera-se das realidades eternas” (Testemunhos para a Igreja, vol. 9, p. 209).

[Com informações de Carta Capital]

terça-feira, 19 de novembro de 2024

DIA DA BANDEIRA

A história nos conta que a bandeira foi inventada na Idade Média, onde os exércitos começaram a utilizar pedaços de pano com suas cores, para não se confundirem uns com os outros. Pequenas tiras de tecidos eram amarradas em varetas retiradas das árvores, hasteadas em locais visíveis. Aos poucos foram sendo aperfeiçoadas, tornando-se mais bonitas e com símbolos específicos.

No Brasil, existe um dia especial para se comemorar o Dia da Bandeira, que é 19 de novembro, devido à bandeira de nosso país ter sido criada nesta data, no ano de 1889, quatro dias após a Proclamação da República de nosso país.

A bandeira é a identidade de alguém, de um povo, de um movimento. Quando vemos a bandeira que alguém carrega, literalmente falando, ou bandeira essa defendida por suas filosofias e ideias, conseguimos identificá-lo. Atualmente vemos tantas bandeiras, tantos grupos e ideias diferentes que às vezes ficamos perdidos no meio delas. Quando alguém levanta uma bandeira, levanta junto tudo que está implícito naquela bandeira, tudo aquilo que ela representa.

Moisés edificou um altar ao Senhor e o chamou de "O Senhor é Minha Bandeira" (Êx 17:15), ou seja, sua identidade era marcada pelo Senhor. E também queria deixar claro que à sua frente estava o Senhor, a vontade dEle e não a sua. Portanto, que a nossa bandeira seja o SENHOR e que possamos hastear a bandeira do Reino de Deus acima de tudo aquilo que é impuro, carnal e passageiro. E, quando Jesus vier para os Seus, não terá problemas em nos reconhecer. Nossa bandeira estará clara!

"Oro fervorosamente para que a obra que fazemos a este tempo se grave profundamente no coração, mente e alma. Aumentarão as perplexidades; como crentes em Deus, porém, encorajemo-nos uns aos outros. Não abaixemos a bandeira, antes conservemo-la alçada bem alto, olhando Àquele que é o Autor e Consumador de nossa fé" (Ellen G. White - Conselhos para a Igreja, p. 366).

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

REVESTIDOS DE IMORTALIDADE

Quando a Bíblia trata da ressurreição dos salvos, ela apresenta elementos de continuidade e descontinuidade em relação ao nosso corpo atual. A diferença não pode ser absoluta, pois, caso contrário, não seria uma ressurreição. Cristo ressuscitou com um corpo glorificado, e, em Sua vinda, “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da Sua glória” (Fl 3:21).

Corpo físico. O corpo ressuscitado não é uma alma desencarnada, mas um corpo físico. Após Sua ressurreição, Cristo permitiu que os discípulos tocassem Nele, confirmando que possuía carne e ossos; Ele não era um fantasma (Lc 24:39; Jo 20:20). A natureza física do corpo ressuscitado de Cristo foi testemunhada por muitas outras pessoas. Ele apareceu aos onze discípulos em uma montanha (Mt 28:16, 17) e a “mais de quinhentos irmãos de uma só vez” (1Co 15:6; cf. At 1:3; 13:31). Nem todos O viram, mas chegará o tempo em que todos O verão na glória de Seu corpo ressuscitado (Ap 1:7).

Corpo espiritual. O corpo ressuscitado de Jesus não era exatamente o mesmo que Seu corpo terreno; havia também um elemento de descontinuidade. Maria ouviu Sua voz, mas inicialmente não O reconheceu (Jo 20:15, 16). Dois discípulos caminharam com Ele até Emaús e só O reconheceram quando Jesus abençoou e partiu o pão (Lc 24:30, 31). Naquele momento, os olhos incrédulos deles foram abertos. Assim como Cristo foi reconhecido pelos discípulos, também seremos capazes de reconhecer nossos entes queridos na eternidade. Os relatos bíblicos das aparições de Cristo após Sua ressurreição indicam uma mudança em seu corpo: de forma inesperada e sobrenatural, ele desaparecia (Jo 20:19, 26; Lc 24:31). Portanto, essas foram manifestações sobrenaturais de Sua presença na Terra. A expressão “corpo espiritual” não se refere a um ser imaterial, mas a alguém que pertence permanentemente ao reino celestial de glória.

Corpo transformado. Nosso corpo ressuscitado não será composto exatamente pelas mesmas partículas que formaram nosso corpo terreno (1Co 15:35-38). O que será preservado e trazido de volta à vida na existência corporal é o caráter da pessoa. Na ressurreição, algo extraordinário e misterioso acontecerá: o perecível será ressuscitado imperecível (1Co 15:42, 43) e o mortal será revestido de imortalidade (v. 53; Jo 8:51). Nossa existência corporal humana estará, então, perpetuamente livre dos danos que o pecado causou ao nosso corpo e à nossa natureza.

Ao sermos transformados, a comida será compatível com esse corpo glorificado, assim como foi com Jesus (Lc 24:41, 42; At 10:41). Comeremos da árvore da vida (Ap 22:2) e dos frutos da terra (Is 65:21). As distinções de sexo (masculino e feminino), estabelecidas na criação, serão preservadas, embora nós, assim como os anjos, não procriaremos (Mt 22:30). Na Nova Terra, nossa visão será perfeita, permitindo-nos reconhecer nossos entes queridos no esplendor de seus corpos ressuscitados.

Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventista)

"Quando Cristo vier, Ele levará aqueles que purificaram a alma pela obediência à verdade. Isto que é mortal se revestirá da imortalidade, e estes corpos corruptíveis, sujeitos à doença, serão transformados de mortais para imortais. Seremos dotados então com uma natureza mais elevada. O corpo de todos os que purificam a alma pela obediência à verdade será glorificado. Eles terão aceito plenamente a Jesus Cristo, e crido nEle" (Ellen White - Manuscrito 36, 1906).

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

"NÃO QUERO MAIS JOGAR AOS SÁBADOS"

O zagueiro Silvan Wallner, revelação do futebol suíço, abandonou a carreira promissora no futebol aos 22 anos por motivos religiosos. Em setembro de 2024, o atleta havia se transferido do Zurich para o Blau-Weiss Linz, da Áustria, assinando um contrato de duas temporadas. Mas nos últimos dias, o jogador rescindiu amigavelmente com o novo clube para seguir o caminho da fé. Wallner é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que reserva o sábado como dia de descanso. Por isso, o atleta não conseguiria conciliar as duas atividades.

