sexta-feira, 30 de abril de 2021

A LINGUAGEM DAS LÁGRIMAS

Criador dos Céus e da Terra, Rei das estrelas e dos átomos, Senhor do macro e do micro, Tu que habitas a eternidade e cujo nome é Santo, bendito sejas do nascer ao pôr do sol, de eternidade a eternidade, do norte ao sul, do oriente ao ocidente, das profundezas às alturas, dos buracos negros às galáxias iluminadas!

Do Teu trono no templo do Céu, rodeado por milhões de anjos, lança Teu olhar sobre este pequeno planeta dominado por agentes nanométricos do mal.

Inclina os ouvidos e ouve as respirações ofegantes de pacientes com saturação mínima e hipóxia silenciosa em busca do ar precioso.

Nestes tempos terríveis, em que pessoas se vão sem um ritual de despedida, relembra os mais de 3 milhões de vítimas do vírus e escreve o nome dos santos em Teu memorial.

Num cenário de distopia, cura o povo, sara a Terra, renova a criação.

Nesta época de conspiração e negacionismo, livra-nos da inversão da realidade e dos discursos da estupidez.

Na disrupção evidenciando que não temos controle sobre nada, ajuda-nos a perceber nossa transitoriedade.

Sê nossa esperança em meio ao desespero, nossa paz em meio à inquietação, nossa certeza em meio à incerteza.

Guia os pesquisadores e abençoa os que arriscam a vida para vencer a doença.

Dirige os governantes para que tenham visão, sabedoria, senso de justiça e um pouco de humanidade.

Além dos que não têm teto, abrigo e amor, lembra-Te dos que não podem trabalhar em casa e precisam enfrentar coletivos lotados.

Transforma nossas doações e ações em pão de trigo para os desnutridos e em oferta do Pão da Vida aos famintos.

Cessa a praga para mostrar Tua glória, se esse for o Teu propósito, porque Tu vês o invisível, realizas o impossível e mudas o irreversível.

Cicatriza as escoriações e usa o lenço do futuro para enxugar as lágrimas do presente.

Ensina-nos a dizer “o Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” e “passa de mim este cálice, mas não seja feito o que eu quero, e sim o que Tu queres”.

Faze da catástrofe triunfo e da maldição bênção, porque Tu podes construir cosmos no caos, fazer crescer flores no deserto, tirar vida da morte.

Derrama sobre nós o Teu Espírito, a ­Bênção acima de todas as bênçãos, para levar vida aos que só têm por companhia a morte.

Guia-nos em segurança pelo território não mapeado do futuro, usando o GPS da profecia.

Em todas as circunstâncias, que encontremos refúgio na Rocha eterna, ao abrigo da Tua mão!

Talvez esta prece imperfeita seja torta aos Teus olhos, mas combina as letras e cria o enredo que Te parecer agradável. Que ela suba a Ti no incenso do Sacrifício, no voo de anjos, no gemido do Espírito!

Criador do Universo, Senhor das nações, Soberano dos povos, que Tua justiça prevaleça e Teu reino seja definitivamente estabelecido.

Que esta oração tenha um efeito borboleta, desperte conexões e ajude a combater o mal!

No Nome acima de todos os nomes, o A e o Z, o Primeiro e o Último, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Indescritível, o Incomparável, o Inquestionável, o Superlativo, o conquistador da Morte e o Doador da vida, oramos. Amém!

Marcos De Benedicto (via Revista Adventista)

quinta-feira, 29 de abril de 2021

PESSOAS INSUPORTÁVEIS!!!

Todos nós conhecemos e convivemos com pessoas insuportáveis dentro da igreja. Gente chata, pedante, mentirosa, enganadora, hipócrita, arrogante, sem noção, inconveniente, deselegante, ofensiva, sem limites, abusada, sem amor, irritante, insubmissa, incompatível… Nossa, são tantos os adjetivos que tornam uma pessoa insuportável que fica até difícil listar todos. Mas elas estão aí, fazem parte da nossa vida, a convivência geralmente é compulsória e não tem jeito: somos obrigados a compartilhar ambientes, conversas, tarefas ou simplesmente a presença delas. A pergunta é: como suportar as pessoas insuportáveis que convivem conosco na igreja?

Nessa hora, como em tudo na vida, temos que voltar nossos olhos para as Sagradas Escrituras em busca de respostas. Porque, se formos agir segundo a nossa carne, simplesmente vamos começar a brigar, ofender, cortar relações e a ter outras reações nada espirituais com relação a essas pessoas insuportáveis. Quando, na verdade, Jesus deseja que nós consigamos conviver com o diferente. Porque, se você parar pra pensar, a pessoa nada mais é do que uma “pessoa diferente” de você. Numa família, por exemplo, onde todos falam baixo, o insuportável é aquele primo que fala alto como um italiano. Já num família de italianos, o insuportável pode ser aquele que não participa da bagunça, como aquele primo que se comporta como um inglês.

Então, ser ou não ser insuportável depende de quão diferente alguém é de você. Esse é o parâmetro. Eu já ouvi de certas pessoas “nossa, o fulano é tão caladinho”. Outras vezes, ao final de uma viagem soube que esse mesmo fulano incomodou as pessoas no carro “de tanto que ele falou”. Certamente tal fulano não é calado e tagarela ao mesmo tempo, mas dependendo do contexto em que está se torna mais ou menos insuportável.

E, vou te contar um segredo: a esmagadora maioria das pessoas é diferente de você. Logo, insuportável. Dentro da igreja, então, onde todos deveriam ser um amor e agir segundo o exemplo de Cristo, o coeficiente de insuportabilidade é enorme. Que fazer? Deixar de ir à igreja? Fugir da comunhão? Paulo toca no assunto em Efésios 4. Ele diz:

“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor“.

Repare: de todas as atitudes que o apóstolo poderia nos recomendar ter, ele nos manda logo “suportar uns aos outros“. E se você for pensar bem, ele certamente não está mandando suportar quem é gente fina, os carismáticos, os que nos fazem rir e sorrir. Está se referindo aos insuportáveis. Mas, e aí, qual é o segredo para conseguir isso? Como suportar os insuportáveis como a Bíblia manda? O segredo é o que Paulo diz logo depois: “suportando-vos uns aos outros em amor“. Amor: essa é a formula mágica. Isso se confirma quando lemos 1 Coríntios 13:7:

“O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta“.

Sim, o amor tudo suporta, inclusive o que é insuportável. Senão não seria “tudo”. “Mas falar de amor é fácil”, alguém poderia argumentar”, “na hora de lidar com a pessoa insuportável quero ver amar de verdade”. Só que esse amor não se restringe a um sentimento fácil. Exige esforço. Exige a consciência de que dele depende a união do Corpo de Cristo. Repare o que o apóstolo Paulo diz em Efésios logo em seguida a “suportando-vos uns aos outros em amor”:

“Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação“.

Amar aqui é uma atitude apresentada como algo que exige esforço. E não um esforço qualquer, mas um esforço “diligente”, ou seja, com zelo, com cuidado, com dedicação. E com qual finalidade? “Preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz“.

Deus deseja paz para sua Igreja. Deseja paz para cada membro de seu Corpo. Para os gente fina, mas também para os insuportáveis. Jesus nunca prometeu que na congregação dos santos todos seriam pessoas fantásticas, nossos melhores amigos. Temos que amar todos os que ali estão, o que significa um grande esforço para aturá-los em suas chatices. Você certamente sabe quem são os insuportáveis da sua igreja. Ame-os. Suporte-os. Despenda esforços nesse sentido. E faça isso com zelo. Pois essa é a única forma possível de haver unidade na Igreja.

Ah, só mais uma coisa: nunca se esqueça de que o insuportável da sua igreja pode ser… você.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Maurício Zágari (via Apenas)

Nota: Confira alguns bons conselhos de Ellen G. White sobre a difícil arte da convivência:

"Devemos escolher a convivência mais favorável ao nosso progresso espiritual, aproveitando-nos de todo auxílio ao nosso alcance, pois Satanás colocará muitos obstáculos para tornar nossa marcha em direção ao Céu o mais difícil possível" (Mensagens aos Jovens, p. 419).

"Todas as relações sociais exigem o exercício do domínio próprio, paciência e simpatia. Diferimos tanto uns dos outros em disposições, hábitos e educação, que variam entre si nossas maneiras de ver as coisas. Julgamos diferentemente" (A Ciência do Bom Viver, p. 483).

"Se todos os cristãos professos usassem suas faculdades investigadoras para ver quais os males que neles mesmos carecem de correção, em vez de falar dos erros alheios, existiria na igreja hoje uma condição mais saudável. Precisamos olhar às faltas dos outros, não para condenar, mas para restaurar e curar. Vigiai em oração, ide avante crescendo, obtendo mais e mais do espírito de Jesus, e semeando o mesmo sobre todas as águas" (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 635-638).

