domingo, 31 de maio de 2020

A indiferença frente ao racismo

A cena chocante do segurança George Floyd, 46, sendo asfixiado pelo policial Derek Chauvin na cidade de Minneapolis, noroeste dos Estados Unidos, é uma grave violação de um direito humano fundamental: a vida. Mais grave ainda perceber que a história se repete e a vítima continua sendo negra. Não só na megapotência norte-americana, como também no Brasil. A recente morte de João Pedro, 14, numa operação policial conjunta entre as polícias Federal e Civil também causou enorme indignação. A cada 23 minutos, morre um jovem negro no nosso país, segundo levantamento feito pela Anistia Internacional na campanha Jovem Negro Vivo. 

O tiro que matou o adolescente João Pedro foi dado pelas costas dentro de casa. O estrangulamento de George Floyd foi sob os olhos da população. Lá como cá, os assassinatos racistas são covardes, cruéis.

Um dos males mais odiosos dos nossos dias é o racismo, a crença ou prática que vê ou trata certos grupos étnicos como inferiores e, portanto, objetos de dominação, discriminação e segregação. Embora o pecado do racismo seja um fenômeno antiquíssimo baseado na ignorância, no medo, na alienação e no falso orgulho, algumas das suas mais hediondas manifestações têm ocorrido em nosso tempo. O racismo e os preconceitos irracionais operam em um circulo vicioso.

O racismo está entre os piores dos arraigados preconceitos que caracterizam seres humanos pecaminosos. Suas consequências são geralmente devastadoras, porque o racismo facilmente torna-se permanentemente institucionalizado e legalizado. Em suas manifestações extremas, ele pode levar à perseguição sistemática e mesmo ao genocídio.

As Escrituras ensinam claramente que todas as pessoas foram criadas à imagem de Deus, que “de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da Terra” (Atos 17:26). A discriminação racial é uma ofensa contra seres humanos iguais, que foram criados à imagem de Deus. Em Cristo, “não há judeu nem grego” (Gálatas 3:28). Portanto, o racismo é realmente uma heresia e em essência uma forma de idolatria, pois limita a paternidade de Deus, negando a irmandade de toda a espécie humana e exaltando a superioridade racial de alguém.

Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não devem ser motivo de dissensões entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição. Qualquer outra abordagem destrói o âmago do evangelho cristão.

Infelizmente, acredito que as atitudes racistas persistem no mundo porque seus mais ferrenhos detratores reagem com indiferença aos atos de discriminação étnica. Concluo com um texto do queridíssimo pastor Amilton Luiz de Mello:

Na página nove do seu livro Fé que opera (Meditações Matinais de 1981), o falecido pastor Morris Venden conta que uma inscrição num antigo túmulo nos Estados Unidos diz: "Aqui Jaz Lem S. Frame, o qual matou 89 índios durante a sua vida. Esperava haver matado 100 até o fim do ano, quando adormeceu em Jesus, na sua residência em Hawk's Ferry." O pastor Venden então pergunta: "Será que isso constitui uma boa representação de Deus, ou revela que alguém representou mal o caráter de Deus?" 

Várias pessoas, entre elas eu, fizeram posts no facebook nessa última semana lamentando e condenando barbaridades como o fuzilamento de um adolescente negro no Rio de Janeiro, e o assassinato de um homem negro na cidade de Minneapolis. Racismo nos deixa indignados... ou pelo menos deveria deixar, assim como todas as formas de pecado! Porém alguns tem ficado insensíveis a isso, achando que é exagero ou o famoso "mi mi mi". Agem como os "cristãos" que achavam normal um outro "cristão" matar 89 índios"! Com certeza existem assuntos que são desagradáveis de falar: Racismo, violência policial, abuso sexual, xenofobia, violência doméstica, desigualdade econômica, injustiça social, etc. Mas não falar desses assuntos não fará que eles desapareçam... continuarão existindo até que nos posicionemos contra eles ou que nos acostumemos com eles, o que será muito pior. 

Nosso mundo está doente. Não só por causa de uma pandemia. Por causa de um vírus muito pior e mais terrível que o coronavírus: o vírus do pecado. Ele nos faz achar normal aquilo que não pode nem deve ser considerado normal. Na década de 60, durante os protestos pelos direitos civis, Martin Luther King foi acusado de tudo, inclusive de ser comunista, enquanto ele só queria ser cristão. Porém, com coragem e sem violência, representou mais o Mestre Jesus do que aqueles que preferiram o caminho da indiferença!

sábado, 30 de maio de 2020

O que virá depois?

Vivemos na época do “pós”, seja como realidade, conceito filosófico, comportamento, mero desejo ou a distorção da verdade. As palavras da moda que o digam: pós-colonial, pós-verdade, pós-humano, pós-­democracia, pós-apocalíptico, pós-tudo… Isso sem falar nos “pós” mais antigos ou tão corriqueiros que nem pensamos mais neles, como pós-­industrial, pós-modernidade, pós-graduação, pós-venda, pós-eleitoral… Agora o mundo se prepara para o pós-pandemia. Mas parece que, apesar da nossa experiência nessa área, ainda temos dificuldade de lidar com o “pós” e as mudanças inesperadas.

Do latim post, “pós” é um prefixo usado em relação a um espaço, período ou evento em particular. Contrário de “antes”, é sinônimo de “depois”. O prefixo é o elemento que se coloca junto a uma palavra (radical) para criar um novo sentido. Quando ligamos esse prefixo “pós” à realidade diante de nós, como fica o cenário? No seu caso, como será seu período “pós”? Como será o “pós” da igreja? É difícil falar em “pós-pandemia” quando tantas pessoas ainda estão morrendo, mas esta reflexão visa ­inspirar esperança, não relaxar os cuidados nem minimizar a dor das pessoas.

Há quem acredite que o vírus apressou o futuro, pois uma pandemia tem o poder de acelerar a história, e há quem defenda que ele fez o mundo retroceder, já que perdemos riquezas. O fato é que inúmeras análises pós-­pandemia apostam que a realidade não será mais a mesma, algumas mais óbvias: a cadeia de suprimentos será alterada, o comércio será reconfigurado, crescerão o home office e o ensino a distância, o contato humano será minimizado, os hábitos de consumo serão alterados, aumentará a proteção social, as empresas de alto lucro serão pressionadas a doar mais, menos será mais e aumentará o controle sobre as liberdades individuais. Queiramos ou não, o vírus já causou uma mudança.

No entanto, será que as coisas serão mesmo diferentes? Teremos vida mais simples, evitaremos viagens desnecessárias, teremos conexões humanas mais autênticas, pensaremos no impacto ambiental, cuidaremos dos mais vulneráveis, seremos mais resilientes, serviremos melhor a Deus?

Às vezes, depois de uma situação de terra arrasada, temos dificuldade de lidar com o “pós” e visualizar o que vem depois. Contudo, a Bíblia sempre apresenta um bom “pós”, ainda que leve tempo. No pós-dilúvio, Noé soltou uma pomba e depois ela voltou com um ramo de oliveira, sinalizando um novo começo. No pós-êxodo, o povo passou pelo deserto e depois chegou à terra prometida. Na sua pós-calamidade, Jó teve a certeza de que o Redentor vive e que ele ainda veria a Deus. No pós-exílio, o povo deveria buscar a Deus de todo o coração e Ele o ouviria. No pós-cruz, Cristo veria o resultado do Seu trabalho e ficaria feliz. No pós-caos, Deus assegura que surgirá um novo planeta.

Você perdeu alguém, o emprego, a saúde, a fé ou a dignidade? Pois saiba que depois do vírus vem a vacina, depois do isolamento vem o abraço, depois da seca vem a chuva, depois da chuva vem o sol, depois do pecado vem a santidade, depois do lamento vem o louvor.

Muitos cenários imaginários para o pós-pandemia não passam de especulação. Mas a Palavra delineia um quadro positivo. O prefixo “pós” que Deus agrega à nossa vida tem o poder de alterar o sentido do nosso futuro.

Marcos De Benedicto (Editorial da edição de junho de 2020 da Revista Adventista)

sexta-feira, 29 de maio de 2020

A morte da vida privada

A morte da vida privada ainda vai matar nossa vida social. Os limites do que precisa ser exposto não existem mais.