“Sou um cristão devoto e leio a Bíblia. Tomo minhas próprias decisões sobre minha vida. Desejo seguir Jesus Cristo e o dia bíblico de descanso se tornou importante para mim”, afirmou.

Silvan Wallner frequentava as categorias de base da Suíça desde os 16 anos, e era cotado na seleção principal. Em 2022, o zagueiro havia conquistado o título da liga local com o FC Zurich.

“Como jogador de futebol, não quero mais jogar profissionalmente aos sábados. Essa é minha convicção pessoal, à qual cheguei nos últimos dias”, completou.

O zagueiro fez apenas cinco partidas pelo Blau-Weiss Linz, que concordou amigavelmente com a rescisão, e em nota oficial desejou sucesso ao ex-jogador. (CNN Brasil)

Como adventistas, nós reconhecemos o sábado como sinal distintivo de lealdade a Deus (Êx 20:8-11; 31:13-17; Ez 20:12, 20), cuja observância é pertinente a todos os seres humanos em todas as épocas e lugares (Is 56:1-7; Mc 2:27). Quando Deus “descansou” no sétimo dia da semana da criação, Ele também “santificou” e “abençoou” esse dia (Gn 2:2, 3), separando-o para uso sagrado e transformando-o em um canal de bênçãos para a humanidade. Aceitando o convite para deixar de lado seus “próprios interesses” durante o sábado (Is 58:13), os filhos de Deus observam esse dia como uma importante expressão da justificação pela fé em Cristo (Hb 4:4-11).

O sábado estabelece um teste ideal de obediência. A insistência do repouso no sábado parecerá algo estranho ou absurdo, mesmo para pessoas consideradas cristãs. Elas terão extrema dificuldade em ver lógica no quarto mandamento. E o diabo saberá explorar essa aparente “falta de lógica”. O engano será tão severo que todas as evidências dos sentidos indicarão que outras vozes parecerão corretas. Apenas aqueles que aprenderam a confiar em Deus verão coerência no aparentemente arbitrário teste de lealdade.

Ellen White diz: “O sábado será a pedra de toque da lealdade; pois é o ponto da verdade especialmente controvertido. Quando sobrevier aos homens a prova final, será traçada a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não o servem” (O Grande Conflito, p. 605).

Guardar o sábado, mesmo contra a lógica, é um ato de dependência e gratidão, que faz a terra tremer. É um grito que revela de que lado estamos, a quem pertencemos e quem somos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

CONHEÇA A MARANATHA

O que é possível fazer para que a mensagem da Bíblia chegue mais longe? Em 1969, John Freeman, um empresário norte-americano e piloto de avião amador decidiu que queria levar os filhos para uma experiência de missão e voluntariado.

Reuniu um grupo de amigos que também pilotava aviões e foram em 28 pessoas para uma ilha nas Bahamas e construíram um templo adventista. Nesse momento, a organização nasceu com o nome Maranatha Voos Internacionais. Em seus primeiros 20 anos de existência, organizou diversas viagens missionárias pelos Estados Unidos, Canadá e América Central, sempre com o mesmo objetivo: construção de templos.

Finalmente, em 1989, se uniu a outra organização missionária chamada Voluntários Internacionais. Surgiu então a Maranatha Voluntários Internacional, que passou a construir igrejas, escolas e perfurar poços de água. Essa história foi testemunhada por Don Noble, presidente da Maranatha desde 1982.

Sanando as necessidades urgentes
“Nós construímos uma grande escola em vários lugares. Isso muda toda a comunidade, porque eles a usam para muitas coisas diferentes. Não é apenas um edifício. É um local onde as pessoas se reúnem para tudo. E é a mesma coisa com as igrejas. Se as pessoas têm uma igreja para ir, elas sabem que é ali que Deus está, e elas vão e isso muda as pessoas, muda a área ao redor”, comenta Noble.

Isso reflete o objetivo principal da organização, que é trazer mais qualidade de vida para as comunidades onde atua. E a instalação de poços de água são, muitas vezes, a primeira medida. Regiões remotas em que as pessoasprecisavam caminhar quilômetros de distância por um balde de água agora têm uma fonte no pátio do que será uma futura igreja ou escola.

Laura Noble, responsável pelas doações na Maranatha, ressalta: “Você não percebe o quão importante ela (a água) é até ficar sem. Então, quando o poço de água está na igreja, isso diz muito sobre os cristãos e o tipo de cristãos que somos.”

Apenas em 2024, a expectativa é construir cerca de 300 templos, estabelecer ou renovar novos campus escolares e perfurar 255 poços de água em mais 10 países na América do Sul, África, América do Norte e América Central. Destes, três projetos estão no Brasil, Peru e no Paraguai com foco na construção de igrejas. Todo esse trabalho está sendo realizado pelas mãos de 1.800 voluntários que deixaram suas casas e dedicaram tempo, recursos e esforços para melhorar a vida de milhares de pessoas.

Muitas vezes, a construção de escolas e poços são o primeiro contato com aquela comunidade que não conhece, necessariamente, a Bíblia ou a mensagem do evangelho. Segundo Laura, muitas famílias poderiam resistir a entrar em uma igreja, mas criam um vínculo com a escola, que além do ensino formal, se torna um ponto de apoio e convívio social.

Criando e fortalecendo a comunidade
Noble relembra de ser questionado: “Mas por que vocês estão fazendo isso? " A resposta é: “Entre e descubra”. E assim nasce uma conexão entre as pessoas.

O trabalho é urgente. Don Noble explica que na Zâmbia, cerca de 3 mil congregações se reúnem embaixo de árvores. E isso limita as possibilidades de convidar mais pessoas a conhecer a Bíblia. Um ambiente mais confortável e agradável permite que o evangelismo aconteça de forma mais efetiva e, a partir dessas construções, nascem outras igrejas adventistas nas comunidades vizinhas.

A Maranatha foi convidada a ir ao Panamá construir uma escola há alguns anos. O lugar era remoto e não havia muita coisa no entorno. Segundo conta Kenneth Weiss, diretor de operações da organização, hoje são 1.400 alunos e cerca de 30 novas igrejas nos bairros ao redor.