"O inimigo que mais carecemos temer é o próprio eu. Nenhuma vitória que possamos ganhar será tão preciosa como a vitória sobre nós mesmos" (A Ciência do Bom Viver, p. 485)

quarta-feira, 28 de abril de 2021

LISA SIMPSON E O EVANGELHO

No seriado Os Simpsons, toda a famosa família é protestante e frequenta a Primeira Igreja de Springfield, pastoreada pelo reverendo Lovejoy, exceto a filha mais velha Lisa Simpson, que é budista. Lisa é a filha que todo pai gostaria de ter. Ela é carismática, educada e inteligente, além de muito boa em matemática, física, astronomia, medicina, história, geografia, ciências e biologia. Toca sax profissionalmente, é super preocupada com questões ambientais e ainda é vegetariana. Algo de errado com ela? Não! Lisa é a pessoa da família Simpson que mais reflete Jesus em suas atitudes, porém ela não crê em Jesus, não vê em Cristo o Deus encarnado que morreu por amor a humanidade e que ensinou aos Seus seguidores a amar como Ele amou.

Em João 13:34, Jesus diz ao seus discípulos: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros“.

Ellen G. White diz: “O amor é o princípio da ação. Modifica o caráter, governa os impulsos, domina as paixões, subjuga a inimizade e enobrece as afeições. Esse amor, abrigado no coração, ameniza a vida e espalha ao redor uma influência enobrecedora” (Caminho a Cristo, p. 59).

O ponto é que, num mundo tão carente de boas referências, a sociedade espera bons exemplos, sobretudo dos cristãos. São vários os métodos utilizados na pregação do evangelho, mas talvez o mais eficaz deles seja a influência pessoal. E, segundo Ellen G. White, o cristão deve utilizá-la em favor da humanidade. “Mediante Cristo, Deus conferiu ao homem uma influência que lhe tornaria impossível viver para si próprio. […] É propósito de Deus que cada um se sinta imprescindível ao bem-estar dos outros, e procure promover a sua felicidade” (Serviço Cristão, p. 26). Quando eu me torno seguidor de Cristo, devo através das minhas ações tornar Cristo real para os outros.

Lisa nasceu em um lar cristão, até que um dia, mais precisamente no episódio “Uma questão de fé”, ela se decepciona com atitudes dos seguidores de Jesus e resolve conhecer o templo budista da cidade. Ter nascido em um lar cristão e ter frequentando a igreja desde pequena não foi suficiente para ela conhecer o Cristo verdadeiro, pois à sua volta não havia ninguém que imitasse Jesus em suas atitudes.

O seu pai, Homer Simpson, apesar de ser presente e ir à igreja todos os domingos, não possui as características de um seguidor de Jesus. Homer é um péssimo funcionário, vive em discórdia com o seu vizinho Ned Flanders, é invejoso e tem dificuldade de confiar em Deus, sua escapatória para as crises sempre é o Bar do Moe e as cervejas, e nunca o Cristo e sua palavra.

Bart, apesar de ser muito amigo de Lisa e também ir à igreja todos os domingos, é um péssimo aluno, vive infernizando a vida da vizinhança e adora bater nos colegas nerds.

Seu vizinho, Ned Flanders, é um religioso fervoroso e legalista, porém mentiroso, vive em conflito com os outros e já tentou seduzir a senhora Simpson (Marge).

O próprio pastor da igreja, reverendo Lovejoy, é um homem que demonstra pouco conhecimento da Palavra. Tem uma esposa que é considerada a maior fofoqueira de Springfield e sua filha é uma das piores crianças da cidade.

Esse é o cenário em que Lisa Simpson cresceu. Ela já ouviu falar muito de Cristo, mas não O viu de forma real na vida dos outros. 

Qual tipo de pais temos sido? Um pai honesto que ensina o filho no caminho da fé ou simplesmente um hipócrita, que na igreja é uma coisa e em casa outra? Que tipo de vizinho temos sido? Aquele que é bem visto e querido por todos ou aquele que não se relaciona, que perturba a vizinhança e vive em dissidência com todos da rua? Que tipo de cristão nós temos sido?

Fomos chamados para ser sal e luz nesse mundo. O sal serve para dar sabor à carne, portanto ser sal do mundo serve para dar o sabor de Cristo ao mundo. Ser luz é apontar a claridão para as pessoas, e não simplesmente virar o holofote para si e se achar o mais abençoado de todos.

Em Mateus 5:16, Jesus disse: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus“.

Nossa vida deve ser tal que leve outros a ter sede de Jesus, de uma vida nova. Deve criar dentro das pessoas com as quais convivemos e trabalhamos, sede por aquilo que é melhor. As pessoas devem ser atraídas a Jesus por causa de nossa alegria, nossa bondade e gentileza. Elas devem se sentir importantes pela nossa maneira de tratá-las. Devemos mostrar um cristianismo contagiante e atraente.

Vejamos também o que Ellen G. White nos diz sobre a importância dos efeitos de nossa influência como cristãos:

"Nós mantemos uma soleníssima relação uns com os outros. Nossa influência é sempre ou a favor ou contra a salvação de pessoas. Estamos ou juntando com Cristo, ou espalhando por volta. Devemos andar humildemente e fazer retos caminhos, para que não desviemos outros do caminho certo. [...] Oh! que cada um de nós se possa tornar um cheiro de vida para vida aos que nos cercam! As boas qualidades que muitos possuem acham-se ocultas e, em vez de atrair pessoas para Cristo, eles as repelem. [...] Que Cristo seja visto em tudo que fazeis. Vejam todos que sois vivas epístolas de Jesus Cristo. Cada palavra que proferis, cada ato que praticais, tem para com os que convosco se associam uma influência para bem ou para mal; e, oh! quão necessário é que, pela fé, tenhais a Cristo habitando em vosso coração, a fim de que vossas palavras sejam palavras de vida, e vossas obras, atos de amor" (Mente, Caráter e Personalidade 2, pp. 431-440).

Nossa vida deve brilhar à luz de Cristo. Nossas obras devem apontar para Jesus e, assim, através de nós, Jesus se tornar real e verdadeiro na vida dos vários e várias “Lisas Simpson” que cruzam o nosso caminho. 

[Assista aqui ao episódio "Uma questão de fé": youtube.com/watch?v=xjtjexicjEk]

DICRÓ, A SOGRA E A BÍBLIA

O Dia da Sogra é comemorado no Brasil no dia 28 de abril. Na cultura popular moderna, a sogra é vista como um fardo a ser carregado, e muitas vezes, a palavra acaba por adquirir sentido pejorativo. O que não falta é piada de sogra. E aquelas frases escritas nos para-choques de caminhões nas rodovias brasileiras? Algumas delas: “Homem feliz foi Adão, não teve sogra nem caminhão”, “Sequestraram a minha sogra! Não aceito negociações!”.

O saudoso sambista Carlos Roberto de Oliveira, o Dicró, era muito conhecido por compor músicas falando mal da sogra. Um dos seus sambas diz: “Vou fazer um bingo lá na casa da vovó, o prêmio é minha sogra, sai numa pedra só”. Em outro ele diz: "Com minha sogra eu não quero graça, a ela tenho muito respeito, ela bebe cachaça e fuma charuto, tem bigode e cabelo no peito". E depois completa: "Veja que mulher danada pra gostar de confusão, ela tocou fogo no meu barraco e também quebrou minha televisão, rasgou toda minha roupa e jogou fora o meu colchão". 

O escritor Andrey do Amaral lançou o sucesso Como Enlouquecer Sua Sogra, com diversas reimpressões. Outro livro sobre o assunto é Como lidar com a sogra de Gary Chapman. Até a TV Novo tempo tratou do assunto no programa Consultório de Família em Quando a sogra faz mal (assista aqui).

Mas... por que se fala tanto mal da sogra?

Uma teoria está na mitologia grega, no famoso complexo de Jocasta, mãe de Édipo, com o qual se casou sem saber que era seu filho. A linha de raciocínio é que para conquistar o filho, mãe e esposa lutam pelo mesmo homem, criando assim uma série de animosidades.

Já na Bíblia, encontramos bons exemplos de sogras e sogros. Vejamos: Noemi foi uma sogra de que toda nora gostaria ter. O apego de Rute foi tão grande para com sua sogra que disse: “Não insista comigo que te deixes e que não mais te acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares, ficarei! O teu povo será o meu Deus! Onde morreres, morrerei, e ali serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo vigor, se outra coisa que não a morte me separar de ti!” (Rute 1:16-17).

Uma outra sogra que todo genro gostaria ter foi a sogra de Pedro. Não sabemos o seu nome, mas podemos deduzir pelo texto de Marcos 1:29-31 que tenha sido uma boa sogra. A Bíblia diz que ela estava com uma febre muito alta e muitos foram até Jesus pedindo para que Ele a curasse. Todos desejavam o pleno restabelecimento de sua saúde. Cremos, à luz desse fato, que era uma mulher querida por todos. Depois de seu restabelecimento, sua primeira atitude foi de servir aqueles que se encontravam na casa. Uma mulher pronta para abençoar as pessoas através do serviço. Pedro não tinha dificuldades com a sogra. Tanto, que o texto diz que ela estava na casa do discípulo de Jesus.