Não nos preocupamos em preservar nossos queridos que estão acamados, nem nos atentamos que as crianças também precisam ser preservadas, e nem todos os olhos precisam vê-las. 

Precisamos tanto compartilhar nossas passagens pelo céu e pelo inferno que nem paramos para notar que se apenas Deus e o Diabo soubessem já estaria suficiente.

Conquistas que poderiam ficar no privado pra não deixar nossa carência por auto-afirmação tão evidente acabam sendo alardearas desnecessariamente.

Transformamos internações, luto, algumas horas tomando soro, um acidente automobilístico em eventos similares a um martírio. Se não podemos ser protagonistas heróis que sejamos protagonistas vitimizados.

Parece que estamos todo tempo em busca de um recorte extraordinário, de ser manchete, mesmo que isso tire de nós o direito de sofrer ou rir apenas com as pessoas que amamos, e que de fato se importam. 

Quando que o amor dos que temos por perto se tornou tão insuficiente? Quando foi que passamos a precisar tanto de que quase desconhecidos comentem com  e nos acolham por 5 segundos?

Expomos tudo, e os mais cristãos ainda o fazem como se fosse um pedido de oração; e talvez seja mesmo. Talvez seja um clamor desesperado por livramento, mas em certa medida há um clamor desesperado por ser notado, para que minha dor seja vista. 

Afinal, cada vez mais, em um mundo caótico, somos apenas mais um sangrando.

O problema ainda se torna maior porque ao deixar de ter vida privada perdemos o direto a limitar a intromissão, pois não existe mais intromissão, tudo da minha vida é de todos. 

E há ainda aqueles que entendem que ninguém pode ter vida privada, que nada pode ficar vetado a necessidade humana de saber por saber; entram, stalkeiam, vasculham a vida alheia, pegam alguns sinais e criam notícias da vida alheia pra que nada fique encoberto; somos ratos entrando em espaços proibidos querendo estragar o pouco que alguém deixou guardado pra si na dispensa da alma.

Cada manhã o circo é montado. A platéia de hoje ficará indignada por ser o palhaço amanhã. O que se coloca no centro do picadeiro falará de tudo, se humilhará, não deixará nada guardado em busca de alguns poucos aplausos esquecendo que as luzes se apagam, e a plateia se esquece do palhaço, do mágico e de todo o espetáculo, porque eles querem apenas entretenimento.

Vamos assim matando a vida privada achando que isso é rede social, sem notar que se matarmos a vida privada, mataremos a vida social; pois ninguém saberá lidar com tudo sendo acessível a todos, sem nenhum espaço para ser meu.

Por favor, encarecidamente, preserve as pessoas que você ame, entre na vida apenas das pessoas que te convidarem; controle sua curiosidade e sua capacidade demoníaca de suprir com a sua criatividade, lacunas não contadas das histórias; recolha-se vez ou outra; leve suas dores aos que você sabe que as sentirão contigo. 

Valorize sua vida social recolocando sua vida privada no devido lugar!

Tiago Rodrigues (via facebook)

quinta-feira, 28 de maio de 2020

A mulher rixosa

A Bíblia fala sobre um tipo específico de mulher, que merece nossa atenção: a mulher rixosa. Como essa não é uma palavra muito comum, temos de entender exatamente o que significa. Segundo o dicionário, “rixosa” é uma pessoa “que promove contenda”. Ou seja, uma mulher briguenta, que causa discórdia ou desavença, que com enorme frequência está de mau humor. Ela é irritadiça, explode por qualquer coisa, descarrega suas tensões e frustrações em cima dos outros, ira-se num piscar de olhos, tem sempre uma boa desculpa para despejar sua cabeça quente e falta de mansidão sobre os demais – eles que aguentem. Ela tem prazer em comprar briga. E, por tudo isso, é intragável. Bem… por que tratar especificamente desse tipo de mulher? Pois, acredite, é um dos tipos sobre os quais a Bíblia mais fala – certamente, não à toa.

Vejamos algumas verdades que as Escrituras expõem sobre a mulher que promove contendas:
“Melhor é morar no canto do eirado do que junto com a mulher rixosa na mesma casa.”
Essa mesma afirmação é tão séria que ocorre em duas passagens: Provérbios 21:9 e 25:24. O que esse versículo está dizendo é que a mulher rixosa é alguém tão insuportável que ninguém consegue conviver debaixo do mesmo teto com ela. Quando chega da rua, em vez de trazer alegria para o lar traz uma nuvem negra sobre a cabeça e contamina todos ao redor com seu mau humor crônico. É aquela que, quando você dá “bom dia” parece que ela responde “o que há de bom nele?!”. A mulher rixosa afasta os outros de si. Ela destrói seu casamento, leva os filhos à ira e sabota a harmonia do lar. Dificilmente ela cede e nunca admite que está errada. A culpa de tudo é sempre do outro – que, por isso, precisa ouvir umas boas verdades. Desculpar-se? Jamais, pois acredita que pedir perdão é diminuir-se em vez de engrandecer-se. Em suma, a mulher rixosa faz você querer estar em qualquer lugar do mundo, menos perto dela. A Bíblia avança na descrição desse tipo de mulher:
“Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda” (Pv 21:19).
Essa afirmação parece semelhante à anterior, elevada ao quadrado. Uma terra deserta não tem água, é um lugar onde você morre de sede. A comida é escassa, restrita a animais rastejantes e peçonhentos. De dia, o calor é abrasador, queima a alma, tira o ânimo, mata por desidratação. As noites são gélidas e congelam quem anda por ali. Uma terra deserta tem tempestades de areia que tornam a vida de quem está na região um inferno, pois açoitam sua pele, enchem seus orifícios de sedimentos, impedem a visão, tornam a caminhada impossível. O deserto é o último lugar do mundo em que você quer morar, porque a qualidade de vida ali é a pior que há. No entanto, a Bíblia diz que é melhor morar nesse local insuportável do que com uma mulher iracunda e rixosa. É… a coisa é grave. Mas não para por aí. A sabedoria bíblica afirma: 
“O gotejar contínuo no dia de grande chuva e a mulher rixosa são semelhantes” (Pv 27:15).
Os antigos chineses tinham um método conhecido de tortura, simples e eficaz. Quando capturavam um inimigo, o amarravam de modo que ficasse imóvel. Em seguida, punham uma fonte qualquer de água sobre a cabeça daquele pobre coitado, para que um gotejar contínuo caísse sobre o mesmo ponto de sua cabeça. Uma gota. Duas gotas. Três. Quatro. Vinte. Cem. Mil. Dez mil. E por aí vai. Não parece grande coisa, mas os relatos históricos revelam que essa simples forma de tortura, após dias seguidos de pingos intermináveis, era capaz de levar os torturados simplesmente à loucura. Isso mesmo. Guerreiros fortes e bem treinados, com resistência a grandes dores e sofrimentos, eram quebrados e enlouqueciam devido a um gotejar contínuo. E é a isso que o texto bíblico compara a mulher que vive em contendas. Em outras palavras: a mulher rixosa é capaz de te levar à loucura. Ela tira qualquer um do sério e a convivência com ela torna-se uma tortura insuportável.

A mulher rixosa age, portanto, de modo errado, indigno e vergonhoso. Muitas vezes vemos homens casados definharem depois de conviver por anos com esposas do tipo. Eles perdem o viço, o vigor, a alegria e, muitas vezes, a saúde. É fácil entender a razão: 
“A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como podridão nos seus ossos” (Pv 12:4). 
Pela medicina, apodrecimento ósseo ocorre em algumas poucas circunstâncias. Uma é uma condição chamada osteonecrose, uma consequência da má circulação sanguínea dentro do osso, que causa a morte de células e tem como resultado o apodrecimento do osso e, consequentemente, fraturas e dor no local. A única solução para a osteonecrose é remover o osso e substituí-lo por uma prótese. A outra situação que faz o osso apodrecer? A morte. Deu para entender a que a Bíblia compara esse tipo de mulher?