Cada lugar terá uma necessidade específica ou prioritária. Em alguns países africanos, a água; em outros lugares, escolas ou igrejas. E em todos eles serão atendidos pelas mãos e recursos financeiros dos voluntários e doadores. Laura detalha que grande parte da transparência vem do fato de que aquele que doa pode ver diretamente os recursos sendo aplicados.

Voluntariado
Além das pessoas que recebem as benfeitorias, o próprio trabalho voluntário é uma ferramenta evangelística. Afinal, não é necessário ser um membro da Igreja Adventista para participar das missões. São muitas pessoas que tiveram algum ou nenhum contato com os adventistas durante a vida, mas são atraídos pelo propósito de fazer o bem. A partir disso, são tocados pelo evangelho e tomam a decisão de ser batizadas.

Foi a história da própria Laura. Ela foi membro da Igreja Adventista na juventude, mas deixou de frequentá-la. Em uma missão, encontrou seu propósito e se reencontrou com Jesus. “Para mim, a Maranatha é muito pessoal. Sinto uma grande paixão por isso. Também temos pessoas que não são adventistas do sétimo dia, que não têm absolutamente nenhuma conexão com o adventismo. E eles não vão apenas uma vez, vão duas, e de repente, estão indo todo ano, tornando isso parte de sua experiência cristã”, ressalta.

Agora, o propósito que impulsionou o nascimento da Maranatha está sendo observado novamente. Famílias inteiras estão dedicando suas férias e recursos para servirem ao próximo juntos. Depois da primeira experiência, os filhos já não querem mais uma viagem de turismo, mas pedem para voltar ao campo missionário.

Hoje o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos em número de voluntários que se dispõem a trabalhar em projetos promovidos pela Maranatha ao redor do mundo e em seu próprio país.

Para participar de algum dos projetos ou doar, basta acessar: pt.maranatha.org

terça-feira, 12 de novembro de 2024

ALGUNS QUE NÃO ESTARÃO NO CÉU?

Caim
Apesar de Caim haver merecido a sentença de morte pelos seus crimes, um Criador misericordioso ainda lhe poupou a vida, e concedeu-lhe oportunidade para o arrependimento. Mas Caim viveu apenas para endurecer o coração, para incentivar a rebelião contra a autoridade divina, e tornar-se o chefe de uma linhagem de pecadores ousados e perdidos. Esse único apóstata, dirigido por Satanás, tornou-se o tentador para outros; e seu exemplo e influência exerceram uma força desmoralizadora, até que a Terra se corrompeu e se encheu de violência a ponto de reclamar a sua destruição.

A mulher de Ló
Se o próprio Ló não houvesse manifestado hesitação em obedecer à advertência do anjo, antes tivesse ansiosamente fugido para as montanhas, sem uma palavra de insistência ou súplica, sua esposa teria também podido escapar. A influência de seu exemplo a teria salvo do pecado que selou a sua perdição. Mas a hesitação e demora dele fizeram com que ela considerasse levianamente a advertência divina. Ao mesmo tempo em que seu corpo estava sobre a planície, o coração apegava-se a Sodoma, e ela pereceu com Sodoma. Rebelara-se contra Deus porque Seus juízos envolviam na ruína as posses e os filhos. Posto que tão grandemente favorecida ao ser chamada da ímpia cidade, entendeu que era tratada severamente, porque a riqueza que tinha levado anos para acumular devia ser deixada para a destruição. Em vez de aceitar com gratidão o livramento, presunçosamente olhou para trás, desejando a vida daqueles que haviam rejeitado a advertência divina. Seu pecado mostrou ser ela indigna da vida, por cuja preservação tão pouca gratidão sentira.

O Rei Saul
Saul sabia que nessa última ação, de consultar a médium de Endor, estava rompendo o único fio que ainda o ligava a Deus. O que não conseguira antes, com toda a sua obstinação, era agora final e definitivo: esse ato selou a sua separação de Deus. E chegou a fazer um concerto com a morte, um acordo com o inferno. O cálice da sua iniquidade transbordou.

Judas
Deus determinou meios, para que, se nós os usarmos diligentemente e com oração, nenhuma nau sofra naufrágio, mas subsista à tempestade e à tormenta, e ancore num Céu de bem-aventuranças afinal. Mas se desprezarmos e negligenciarmos esses decretos e privilégios, Deus não realizará um milagre para salvar a qualquer um de nós, e estaremos perdidos como Judas e Satanás.

Herodes, Herodias e Pilatos 
E agora, perante a multidão agitada, revelam-se as cenas finais — o paciente Sofredor trilhando o caminho do Calvário, o Príncipe do Céu suspenso na cruz; os altivos sacerdotes e a plebe zombeteira a escarnecer de Sua agonia mortal, as trevas sobrenaturais; a Terra a palpitar, as pedras despedaçadas, as sepulturas abertas, assinalando o momento em que o Redentor do mundo rendeu a vida. O terrível espetáculo aparece exatamente como foi. Satanás, seus anjos e súditos não têm poder para se desviarem do quadro que é a sua própria obra. Cada ator relembra a parte que desempenhou. Herodes, matando as inocentes crianças de Belém, a fim de que pudesse destruir o Rei de Israel; a vil Herodias, sobre cuja alma criminosa repousa o sangue de João Batista; o fraco Pilatos, subserviente às circunstâncias; os soldados zombadores; os sacerdotes e príncipes, e a multidão furiosa que clamou: “O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos!” — todos contemplam a enormidade de seu crime. Em vão procuram ocultar-se da majestade divina de Seu rosto, mais resplandecente que o Sol, enquanto os remidos lançam suas coroas aos pés do Salvador, exclamando: “Ele morreu por mim!”

Nero sua mãe
Entre a multidão resgatada acham-se os apóstolos de Cristo, o heroico Paulo, o ardoroso Pedro, o amado e amante João, e seus fiéis irmãos, e com estes o vasto exército dos mártires, ao passo que, fora dos muros, com tudo o que é vil e abominável, estão aqueles pelos quais foram perseguidos, presos e mortos. Ali está Nero, aquele monstro de crueldade e vício, contemplando a alegria e exaltação daqueles que torturava, e em cujas aflições extremas encontrara deleite satânico. Sua mãe ali está para testemunhar o resultado de sua própria obra; para ver como os maus traços de caráter transmitidos a seu filho, as paixões incentivadas e desenvolvidas por sua influência e exemplo, produziram frutos nos crimes que fizeram o mundo estremecer.