E sobre os sogros? O sogro que todos nós conhecemos na Bíblia se chamava Jetro, sogro de Moisés (Êxodo 18). Uma leitura atenta desse capítulo irá nos fornecer muitas lições maravilhosas sobre como ser um bom sogro ou até mesmo uma boa sogra.

Viver em harmonia na família, especialmente com as sogras ou sogros, é uma exercício que requer muita habilidade. Para cada relacionamento familiar, a Bíblia nos dá indicações preciosas de princípios que devem ser colocados em prática. Certamente, se estudarmos com atenção esses exemplos positivos de relacionamentos de sogras-noras e sogros-genros, podemos ser tremendamente beneficiados.

Hoje é o Dia da Sogra. Em vez de lhe mandar uma vassoura, envie-lhe flores ou um cartão. Você vai ver que o gesto de carinho pode realizar milagres.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

QUANDO O MATERIALISMO ENTRA NA IGREJA

A igreja é uma espécie de cercado. Muitas vezes enxergamos ela como um local de proteção e esconderijo. Essa visão é problemática porque subverte a função da igreja que é ser sal e não saleiro.

E por esse exemplo já podemos ver claramente que ideias as quais gostaríamos que não entrassem para o contexto cristão, acabam entrando com o conceito de “bem-intencionadas”. As pessoas pensam que precisam proteger a igreja dos modos e costumes do mundo, quando, na verdade, o que nós precisamos combater (perceba que a postura não é de defesa, mas de ataque, sal e não saleiro) são as ideias deste mundo.

“E não vos conformeis com este século (a palavra para século é mundo em grego), mas transformai-vos pela RENOVAÇÃO da vossa MENTE” (Romanos 12:2 – destaques acrescentados). O problema não está na casca, mas no conteúdo. Não é um problema que se soluciona trocando de roupa, mas de forma de pensar.

Perigo ao cristianismo
Por isso, o verdadeiro perigo ao cristianismo está em deixar adentrar ideias que são deste mundo. Até porque uma contaminação de ideias é muito mais perigosa e contagiosa do que uma contaminação de aparência. A primeira é silenciosa e a segunda é óbvia e evidente.

Fiz uma série inteira de textos aqui sobre materialismo, mas penso que cabe revisitarmos o tema dado o tempo em que vivemos. Porque mais uma vez o cristianismo sofre ataque desse pensamento nefasto.

Apesar de termos textos claros na Bíblia quanto a isso, continuamos insistindo na ideia de que a igreja é o prédio. É claro que diante de uma pandemia, todos nós estamos extremamente afetados pela necessidade de comunidade. Queremos nos ver, nos encontrar e nos abraçar. E isso é muito humano e até bonito. No entanto, existe o risco de não fazermos a reflexão que pretendo fazer aqui e nos deixarmos sorrateiramente a pensar que há uma importância no prédio. É um detalhe sutil, mas igualmente nefasto, porque tira poder daquilo que Deus deu poder. O verdadeiro templo.

Quem não se lembra desse texto? “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens” (Atos 17:24). Ou desse: “Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens…” (Atos 7:48).

A despeito da clareza do texto insistimos em acreditar que o prédio é sagrado ou tem alguma santidade. Isso porque nós esquecemos que “vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (2 Coríntios 6:16). “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pedro 2:5). Mas não quero me repetir aqui, mas apenas resumir o conceito.

Confusão de conceitos
Em vários momentos, Cristo falou do que era espiritual e as pessoas entendiam o que é material. O que demonstra que não conseguimos entender o que Jesus diz porque somos muito apegados ao material. Quando Jesus disse que destruiria o templo e o reconstruiria em três dias, falava do próprio corpo e não do prédio. Os fariseus não puderam entender. Do mesmo jeito as coisas espirituais continuam sendo confundidas com as materiais. A igreja (prédio) com o templo (corpo) onde Deus realmente habita.

Quando Jesus conversou com a mulher samaritana ela perguntou a Ele se Deus deveria ser adorado na montanha ou no templo, os dois locais de adoração do Samaritano e do Judeu, respectivamente. Jesus disse: “vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”(João 4:23-24 grifo acrescentado).

Nossa luta jamais deverá ser pela manutenção do prédio, mas pela comunidade que nele participa. Sob essa visão bíblica de igreja, me diga você: é melhor estarmos espalhados e conectados ou amontoados e concentrados?

Esperamos que essa fase termine logo para podermos reencontrar os amigos, nos abraçarmos, comermos juntos, orarmos juntos, sorrir juntos. Mas não deixe uma coisa confundir a outra, o templo somos nós. Deus habita em nós. Temos total independência do prédio, ou ao menos deveríamos ter. Nós somos o sacerdócio real.

E quando a pandemia terminar vamos voltar para o prédio para encontrar os templos de Deus. Essa comunidade de templos tem uma função: ser sal onde estiverem, para que Deus esteja ali também. Não se confinem em um prédio! Não se esqueçam que a perseguição dos últimos dias é para espalhar o povo que insiste em se aglomerar em um mesmo lugar, espalhar o sal que insiste em ser saleiro.

Reúnam-se com a missão e o foco claro de se espalhar. Reúnam-se para lembrar que o fim não é a comunidade, mas um reino. Há muitos templos que ainda não podem ser habitados por Deus, que o nosso templo leve o Salvador onde Ele quer tanto chegar, corações que ainda não o conheceram. Seja o sal.

Diego Barreto (via O Reino)

sábado, 24 de abril de 2021

DOENÇAS DA ALMA

Há milênios, a humanidade observa que existe uma relação entre a mente e o corpo no que se refere ao bem-estar e ao surgimento de doenças. Porém, foi somente nos últimos 50 anos que se constatou que essa ligação é mais direta do que se imaginava, e que se passou a estudar empiricamente os mecanismos fisiológicos desses processos.

Por meio de pesquisas nos campos da psicologia, neuroimunologia, biopsicologia, neurogastroenterologia, entre outras áreas, pode-se estabelecer cientificamente essa relação e identificar anatomicamente como ocorre a comunicação entre o cérebro e os demais órgãos. A interface entre as emoções e o organismo humano é chamada de sistema neuroendócrino, que é formado principalmente pelas glândulas pineal e supra-renais, além da hipófise, hipotálamo e tireoide.

Para os que acreditam na veracidade da Bíblia, o primeiro relato que se tem na história humana sobre uma resposta física a um sentimento negativo ocorreu no jardim do Éden. Ao desobedecerem a Deus, a luz que cobria a nudez de Adão e Eva se dissipou e, imediatamente, sentiram medo e se esconderam do Criador (Gn 3:7, 8). Com o conhecimento científico que temos hoje, poderíamos explicar o que ocorreu no corpo deles: a sensação de perigo iminente desencadeou uma sequência de eventos fisiológicos que começou na parte do cérebro conhecida como amígdalas, passando pelo hipotálamo, que, por sua vez, desencadeou a liberação dos hormônios do estresse via glândulas suprarenais, induzindo assim a uma resposta de fuga diante do medo.

Desde essa queda moral, os sentimentos de cobiça, medo, vergonha e culpa têm afetado milhões de pessoas, lançando as sementes das doenças psicossomáticas (junção de duas palavras gregas: psique – alma e soma - corpo), que são respostas patológicas às tensões emocionais. Em Seu ministério terrestre, quando Jesus percebia que um doente sofria também de um forte sentimento de culpa causado pela transgressão dos mandamentos morais e/ou das leis de saúde, Ele aconselhava: “Vá e não peques mais para que não te suceda coisa pior” (Jo 5:14).

Ellen White, pioneira adventista, escreveu que a maioria das enfermidades tem sua origem nos pensamentos e sentimentos (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 443 e 444). “Enfermidades mentais prevalecem por toda parte. Nove décimos das doenças das quais os homens sofrem têm aí sua base. Talvez algum vivo problema doméstico esteja, qual cancro, roendo até à alma e enfraquecendo as forças vitais. Remorsos pelos pecados às vezes encobrem a constituição e desequilibram a mente. Há também doutrinas errôneas, como a de um inferno sempre ardente e o eterno tormento dos ímpios que, dando exagerada e distorcida visão do caráter de Deus, têm produzido os mesmos resultados sobre as mentes sensíveis.”

Essa declaração faz mais sentido ainda quando percebemos que são as angústias e tensões que abrem caminho para vários comportamentos não saudáveis, como comer muito e buscar satisfação imediata no uso de cigarro, álcool e drogas ilegais.