A mulher rixosa vive de modo oposto ao que o evangelho propõe. Ela precisa urgentemente de uma mudança de vida. Não acredito que uma mulher rixosa tenha intimidade com Deus. Simplesmente porque a natureza de um cristão autêntico exclui totalmente o prazer por promover a contenda. Paulo admoesta que devemos fazer tudo “sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14), logo, viver estimulando a rixa contraria a vontade divina. 
“O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões" (Pv 10:12).
Vemos, então, que a rixa é fruto do ódio e, por sua vez, o ódio é contrário à natureza de Cristo, como deixam claro algumas passagens das Escrituras: 
“Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas” (1Jo 2:9).
“Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si” (1Jo 3:15).
Por outro lado, o amor é a essência de Deus: 
“Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1Jo 4:16).
Uma mulher rixosa, ou seja, que promove contendas, faz exatamente o contrário do que a Bíblia estipula como o comportamento ideal de uma mulher de Deus. Paulo condena as contendas em passagens como 2 Timóteo 2:23, Romanos 13:13 e Tito 3:9. Em 1 Coríntios 3:3, o apóstolo de Cristo associa diretamente as rixas à carnalidade: 
“Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?”
Isso é totalmente corroborado por Tiago, quando o irmão de Jesus diz: 
“De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?” (Tg 4:1).
Mais claro, impossível: ser rixoso é ser carnal – logo, é viver distante de Deus.

Meu objetivo ao chamar sua atenção para a deformação espiritual que é ser uma mulher rixosa, é despertá-la para uma reflexão. Pense sobre a sua vida. Será que as pessoas vivem se afastando de você? Será que seu marido tem preferido ficar em qualquer outro lugar que não seja ao seu lado? Será que os irmãos fogem de sua companhia? Será que seus filhos evitam ficar muito tempo com você? Se a resposta a alguma dessas perguntas foi “sim”, não necessariamente significa que você é rixosa, pode haver outras explicações. Mas… pode ser que sim. Talvez as suas atitudes e o seu temperamento precisem ser reavaliados, o que é algo excelente:
“Honroso é para o homem o desviar-se de contendas, mas todo insensato se mete em rixas” (Pv 20:3).
A boa notícia é que isso tem jeito. Se você perceber que tem vivido a insensatez do mau humor constante, saiba que rabugice tem cura. Um espírito belicoso tem cura. Uma alma amarga tem cura. E a cura tem nome: Jesus de Nazaré.

Jesus é o Príncipe da Paz. Ele é o manso Cordeiro. Ele é o Senhor dos exércitos que foi humilhado sem revidar. 
“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11:29).
Aproxime-se de Cristo. Procure crescer em intimidade com Ele. Busque-O na oração e no estudo de Sua Palavra. Viva uma vida com Deus. Negue-se a si mesmo e siga-O. Aprenda a pedir perdão, isso não diminui ninguém – muito pelo contrário. Reconheça seus erros, pois só almas grandiosas são capazes disso. Fale palavras de edificação e afirmação e não de diminuição e destruição. Aprenda a dar o braço a torcer. Ceda. Prefira os outros em honra. Sorria. Ame.

Se Cristo fizer morada no seu coração, os seus pensamentos se tornarão os pensamentos de Jesus, a sua mente será renovada e você se tornará uma mulher exemplar, como a de Provérbios 31:10-31: amada por todos, elogiada e que deixa um rastro de alegria e vida por onde passa.

Ah, sim: se você é um homem rixoso, não pense que está em melhor situação. Tudo o que leu neste post se aplica a você também.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari (via Apenas)

"Mútua bondade e paciência farão do lar um paraíso e atrairão os anjos para o círculo da família; mas eles fugirão da casa onde há palavras desagradáveis, rixas e atritos. Ausência de bondade, queixumes e ira expulsam Jesus do lar" (Ellen G. White - O Lar Adventista, p. 422).

terça-feira, 26 de maio de 2020

Relações abusivas

Quando lidamos com parceiros perversos, abusivos, tóxicos- sejam homens ou mulheres- é comum nos depararmos com diversas características que essas pessoas parecem ter em comum, bem como comportamentos repetitivos, previsíveis, como se tratasse sempre da mesma pessoa. Esses comportamentos, quando impostos dentro da relação, podem levar à total destruição da identidade, autoestima, capacidade de funcionar e vontade de viver da pessoa que se submete.

A seguir, vejamos como identificar ALGUNS desses comportamentos e características:

1. PIROTECNIA AMOROSA – Também chamada de bombardeamento amoroso, consiste em encantar o alvo com inúmeras demonstrações de amor, muitas delas exageradas ou públicas. Os pedidos de namoro, noivado são um show para outras pessoas verem, não um momento do casal. As surpresas são constantes, quase exageradas, deixando o alvo sem saber como retribuir ou agir diante do bombardeamento constante. O mais interessante é que o alvo percebe que as ações exageradas não parecem vir acompanhadas de real profundidade e sentimento. É quase uma intuição que, por não saber explicar, ignora.

2. DISTRAÇÃO/ILUSIONISMO – Junto com o item acima, nos primeiros dias, talvez meses, a pessoa perversa tende a ser muito atenciosa, presente, interessada, de um modo tão intenso que fará com que seu alvo pense que está “sendo cuidado”; que aquela presença imposta constantemente é um verdadeiro sinal de amor, mas o que na verdade faz é manter seu alvo ocupado o tempo todo, quase sempre com coisas ligadas à relação ou à pessoa perversa, de modo que não tenha mais tempo para si mesmo, para outras pessoas ou para prestar atenção em como a pessoa perversa realmente é.

3. TUDO PARA ONTEM – Pessoas perversas fazem planos para o futuro desde os primeiros contatos. Falam em casamento, filhos, morar juntos, adquirir patrimônio, tudo em tempo record. É tudo tão rápido que causa estranhamento em todos, exceto na pessoa apaixonada.

4. DESLIZES – Pessoas perversas fazem discursos moralistas, como se fossem as pessoas mais corretas do mundo, mas em meio ao discurso, sempre deixam escapar alguma coisa que vai na contramão do que pregam.

5. CICLO ABUSIVO – É um ciclo ininterrupto que alterna comportamento destrutivo e construtivo, típico de muitos relacionamentos e famílias disfuncionais. A pessoa perversa faz algo bom e logo em seguida algo ruim, desestabilizando o alvo e criando um ciclo vicioso de expectativa e insegurança.

6. ALIENAÇÃO – O ato de interferir ou cortar de vez as relações do indivíduo com os outros (amigos, família, colegas de classe, trabalho, etc). A ideia aqui é distanciar o alvo de qualquer pessoa que possa lhe servir de apoio.

7. “SEMPRE” e “NUNCA” – São declarações contendo as palavras sempre ou nunca. Elas são comumente usadas, mas raramente refletem a verdadeira intenção do perverso. “NUNCA mais fale comigo”, para logo estar perseguindo o alvo e encontrando desculpas para continuar o contato.

8. DESIGUALDADE LEGAL – A pessoa perversa sujeita o parceiro a uma séria de regras que ela não se sente na obrigação de seguir. Por exemplo, o alvo não tem a permissão de manter contato com pessoas do passado, mas a parte perversa pode, o alvo deve respeitar sua família, mas a parte perversa pode desprezar a sua, etc.

9. RAIVA – Pessoas que sofrem de certos transtornos de personalidade com frequência carregam um sentimento de raiva não resolvida e uma percepção mais aguçada ou exagerada que foram injustiçados, anulados, negligenciados ou submetidos a abuso, refletindo esta raiva sobre aqueles que os rodeiam.

10. ISCA – Um ato provocativo usado para provocar uma resposta irritada, agressiva ou emocional de um outro indivíduo. Diz algo que sabe que vai causar ira, mas o faz exatamente para ver seu interlocutor desequilibrado. Quando o alvo se desequilibra, a pessoa perversa parece a parte equilibrada.

11. CULPABILIZAR – O hábito de identificar uma pessoa ou pessoas como responsáveis por um problema, ao invés de identificar formas de lidar com ele. Fazem isso com tanta maestria que seus alvos vivem se sentindo culpados.