Sacerdotes e pontífices
Ali estão sacerdotes e prelados católicos, que pretendiam ser embaixadores de Cristo e, no entanto, empregaram a tortura, a masmorra, a fogueira para dominar a consciência de Seu povo. Ali estão os orgulhosos pontífices que se exaltaram acima de Deus e pretenderam mudar a lei do Altíssimo. Aqueles pretensos pais da igreja tem uma conta a prestar a Deus, da qual muitos desejariam livrar-se. Demasiado tarde chegam a ver que o Onisciente é zeloso de Sua lei, e que de nenhuma maneira terá por inocente o culpado. Aprendem agora que Cristo identifica Seu interesse com o de Seu povo sofredor; e sentem a força de Suas palavras: “Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes” (Mateus 25:40).

Os ímpios de todas as gerações
Com assustadora majestade, Ele (Cristo) chama os ímpios mortos. Eles se levantam de seu longo sono. Que terrível despertar! Eles contemplam o filho de Deus em Sua austera majestade e resplendente glória. Todos, assim que O contemplam, percebem que Ele é o crucificado que morreu para os salvar, Aquele a quem desprezaram e rejeitaram. São tão numerosos quanto a areia do mar. Na primeira ressurreição, todos saíram radiantes de imortalidade, mas na segunda o que se destaca em todos são as visíveis marcas da culpa. Todos saem assim como foram para a sepultura.

Os egoístas
Ninguém suponha que possa viver vida de egoísmo, e então, tendo servido aos próprios interesses, entrar no gozo do Senhor. Não puderam participar da alegria de um amor desinteressado. Não se adaptariam às cortes celestes. Não poderiam apreciar a pura atmosfera de amor que impregna o Céu. As vozes dos anjos e a música de suas harpas não lhes agradariam. Para sua mente a ciência do Céu seria um enigma.

O espiritualmente adormecidos
Vi um anjo com balanças na mão, pesando os pensamentos e interesses do povo de Deus, especialmente dos jovens. Num prato estavam os pensamentos e interesses que tendiam para o Céu; no outro achavam-se os que se inclinavam para a Terra. E nessa balança era lançada toda leitura de romances, pensamentos acerca do vestuário e exibição, vaidade, orgulho, etc. Oh! que momento solene! Os anjos de Deus em pé com balanças, pesando os pensamentos de Seus professos filhos — aqueles que pretendem estar mortos para o mundo e vivos para Deus! O prato cheio dos pensamentos da Terra, vaidade e orgulho, desceu rapidamente, e não obstante peso após peso rolou do prato. O que continha os pensamentos e interesses que se voltavam para o Céu subiu ligeiro enquanto o outro descia e, oh! quão leve estava ele! Posso relatar isso pelo que vi, mas nunca poderei dar a impressão solene e vívida gravada em minha mente, ao ver o anjo com a balança pesando os pensamentos e interesse do povo de Deus. Disse o anjo: “Podem esses entrar no Céu? Não, não, nunca. Diga-lhes que a esperança que agora possuem é vã, e a menos que se arrependam depressa e obtenham a salvação, hão de perecer.”

Os que condescendem com o pecado
Devido ao pecado, Satanás foi expulso do Céu; e ninguém que condescenda com o pecado e o acaricie poderá ir para o Céu, pois nesse caso Satanás outra vez conseguiria firmar-se ali.

Os rebeldes
Poderiam aqueles cuja vida foi empregada em rebelião contra Deus ser subitamente transportados para o Céu, e testemunhar o estado elevado e santo de perfeição que ali sempre existe, estando toda alma cheia de amor, todo rosto irradiado de alegria, ecoando em honra de Deus e do Cordeiro uma arrebatadora música em acordes melodiosos, e fluindo da face dAquele que Se assenta sobre o trono uma incessante torrente de luz sobre os remidos; poderiam aqueles cujo coração está cheio de ódio à Deus, à verdade e santidade, unir-se a multidão celestial e participar de seus cânticos de louvor? Poderiam suportar a glória de Deus e do Cordeiro? Não, absolutamente; anos de graça lhes foram concedidos, a fim de que pudessem formar caráter para o Céu; eles, porém, nunca exercitaram a mente no amor à pureza; nunca aprenderam a linguagem do Céu, e agora é demasiado tarde. Uma vida inteira de rebeldia contra Deus os incapacitou para o Céu. A pureza, santidade e paz dali lhes seriam uma tortura; a glória de Deus seria um fogo consumidor. Almejariam fugir daquele santo lugar. Receberiam alegremente a destruição, para que pudessem esconder-se da face dAquele que morreu para os remir. O destino dos ímpios se fixa por sua própria escolha. Sua exclusão do Céu é espontânea, da sua parte, e justa e misericordiosa da parte de Deus.

Ellen G. White (via Visões do Céu, capítulo 12, Alguns que não estarão lá)

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

TUDO É VAIDADE

"Tudo é vaidade" (Eclesiastes 1:2).

Você já deve ter percebido que, com o tempo, nossas palavras vão sendo ressignificadas. É interessante notar que algumas palavras que anteriormente tinham um significado negativo, hoje assumem um teor positivo. Por exemplo, será que a vaidade ainda carrega um significado negativo? Será que o orgulho ainda é considerado o maior dos pecados?

Babilônia
Na arte ocidental, a vaidade é frequentemente representada por um pavão. Na Bíblia, ela é simbolizada por uma prostituta, Babilônia, pesadamente coberta de joias e adornos (ver ao lado). Na alegoria secular, a vaidade é entendida como um dos vícios humanos. Na Renascença, a vaidade foi representada por uma mulher reclinada num sofá, com um espelho, penteando os cabelos. Outros símbolos da vaidade incluem joias, moedas de ouro, uma carteira e frequentemente a figura da própria morte.