A prevenção e cura dessas enfermidades psicossomáticas se encontram na libertação pessoal dos sentimentos e pensamentos que lhe deram origem. Essa tarefa é possível apenas com a ajuda de Deus, o autoconhecimento e, em alguns casos, com assistência psicológica. Particularmente, creio que o aumento de enfermidades neuropsiquiátricas nos últimos 30 anos se deve, em grande medida, à desobediência consciente ou inconsciente das leis moral e de saúde deixadas por Deus. Portanto, tentar tratar as doenças psicossomáticas sem reconhecer essa dimensão do problema pode trazer apenas resultados limitados e transitórios.

A boa notícia é que, para cada sentimento negativo, Deus oferece um remédio: para a cobiça, a liberalidade; para o medo, a fé; para a vergonha, a restauração da dignidade; para o sentimento de culpa, o perdão. Porém, não devemos esquecer que essas mudanças são possíveis somente com nossa permissão para que Deus transforme nossa vontade, formando em nós uma nova natureza.

Diante desse quadro, cabe aos médicos, psicólogos e outros profissionais cristãos da área da saúde não apenas buscar o alívio dos sintomas, mas orar com os pacientes e orientá-los para que encontrem a cura completa em Deus.

Silmar Cristo (via Revista Adventista)

sexta-feira, 23 de abril de 2021

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE SÃO JORGE

Talvez poucos saibam, mas dia 23 de Abril é dia dedicado a São Jorge. Famoso por matar o dragão e por ter seu retrato estampado na lua, São Jorge é personagem singular dentro do sincretismo religioso brasileiro e consegue unir cristãos, espiritualistas e até amantes de futebol (é santo padroeiro de um clube de futebol brasileiro). Mas o mais que sabemos sobre ele é apenas fruto de lendas e crendices. Rejeitado pelos cristãos ditos evangélicos tradicionais, São Jorge é uma figura até certo ponto desconhecida. Com o objetivo de ajudar a resgatar a verdadeira história do insigne personagem escondida debaixo das lendas e superstições populares, confira o texto abaixo de Hermes C. Fernandes.

Em torno do século III d.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge de Anicii. Filho de pais cristãos, converteu-se à fé cristã ainda na infância, quando passou a temer a Deus e a crer em Jesus como o salvador do mundo. Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe, após a morte de seu pai. Tendo ingressado para o serviço militar, distinguiu-se por sua inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física e porte nobre. Foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade.

Tantas qualidades chamaram a atenção do próprio Imperador, que decidiu lhe conferir o título de Conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções. Nessa mesma época, o Imperador Diocleciano traçou planos para exterminar os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e, afirmando sua total lealdade a Cristo, recusou-se a prestar culto a qualquer outra divindade . Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande coragem sua fé.

Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O que é a verdade?". Jorge respondeu: "A verdade é o meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e n'Ele confiando, pus-me no meio de vós para dar testemunho da Verdade." Como Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o Imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar aos deuses romanos. Porém, este santo homem de Deus jamais abriu mão de suas convicções e de seu amor a Jesus. Todas as vezes em que foi interrogado, sempre declarou-se servo do Deus Vivo, mantendo seu firme posicionamento de somente a Ele prestar culto.

Em seu coração, Jorge de Capadócia discernia claramente o propósito de tudo o que lhe ocorria, lembrando-se das palavras de Jesus aos Seus discípulos: “...vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho”. (Lucas 21:12:13). A fé deste jovem soldado era tamanha que muitas pessoas passaram a crer em Jesus e confessá-lo como Senhor por intermédio do seu testemunho. Durante seu martírio, Jorge mostrou-se tão confiante em Cristo e em Sua obra redentora na cruz, que a própria Imperatriz alcançou a Graça da salvação eterna, rendendo sua vida a Cristo. Sua fidelidade e amor a Deus contagiaram o coração de toda uma geração de romanos.

Por fim, Diocleciano mandou degolar o jovem e fiel discípulo de Jesus em 23 de abril de 303. Em pouco tempo, a devoção a São Jorge se popularizou. Celebrações e petições às imagens que o representavam se espalharam pelo Oriente e, depois das Cruzadas, tiveram grande aceitação no Ocidente. Como se não bastasse, muitas lendas foram se somando à sua história, inclusive a que diz que ele teria enfrentado e amansado um dragão que atormentava uma cidade.

Em 494, a devoção era tamanha que a Igreja Católica o canonizou, estabelecendo cultos e rituais a serem prestados em homenagem à sua memória. Assim, confirmou-se a devoção a Jorge, até hoje largamente difundida, inclusive em grandes centros urbanos, como a cidade do Rio de Janeiro, onde desde 2002 faz-se feriado municipal na data comemorativa de sua morte.

Jorge é cultuado através de imagens produzidas em esculturas, medalhas e cartazes, onde se vê um homem vestindo uma capa vermelha, montado sobre um cavalo branco, atacando um dragão com uma lança. Ironicamente, o que motivou o martírio deste santo homem foi justamente sua batalha contra a adoração e veneração de imagens fartamente adotadas pelos romanos.

Apesar de tudo, o fato é que Jorge de Capadócia obteve um testemunho reto e santo, que causou impacto e conduziu muitas vidas a Cristo. Por amor ao Evangelho, ele não se preocupou em preservar a sua própria vida; em seu íntimo, guardava a Palavra: “ ...Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Filipenses 1:20). Deste modo, cumpriu integralmente o propósito eterno para o qual havia nascido: manifestou o caráter do seu Senhor e atraiu homens e mulheres ao reino de Cristo.

Se você é devoto deste celebrado mártir da fé cristã, faça como ele e atribua toda honra, glória e louvor exclusivamente a Jesus Cristo, por quem Jorge de Capadócia viveu e morreu. Para além das lendas que envolvem seu nome, o grande dragão combatido por ele foi a idolatria que infelizmente hoje impera em torno de seu nome, e até mesmo em torno do nome do Cristo a quem Ele dedicou sua existência. A melhor maneira de honrá-lo e prestigiá-lo não é com fogos de artifício, promessas e festa, mas imitando-o em sua fé e devoção a Cristo.

Idolatria não se resume a prostrar-se ante uma escultura qualquer, mas estabelecer uma relação supersticiosa, onde o santo ou o próprio Deus é visto apenas como alguém a quem recorrer na busca de solução para os seus problemas. Cristo, o Deus que Se humanizou para habitar entre nós, é muito mais do que alguém pronto a atender nossos pedidos. Ele é o Salvador dos homens, o Senhor do Mundo, o Mestre do Amor. Homens e mulheres que o serviram e hoje são considerados santos pela tradição podem ser imitados em sua fé, ter sua memória celebrada, mas jamais considerados semi-deuses prontos a atender nossas solicitações. De acordo com os ensinamentos encontrados nos evangelhos, nossos pedidos devem ser dirigidos ao Pai em nome de Seu Filho Jesus. E Ele tem prazer em nos atender, não com a intenção de mostrar o quão poderoso é, mas simplesmente por nos amar e se importar com cada um de Seus filhos.

A pior idolatria denunciada por Jesus ocorre quando nos devotamos ao dinheiro e a aquisição de bens materiais. Façamos deles um meio para socorrer aos necessitados e não um fim em si mesmos. Nada nesta vida pode tomar o lugar de Deus. Esta foi a grande lição que Jorge da Capadócia nos deixou. O dragão que devemos vencer é o do egoísmo, da ganância, do ódio, do preconceito e de tudo o que nos afasta de Deus e do nosso próximo.

Ilustração de Johann König - Saint George Defeating the Dragon (c.1630)

quinta-feira, 22 de abril de 2021

ELLEN WHITE FOI UMA AMBIENTALISTA?

Ellen G. White foi uma ambientalista? Estava ela preocupada com questões ligadas à ecologia, reciclagem, poluentes químicos e os efeitos do consumismo desenfreado dos nossos dias? Embora tivesse vivido a maior parte de sua vida no século 19, antes de os plásticos serem inventados, da energia nuclear, de produtos químicos antropogênicos contaminarem nossos rios e córregos e antes de a ganância por petróleo poluir os ecossistemas, ela foi uma forte defensora do cuidado com o meio ambiente. Sua consciência ambiental veio de duas fontes: as Escrituras e a inspiração vinda de Deus.

"Mas o que sobre todas as demais considerações deve levar-nos a apreciar a Bíblia é que nela está revelada aos homens a vontade de Deus. Ali aprendemos o objetivo de nossa criação e os meios pelos quais esse objetivo pode ser atingido. Aprendemos a melhorar sabiamente a presente vida, e a conseguir a futura." (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 53)

Em relação à fonte de seus conselhos, Ellen G. White afirmou:

"Nestas cartas que escrevo, nos testemunhos de que sou portadora, comunico-lhes aquilo que o Senhor me apresentou. Não escrevo um artigo sequer, na revista, expressando meramente ideias minhas. É o que Deus me revelou em visão – os preciosos raios de luz que brilham do trono." (Testemunhos Seletos. vol. 4, p. 261)

Ellen G. White teve uma abordagem holística para sua vida e missão. Assim, para ela, cuidar da Terra não era uma atitude de distração para a alma. De fato, em sua visão de mundo, a própria alma é alimentada através da beleza do mundo criado por Deus.