12. PROJETAR – É a prática de atribuir ao outro seus defeitos e maus comportamentos. A pessoa perversa dirá que o outro é mentiroso, promíscuo, agressivo, manipulador e tudo que achar de si mesmo. Às vezes, são coisas bem específicas. Um exemplo, um narcisista conhecido dizia que eu fazia sexo virtual com meu professor. Não entendia de onde aquilo tinha saído até descobrir que era viciado em sexo virtual. Outro narcisista tinha hábito de dizer que as mulheres se vitimizam para que homens paguem suas contas, mas quando em minha companhia, choramingava ganhar pouco para ter cada pãozinho seu pago, ou seja, era um explorador de mulheres.

13. BULLYING – Qualquer ação sistemática para ferir uma pessoa, aproveitando-se de uma posição de força seja física, hierárquica, social, econômica ou emocional. Pessoas perversas são experts em bullying contra seus parceiros, colegas de trabalho, amigos e familiares. Basta saberem de algo que lhe causa vergonha, que passam a utilizar da forma mais cruel possível.

14. RACIONAMENTO – O racionamento é um dos comportamentos mais cruéis do parceiro narcisista. Consiste em descobrir o que você mais gosta e simplesmente deixar de fazer ou racionar. Podem ser ações, frases ou palavras. Desta forma você passa a mendigar por aquilo que antes lhe dava em abundância e agora dá quando quer ou não dá. Pode ser de um simples ” bom dia” a comportamentos mais complexos. Se sabe que você gosta ou deseja, vai negar ou racionar.

15. TRAIÇÃO – envolve-se em relacionamentos românticos ou íntimos com outras pessoas quando já está empenhado em um relacionamento monogâmico com você. Para perversos, isso é bem comum, pois são extremamente promíscuos.

16. APROPRIAÇÃO – Consumir ou assumir o controle de um recurso ou bem pertencente ou compartilhado com um membro da família, parceiro ou cônjuge, sem antes obter a sua aprovação. Toma posse sem se importar com o que o outro pensa.

17. EXPLORAÇÃO – É a prática de explorar o parceiro, amigos ou familiares a fim de ter suas contas pagas. Vitimizam-se dizendo que não estão em condições, que precisam de ajuda, para poderem encostar-se. A exploração também se dá quando tomam empréstimos em família acreditando que não têm o dever de pagar, bem como está presente no modo que prestam seus serviços ou contratam serviços para si, tentando sempre tirar vantagem, cobrando a mais ou tentando pagar menos do que o que vale o serviço recebido.

18. CHANTAGEM EMOCIONAL – Um sistema de ameaças e punições por trás de uma aparência fragilizada de vítima, utilizado na tentativa de controlar os comportamentos de alguém. Algumas vezes, essa característica também passa a ser do alvo de pessoas perversas, pois crê que, assim, poderá acessar a empatia da pessoa perversa, o que jamais acontece.

19. SENSO DE DIREITO – Uma expectativa irrealista, não merecida ou inadequada de condições de vida e tratamento favorável vindo dos outros. Se acham mais merecedores do que as outras pessoas. Tratamentos especiais lhes são devidos, mas para os outros, jamais.

20. FALSAS ACUSAÇÕES – Padrões de crítica injustificada ou exagerada direcionada ao alvo. Você diz: “tal pessoa me paquerava quando eu era adolescente” e a partir daí passa a ouvir por anos que a pessoa foi ou é seu/sua amante. Acusa o alvo de ter feito coisas ou ter tido comportamentos que nunca teve simplesmente porque “suspeita”.

21. FAVORITISMO – Favoritismo é a prática de dar sistematicamente tratamento positivo e preferencial para um dos filhos, um dos subordinados ou um dos membros dentro de uma família ou grupo de iguais (trabalho) em modo que os outros se sintam inferiores ou menos queridos. Faz isso usando outras pessoas também em detrimento do parceiro amoroso.

22. FALSO LITÍGIO – O uso de processos judiciais sem mérito para machucar, assediar (especialmente em divórcios) ou ganhar uma vantagem econômica sobre um indivíduo ou organização.

23. AUTOPROMOÇÃO GENEROSA – É a prática de dar ao alvo uma lista de pessoas que gostariam de estar com a pessoa perversa, bem como uma lista dos defeitos do alvo para, então, dizer que, mesmo assim, deseja estar com ele. “Sou bom por aceitar estar com você, não obstante seus defeitos.”

24. GASLIGHTING – É a prática de lavagem cerebral e manipulação a fim de convencer um indivíduo mentalmente saudável que ele está ficando louco ou que a sua compreensão da realidade é equivocada ou falsa. Nega-se fatos ou falas como se nunca tivessem ocorrido.

25. PODA – Podar é o ato predatório de manobrar um outro indivíduo para uma posição que o torna mais isolado, dependente, propenso a confiar e contar somente com a pessoa perversa, tornando-o mais vulnerável a um comportamento abusivo. Fazem isso dizendo que o alvo não é capaz sem sua ajuda ou presença.

26. ASSÉDIO – Qualquer padrão persistente ou crônico de comportamento indesejável de um indivíduo para com o outro. O comportamento rotineiro de pessoas perversas é um assédio constante.

27. HOOVERINGHoovering é uma metáfora tirada de uma marca muito popular de aspiradores de pó nos EUA e Grã-Bretanha (Hoover) para descrever como uma vítima de abuso, ao tentar fazer valer os seus próprios direitos, deixando ou limitando o contato num relacionamento disfuncional, é sugada de volta quando a pessoa perversa temporariamente apresenta um comportamento melhor ou desejável, passando por uma revitimização.

28. IMPULSIVIDADE – A tendência de agir ou falar com base em sentimentos do momento ao invés de raciocínio lógico. Pouco importa se o que é dito não faz o mínimo sentido. Se precisar se justificar, dirá que disse porque VOCÊ a forçou a agir daquela forma.

29. ISOLAMENTO IMPOSTO – É uma das primeiras providências tomadas pela pessoa perversa quando se envolve com um novo alvo. A ideia é distanciar; isolar o alvo de sua rede de apoio, o que inclui amigos e familiares. É muito comum que a pessoa perversa não tenha amigos íntimos e se relacione de forma superficial também com sua própria família e, por isso, não aceita que o alvo tenha relacionamentos mais profundos. Com o isolamento imposto e a alienação, a um certo ponto ficará somente ela e o alvo, o que aumenta seu poder de controle sobre o outro.

30. MANIPULAÇÃO FLOREADA – É um modo imperceptível de fazer exigências enquanto elogia. Por exemplo, um perverso conhecido dizia à moça com quem estava começando a se relacionar que queria fazer dela sua princesa, sua mulher para toda vida, porque ela era linda especial, mas que “não tinha certeza” que ela o colocaria entre suas prioridades “já que ela tinha muitos amigos e dava muita atenção aos seus familiares”, levando-a a distanciar-se dessas pessoas para ocupar o espaço de “princesa”.

31. INTIMIDAÇÃO – Qualquer forma velada de ameaça oculta, indireta ou não-verbal.

32. INVALIDAÇÃO – A criação ou promoção de um ambiente que incentiva o indivíduo a acreditar que seus pensamentos, crenças, valores ou presença física é inferior, imperfeita, problemática ou inútil.

33. FALTA DE CONSCIÊNCIA – Indivíduos que sofrem de alguns transtornos de personalidade são demasiadamente preocupados com suas próprias necessidades e interesses, às vezes, com a exclusão total das necessidades e preocupações dos outros. Algo que pode ser interpretado pelos outros como uma falta de consciência moral ou egoísmo e nada mais que isso, é na verdade o modo de vida da pessoa perversa.

34. FALTA DE CONSTÂNCIA DO OBJETO – Sintoma de alguns transtornos de personalidade, a falta de constância do objeto é uma incapacidade de lembrar que as pessoas ou objetos são consistentes, confiáveis e com os quais se pode contar, especialmente quando eles estão fora de seu campo imediato de visão. Constância do objeto é uma habilidade de desenvolvimento que a maioria das crianças não desenvolvem até dois ou três anos de idade. Daí a indiferença com seus sentimentos na ruptura, a falta de confiança quando não está controlando e etc.

35. NARCISISMO – Este termo descreve um conjunto de comportamentos caracterizados por um padrão de grandiosidade, o foco egocêntrico, necessidade de admiração, a atitude de auto-serviço (eu me sirvo sempre), falta de consideração e falta de empatia, sendo esta última a característica mais forte e maligna do narcisismo e portanto, essencial para a identificação desse padrão de comportamento. Não existem narcisistas capazes de se colocar no lugar do outro.