Arte de Hyeronymus Bosch
Em sentido bíblico original, a “vaidade” não se referia primariamente à obsessão pela aparência, mas à falta final de significado dos esforços humanos. Omnia Vanitas, tudo é vaidade, tornou-se, contudo, um objeto da arte. Em sua lista dos Sete Pecados Mortais, Hyeronymus Bosch representa a vaidade como uma mulher da burguesia se admirando num espelho, sustentado pelo próprio diabo (ilustração ao lado). Por trás dela, encontra-se uma caixa de joias aberta. A famosa pintura de Vermeer, A Garota com um Brinco de Pérola (ilustração abaixo), também é considerada um símbolo do pecado da vaidade, com uma jovem se adornando diante de um espelho, sem qualquer outro atributo alegórico positivo.

Arte de C. Allan Gilbert
Talvez a mais impressionante peça de arte retratando a vaidade humana seja o quadro de C. Allan Gilbert (ilustração ao lado). Uma bela e bem vestida mulher da nobreza está assentada em seu toucador, repleto de objetos ligados à luxúria, perfumes e cosméticos, iluminada por uma vela à direita. Mas o quadro é no fundo uma ilusão de ótica. Bem observado, ele é uma caveira, que reflete a moça, aparentemente enamorada de sua figura no espelho. No filme O Advogado do Diabo, Satanás, representado por Al Pacino, observa que “a vaidade é seu pecado favorito”.

Arte de Vermeer
Todas essas obras artísticas servem para advertir seus observadores sobre a natureza efêmera da juventude e da beleza, bem como da brevidade da vida humana e da inevitabilidade da morte. Vale lembrar também que os conselhos bíblicos, inclusive os relacionados à vaidade, foram escritos para ambos os sexos. A vaidade está sim impregnada no universo feminino, mas não isenta o masculino em momento algum!

Depois de Salomão mencionar seus grandes feitos e sua busca hedonista pelo prazer, concluiu: “E eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol” (Ec 2:11). Nesse verso, ele resumiu o conceito de fugacidade existencial na palavra “vaidade”. O trocadilho é evidente, considerando o fato de que o termo hebraico hevel, traduzido como “vaidade”, significa literalmente “sopro”, “vapor”. Tudo é vaidade porque tudo é transitório, uma concepção materializada na breve e angustiante existência de Abel, cujo nome hebraico também é hevel (ver Gn 4:1-11).

Se do ponto de vista humano a vida parece fútil, por outro lado, resgatada por Deus, ela pode ter um extraordinário significado, servindo aos Seus propósitos e exaltando Sua glória. A escolha desse significado, somos nós que fazemos.

Veja esta importante advertência de Ellen White: "A vaidade e a presunção estão matando a vida espiritual. O eu é exaltado; fala-se sobre o eu. Oh! se morresse esse eu! 'Cada dia morro' (1Co 15:31), disse o apóstolo Paulo. Quando esta orgulhosa, jactanciosa presunção, e esta complacente justiça própria permeiam a alma, não há lugar para Jesus. É-Lhe dado um lugar inferior, ao passo que o eu incha em importância, e enche todo o templo da alma. Eis a razão por que o Senhor pode fazer tão pouco por nós. Quando o eu estiver escondido em Cristo, não será tantas vezes trazido à tona" (Testemunhos Seletos vol. 2, p. 210).

Ao olharmos para nossa sociedade, em uma concorrência de vaidades, vemos que onde há separação de Deus, há a divinização do “eu”. O mundo entrou de tal forma em um fervor de vaidades que pode-se procurar com lupa uma classe nobre que não seja vítima dessa realidade. Parece que todos caíram dentro da mesma fogueira das vaidades.

Qual é a alternativa? Para quem correremos então? Para Deus, o único que pode nos conceder nobreza espiritual e uma vida espiritual capaz de resistir às tentações vaidosas de nosso tempo. Se ouvirmos Sua voz, haverá uma decisão voluntária a favor do que é eterno e uma indiferença diante das vaidades humanas. Diz Ellen White: "Contemplando a Cristo, tornar-vos-eis transformados, até ao ponto de odiardes vosso orgulho anterior, vossa anterior vaidade e estima própria, vossa justiça própria e incredulidade. Lançareis para o lado esses pecados, como cargas inúteis, e andareis humilde, mansa e confiantemente perante Deus" (Mensagens Escolhidas 1, p. 388).

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

TRUMP VENCE... MAS HÁ UM DEUS NO CÉU

O candidato republicano Donald Trump, 78 anos, venceu as eleições presidenciais ao garantir votos suficientes para um novo mandato como presidente dos Estados Unidos, aponta projeção da Associated Press desta quarta-feira (6).

Trump assume o cargo em 20 de janeiro de 2025. A eleição dele representa uma situação totalmente inédita na história dos Estados Unidos: Trump será o primeiro presidente já condenado na Justiça. Em maio deste ano, ele foi condenado por fraude contábil ao declarar como gasto de campanha um pagamento feito a uma ex-atriz pornô. O dinheiro, segundo a acusação, foi pago para comprar o silêncio de Stormy Daniels para que ela não tornasse público o suposto caso que tiveram durante a campanha presidencial de 2016, da qual ele saiu vencedor.

O republicano ainda é réu em três processos diferentes, com dezenas de acusações. E, mesmo reeleito, terá de ir a julgamento e pode até governar atrás das grades se for condenado à prisão em algum deles. Em um dos processos, Trump é acusado de tentar reverter de forma ilegal as eleições presidenciais de 2020. Ele sistematicamente contestou a sua derrota nas urnas naquele pleito, que culminou na invasão do Capitólio (o prédio do Congresso dos EUA) em janeiro de 2021. O republicano é acusado ainda por 18 mulheres de crimes sexuais — três deles estupros — segundo um levantamento da rede de TV norte-americana ABC. Ele nega todos os casos.

O republicano disse que os americanos deram a ele "um mandato poderoso e sem precedentes" e classificou a vitória como o "maior movimento político de todos os tempos". No novo governo, Donald Trump prometeu consertar tudo o que, segundo ele, está de errado nos Estados Unidos, começando pela fronteira e pela segurança nacional. Ainda falando sobre imigração, Trump afirmou que os Estados Unidos precisam fechar suas fronteiras.

Fazendo uma referência às tentativas de assassinato que sofreu nos últimos meses, Trump disse que teve sua vida poupada por Deus para que pudesse ser eleito presidente. "Deus salvou minha vida por uma razão: para salvar nosso país e restaurar a América em sua grandeza. Vamos seguir essa missão juntos. Essa tarefa não será fácil, mas trarei toda a minha energia e minha alma para conseguir."

"É Deus quem põe os reis no poder e os derruba" (Daniel 2:21).