"[Jesus] veio como embaixador de Deus, para nos mostrar a maneira de viver de modo a conseguir na vida os melhores resultados. Quais foram as condições escolhidas pelo Pai infinito para seu Filho? Uma habitação isolada nas colinas da Galileia, [...] a serenidade da alvorada ou do crepúsculo no verdor do vale; o sagrado ministério da natureza; o estudo da criação e da providência; a comunhão da alma com Deus – tais foram as condições e oportunidades dos primeiros anos de vida de Jesus." (A Ciência do Bom Viver, p. 365-366)

Além disso, ela acreditava que a própria natureza não só promove a glória de Deus, mas também traz descanso e alegria para pessoas de todas as idades.

"É repousante para os olhos e para a mente demorar-se sobre as cenas da natureza, sobre as florestas, os montes, vales e rios, desfrutando o prazer de infindáveis variedades de forma e cor, e a beleza com que as árvores, arbustos e flores estão agrupados no jardim da natureza, fazendo-a um quadro de beleza. Crianças, jovens e adultos podem igualmente encontrar repouso e satisfação aí." (O Lar Adventista, p. 154)

Ela também incentivava as pessoas a comprar um pedaço de terra para cultivar.

"Compre um pequeno pedaço de terra, onde você pode ter um jardim, onde as crianças podem ver as flores crescendo, e aprender lições de simplicidade e pureza." (General Conference Bulletin, 30 de março de 1903, p. 29)

Ela também acreditava no poder terapêutico das plantas.

“Há vivificantes propriedades no bálsamo do pinheiro, na fragrância do cedro e do abeto, e outras árvores têm também propriedades curadoras.” (A Ciência do Bom Viver, p. 264)

Como Ellen G. White praticava o que ela pregou sobre ecologia? Ela gostava de jardinagem orgânica, caminhadas, acampar nas montanhas, piqueniques com a família ao ar livre, e deu (assim como recebeu) tratamento natural para os doentes, incluindo hidroterapia, massagem e outras intervenções de saúde integral. Em seu diário, durante a viagem no norte da Itália, Ellen G. White escreveu com entusiasmo sobre o mundo natural:

"Temos outra bela manhã. Os Alpes cobertos de neve linda com o sol que descansa em cima [...] Este é o cenário mais impressionante que já vimos. Assemelha-se muito ao Colorado e suas montanhas rochosas selvagens, precipícios, ravinas, profundos desfiladeiros e vales estreitos." (Manuscript Releases, p. 303)

Em sua última casa, em Elmshaven, Ellen G. White arrumava cuidadosamente sua mesa, e os seus netos se lembram de que havia argolas para guardanapos e buquês de flores no sábado. Para ela, a natureza é um dom de Deus para nós e Ele pretende que nós nos importemos com ela.

"Ele pôs, no princípio, nossos primeiros pais entre os belos quadros e sons em que deseja que nos regozijemos ainda hoje. Quanto mais chegarmos a estar em harmonia com o plano original de Deus, mais favorável será nossa posição para assegurar saúde ao corpo, espírito e alma." (A Ciência do Bom Viver, p. 365)

Provavelmente nenhum dos conselhos de Ellen G. White é tão voltado para o meio ambiente como sua defesa de uma dieta vegetariana. Observe que só o praticar o vegetarianismo resultaria em melhor saúde, e também poderia ajudar a salvar os animais e a Terra.

"Cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime alimentar escolhido por nosso Criador. Esses alimentos, preparados da maneira mais simples e natural possível, são os mais saudáveis e nutritivos. Proporcionam uma força, uma resistência e vigor intelectual que não são promovidos por uma alimentação mais complexa e estimulante." (A Ciência do Bom Viver, p. 296)

Embora Ellen G. White escrevesse antes da ganância por petróleo dominar a política do mundo, e que a água se tornasse um recurso ameaçado, sua defesa vegetariana pode proteger esses produtos em declínio. A produção de alimentos de origem vegetal requer muito menos fertilizantes, energia, pesticidas, água e menos terra do que a produção de alimentos de origem animal. Comer uma dieta baseada em vegetais protege nosso planeta, poluindo menos o ar e a água, produzindo menos gases causadores do efeito estufa e evitando a erosão do solo.

Ellen G. White também reconheceu a importância da água pura e do ar limpo.

"As preciosas coisas do vale se alimentam dessas montanhas eternas. Os Alpes da Europa são a sua glória. Os tesouros das colinas concedem suas bênçãos aos milhões. Observamos inúmeras cataratas correndo dos topos das montanhas para os vales abaixo." (Manuscript Releases, v. 3, p. 215)

Em relação à poluição atmosférica, ela afirmou:

"O ambiente material das cidades constitui muitas vezes um perigo para a saúde. O estar constantemente sujeito ao contato com doenças, o predomínio de ar poluído, água e alimento impuros, as habitações apinhadas, obscuras e insalubres, são alguns dos males a enfrentar." (A Ciência do Bom Viver, p. 365)

Ellen G. White vincula a ecologia à comissão evangélica, incluindo o que comemos, a forma como podemos viajar, como gastamos o nosso dinheiro, mesmo como podemos restaurar terra utilizada abusivamente. Era o plano de Deus, pelo seu povo do passado e atualmente, ensinar todas as nações como cuidar da Terra de forma adequada e como se manter livre de doenças, apontando, assim, para o Criador como fonte de saúde, beleza e alegria. Qualquer coisa que o cristão faz para a melhoria do ambiente ecológico da humanidade oferece maior oportunidade para também melhorar a humanidade fisicamente e espiritualmente.

"Desde o solene ribombar do trovão profundo e do bramir incessante do velho oceano, até os alegres cantos que fazem as florestas ressoarem de melodia, os milhares de vozes da natureza proclamam o seu [de Deus] louvor. Na terra, no mar e no céu, com seus maravilhosos matizes e cores, variando em esplendoroso contraste ou confundindo-se harmoniosamente, contemplamos sua glória. As colinas eternas falam de seu poder." (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 54)

Nos últimos anos, tem havido uma proliferação de pesquisas que mostram o potencial de desenvolvimento moral do mundo natural. No entanto, Ellen G. White falou sobre o potencial de desenvolvimento moral na natureza há mais de cem anos. Ela acreditava que a natureza proveu oportunidades para aprender e aprofundar os valores espirituais, que nos são intencionais em apontar para Deus como Criador da natureza. Assim, a ecologia não é um fim em si mesmo. Um ambiente intocado aponta para um Deus que se deleita na beleza. O respeito pela criação, na visão de Ellen G. White, inclui o respeito pelo Criador.

Adão e Eva perderam o ambiente perfeito do Éden por causa do pecado. Estamos novamente correndo o risco de perder o nosso meio ambiente por causa dos pecados do materialismo, ganância, poluição e desprezo dos recursos ambientais. Em Cristo, podemos ser restaurados à imagem de Deus, uns com os outros e com a natureza. O cristão não deve olhar só para a frente, para a restauração final da Terra ao seu estado original, mas também honrar a Deus hoje, cuidando de forma responsável do planeta que Ele lhe confiou.

Wellington dos Santos Silva (leia o artigo completo em Revista Kerygma)

quarta-feira, 21 de abril de 2021

TIRADENTES E JESUS

O dia 21 de abril é um feriado nacional no Brasil, mas muita gente, quando perguntada sobre o motivo, talvez se limite a expressar a palavra Tiradentes. O feriado tem relação com um episódio de forte resistência à dependência política do Brasil em relação a Portugal, ocorrido no século XVIII conhecido como Inconfidência Mineira. E que acabou reprimido pela coroa portuguesa em 1789.

O personagem marcante dessa passagem histórica do Brasil foi o ativista político, dentista, comerciante e militar Joaquim José da Silva Xavier, conhecido pelo apelido de Tiradentes, um dos principais líderes do movimento. O movimento se articulou entre os anos de 1788 e 1789 e foi influenciado por ideias originárias do Iluminismo que se alastrou pela Europa, na segunda metade do século XVIII.

Uma das grandes questões que incentivou a conspiração de Tiradentes e os inconfidentes foi os altos impostos sobre a produção de ouro. Segundo reportagem da Revista de História da Biblioteca Nacional, “a voracidade da coroa – que cobrava um quinto de tudo o que fosse recolhido na atividade mineradora, bem como outros tributos sobre o comércio, a lavoura e a pecuária -, além da notória corrupção do governador Cunha Meneses, fazia acumular o descontentamento em toda a capital de Minas”.