36. DESQUALIFICAÇÃO FLOREADA – A prática de elogiar, inserindo desqualificadores dentro de uma frase, de modo que a parte desqualificadora não seja percebida, mas surta efeito. Exemplo: “Eu amo suas gordurinhas” “Adoro seu corpo, tanto que conheço cada uma de suas 387 estrias” “Minha gorducha linda” “Você é um homem tão bom para mim que passei a amar até o seu péssimo português”. Serve para minar a autoestima do alvo de modo que se esmere para “melhorar” até ter o elogio “completo”.

37. NEGLIGÊNCIA – Uma forma passiva de abuso em que as necessidades físicas e emocionais de um dependente são desconsiderados ou ignorados pela pessoa responsável por eles. Nas relações tóxicas com pessoas perversas, a negligência vem à tona com frequência quando o alvo tem problemas de saúde, financeiros ou precisa de cuidados.

38. NORMALIZAÇÃO – Numa relação com perversos, é uma tática usada para dessensibilizar o indivíduo para comportamentos abusivos, coercitivos ou inapropriados. Em essência, a “normalização” nada mais é do que a banalização de coisas que, em sã consciência, não aceitamos como normais; é a manipulação de outro ser humano para levá-los a aceitar algo que está em conflito com a lei, as normas sociais ou seu próprio código básico de comportamento. Ex.: Aceitar traição, agressão física, verbal, promiscuidade, poligamia, etc.

39. JOGOS SEM VITÓRIA – São situações comumente criadas por pessoas que sofrem de transtornos de personalidade, onde eles apresentam duas opções ruins para alguém próximo a eles e as pressiona a escolher entre os duas, assim sempre sairá perdendo. Isso geralmente deixa a pessoa que não tem transtorno de personalidade com um sentimento de “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.

40. COISIFICAÇÃO – A prática de tratar uma pessoa ou um grupo de pessoas como objetos, mantendo-as à sua disposição ou descartando-as de acordo com suas necessidades. No sexo, o alvo também é coisificado no sentido que, após a relação sexual, comportamentos frios e abusivos são restabelecidos do nada, quando minutos antes tudo era maravilhoso, fazendo com que o alvo se sinta usado.

41. SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL – Um termo usado para descrever o processo pelo qual um dos pais, geralmente divorciado ou separado do outro progenitor biológico, usa sua influência para fazer uma criança acreditar que o outro progenitor é mau ou inútil.

42. MENTIRA PATOLÓGICA – Decepção persistente por parte de um indivíduo para servir os seus próprios interesses e necessidades com pouca ou nenhuma relação com as necessidades e preocupações dos outros. Um mentiroso patológico é uma pessoa que existe apenas para servir suas próprias necessidades ainda que para isso deve lançar mão de mentiras.

43. VITIMIZAÇÃO – É a prática de assumir uma postura de vítima diante de amigos e familiares, relatando histórias onde aparece como vítima e o alvo como o vilão, de tal forma que as pessoas se compadeçam de si e odeiem o alvo. Para isso, lançam mão de histórias que jamais ocorreram, inacreditáveis quando ouvidas pelos alvo e que normalmente causam muita angústia, sentimento de injustiça e desejo de vingança.

44. RECRUTAMENTO – A maneira que a pessoa perversa tem de controlar ou abusar do alvo através da manipulação de outras pessoas para que estas inconscientemente passem a defendê-la, falar por ela, “comprar sua briga” ou “fazer o trabalho sujo” que ela deseja contra seu alvo. Essas pessoas são chamadas em inglês de “flying monkeys” que se traduz em “macacos voadores”, que nada mais são do que possibilitadores, facilitadores e colaboradores recrutados pela pessoa perversa.

45. EXPLOSÃO, RAIVA E AGRESSIVIDADE IMPULSIVA – Elevações explosivas verbais, físicas ou emocionais em uma briga, desproporcional à situação real. Mas atenção, esse comportamento sozinho não indica perversidade, já que acompanhado de culpa e remorso verdadeiros pode indicar Transtorno Explosivo Intermitente, que nada tem a ver com perversidade e pode ser tratado.

46. SABOTAGEM – A ruptura espontânea da calma ou status quo, a fim de servir a um interesse pessoal, provocar um conflito ou chamar a atenção.

47. BODE EXPIATÓRIO – a escolha de um indivíduo ou grupo para receber culpa ou tratamento negativo não merecido. A pessoa perversa faz e põe a culpa nos outros.

48. MEMÓRIA SELETIVA E AMNÉSIA SELETIVA – O uso de memória, ou a falta de memória seletiva com o intuito de reforçar um preconceito, crença ou obter um resultado desejado, utilizando somente aquilo que lhe convêm.

49. AUTOENGRANDECIMENTO – É um padrão de comportamento pomposo; o hábito de vangloriar-se. Presença de narcisismo ou competitividade projetados para criar uma aparência de superioridade.

50. VERGONHA – A diferença entre culpa e vergonha é que ao culpar alguém você diz a uma pessoa que ela FEZ algo ruim e ao envergonhar alguém você lhe diz que a pessoa É algo ruim. Por exemplo, um perverso conhecido quando queria envergonhar, dizia que eu era mentirosa diante de todos (vergonha). Na intimidade, dizia que não podíamos ser felizes porque eu mentia muito (culpa). Nenhuma das duas coisas acompanha fundamento ou explicação lógica, sempre, quase sempre, fruto de suposições.

51. STALKING (PERSEGUIÇÃO) – Qualquer padrão invasivo e indesejável de buscar o contato com outro indivíduo. A pessoa narcisista pratica stalking somente quando é dispensada pelo alvo antes que ela o descarte. Como não aceitam ser deixadas, perseguem. O alvo, normalmente, também pratica stalking ao ser descartado.

52. TESTE – Forçar repetidamente outra pessoa a demonstrar ou provar seu amor ou compromisso com o relacionamento a fim de demonstrar para a pessoa narcisista o seu valor.

53. POLICIAMENTO DO PENSAMENTO – Um processo de interrogatório ou tentativa de controlar os pensamentos ou sentimentos de outra pessoa. É uma prática percebida especialmente quando o alvo deseja estar em silêncio ou reflexão.

54. TRIANGULAÇÃO – Ganhar uma vantagem sobre os “presumidos rivais” ao manipulá-los para que entrem em conflito uns com os outros. Falam mal de uma pessoa para a outra a fim de ver a relação entre elas se deteriorar ou ver pessoas disputando um posto importante na vida da pessoa perversa

55. SILÊNCIO AGRESSIVO – Método insidioso de violência psicológica que consiste em passar horas ou dias tratando o alvo com silêncio injustificado e punitivo, quase sempre acompanhado de cara fechada e pequenas frases de acusação sem sentindo ou embasamento na realidade. “Você sabe porque estou assim.”

56. VISÃO DE TÚNEL – Uma tendência a se concentrar em um único interesse (seu) ou ideia e negligenciar ou ignorar outras prioridades importantes ou todas as circunstancias.

57. DESCARTE OU SUMIÇO – Como toda relação com uma pessoa com essas características é superficial, independente do tempo que passou, quando ela sentir que o alvo não serve mais aos seus propósitos, ou seja, deixou de ser uma fonte de suprimento narcísico, ela o descartará e desaparecerá sem explicação ou com um arroubo de raiva injustificada que deixará o alvo se perguntando o que fez de errado. Um relacionamento com uma pessoa perversa narcisista jamais termina com uma conversa clara e civilizada; um comum acordo. Ou some ou demonstra ódio para justificar o fim.

P.S. É óbvio que a presença de um desses comportamentos isoladamente não indica perversidade ou transtornos de personalidade. É um conjunto deles que dará sinais claros de que se trata de pessoa perversa/tóxica/abusiva da qual preservar-se é preciso!