Em mais do que uma ocasião, vi crentes duvidarem se Deus está verdadeiramente no controle deste mundo. Apesar da vitória de Donald Trump, esse texto de Ellen White me traz consolo e conforto.

"Nos anais da história humana o crescimento das nações, o levantamento e queda de impérios, aparecem como dependendo da vontade e façanhas do homem. O desenvolver dos acontecimentos em grande parte parece determinar-se por seu poder, ambição ou capricho. Na Palavra de Deus, porém, afasta-se a cortina, e contemplamos ao fundo, em cima, e em toda a marcha e contramarcha dos interesses, poderio e paixões humanas, a força de um Ser todo misericordioso, a executar, silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade. A Bíblia revela a verdadeira filosofia da História. [...] O poder exercido por todo governante sobre a Terra, é-lhe comunicado pelo Céu; e depende seu êxito do uso que fizer do poder que assim lhe é concedido. [...] Reconhecer a operação destes princípios na manifestação do Seu poder que 'remove os reis e estabelece os reis' corresponde a entender a filosofia da História" (Educação, pp. 173-175).

Unicamente na Palavra de Deus isto se acha claramente estabelecido. Ali se revela que a força das nações, como a dos indivíduos, não se acha nas oportunidades ou facilidades que parecem torná-las invencíveis; não se acha em sua decantada grandeza. Mede-se ela pela fidelidade com que cumprem o propósito de Deus. 

Uma ilustração desta verdade encontra-se na história da antiga Babilônia. Ao rei Nabucodonosor, o verdadeiro objeto do governo nacional foi representado sob a figura de uma grande árvore, cuja altura “chegava até ao céu; e foi vista até aos confins da terra. A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos”; à sua sombra os animais do campo moravam, e entre os seus ramos as aves do céu tinham sua habitação (Daniel 4:11, 12). Tal representação mostra o caráter de um governo que cumpre o propósito de Deus — governo este que protege e consolida a nação. Mas o rei deixou de reconhecer o poder que o exaltara. No orgulho de seu coração, disse Nabucodonosor: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?” (Daniel 4:30). Em vez de ser protetora dos homens, Babilônia tornou-se opressora orgulhosa e cruel.

Em toda a história humana, aparentemente casual, nações e governantes levantam-se e caem sujeitos ao tempo, ao acaso e à mudança. Essa é a perspectiva humana, míope. Mas a Bíblia mostra Deus no controle, dirigindo os acontecimentos na terra, levando a cabo seus propósitos em direção a um fim beneficente. Ele é o que “remove reis e estabelece reis”, “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Dn 2:21; 4:32).

Assim, o Deus da Bíblia está tão estreitamente associado à Sua obra que não se pode passar os olhos sobre a história do mundo sem relembrar ao mesmo tempo a história da própria providência divina. Não existe nada tão bem estabelecido como a finalidade providencial para a qual a humanidade se encaminha. A filosofia providencialista da história ensina-nos que a existência humana tem uma razão de ser, que Deus governa a história e que o Seu objetivo será realizado. Os planos divinos nos são revelados na Bíblia, a qual não é outra coisa senão o relato dos atos sucessivos de Deus na Terra, atos esses que conduzem ao ato redentor da encarnação e culminam no estabelecimento do Seu reino.

Ellen White continua: "Conquanto as nações rejeitassem os princípios de Deus, e com esta rejeição operassem a sua própria ruína, todavia era manifesto que o predominante propósito divino estava agindo através de todos os seus movimentos" (Idem, p. 177).

Este sentido escondido da história permite-nos descobrir com esperança que, apesar do mau uso que os homens fazem frequentemente da liberdade e das oportunidades que Deus nos dá, o leme desta nave está nas mãos do Pai celestial, que faz de cada ser humano, criado à Sua imagem, o objeto da Sua solicitude, do Seu amor e providência.

Ellen G. White conclui: "A história das nações que, uma após outra, têm ocupado seus destinados tempos e lugares, testemunhando inconscientemente da verdade da qual elas próprias desconheciam o sentido, fala a nós. A cada nação, a cada indivíduo de hoje, tem Deus designado um lugar no Seu grande plano. Homens e nações estão sendo hoje medidos pelo prumo que se acha na mão dAquele que não comete erro. Todos estão pela sua própria escolha decidindo o seu destino, e Deus está governando acima de tudo para o cumprimento de Seu propósito" (Idem, p. 178).

Deus é Senhor de tudo, inclusive da história. Através da sua morte e ressurreição, Jesus triunfou sobre os poderes deste mundo. O que quer que aconteça no curso dos acontecimentos humanos não irá anular o propósito final de Deus, a Sua vitória está assegurada. O reino de Deus virá, não importa o que aconteça. Com Donald Trump ou com qualquer outro, Deus é a nossa proteção.

Hoje te convido a reconhecer que há um Deus nos Céus que está no controle deste planeta. As Suas promessas são seguras. Decide ser-Lhe fiel. "O mundo não está sem um governante. O programa dos sucessos futuros está nas mãos do Senhor. A Majestade do Céu tem sob Sua direção o destino das nações e os negócios de Sua igreja" (Eventos Finais, p. 29).

terça-feira, 5 de novembro de 2024

IGREJA TEM DONO?

Você é um líder em sua igreja? O que isso significa para você? Você pensa em liderança em termos de um cargo?

Infelizmente, muitos pensam em liderança em termos da habilidade de alcançar uma posição. Portanto, vivem permanentemente em busca de status, de cargos de chefia ou títulos. Pensam que uma vez lá, isso faz deles líderes. Dentre os tópicos de suas fixações, o poder é um dos mais fortes. Pensam que ele os tornará importantes. Junto ao poder estão os seus “primos” sucesso e fama, que pensam farão deles seguros e felizes. 

O pastor Amin Rodor, em seu livro Meditações Diárias - Encontros com Deus, cita o que ocorreu depois que uma comissão de nomeações havia escolhido os oficiais para o novo período na igreja em que ele servia como pastor: 

"Domingo pela manhã, recebi uma ligação irada. 'Eu pensava que você era meu amigo', dizia a voz alterada do outro lado da linha. 'Por dez anos, servi como ancião nessa igreja, e você não me reelegeu.' Respondi, então, com a voz mais calma que pude encontrar: 'Caro irmão, você está confuso em dois aspectos. Primeiramente, a escolha de oficiais para a igreja é feita pela comissão de nomeações, que você certamente ajudou a escolher, e não pelo pastor. Em segundo lugar, você está se esquecendo de que na igreja não temos cargos vitalícios.'"