Relevância histórica
Independente do caráter e dos motivos que levaram à insurreição em Minas Gerais, o historiador Elder Hosokawa, que coordena o curso de História do Centro Universtário Adventista, campus Engenheiro Coelho (SP), explica que “Tiradentes criticou e denunciou o abuso financeiro da metrópole (Portugal) na sua mais próspera colônia”. Hosokawa confirma que o famoso alferes, que morreu enforcado e esquartejado no dia 21 de abril de 1792, é considerado um precursor do movimento de independência do Brasil, mas que o processo de o Brasil se desligar oficialmente de Portugal envolveu concessões, por parte da metrópole, e lutas em território nacional. (ASN)

Martírio de Tiradentes
Arte de Francisco Melo
Tiradentes, o Jesus brasileiro?
Neste 21 de abril, o rosto de Tiradentes, este grande herói nacional, ainda é um verdadeiro mistério. Sua face mítica, reproduzida nos mais diversos livros de História do Brasil, foi reforçada cerca de um século após a sua morte, no burburinho republicano.

Os adeptos do novo regime precisavam gerar um levante patriótico e, convenhamos: nada melhor do que tornar o mártir uma referência republicana e, por que não, fazer do episódio a própria Paixão de Cristo moderna? Afinal, bastou colocar uma barba ali, um Judas acolá... Nem Pedro faltaria para renegar o humilde alferes...

Dito e feito. Não teve para ninguém. As semelhanças entre Tiradentes e Jesus Cristo eram inegáveis: o nosso aprendiz de dentista foi traído por trinta dinheiros, carregava a tiracolo seus 12 apóstolos e, na ressurreição cívica, sua biografia foi sendo composta ao sabor das paixões e necessidades políticas, sem maior compromisso com a veracidade.

Por isso, embora estivesse com barba e cabelo raspados diante da sentença - como costume entre prisioneiros da época -, diversos pintores começaram a retratar Tiradentes com as feições de um Jesus brasileiro, vestido com uma imaculada túnica branca.

Tiradentes esquartejado
Arte de Pedro Américo
E assim, a imagem resignada de nosso mártir cívico-religioso, porta-voz dos fracos e oprimidos, vem a calhar com a memória propagada pela política vigente do período, esquartejada e distribuída como saber didático em todo o país.

Joaquim José da Silva Xavier, então, é considerado herói da independência brasileira e patrono cívico da nação. Tornou-se mártir porque lutou pela liberdade do Brasil do domínio português.

Mártir dos mártires
Mas acima de qualquer herói humano, está Jesus, o Mártir dos mártires. Deixou as cortes celestes, desceu ao fosso em que se encontrava a humanidade, foi alvo de uma conspiração tramada pelos líderes de então, e crucificado com todos os requintes de maldade. Mas, na verdade, Ele chamou a si a responsabilidade por todos os nossos pecados. Dali em diante, a cruz tornou-se um símbolo de amor, desprendimento e, ao mesmo tempo, admiração. O apóstolo Paulo afirma: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gálatas 6:14).

Paulo gloriava-se na cruz porque ela fora o meio pelo qual Jesus nos libertou do jugo do pecado. Na cruz, o Céu pagou o preço da nossa independência. Por isso podemos dizer com alegria: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1).

O caminho da liberdade foi aberto por Cristo. Quem anda por ele, sente o desejo de partilhar com outros o prazer da libertação espiritual. No livro Nisto Cremos, à página 245, lemos o seguinte: “O vasto abismo existente entre o Céu e nós, o abismo atravessado por Cristo, torna insignificante o pequeno trecho de rua que nós temos de caminhar para podermos alcançar o nosso irmão.”

O ato heroico de nosso Salvador mostra que ninguém é sem valor. Todos são desejados.

Pensamento para reflexão: Por que andar em pecado, se na cruz Cristo nos libertou? "Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados" (Isaías 53:5).

terça-feira, 20 de abril de 2021

TERRIVELMENTE EVANGÉLICO

O presidente Jair Bolsonaro prometeu que irá nomear para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) um ministro “terrivelmente evangélico” para a vaga de Marco Aurélio Mello que se aposenta no dia 5 de julho, uma semana antes de completar 75 anos, idade máxima para permanência no Tribunal.

Bolsonaro já havia declarado isto em um discurso durante um culto evangélico na Câmara dos Deputados em julho de 2019. "Muitos tentam nos deixar de lado dizendo que o estado é laico. O estado é laico, mas nós somos cristãos. Ou para plagiar a minha querida Damares [Alves, ministra]: Nós somos terrivelmente cristãos. E esse espírito deve estar presente em todos os poderes. Por isso, o meu compromisso: poderei indicar dois ministros para o Supremo Tribunal Federal [STF]. Um deles será terrivelmente evangélico", declarou o presidente.

Só para constar, os adventistas do sétimo dia apoiam enfaticamente a separação Igreja-Estado. A Igreja possui o Departamento de Relações Públicas e Liberdade Religiosa que incentiva, onde for possível, a necessidade de um Estado laico.

Na corrida para a vaga, dois nomes estão se movimentando nos bastidores: o do pastor presbiteriano e advogado-geral da União, André Mendonça, e o do adventista e presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins.

Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, disse que o presidente do STJ, Humberto Martins, não tem aprovação do mundo evangélico para uma vaga no STF. “Eu não tenho nada contra, mas não encarna o terrivelmente evangélico. O Bolsonaro, é minha impressão, não vai colocar alguém que não tenha aprovação de grande parte dos evangélicos”, disse o pastor, que se reuniu ontem com o presidente no Palácio do Planalto. Segundo o pastor, para muitos evangélicos, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, de Humberto Martins, nem é evangélica. “Há pontos doutrinários de alta discordância, como o guardar o sábado, por exemplo”, disse.

Malafaia ainda disse que, entre as lideranças evangélicas influentes no país, André Mendonça continua tendo apoio incondicional para a vaga no STF, que será aberta em julho.

O deputado Sóstenes Cavalcante, ligado ao pastor Malafaia, disse que Martins não representa a metade dos evangélicos. “Para nós, os adventistas não são evangélicos, são uma seita”, afirmou o parlamentar.

A revista Veja sustenta que o senador Flávio Bolsonaro trabalha por Humberto Martins. Mas acrescenta: “A vaga do decano Marco Aurélio Mello tem no chefe da AGU, André Mendonça, o candidato favorito. Mendonça é o nome defendido inclusive pela primeira-dama Michelle Bolsonaro. Nada impede, porém, que os filhos do presidente, como Flávio, tenham seus nomes. Outro que corre por fora com alguns apoios no bolsonarismo é o procurador-geral da República Augusto Aras”.

É até certo ponto compreensível a manifestação da vontade do presidente, pois é fruto da sua constitucional liberdade de expressão e pensamento, fazendo coro com parte do seu eleitorado pertencente ao segmento evangélico. Mas a palavra terrivelmente pode ser associada a um evangélico?

“Terrivelmente evangélico”. O que significa o termo? O que quer dizer? À primeira vista, alguém arraigado, disciplinado, fiel as leis e aos costumes que fazem parte desta confissão, o indivíduo que guarda os valores e princípios de uma parcela de cristãos que hoje representa cerca de 48 milhões de pessoas em nosso país.

Mas "terrivelmente" é advérbio de modo do adjetivo terrível que significa “aquele que causa terror”, “que produz resultados funestos”, “estranho”. Talvez o presidente quisesse utilizar um termo que impactaria a qualidade daquele que será indicado, mas infelizmente a colocação não foi das melhores, visto que esta expressão se contrapõe com as qualidades de um discípulo de Jesus Cristo. O apóstolo Paulo em sua carta aos Colossenses 3:12b, apresenta algumas características de um discípulo, sendo aquele que possui “profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência”. Tais atributos não se coadunam com aquele que é terrível.

Então, qual seria o real motivo para o presidente Jair Bolsonaro pretender indicar um ministro “terrivelmente evangélico” para ocupar uma cadeira no STF?

Podemos presumir que seja em virtude do crescente ativismo judicial por parte do STF nos últimos anos, em especial, sobre questões morais de impacto social. A ideia do ativismo judicial está associada a uma participação mais ampla e intensa do Judiciário na concretização dos valores e fins constitucionais, com maior interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes (Legislativo e Executivo). 

Assim, em se tratando de inércia legislativa, o Poder Judiciário vem surgindo como uma resposta para a sociedade, fazendo com que sejam emanadas novas decisões para preencher lacunas deixadas pelo Poder Legislativo. A título de exemplo, temos o julgamento da Ação Direita de Inconstitucionalidade por Omissão 26, onde o STF enquadrou a homofobia e a transfobia, qualquer que seja a forma de sua manifestação, nos diversos tipos penais definidos na Lei 7.716/89 que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, até que sobrevenha legislação autônoma, editada pelo Congresso Nacional.

Em razão deste ativismo judicial, talvez seja o pensamento do presidente Jair Bolsonaro nomear uma pessoa “terrivelmente evangélica” para a vaga que surgirá no STF a fim de influenciar a Suprema Corte por sua condição de religiosa. Essa ideia, com toda licença aos pensamentos contrários, apenas contribuirá ainda mais com o ativismo judicial. O que se espera é que tenhamos juízes que respeitem e se balizem pela Constituição Federal e que não sacrifiquem o sistema de separação de poderes que rege a democracia brasileira, professando uma religião ou não. E que a retidão corra como um rio, a justiça como um ribeiro perene.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

AUTOSSABOTAGEM

“Já enfrentei muitas dificuldades na minha vida. A maioria delas nunca existiu" (Mark Twain).