Lucy Rocha (via Conti Outra)

Nota do blog: Confira algumas preciosas orientações de Ellen G. White extraídas do livro O Lar Adventista:

"Não há em muitas famílias aquela polidez cristã, aquela verdadeira cortesia, deferência e respeito mútuo que deveriam preparar os membros para se casarem e constituírem por sua vez famílias felizes. Em lugar da paciência, bondade, terna cortesia, e da simpatia e amor cristãos, há palavras ásperas, idéias em conflito e um espírito crítico e ditatorial. Por meio de dissensões sobre assuntos triviais, cultiva-se um espírito de amargura. Francos desacordos e brigas trazem inexprimível miséria para o lar, e separam os que deveriam achar-se unidos nos laços de amor" (p. 83).

"Se o marido é tirânico, exigente, criticando os atos da esposa, não pode ele manter seu respeito e afeição, e a relação matrimonial lhe tornar-se-á odiosa. Não amará o marido, pois ele não procura tornar-se amável. Devem os maridos ser cuidadosos, atentos, constantes, fiéis e compassivos. Devem manifestar amor e simpatia" (p. 228).

"Durante anos, tenho recebido cartas de diferentes pessoas que contraíram casamento infeliz, e as revoltantes histórias que me apresentaram são suficientes para oprimir o coração. Não é coisa fácil decidir que conselho possa ser dado a esses infelizes, ou como sua dura sorte possa ser aliviada; mas sua triste experiência deveria servir de advertência aos outros" (p. 85).

"Deve-se procurar seja o lar tudo quanto está implícito nessa palavra. Deve ser um pequeno Céu na Terra, um lugar onde se cultivem as afeições em vez de serem estudadamente reprimidas. Nossa felicidade depende do cultivo do amor, da simpatia e da verdadeira cortesia de uns para com outros" (p. 15).

Parábola do rato

Era uma vez, uma menina que não tinha um rato. Mas, talvez influenciada pela popularidade de figuras como Mickey Mouse, Topo Gigio, Tom e Jerry, a garotinha resolveu que queria porque queria um... Assim, toda manhosa, foi contar para o pai de sua mais nova e estranha necessidade.

Mas o pai não concordou com a ideia, explicando o perigo de ter um ratinho - as doenças, a sujeira, e essas coisas. A menina insistiu, chorou, esperneou, mas nada mudou a ordem estabelecida. O tempo passou, e o pai teve que fazer uma viagem. Iria passar dias longe, trabalhando. A família ainda se despedia na sala, quando a ideia veio. 

A pequena correu para o quarto, abriu uma das gavetas e encontrou o cofrinho. Não pensou duas vezes: quebrou o porco, pensando no rato, juntou as moedas e saiu de casa, dando à mãe uma desculpa qualquer. Foi à loja de animais que ficava ali perto. 

Aproximou-se do balcão e, mesmo sem conseguir enxergar quem estava do outro lado, entregou o saco de moedas, dizendo: "Me dá um rato, moço". O moço, que não tinha nada com a história, pegou as moedas e lhe entregou o bicho. A mocinha voltou para casa toda feliz. Trancou-se no quarto e começou a brincar com o novo amigo. E brincou, brincou, brincou... e fim. 

O problema é que enquanto a menina amar mais o rato que o pai, ela não vai querer que o pai volte. Mas ele vai voltar. Por isso, cuidado com os ratos. 

Quem lê, entenda. 

Cândido Gomes (via Uma Janela Aberta para Reflexão)

segunda-feira, 25 de maio de 2020

A pandemia e o mau-humor

Em circunstâncias normais, o mau humor já tende a se manifestar de tempos em tempos. A incerteza, o estresse e a ansiedade geradas pela pandemia do novo coronavírus, porém, fazem com que o mau humor se manifeste de maneira mais constante. A própria medicina considera o mau humor crônico uma enfermidade. Ela se chama distimia e pode ser definida como “a falta de prazer ou divertimento na vida, seguida por um constante sentimento de negatividade”.

Embora para muitos possa parecer algo banal – sem repercussões além da própria cara feia e do incômodo sentido por quem está por perto –, esse estado de espírito traz muito mais prejuízos à saúde e à vida espiritual em geral do que se imagina. O mau humor se instala em sua mente, de forma que você fica remoendo todas as formas em que foi injustiçado. Você se torna irritável e impaciente. Você explode com os outros e se justifica. Há uma categoria de ira justa (“Irai-vos, mas não pequeis”, diz Efésios 4:26), mas nunca há um mal humor justo. 

Vejamos algumas dicas de Ellen G. White e da Bíblia para combater o mau humor que pode nos acometer nestes tempos de pandemia: 

1. Devemos olhar o lado brilhante das coisas 
"Não permitais que as perplexidades e tristezas da vida diária aflijam vosso espírito e vos entristeçam o semblante. Se o permitirdes, tereis sempre alguma coisa que vos atormente e aborreça. A vida é o que dela fazemos, e encontraremos o que buscarmos. Se olharmos as tristezas e perplexidades, se estamos de mau humor de molde a ampliar pequenas dificuldades, encontraremos quantidades delas para nos absorver os pensamentos e a conversação. Mas se olhamos o lado brilhante das coisas, encontraremos o suficiente para nos fazer alegres e felizes. Se dermos sorrisos, eles nos serão devolvidos; se falarmos palavras prazerosas e alegres, assim nos falarão" (LA, 430).

“Não se associe com quem vive de mau humor, nem ande em companhia de quem facilmente se ira; do contrário você acabará imitando essa conduta e cairá em armadilha mortal” (Provérbios 22:24-25 NVI).

2. Devemos carregar a alegria do Céu 
"Quando os cristãos se mostram sombrios e deprimidos, dão uma impressão errônea da religião. Em alguns casos tem sido nutrida a ideia de que a alegria não é condizente com a dignidade do caráter cristão, mas isto é um erro. O Céu é todo alegria; e se carregamos para nossa alma a alegria do Céu e, tanto quanto possível o expressamos em palavras e no comportamento, seremos mais agradáveis a nosso Pai celestial do que nos mostrando deprimidos e tristes" (LA, 430).

"É dever de cada um cultivar a alegria em vez de ruminar tristezas e pesares. Muitos não somente se fazem muito infelizes por este procedimento, mas sacrificam a saúde e felicidade por uma imaginação mórbida. Há ao seu redor coisas que não apreciam, e sua fisionomia mostra uma sombra contínua que, mais que palavras, expressam seu descontentamento. Essas emoções depressivas causam-lhes grande dano à saúde, pois embaraçando o processo digestivo, interferem com a nutrição. Ao passo que a preocupação e ansiedade não remediam um simples mal, podem produzir grande dano; mas alegria e esperança, ao mesmo tempo que iluminam o caminho de outros, 'são vida para os que as acham e saúde, para o seu corpo' (Provérbios 4:22)" (LA, 431).

“O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate” (Provérbios 15:13). 

3. Devemos cuidar da alimentação 
"Açúcar não é bom para o estômago. Causa fermentação, e isto obscurece o cérebro e ocasiona mau humor" (CSRA, 327).

"Podemos ter variedade de comida boa e saudável, preparada de maneira saudável, de maneira que seja aprazível a todos. É de importância vital saber cozinhar bem. A cozinha deficiente causa doenças e mau humor; o organismo fica desarranjado, e não se podem perceber as coisas celestiais. Há mais religião na boa cozinha do que podeis imaginar" (CSRA, 256).

4. Devemos praticar a paciência 
"Jesus não nos abandonou dando-nos razão para ficarmos espantados diante das provações e dificuldades. A respeito delas Ele tudo nos falou, e também nos disse que não ficássemos acabrunhados nem abatidos quando sobreviessem as provações. Olhemos para Jesus, nosso Redentor, alegremo-nos e nos regozijemos. As provações mais difíceis de suportar são as causadas por nossos irmãos, nossos próprios amigos íntimos; mas até essas provas podem ser suportadas com paciência" (CI, 55). 

"Precisa-se de homens nesta obra que não murmurem nem se queixem por causa de dificuldades ou provações, sabendo que isso é parte do legado que Jesus lhes deixou. Devem estar dispostos a sair do acampamento e sofrer afronta e carregar fardos como bons soldados de Cristo. A paciência é uma virtude que deves praticar. Carregarão a cruz de Cristo sem queixas, sem murmuração ou mau humor e serão “pacientes na tribulação" (TI3, 423). 