Encontramos igrejas divididas por lutas internas por posições. Tenho pensado muitas vezes sobre o que realmente leva alguns a agir como “donos” da igreja, ou proprietários de cargos nela. Certamente, quando agimos assim, não estamos seguindo a Jesus Cristo, que modelou outro tipo de grandeza. É um privilégio servir a Deus em algumas funções, mas realmente não precisamos de cargo algum para servir a Ele. Liderança nada tem que ver com “títulos”, mas com desempenho real. Lembra-se da princesa Diana, da Inglaterra? Quando divorciou-se, ela não perdeu em nada a capacidade de influenciar. Seu ex-marido tinha o título, mas era ela que tinha o poder da liderança.

O supremo exemplo de liderança baseada no serviço, contudo, é encontrado em Jesus Cristo. Sua breve visita ao planeta Terra marcou a vida de milhões de pessoas. Seu estilo de vida revolucionou para sempre nossa percepção de grandeza. Em apenas três anos e meio de vida pública, Ele encarnou os princípios vitais de liderança, que transcendem tempo, espaço e cultura, e que representam um desafio extraordinário para Seus seguidores. Jesus nos ensinou que a liderança autêntica é baseada em integridade e serviço em benefício dos outros. Como Ele responde à questão da grandeza em Seu reino? Por meio do princípio da humildade.

Segue abaixo quatro importantíssimos recados para os nossos líderes que agem como "donos" da igreja, extraídos do livro Liderança Cristã de Ellen G. White:

1. O Senhor nada tem a ver com os métodos de trabalho em que se permitem a homens finitos dominar sobre seus semelhantes. Ele apela para que uma decisiva mudança seja feita. A voz de comando não mais deve ser ouvida. O Senhor tem, entre Seus obreiros, homens humildes e discretos; deve-se escolher entre estes, homens que conduzirão a obra no temor do Senhor.

2. Nenhum homem foi feito um senhor, para governar a mente e consciência de um seu semelhante. Sejamos bem cuidadosos quanto à maneira com que lidamos com a herança de Deus comprada por sangue. O líder não deve sequer permitir-se pensamentos indelicados em relação a seus irmãos, muito menos tomar o lugar de juiz e censurá-los e condená-los, quando você mesmo, em muitos aspectos, merece mais censura do que eles. Seu trabalho está sendo inspecionado por Deus.

3. Às vezes, um homem que foi colocado em posição de responsabilidade, como líder, concebe a ideia de que está numa posição de suprema autoridade, e que todos os seus irmãos, antes de fazerem qualquer movimento de avanço, devem primeiro dirigir-se a ele pedindo permissão para fazer aquilo que eles sentem que se deve fazer. Tal homem está numa posição perigosa. Perdeu de vista a obra do verdadeiro Líder do povo de Deus.

4. Há sempre alguns que, quando seus irmãos estão empurrando para diante, pensam ser seu dever puxar para trás. Fazem objeções a tudo que é proposto, e combatem todo plano que não partiu deles próprios. Nunca aprenderam na escola de Cristo a preciosa e todo-importante lição de se tornar manso e humilde. Não há nada mais difícil para os que são dotados de vontade forte do que desistir de suas idéias e submeter-se ao juízo dos outros.

O princípio pelo qual somos admitidos no reino de Deus continua em operação no serviço que prestamos a Ele. Arrogância, egoísmo e pretensões humanas nos desqualificam tanto para a entrada como para o serviço no reino dos Céus.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

DIA DE TODOS OS SANTOS

A Igreja Católica celebra o Dia de Todos os Santos (Festum Omnium Sanctorum) anualmente no dia 1 de novembro. A origem do dia remonta ao século II, quando os cristãos começaram a honrar os que tinham sido perseguidos e martirizados por causa da sua fé. No século VIII, o Papa Gregório III dedicou uma capela a todos os santos na Basílica de São Pedro em Roma, e a data foi oficialmente reconhecida para se celebrar a todos os santos da Igreja Católica, principalmente aqueles que não tinham um dia específico para eles. O Papa Gregório IV foi responsável, em 840, por difundir o então chamado Dia de Todos os Santos por todo o mundo, ordenando sua celebração universal.

Para o cristianismo católico, "santo" é todo aquele que já está no céu, junto de Deus, aguardando a parúsia (segunda vinda de Cristo). Aqueles que a Igreja Católica reconhece como santos, através da canonização, são as pessoas que desempenharam uma obra admirável, ou cuja vida serve de testemunho aos demais católicos. Esse título denota que, além de grande caráter, a pessoa está na graça de Deus (no Céu), mas a falta desse reconhecimento formal não significa necessariamente que o indivíduo não seja um santo. Aqueles santos que não possuem o reconhecimento formal da Igreja Católica recebem o título de Santos Anônimos. E para celebrar a honra desses santos é que foi instituído o Dia de Todos os Santos.

Qual o significado de santo na Bíblia?
O conceito bíblico de santos não é o mesmo apregoado pelos que defendem a canonização. A palavra grega hagios, normalmente traduzida para santos, tem muito a ver com o conceito de pessoas separadas do pecado, portanto consagradas a Deus. Há muitos textos, mas vamos a alguns deles que evidenciam que os santos são os cristãos vivos de hoje em dia e não apenas quem já morreu. A palavra não denota um grupo de pessoas diferenciada ou em nível acima dos demais que estão militando na fé cristã ainda. O apóstolo Paulo, testemunhando ao rei Agripa, relembra que ele perseguiu muitos santos e os jogou nas prisões (Atos 26:10). Ainda ele, autor da carta aos romanos, destaca na introdução que os destinatários de sua epístola são santos (Romanos 1:7). E vai mais além. Diz que, em determinado momento da história do mundo, os santos hão de julgar o mundo (1 Coríntios 6:2). Ele está falando de gente comum que decide se colocar nas mãos de Deus e abandonar o pecado ou de um grupo seleto de gente que, por decisão de homens, passa a exibir esse status de santos? Há outros textos nessa mesma linha e a ideia é a mesma.