Em 1916, Freud escreveu um artigo de grande repercussão no mundo científico intitulado: “Os que Fracassam ao Triunfar”. Ele tratava de pessoas que possuíam medo de ter satisfação e, por isso, sentiam-se aliviadas quando o que estavam fazendo, ou intentavam fazer, não dava certo.

Com o avanço da psicologia a patologia pôde ser cada vez mais estudada e, em 1978, surgiu à designação “autossabotagem”, estabelecida pelos psicólogos Steven Berglas e Edward Jones, os quais haviam feito pesquisas neste campo com comprovado resultado científico.

De forma simplista, quem sabota a si mesmo não consegue usufruir das dinâmicas da vida que geram alegria e prazer porque, cada vez que elas surgem na existência, vêm associadas a um profundo conflito com as crenças primordiais do sujeito. Em síntese, é como se alguém tivesse tudo para ser feliz e, de alguma forma, conseguisse arrumar um jeito para fugir da felicidade. É o famoso “medo de ser feliz”. Mas, como já citava Dostoievski, “A maior felicidade é saber por que se é infeliz”.

Do ponto de vista clínico, a psicopatologia é tão grave que pode provocar obesidade, depressão, cardiopatias, transtornos de ansiedade, pensamentos suicidas, diabetes e, em casos mais graves, até a automutilação, que é quando a pessoa cria flagelos físicos em si mesma para se punir.

Apesar de parecer algo bizarro – não esqueçamos que se trata de uma doença – quem se auto-boicota sente prazer pelo desprazer, ou seja, quanto mais a vida se torna difícil, através de situações adversas e portadoras de sofrimento, tanto mais a pessoa se satisfaz, chega a ter prazer em ser maltratada ou sentir dor. É uma reação provocada pelo inconsciente que faz com que o sujeito sinta atração por tudo o que produz destrutividade, um comportamento ativado por uma forte negatividade e um complexo de inferioridade crônico.

Como bem citou Kelly Young “O problema não é o problema – o problema é a atitude com relação ao problema”. A grande maioria dos “dramas” da alma humana, como a auto-sabotagem, tem cura, mas exige determinação e, particularmente neste caso, uma mudança significativa em hábitos e atitudes.

"Se o coração foi renovado pelo Espírito de Deus, a vida dará testemunho desse fato. Ver-se-á mudança no caráter, nos hábitos e atividades" (Caminho a Cristo, p. 57).

Nas Escrituras nós encontramos um caso que, ao meu ver, aplica-se ao que estamos falando. Trata-se do aleijado do tanque de Betesda, descrito no capítulo 5 do Evangelho de João. Sua atitude de autossabotagem fica muito clara quando Jesus lhe pergunta: “queres ser curado?”, e ele responde: “Senhor, não tenho quem me coloque no tanque”. Era o paradoxo de quem desejava a cura e, ao mesmo tempo, tinha medo dela. A pergunta de Jesus era objetiva, a resposta do aleijado subjetiva. A questão é que já havia se instalado em sua alma, pelas dores e pelo tempo, os mecanismos inconscientes de autossabotagem.

Quando Jesus encontrou-se com aquele homem, que se arrastava por aquela casa de agonia havia 38 anos, Ele “scaneou” sua alma, discerniu todas as suas desconformidades e doenças. Seu aleijão já se projetara do físico para o emocional, por isso, duas coisas eram necessárias ser feitas: 1- Jesus precisou quebrar o “padrão de pensamento” daquele moribundo – “levanta-te, toma o teu leito e anda”; 2- com a mudança instantânea das crenças subjacentes que haviam se acumulado em sua alma ele finalmente liberou a fé necessária para ser curado.

"O homem poderia ter parado para duvidar, perdendo sua única chance de ser curado. No entanto, ele acreditou na palavra de Cristo e, agindo de acordo com ela, recebeu força. Por meio da mesma fé, podemos receber a cura espiritual. Cristo pode libertar você, não importa o mal que esteja aprisionando sua alma e seu corpo" (O Libertador, p. 113).

Os psicoterapeutas são unânimes em afirmar que o processo de cura para este tipo de doença emocional passa, irremediavelmente, pela tomada de consciência de que, não só estamos nos autossabotando, como também dos danos que tais atitudes demandarão. Eles descrevem que, quando o paciente descobre os “padrões” que estão embutidos nestes “mecanismos intra-subjetivos”, torna-se possível reformular a matriz cognitiva de valores e crenças que desencadeia as atitudes destruidoras. Como bem afirmou Albert Schweitzer: “A maior descoberta de uma geração é que os seres humanos podem mudar sua vida modificando seus pensamentos”, ou, como disse o apóstolo Paulo, numa outra “versão”, “transformai-vos pela renovação da vossa mente”.

"Pela contemplação como num espelho da glória do Senhor, devemos realmente ser transformados na mesma imagem, de glória em glória, como pelo Espírito do Senhor. Nós esperamos demasiado pouco, e recebemos de acordo com a nossa fé. Não devemos apegar-nos aos nossos próprios caminhos, nossos próprios planos, nossas próprias idéias; devemos ser transformados pela renovação de nossa mente, para que experimentemos 'qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus'. Os pecados que nos assediam devem ser vencidos, e assim nossos maus hábitos. Disposições e sentimentos errados devem ser desarraigados, e pelo Espírito de Deus gerados santo temperamento e emoções" (Carta 57, 1887).

Não raro tenho encontrado pessoas com este tipo de problema. Elas precisam ser amadas e tratadas, entendidas e confrontadas. O processo de cura, nesses casos específicos, necessita do apoio do trinômio: psicoterapia, ação medicamentosa e discipulado.

Ora, afirmar isto não significa que estou eliminando o poder exclusivo que há no sangue de Jesus para a remissão de pecados e a salvação para todo aquele que crer, mas apenas adicionando alguns elementos que julgo necessários em tais situações os quais pôs Deus à nossa disposição através do apoio da ciência. Nossa única regra de prática e fé são as Escrituras, e elas afirmam que é o arrependimento - mudança no pensamento seguida de mudança de comportamento - produzido pelo Espírito Santo, que nos conduz a convicção de pecado e a necessidade de nos reconciliarmos com Deus. Isso reforça ainda mais o que afirmamos acima.

"O arrependimento compreende tristeza pelo pecado e afastamento do mesmo. Não renunciaremos ao pecado enquanto não reconhecermos a sua malignidade; enquanto dele não nos afastarmos sinceramente, não haverá em nós uma mudança real da vida" (Caminho a Cristo, p. 23).

Deixo como ponto de reflexão final a frase de Frank Outlaw: “Cuide de seus Pensamentos, porque eles se tornam Palavras. Escolha suas Palavras, porque elas se tornam Ações. Compreenda suas Ações, porque elas se tornam Hábitos. Entenda seus Hábitos, porque eles se tornam seu Destino.”

Carlos Moreira (via A Nova Cristandade)

As inserções de textos de Ellen G. White foram feitas pelo blog.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Ellen White ouviu o dia e hora da volta de Jesus?

O texto em que Ellen G. White se refere à data e hora da segunda vinda de Jesus está no livro Primeiros Escritos, onde ela narra sua primeira visão. Esta visão se refere à difícil jornada do cristão até o momento da volta de Jesus. Quando menciona que Deus anuncia o dia e hora da volta da vinda de Jesus, ela está falando dos momentos derradeiros da história terrestre. Nesse período, a situação do povo de Deus se tornará desesperadora diante da perseguição dos ímpios, e Deus então consolará seu povo anunciando o dia e hora da volta de Jesus. Observe o texto:

“Se conservavam o olhar fixo em Jesus, que Se achava precisamente diante deles, guiando-os para a cidade, estavam seguros. Mas logo alguns ficaram cansados, e disseram que a cidade estava muito longe e esperavam nela ter entrado antes. Então Jesus os animava, levantando Seu glorioso braço direito, e de Seu braço saía uma luz que incidia sobre o povo do advento, e eles clamavam: “Aleluia!” Outros temerariamente negavam a existência da luz atrás deles e diziam que não fora Deus quem os guiara tão longe. A luz atrás deles desaparecia, deixando-lhes os pés em densas trevas, de modo que tropeçavam e, perdendo de vista o sinal e a Jesus, caíam do caminho para baixo, no mundo tenebroso e ímpio. Logo ouvimos a voz de Deus, semelhante a muitas águas, a qual nos anunciou o dia e a hora da vinda de Jesus. Os santos vivos, em número de 144 mil, reconheceram e entenderam a voz, ao passo que os ímpios julgaram fosse um trovão ou terremoto. Ao declarar Deus a hora, verteu sobre nós o Espírito Santo, e nosso rosto brilhou com o esplendor da glória de Deus, como aconteceu com Moisés, na descida do monte Sinai. Os 144 mil estavam todos selados e perfeitamente unidos. Em sua testa estava escrito: 'Deus, Nova Jerusalém', e tinham uma estrela gloriosa que continha o novo nome de Jesus. Por causa de nosso estado feliz e santo, os ímpios enraiveceram-se e arremeteram violentamente para lançar mão de nós, a fim de lançar-nos à prisão, quando estendemos a mão em nome do Senhor e eles caíram indefesos ao chão. Foi então que a sinagoga de Satanás conheceu que Deus nos havia amado, que lavávamos os pés uns aos outros e saudávamos os irmãos com ósculo santo; e adoraram a nossos pés. Logo nossos olhares foram dirigidos ao oriente, pois aparecera uma nuvenzinha aproximadamente do tamanho da metade da mão de homem, a qual todos nós soubemos ser o sinal do Filho do homem” (Primeiros Escritos, pp. 14-16).