5. Devemos ter cuidado com as palavras e atos 
"Não permitais que escape de vossos lábios nenhuma palavra de mau humor, aspereza ou ira. A graça de Cristo espera vosso pedido. Seu Espírito dominar-vos-á o coração e a consciência, presidindo vossas palavras e atos" (OC, 219). 

"Lembremo-nos de que quando estamos de mau humor e pensamos ser nosso dever chamar à ordem toda pessoa que de nós se aproxima, jamais estamos em terreno vantajoso. Se cedermos à tentação de criticar os demais, apontar-lhes as faltas e demolir o que fazem, podemos estar certos de que não estamos fazendo a nossa parte de forma nobre e correta" (TI9, 184). 

“Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade” (Efésios 4:31). 

6. Devemos praticar a gratidão e cortesia 
"Muitos anseiam intensamente por amizade e simpatia. Devemos ser abnegados, procurando sempre oportunidades, mesmo nas pequenas coisas, para mostrar gratidão pelos favores que temos recebido de outros e procurando ocasião de alegrar a outros e aliviar-lhes as tristezas e as cargas por atos de amável bondade e pequenos atos de amor. Esses atenciosos atos de cortesia que, começando na família se estendem fora de seu círculo, ajudam na soma do que faz feliz a vida; e a negligência dessas pequenas coisas ajudam na soma do que torna a vida amarga e triste" (TI3, 539, 540). 

7. Devemos servir com alegria 
"Que todos quantos professam haver encontrado a Cristo, sirvam, como Ele fez ao bem dos homens. Nunca deveríamos dar ao mundo a falsa impressão de que os cristãos são uma gente triste, descontente" (DTN, 152).

8. Devemos possuir o amor da pureza e simplicidade 
"Guarda-te da irritabilidade e do mau humor, e de um espírito atormentador. Busca a piedade de coração. Sê cristão coerente. Possui o amor da pureza e humilde simplicidade, e sejam estas inseridas em tua vida" (TI2, 314). 

“Não retribuam mal com mal, nem insulto com insulto; ao contrário, bendigam” (1Pe 3:9). 

“Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se” (Tg 1:19). 

9. Devemos ter mais de Cristo e menos do mundo 
"O serviço feito de boa vontade e de coração a Jesus, produz uma religião radiante. Os que seguem a Cristo bem de perto não se mostram sombrios. Em Cristo há luz, paz e alegria permanentes. Necessitamos mais de Cristo e menos do mundo, mais de Cristo e menos do próprio eu" (Manuscrito 1, 1867). 

10. Devemos viver um cristianismo genuíno 
"Viu-me alguma vez triste, acabrunhada, queixosa? Eu tenho uma crença que me impede isto. É uma concepção errônea do verdadeiro ideal do caráter e do serviço cristãos que leva a essa conclusão. É a falta de genuína religião que produz acabrunhamento, desalento, tristeza. O cristão fervoroso procura imitar a Jesus, pois ser cristão é ser semelhante a Cristo. É realmente essencial ter correta compreensão da vida de Cristo, dos hábitos de Cristo, para que Seus princípios possam ser reproduzidos em nós que desejamos ser semelhantes a Cristo" (LA, 431).

Conclusão 
Jesus convida os cansados, mau humorados e acabrunhados filhos e filhas de Adão a virem ter com Ele, e a lançarem sobre Ele os seus pesados fardos. Muitos, porém, que ouvem esse convite, embora anseiem por descanso, prosseguem no áspero caminho, aconchegando os seus fardos ao coração. Jesus os ama e almeja levar-lhes os fardos e a eles mesmos em Seus fortes braços. Quer remover os temores e as incertezas que lhes arrebatam a paz e o descanso; mas primeiro precisam ir ter com Ele, e contar-Lhe os secretos dissabores do coração. Solicita a confiança de Seu povo como prova de seu amor por Ele. 

Que não vivamos e nem fiquemos mau humorados, se bem que muitas vezes fatigados, tristes, cheios de pesar; o inverno não há de perdurar para sempre. O estio da paz, da alegria e do prazer eterno está prestes a vir. Então Cristo habitará conosco e nos guiará às fontes de águas vivas, e enxugará toda lágrima de nossos olhos. 

Que possamos guardar as palavras de Jesus, pois elas são fonte de alegria: “Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa” (Jo 15:11).

Cronologia de Ellen G. White

Ellen G. White: 1827 – 1915

Segue abaixo um esboço dos pontos significativos na vida e obra de Ellen G. White. Ela foi uma pessoa de notáveis talentos espirituais, e através de seus escritos continua exercendo um extraordinário impacto sobre milhões de indivíduos ao redor do mundo. Os Adventistas do Sétimo Dia creem que Ellen G. White foi muito mais que apenas uma escritora talentosa – creem que ela foi apontada por Deus para ser uma mensageira especial a fim de atrair a atenção de todos para as Sagradas Escrituras, e ajudá-los a se prepararem para a segunda vinda de Cristo.

1827, 26 de novembro - Nasce em Gorham, Maine, EUA, irmã gêmea e mais nova de oito filhos.
1836 - Recebe uma pedrada que lhe quebrou o nariz.
1840, março - Ouve pela primeira vez Guilherme Miller apresentar a Mensagem do Advento.
1844, 22 de outubro - Passa pelo Grande Desapontamento.
1844, dezembro - Tem a primeira visão.
1846, 30 de agosto - Casa-se com Tiago White.
1846, agosto ou setembro - Aceita o sábado do sétimo dia.
1847, 3 de abril - Tem a visão do Santuário Celestial e do halo de luz sobre o quarto mandamento.
1847, 26 de agosto - Nascimento do primeiro filho, Henry Nichols White.
1848, 20-24 de abril - Assiste à primeira Assembleia dos Adventistas Observadores do Sábado, em Rocky Hill, Connecticut.
1848, novembro - Tem a visão de que deveria ser iniciada a obra de publicações.
1949, julho - Incentiva Tiago White a publicar Present Truth (Verdade Presente).
1949, 28 de julho - Nascimento do segundo filho, James Edson White.
1851, julho - Publicado seu primeiro livro A Sketch of the Christian Experience and View of Ellen G. White.
1854, 29 de agosto - Nascimento do terceiro filho, William Clarence White.
1855, dezembro - Publicado o opúsculo Testimony for the Church 1 (Testemunhos Para a Igreja).
1858, 14 de março - Tem a visão do Grande Conflito, em Lovett’s Grove, Ohio.
1863, maio - Organização da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.
1863, 5 de junho - Visão da reforma pró-saúde, em Otsego, Michigan.
1864, agosto - Publicado o livro Spiritual Gifts, v. 4 (Dons Espirituais), com um artigo de 30 páginas sobre saúde.
1865, 25 de dezembro - Tem a visão sobre a necessidade de fundar uma instituição médica.
1866, setembro - Inauguração do Instituto Ocidental de Reforma Pró-saúde.
1868, 1 a 7 de setembro - Assiste à primeira reunião geral dos Adventistas do Sétimo Dia, realizada num bosquete, em Wright, Michigan.
1870 - Publicado o primeiro volume da obra Spirit of Profecy (Espírito de Profecia), precursor do livro Patriarcas e Profetas.
1874, junho - Com Tiago White em Oakland, na Califórnia, funda a Pacific Press Publishing Association e a revista Signs of the Times.
1875, 3 e 4 de janeiro - Assiste à dedicação do Colégio de Battle Creek. Visão das casas publicadoras em outros países.
1876, agosto - Fala a 20 mil pessoas numa reunião geral em Groveland, Massachusetts.
1877, 1º de julho - Fala a cinco mil pessoas em Battle Creek sobre temperança.
1881, 6 de agosto - Morte de Tiago White.
1881, 13 de agosto - Fala durante dez minutos no enterro de Tiago White, em Battle Creeck.
1882 - Promove a publicação de Early Writings (Primeiros Escritos), reunindo três outros livros publicados anteriormente.
1884 - Tem sua última visão pública de que há notícia, numa reunião geral em Portland, Oregon.
1884 - Publicação de Spirit of Prophecy, v. 4, precursor do livro O Grande Conflito.
1885 - Parte da Califórnia com destino à Europa.
1888, abril - Ocorre a publicação do livro Great Controversy (O Grande Conflito).
1888, outubro-novembro - Assiste à Assembleia da Associação Geral em Minneapolis.
1890 - Publicado o livro Patriarcas e Profetas.
1890 - Publicado Christian Temperance and Bible Hygiene, precursor do livro A Ciência do Bom Viver.
1891, 12 de setembro - Navega para a Austrália, via Honolulu.
1891, 8 de dezembro - Chega a Sidnei, Austrália. Logo após, é acometida de reumatismo inflamatório que a confina ao leito por uns oito meses. Embora sofresse intensamente, continua a escrever.
1892, junho - Fala na inauguração da Escola Bíblica Australiana, em Melbourne.
1892 - Publicação dos livros Caminho a Cristo e Obreiros Evangélicos.
1895, dezembro - Muda-se para Cooranbong, onde foi escrita grande parte do livro O Desejado de Todas as Nações.
1898 - Publicado o livro O Desejado de Todas as Nações.
1900 - Publicado o livro Parábolas de Jesus.
1900, agosto - Deixa a Austrália e regressa aos Estados Unidos.
1900, outubro - Passa a residir em Elmshaven.
1901, abril - Assiste à Assembleia da Conferência Geral em Battle Creek.
1903, outubro - Enfrenta a crise panteísta.
1903 - Publicado o livro Educação.
1904 - Ajuda no início da obra em Washington, D.C.
1905 - Assiste à Assembleia da Conferência Geral em Washington D.C.
1905 - Publicado o livro A Ciência do Bom Viver.
1905, junho-dezembro - Empenha-se na aquisição e no estabelecimento do Sanatório de Loma Linda.
1909, abril-setembro - Aos 81 anos de idade, viaja para Washington, D.C., a fim de assistir à Assembleia da Conferência Geral. Esta foi sua última viagem para o Leste dos EUA.
1910, janeiro - Desempenha uma parte proeminente no estabelecimento do Colégio de Médicos Evangelistas, em Loma Linda.
1911 - Publicado o livro Ato dos Apóstolos.
1911-1915 - Estando em idade avançada, realiza apenas algumas viagens à Califórnia do Sul. Completa os livros Profetas e Reis e Conselhos a Pais, Professores e Estudantes.
1915, 13 de fevereiro - Cai em sua casa em Elmshaven, quebrando os quadris.
1915, 16 de julho - Termina sua vida profícua aos 87 anos de idade em Santa Helena, Califórnia.
1915, 25 de julho - É sepultada no cemitério de Oak Hill, em Battle Creek, Michigan.