Os santos, na Bíblia, são os que passam pelo processo de santificação aqui e isso não está associado a meramente se fazer obras em favor dos outros. O apóstolo Pedro destaca que, assim como Deus é santo, Ele espera que Seus filhos se tornem santos (1 Pedro 1:15). Mas não há indicação de que essa busca por santidade deva acontecer somente depois da morte e nem que está baseada apenas em boas obras praticadas. É uma ação divina que acontece obviamente enquanto a pessoa está viva (1 Tessalonicenses 5:23) e que vai até a vinda de Jesus Cristo. Logicamente se Deus habitar na vida de uma pessoa e impressionar sua mente, isso resultará em mudança de comportamento e consequente realização de obras dignas (Efésios 2:8-10 e Filipenses 2:12,13).

Não há qualquer aprovação divina para que alguém busque pessoas mortas como intercessores perante Ele. Os mortos não possuem consciência do que se passa com os vivos (Eclesiastes 9:5,6 e Jó 7:8-10), portanto, não podem ser intercessores junto a Deus. No livro de Apocalipse, capítulo 5 e verso 8, há menção das orações dos santos, porém não há qualquer base para se pensar que mortos possam fazer preces. Está falando, em realidade, de uma visão profética dada ao apóstolo João em que ele tem um vislumbre do que é o santuário celestial e a comparação de que o incenso, que era usado no santuário terrestre no tempo em que o povo de Israel antigo mantinha essa representação autorizada divinamente, significa justamente a oração dos santos (ou seja, pessoas tementes a Deus). A única intercessão amparada pela Bíblia é a de Jesus Cristo. Apesar da reputação digna e da maneira honrosa de vida que tiveram muitos homens e mulheres fiéis cristãos ao longo dos séculos, isso não os credencia a ser intercessores junto a Deus. Há um só mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2:5) e, desde o tempo do santuário terrestre, fica bem claro que o sangue do cordeiro representava o perdão dos pecados, ou seja, a morte de Cristo (Hebreus 8, 9 e 10 os capítulos inteiros e Apocalipse 19).

Verdadeira santificação
A santificação é um tema de profundo interesse espiritual e teológico. A santidade é tanto um atributo de Deus como uma demanda para o crente. Embora se trate de um tema complexo e integrado por aspectos tensos, o essencial é claro. E o que Ellen G. White escreveu nos facilita para uma compreensão equilibrada e desafiante desse aspecto que é importantíssimo para a fé cristã.

"A santificação exposta nas Sagradas Escrituras tem que ver com o ser todo - as partes espiritual, física e moral. [...] A verdadeira santificação é uma inteira conformidade com a vontade de Deus. Pensamentos e sentimentos de rebelião são vencidos, e a voz de Jesus suscita uma nova vida, que penetra todo o ser. Aqueles que são verdadeiramente santificados não ostentarão sua própria opinião como uma norma do bem ou do mal." (1)

"A verdadeira santificação vem por meio da operação do princípio do amor (1 João 4:16). A vida daquele em cujo coração Cristo habita, revelará a piedade prática. O caráter será purificado, elevado, enobrecido e glorificado. A doutrina pura estará entretecida com as obras de justiça; os preceitos celestiais misturar-se-ão com as práticas santas." (2)

"Santificação significa perfeito amor, perfeita obediência, inteira conformidade com a vontade de Deus. Se nossa vida estiver ajustada à vida de Cristo mediante a santificação da mente, alma e corpo, nosso exemplo será uma poderosa influência no mundo." (3)

"Ninguém que pretenda ser santo é realmente santo. Quanto mais se aproximam de Cristo, mais lamentam suas imperfeições em comparação com Ele, pois sua consciência se torna mais sensível, e percebem melhor o pecado, assim como Deus o percebe." (4)

"Eu me assusto e me sinto indignada quando ouço um pobre e caído mortal exclamar: “Eu sou santo; estou sem pecado!”. Ninguém a quem Deus concedeu uma extraordinária visão de Sua grandeza e majestade jamais declarou algo semelhante. Ao contrário, eles se sentiam afundados na mais profunda humilhação da alma quando viam a pureza de Deus e, em contraste com ela, as imperfeições de sua própria vida e caráter." (5)

"Aceitar Jesus deve ser seguido por imitar o Seu exemplo. É um processo a que a Bíblia chama santificação. Os dois devem sempre ir juntos." (6)

"A santificação é o resultado de uma obediência que dura a vida toda." (7)

“Como Deus é santo em Sua esfera, assim deve o homem caído, mediante fé em Cristo, ser santo na sua.” (8)

Viver em santidade
Viver em santidade significa separar-se do mundo. Isso não quer dizer que você terá de fugir para as montanhas, isolar-se e nunca mais falar com incrédulos. Significa que terá de separar seu coração do sistema de valores do mundo e valorizar as coisas que Deus considera mais importantes.

Viver em santidade significa purificar-se. Purificar-se não é vestir uma túnica branca e cobrir tudo o que não é santo em sua vida. Antes, é pedir para o Deus santo purificar seu coração.

Viver em santidade significa viver no Espírito, e não na carne. Nossos pensamentos carnais podem desqualificar-nos tanto quanto nossas ações. Ore para Deus ajudá-lo viver no Espírito, não na carne.

Viver em santidade significa ser santificado por Jesus. Uma vez que aceitamos a Jesus, não podemos manter nosso antigo estilo de vida pecaminoso. Agora que Cristo vive em nós e o Espírito Santo nos guia e nos transforma, não temos mais desculpas para andar segundo nossos velhos hábitos.

Viver em santidade significa andar perto de Deus. Só conseguimos ver o Senhor com clareza quando nos esforçamos para caminhar perto dEle em pureza e paz. “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14).

Viver em santidade significa deixar Deus nos guardar. Santidade é a vontade de Deus para nossa vida, algo que Ele planejou para nós desde o princípio. E Ele é capaz de nos manter santos. Quando nosso coração deseja viver em pureza e fazer o que é certo, Deus nos guarda de cair em pecado.

Referências
1. Santificação, p. 7 e 9
2. Refletindo a Cristo, p. 73
3. Cuidado de Deus, p. 287
4. Reavivamento Verdadeiro, p. 49
5. Review and Herald, 16 de outubro de 1888
6. Um Convite à Diferença, p. 33
7. Atos dos Apóstolos, p. 314
8. Atos dos Apóstolos, p. 559