Em mais dois trechos do livro ela se refere a esse anúncio de Deus:

“No tempo da angústia fugimos todos das cidades e vilas, mas fomos perseguidos pelos ímpios, os quais entraram nas casas dos santos com espada. Eles ergueram a espada para matar-nos, mas esta quebrou-se, e caiu ao chão tão impotente como palha. Então clamamos dia e noite por livramento, e o clamor subiu até Deus. O Sol apareceu, a Lua permaneceu imóvel, as correntes de água cessaram de fluir. Nuvens negras e pesadas se acumularam e se chocavam umas contra as outras. Mas havia um espaço claro de glória indescritível, de onde veio a voz de Deus como de muitas águas, a qual fez estremecer os céus e a Terra. O céu se abria e se fechava e estava em comoção. As montanhas se agitavam como uma cana ao vento e rochas irregulares eram lançadas ao redor. O mar fervia como uma panela e arremessava pedras sobre a Terra. E ao anunciar Deus o dia e a hora da volta de Jesus e declarar o concerto eterno com Seu povo, Ele proferia uma sentença, e então fazia uma pausa, enquanto as palavras reboavam através da Terra. O Israel de Deus permanecia com os olhos fixos no alto, atento às palavras que vinham da boca de Jeová e rolavam através da Terra como trovoadas” (Primeiros Escritos, p. 34).

“O céu abria-se e fechava-se, e estava em comoção. As montanhas tremiam como uma vara ao vento, e lançavam por todos os lados pedras irregulares. O mar fervia como uma panela e lançava pedras sobre a terra. E, falando Deus o dia e a hora da vinda de Jesus, e declarando o concerto eterno com o Seu povo, proferia uma sentença e então silenciava, enquanto as palavras estavam a repercutir pela Terra. O Israel de Deus permanecia com os olhos fixos para cima, ouvindo as palavras enquanto elas vinham da boca de Jeová e ressoavam pela Terra como estrondos do mais forte trovão. Era terrivelmente solene. No fim de cada sentença, os santos aclamavam: “Glória! Aleluia!” Seus rostos iluminavam-se com a glória de Deus, e resplandeciam de glória como fazia o de Moisés quando desceu do Sinai. Os ímpios não podiam olhar para eles por causa da glória. E, quando a interminável bênção foi pronunciada sobre os que haviam honrado a Deus santificando o Seu sábado, houve uma grande aclamação de vitória sobre a besta e sua imagem” (Primeiros Escritos, pp. 285-286).

Destes textos podemos concluir que momentos antes da segunda vinda de Jesus, diante de comoções na natureza e de acirrada perseguição dos ímpios, Deus revelará o dia e hora da volta de seu Filho. Esse texto se harmoniza perfeitamente com o que foi dito por Jesus: “Porém, daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai” (Mt 24:36). 

Ellen G. White viu estas coisas em visão como se estivesse estado lá presente nos momentos difíceis que antecedem o advento, e escutou então a proclamação do dia e da hora da volta de Jesus. É claro que ao sair da visão para voltar ao seu tempo, ela não se recorda da data e nem da hora. Ela disse:

“Não tenho o mais leve conhecimento quanto ao tempo anunciado pela voz de Deus. Ouvi a hora proclamada, mas não tinha lembrança alguma daquela hora depois que saí da visão. Cenas tão emocionantes e de um interessa tão solene passaram diante de mim, nada pode descrever o que eu senti. Tudo isso foi uma realidade para mim, pois diretamente relacionada com esta cena aparecia uma nuvem branca sobre a qual estava sentado o Filho do Homem” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 76).


Veja também o comentário do prof. Leandro Quadros sobre esse assunto:


quinta-feira, 15 de abril de 2021

INICIATIVA CONTRA A FOME

No último trimestre de 2020, a fome atingiu 19 milhões de brasileiros. É o que revelam dados coletados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. A pandemia no novo coronavírus teve um papel considerável no resultado. Diante disso, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) lançou um novo programa focado na arrecadação e distribuição de recursos a pessoas cuja renda foi comprometida desde o início da crise ocasionada pela covid-19.

Ao longo de dois meses, a campanha Compartilhe Esperança, como foi intitulada, atenderá 5.500 famílias da Bahia, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pará, Pernambuco e Ceará (regiões que, segundo levantamento da ADRA, foram altamente afetadas pela crise). Serão priorizados lares que não estejam assistidos por algum programa governamental ou de outras entidades, famílias monoparentais, com mulheres grávidas ou lactantes, com dependentes idosos ou portadores de doenças crônicas ou necessidades especiais, entre outros critérios.

Com um crédito mensal de R$120,00 limitados à compra de produtos alimentícios, o auxílio será provido por meio de um cartão vinculado ao CPF do representante da família. Com essa modalidade, pretende-se oferecer flexibilidade para a família escolher os próprios alimentos, além de reduzir custos com logística e armazenamento, se comparado à entrega de uma cesta básica tradicional, o que também evita aglomerações. Além disso, a Sodexo, empresa gerenciadora dos cartões e parceira da ADRA, fará uma doação de até 2% do valor total do projeto, que será convertido em recargas para as famílias beneficiadas.

E no dia 24 de abril, uma live promocional em parceria com a Gravadora Novo Tempo, a indústria alimentícia Superbom e a editora Casa Publicadora Brasileira (CPB) oferecerá benefícios aos participantes que fizerem suas doações durante o programa ao vivo, que será transmitido a partir das 16h no canal youtube.com/gravadorant. No entanto, as contribuições podem ser feitas a qualquer momento.

Dados bancários:

Banco Santander
Agência: 1181
Conta corrente: 13001496-1
ADRA Brasil
CNPJ 01.467.063/0001-15

Como em outras ocasiões, após o encerramento da campanha Compartilhe Esperança, a agência publicará os detalhes sobre o total arrecadado, locais de distribuição e número de beneficiários em seus canais oficiais.

Compromisso com a solidariedade
A ADRA é uma agência humanitária com 25 anos de atuação no Brasil e presente em 130 países. Anualmente, milhares de pessoas são ajudadas, seja por seus programas de desenvolvimento continuado ou por campanhas de atendimento emergencial a crises e catástrofes.

Para mais informações sobre a campanha, acesse adra.org.br

Vanessa Arba via ASN

Nota: Segue alguns textos de Ellen G. White para a nossa reflexão:

"Se os homens cumprissem o seu dever como fiéis mordomos dos bens de Deus, nenhum clamor haveria por pão, nenhum sofredor em penúria, nenhum desagasalhado em necessidade. É a infidelidade de homens que gera o estado de sofrimento em que está mergulhada a humanidade. Se aqueles a quem Deus fez mordomos tão somente utilizassem os bens do seu Senhor no propósito para que lhes foram entregues, este estado de sofrimento não existiria" (Review and Herald, 26 de junho de 1894).

"Na providência de Deus os acontecimentos têm sido ordenados de maneira que sempre tenhamos os pobres conosco, a fim de que sejam no coração humano um constante exercício dos atributos do amor e da misericórdia. O homem deve cultivar a bondade e compaixão de Cristo; não deve distanciar-se dos tristes, dos aflitos, dos necessitados e angustiados" (Signs of the Times, 13 de junho de 1892).

"A obra de recolher o necessitado, o oprimido, o aflito, o que sofreu perdas, é justamente a obra que toda igreja que crê na verdade para este tempo devia de há muito estar realizando. Cumpre-nos mostrar a terna simpatia do samaritano em acudir às necessidades físicas, alimentar o faminto, trazer para casa os pobres desterrados, buscando de Deus todo dia a graça e a força que nos habilitem a chegar às profundezas da miséria humana, e ajudar aqueles que absolutamente não se podem ajudar a si mesmos. Isto fazendo, temos favorável ensejo de apresentar a Cristo, o Crucificado" (Beneficência Social, p. 74).

“O verdadeiro cristão é amigo dos pobres. Ele trata com o seu irmão perplexo e desafortunado como se trata com uma planta delicada, tenra e sensível” (Beneficência Social, p. 168).