[Veja informações mais detalhadas em Centro White e Chan Shun Centennial Library]

domingo, 24 de maio de 2020

O Silêncio de Deus

Se há algo incômodo em professar uma crença religiosa, é lidar com o sofrimento. Principalmente o sofrimento alheio. Tentar “encaixar” a presença, a soberania, o amor e a justiça de DEUS quando alguém sofre é, geralmente, uma tarefa difícil e arriscada. Arriscada porque nossa compreensão da dor alheia é sempre simplista, egoísta e limitada.

A dor e o sofrimento alheios parecem um convite ao questionamento e à dúvida. 

Talvez o mais clássico dos questionamentos acerca disso que ecoa ainda hoje é onde estava DEUS durante o Holocausto. A crítica é que DEUS parece ter ignorado, ou feito visto grossa. A crítica é de que ELE parece ter ficado em silêncio.

Essa ideia do silêncio de DEUS é bem interessante. Marjo Korpel e Johannes de Moor escreveram um bom livro a esse respeito, “The Silent God”. Uma das sacadas dos autores é apontar de que maneira o silêncio na comunicação entre seres humanos e entre ser humano e DEUS ocorrem na Bíblia (e na literatura do Antigo Oriente Próximo). 

As conclusões são curiosas. 

O silêncio entre seres humanos se dá por alguma ofensa feita por um dos lados, por temor ou medo, por prudência, incapacidade ou, curiosamente, por alguém estar dormindo. O ser humano se silencia diante de Deus pelos mesmos motivos, conforme esse estudo.

Já o silêncio de DEUS em relação ao ser humano se dá por alguma ofensa que esse humano tenha cometido contra DEUS, ou por prudência –duas categorias semelhantes às mencionadas nos outros “silêncios” da Bíblia. Entretanto, há no silêncio de DEUS em relação ao ser humano um aspecto novo: o silêncio incompreensível. Não há qualquer explicação. DEUS simplesmente se calou.

Talvez o Salmo 22:1-2 [2-3] traduza melhor o sentimento: 

“Deus meu, Deus meu,
por que me desamparaste?
Distante de me ajudarem estão as palavras do meu gemido.

Deus meu,
eu choro de dia, mas não me respondes,
e de noite, mas não encontro descanso.”

Quer dizer, no meio de seu sofrimento, o salmista não encontra resposta de DEUS. Só há silêncio. Jesus, no madeiro, cita exatamente esse salmo. O DEUS que havia falado quando do Seu batismo, agora Se cala quando da Sua morte. No momento de unção e alegria, a voz ecoa “Tu és meu Filho amado”. No momento de angústia, solidão e desespero… silêncio. 

Incompreensível. 

Talvez a chave esteja em entender melhor o silêncio na comunicação de maneira geral. Silêncio não existe sem som. Como coloca Christoph Wulf: “A melodia da fala consiste em palavras e pausas. Silêncio tem seu tempo e lugar nas pausas entre as palavras e frases nas quais o pensamento é formado. Para o ouvinte é uma preliminar necessária para decodificar a dimensão semântica e metafórica da fala. Todo falante usa não apenas palavras, mas também não-palavras, as pausas, os lugares e momentos de estar silente. Silêncio é um constituinte da interação. Uma pessoa falando faz com que as outras fiquem em silêncio, fazendo-as sua audiência e determinando o silêncio deles por sua fala. O ouvir deles é parte da fala e, portanto, do entendimento.”

Deste modo o silêncio constrói dois aspectos fundamentais da comunicação: a organização da fala de quem fala e a oportunidade para entender o que é falado por parte de quem ouve. 

Por fim, um longo silêncio na comunicação indica que o discurso terminou. E agora é hora da resposta. 

Portanto, se DEUS está silente, talvez seja hora do ser humano falar a Seu respeito. Talvez ELE já tenha comunicado Sua verdade e encerrado Sua fala e, agora, seja a hora da resposta. Um midrash antigo diz: “Quando vocês forem minhas testemunhas, então eu sou DEUS.”

Não à toa uma série de textos bíblicos falam do povo de DEUS como testemunha dELE (Josué 24:22; Atos 1:8; etc). Assim, em primeira instância, o silêncio de DEUS é um convite para que falemos dELE. 

Por fim, se ELE falar através de nossas ações e também de nossas palavras, ELE não estará em silêncio.

Porque através de Seu Espírito, Ele continua falando hoje em Sua Palavra (Bíblia) e deveria continuar falando através de Seu povo.

Nosso silêncio implica no silêncio de DEUS. ELE fala através de nós. ELE alivia a dor e o sofrimento do mundo através de você. 

Ademais, o fato de pensarmos em Seu silêncio é um claro indicativo de que ELE já nos falou em algum momento. E é na esperança de ouvi-lO novamente que deveríamos nos mover. 

E, em breve, ELE mesmo falará “Vinde benditos de meu Pai”. 


Nota do blog: Muito interessante também este texto de Ellen G. White para refletirmos:

"A Bíblia nos mostra Deus em Seu alto e santo lugar, não em um estado de inatividade, não em silêncio e solidão, mas circundado por miríades de miríades e milhares de milhares de seres santos, todos esperando por fazer a Sua vontade. Por meio desses mensageiros, Ele está em ativa comunicação com todas as partes de Seus domínios. Por Seu Espírito está presente em toda parte. Por meio de Seu Espírito e dos anjos, ministra aos filhos dos homens. Acima das perturbações da Terra, está Ele sentado em Seu trono; tudo está patente ao Seu exame; e de Sua grande e serena eternidade, ordena aquilo que melhor parece a Sua providência" (A Ciência do Bom Viver, p. 183).