quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

CONSOLADOR X ACUSADOR

"E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco" (João 14:16).

Há um contraste muito forte na Bíblia entre os nomes e papéis do Espírito Santo e de Satanás. Eles trabalham intensamente pelo coração humano, mas com objetivos completamente diferentes.

Consolador é uma das formas mais impactantes como o Espírito Santo é chamado. Esse termo é a tradução de uma expressão grega que se refere a alguém chamado para auxiliar como conselheiro, intercessor, mediador ou como advogado no tribunal. João chama o Espírito Santo dessa maneira quatro vezes em seu evangelho, e uma, em sua primeira epístola.

Ao referir-se ao inimigo, João usa o termo acusador (Ap 12:10). Aliás, essa é uma das principais funções de Satanás. Por isso, esse nome o retrata muito bem.

Nossas atitudes sempre demonstram qual desses poderes controla nossa vida. Infelizmente tem gente que confunde as coisas e age como acusador, dizendo ser usado pelo Consolador. Alguns chegam às igrejas com aparência de piedade; criticam a organização e a liderança sem fundamento ou espírito cristão, apresentam uma “nova mensagem”; têm um discurso unilateral, falando de um ou dois pontos doutrinários de forma insistente, ou aproveitam para semear dúvida na mente das pessoas.

A história do povo de Deus mostra que sempre houve esse tipo de pessoas. Qual foi o resultado? Crises, agitação, divisão, dor e apostasia. Isso vem do Consolador? Com certeza, não. No fim, esses movimentos ficam pelo caminho. Seus líderes desaparecem e abandonam seus seguidores, muitos dos quais não conseguem se refazer espiritualmente.

A Igreja, porém, avança firme. Mesmo frágil e defeituosa, ela é mantida pelo Senhor. No entanto, quanto mais perto da volta de Cristo, mais fortes, frequentes e insistentes serão esses movimentos. Essa é uma terrível estratégia do inimigo. Ellen White adverte: “Se Satanás não consegue prender as pessoas no gelo da indiferença, ele procurará impeli-las para o fogo do fanatismo” (Mente Caráter e Personalidade, v. 1, p. 38). A falta de equilíbrio sempre demonstra falta de Deus.

Nestes últimos dias, precisamos nos unir ao redor da verdade e da missão, mas sempre no espírito do Consolador e não usando as armas do acusador.

[via CPB - Ilustração Fusion Print]

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

NASCIDO DUAS VEZES

"Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã" (Salmo 30:5).

William James, em seu clássico The Varieties of Religious Experience (As Variedades da Experiência Religiosa), aplica a metáfora dos dois nascimentos para pessoas religiosas. Os que nascem “uma vez” são pessoas que atravessam a vida sem nunca experimentar complicações em sua fé. Eles podem ter dificuldades financeiras, desapontamentos, mas nunca atravessam tempos que realmente parecem contradizer sua experiência religiosa. A compreensão que eles têm de Deus, quando chegam à velhice, não é diferente do que aprenderam sobre Ele na infância.

Para James, os “nascidos duas vezes” são pessoas que atravessam enormes crises, chegando mesmo a perder a fé para então recuperá-la. E a nova fé é muito diferente daquela que foi perdida. Em vez de experimentarem apenas dias de céu azul, algumas vezes o Sol parece lutar para sair da tempestade, embora sempre consiga reaparecer. Deus, conforme eles apresentam, parece mais real. Ele não é simplesmente o “paizão” que sempre mantém os filhos “seguros e secos”. Ao contrário, Deus os capacita a prosseguir através da noite escura de um mundo perigoso. Esses são como um osso que quebra e depois de curado é mais forte no lugar em que se partiu. A fé manifestada por eles é mais forte do que antes, porque em algum momento aprenderam que podem depender de Deus e assim sobreviver às perdas e tragédias. Depois das desilusões, a fé é mais forte porque testemunhou que muito de sua antiga confiança eram apenas deuses falsos.

Imagino que os salmos foram escritos por pessoas que tiveram que lutar para descobrir onde Deus estava escondido na vida delas, e não por aqueles para quem Deus era muito óbvio. Presente, mas não óbvio. O salmo 30 é um exemplo disso. Atribuído a Davi, ele foi escrito por alguém recuperado de séria enfermidade, alguém liberto de um fosso de opressão, cercado de inimigos por todos os lados. Ele vai ao templo não como o adorador superficial, acostumado a repetir suas frases mecânicas. Ele, que se julgava inabalável (v. 6), descobriu que a caminhada com Deus não é um passeio no parque. Em tempos de grande tribulação, ele perdeu a fé simplória, substituindo-a por uma compreensão profunda de Deus, que aqui se revela em louvor e agradecimento. Ele aprendeu que o choro não dura para sempre. A alegria, cedo ou tarde, triunfa.

Amin Rodor (via Encontros com Deus)

"As provações da vida são obreiras de Deus, para remover de nosso caráter impurezas e arestas. Penoso é o processo de cortar, desbastar, aparelhar, lustrar, polir; é molesto estar, por força, sob a ação da pedra de polimento. Mas a pedra é depois apresentada pronta para ocupar seu lugar no templo celestial. O Mestre não efetua trabalho assim cuidadoso e completo com material imprestável. Só as Suas pedras preciosas são polidas, como colunas de um palácio. O Senhor trabalhará por todos os que nEle puseram sua confiança. Preciosas vitórias serão alcançadas pelos fiéis, inestimáveis lições aprendidas e realizadas valiosas experiências" (Ellen G. White - O Maior Discurso de Cristo, p. 10, 11).